Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 18
Anotação n°17




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Segunda sempre é uma desgraça. Eu acordo com um humor terrível. Tão terrível que eu chego a me odiar. Mas aquele dia eu não estava tão péssimo assim, mesmo o tempo estando um tanto nublado.
Cheguei à escola e encontrei Frank isolado, bem no fundo da sala. Sua mala de vinte anos ocupava um lugar ao seu lado.
- Oi, Gerard... – Frank empurrou sua mochila, que foi ao chão.
Sorri e sentei-me na cadeira, e logo fitei seu rosto no lado do machucado. Ele percebeu.
- Já tá melhor... – mostrou-me com o polegar.
- Que bom, não é?
Abaixei o olhar e endireitei-me na carteira.
- Olha o que eu fiz! – apontou para o lado direito do pescoço, onde estava tatuado um belo escorpião, todo trabalhado.
- Que demais, cara! – cutuquei o desenho, ressaltando: - Está demais porque você ainda não está flácido e...
- Você é ridículo – Iero riu de modo afetado.
- Claro... – e tratei de me calar.
Frank arrumava um bolo de papéis dentro de seu caderno, ainda rindo de mim, e eu olhava em volta à procura de Hayley, mas não a vi.
- Frank, cadê a Hay?
- Hayley? – ele passou os olhos pela classe - Eu também não a vi, hoje...
- Ah...
A professora chegou, no entanto não a encarei. Simplesmente joguei meu olhar pro quadro negro, pensando enquanto esboçava um sorriso óbvio. A sortuda da Hayley deveria ter madrugado ao lado do cretino do Sebastien.

***

Ao terminar a aula, eu e Frank saímos para a rua, conversando sobre a possibilidade de ele ir trabalhar comigo e com Hayley na lanchonete. Era melhor do que roubar, pelo menos, e nisso ele concordou. Omitiria a Mary sobre o emprego para ela não ficar preocupada, mas mesmo se ela descobrisse não teria problema. O ruim é se ela deparasse com o filho furtando por aí. O Sr. Goldheart era bacana comigo, e com certeza cederia a um pedido meu.
- Você é infernal, Way! – ele gozava da minha cara, e eu ria.
- Infernal? – perguntei incrédulo.
- Infernal! – ele exclamava rindo.
- Cala a boca, criança...
- Vai embora.
Eu adorava quando ele me chamava de infernal, mesmo sendo um bocado irônico. E como boçais, nos separamos, rindo um da cara do outro.


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