Notas Suicidas escrita por Pu_din


Capítulo 14
Anotação n°13




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Eu e Hayley ficamos um bom tempo conversando inutilidades. Falei-lhe sobre tudo o que vinha na cabeça: sobre os livros, as notícias, os velhos da entrevista... E ela também me falava de tudo o que é coisa, e é melhor nem citar. Falava cada coisa pra mim que cheguei a cair da cadeira de tanto rir. Disse-me que os gansos eram criaturas anormais, pois se sentiu intimidada por um ao passar perto de uma lagoinha perto daqui. Não pude discordar dela, afinal os gansos são criaturas realmente muito misteriosas, nunca consegui plagiar o ruído que fazem, e pra falar a verdade, nem sei ao certo qual seria esse som. Sempre os confundo com os dos patos. Enfim, era isso o que conversávamos naquele começo de noite: futilidades.
Por Hayley ser uma criatura muito sozinha (como eu), ela se abria comigo. Éramos inseparáveis e confidentes amigas, e digo isso porque me sentia um pouco ridículo ao conversar sobre outros garotos com ela. Era incrível. Quando Hay cismava com um menino não havia um ser na Terra que lhe fazia mudar de idéia, mesmo que ele seja o cara mais estúpido que exista. Só o esquecia se fosse desiludida, e sobrava pra minha pessoa agüentar todo aquele drama. Menina é um negócio muito complicado de entender, mas mesmo assim eu fazia um esforço só para vê-la feliz novamente. Ela estava me contando sobre um tal de Sebastien.
- Ah, Gerard! Ele é tão meigo! Você não sabe o que ele me disse! Ele disse que...
E eu ouvia tudo aquilo tentando desengasgar um pedaço de rosquinha confeitada entalada no meu pescoço. Mas eu ouvia de coração, só pra não magoar minha pequena Hayley. Ela dizia sobre seus olhos, que eram “tão verdes que chegava a dar vontade de abraçar o Seb”, e dizia sobre seu físico também: “ Era tão lindo, Gerard! Você não tem noção!...”. Ainda bem que eu não tinha.
- Sebastien Lefebvre é o nome dele. Tão... tão lindo! E aí ele... – seus olhos verdes chegavam a brilhar ao falar desse tal Sebastien. Juro que tive vontade de ver esse sujeito. Segundo Hay, ele estudava na nossa escola. Tive vontade de dar um tapa nele. Um tapa não, um soco. Aí sim eu ia ficar feliz de verdade. Quero dizer, de coração.
- Mas não conta pra ninguém, Gerard! Olha que eu te mato! – disse segurando de leve meu pescoço, com seus dedos gelados. Soltou-me delicadamente e suspirou, dando continuação ao seu relato apaixonado.
- Leveb... O quê? – perguntei, mal sabendo pronunciar o nome do indivíduo.
- Lefebvre – ensinava-me, suspirando.
- Prefiro mais o meu: Way. Mais... pronunciável – ri, tentando irritá-la.
- Lefebvre... Lefebvre... – sussurrava, como se beijasse o ar.
Meninas...


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