The Last Tear escrita por Emis


Capítulo 5
Capítulo 4 - Tormentada parte 1


Notas iniciais do capítulo

Gostaram do Nate? xD



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(Foto: Nate)


Eu estava pensando: como que o Keith toda vez vai embora sem deixar rastro? Como o Nate não conseguiu vê-lo? Como tudo isso foi acontecer? Como a Laura sumiu? Como eu endoidei de vez?!

Eu estava confusa e perdida em meus pensamentos depois que o Keith foi embora e fiquei sem motivação para fugir do Nate ou tentar impedí-lo de me arrastar até o carro.

–Você está bem? - Nate perguntou, enquanto dirigia.

–Sim...bom, eu acho que sim. - Falei, me apoiando na janela do carro e olhando a paisagem da vasta floresta em que, alguns minutos atrás eu estava lutando com o Keith. - Será que eu enlouqueci?! - Murmurei.

–Não acho que você enlouqueceu. - Ele disse. - Só está em choque com o que aconteceu.

–Não, eu não estou em choque - Respondi virando para olhá-lo. - Vamos esclarecer uma coisa. Você não viu ninguém comigo quando estava na floresta?

–Não. - Falou inexpressivo.

–Nate, você vai ter que me internar. - Coloquei a mão na cabeça e fiquei preocupada. Como que só eu estava enxergando o "ELFO"?!

Ele começou a rir.

–Por que eu iria te internar? - Nate perguntou.

–Porque, eu realmente estou vendo coisas e começando a ficar esquizofrênica. - Respondi, abaixando a mão.

–Interessante. Isso é o que um esquizofrênico diria? - Ele estava rindo.

–Não sei, mas agora sou uma prova, então acredite. - Falei.

–Olha, Kate, por incrível que pareça eu não te acho louca e você não está ficando esquizofrênica. - Falou confiante.

–Ah, isso é bom saber, vindo de um adolescente com 16 anos. - Falei.

–17 anos. - Ele me corrigiu. - Sou um ano mais velho que você.

–Tanto faz, 16 ou 17 anos, você ainda é adolescente. - Revirei os olhos. - Se fosse um médico ou um psicólogo, eu até acreditaria que não sou louca.

–Bom saber, porque você está voltando para o hospital. - O olhei com desprezo.

–Sério mesmo, Nate?! - Falei. - Aquele lugar é um tédio e ficar uma semana aí sim,eu vou enlouquecer.

–Olha, eu até que gostaria de te tirar daquele lugar, mas você realmente precisa ficar lá por um tempo. - Ele disse. - Principalmente, porque a sua perna está sangrando. - Olhei para minha perna e realmente, estava sangrando, apesar de estar enfaixada. Nem tinha vi quando começou a sangrar e nem sentia a dor, já que a briga com o Keith estava tão emocionante, para mim eu estava em um bom estado.

–Tudo bem, não dói. - Falei. - Consigo deixar ela pior. - Dei um sorriso.

–Como você consegue deixar ela pior? - Ele perguntou, fazendo uma cara de preocupado.

–De várias formas. - Falei. - Treinando com o mestre Chang, caindo de uma árvore, treinando com as líderes de torcida, acampando sozinha. Sabe, é até normal ter só esse corte na perna.

–Se você fala que um corte de 30 centímetros é normal, então não quero imaginar o que não é. - Ele disse, com uma cara de nojo. - Você já acampou sozinha?

–Sim. Faço isso às vezes, quando quero pensar e passar um tempo sozinha. - Falei. - Ajuda a tirar o estresse e as coisas ruins. Eu até que gosto, é divertido, você sente a adrenalina de como sobreviver em um lugar onde não há pessoas. - Eu deveria fazer isso depois de sair do hospital, pensei.

–Da próxima vez, me leva com você. - Ele disse.

–Pode apostar que não. Eu vou sozinha, é como se fosse um mantra para mim. Não posso levar ninguém, nem mesmo a Laura eu nunca levei. - Eu lembrei dela um dia, me pedindo para levá-la e foi difícil resistir, mas por fim, ela não quis ir porque odiava insetos. - Pena que nem agora posso levá-la. - Murmurei, meu rosto ficando sombrio.

–Você não quer descansar? - Nate perguntou, tentando mudar de assunto.

–Sim, isso seria bom, por um tempo. - Falei, relaxando o rosto. - Me acorde quando chegarmos. - Avisei.


Acordei com o som de um pássaro. Eu estava de volta ao hospital, no mesmo quarto entediante, mas já estava á noite. O Nate provavelmente me trouxe de volta ao quarto, sem me acordar. Era estranho, um pássaro á noite? Saí da cama em um pulo e vi que minha perna não estava mais sangrando. Fui andando lentamente até a janela, que estava aberta, e as cortinas balançando por causa do vento. Coloquei a cabeça para fora e não vi nenhum pássaro. Olhei para cima, para baixo, mas nada. Eu estava sonhando?

–Sim, você está sonhando. - Algo falou, atrás de mim. Me virei para ver o que era.

–Como... - Fiquei sem fala. Não estava entendendo nada. Tinha um pássaro, mais especificamente uma águia, no criado mudo e, estava falando comigo?. - Por que você está falando?

–Porque é um sonho - O pássaro disse. - Você... - Ele não conseguiu terminar, porque o sonho estava ficando borrado.

–Kate, Kate! - Acordei com o Nate me chamando e, me balançando forte.

–Já acordei. - Falei, me espreguiçando. - Não precisa ficar com essa cara de preocupação. - Ele estava pálido.

–Você não acordava, depois que te chamei várias vezes. - Ele disse. - Pensei que estava tendo uma hemorragia cerebral e, desmaiou enquanto dormia.

Eu ri. Mas ri muito mesmo. Ele ficou vermelho.

–Desculpa. - Enxuguei uma lágrima. - Sua imaginação é grande, Nate. Devia escrever um livro, já até sei um nome, "Os casos perdidos".

–Vamos. - Ele se virou, abrindo a porta do carro.

Eu saí do carro com a cabeça confusa. Esses acontecimentos, tudo, estava acontecendo muito rápido. Um sonho? Eu realmente tive um sonho com uma águia falando? Eu precisava falar com o Keith, até se ele fosse fruto da minha imaginação, eu precisava falar com ele.

–Kate. - Ouvi o Nate falar. - Você precisa abrir a porta.

–Que? - Eu estava de frente para a porta do quarto. Eu deveria estar tão ocupada pensando, que nem sabia como tinha parado aqui. - Ah, certo. Olha, eu preciso me trocar, você poderia me deixar sozinha? - Falei, encostando na maçaneta.

–Certo, mas depois venho te visitar. - Ele disse.

–Tudo bem. - Não gostei nada do que ouvi.- Até depois.

Eu vi ele indo embora, depois entrei no quarto. Eu estava com a roupa do hospital, uma camiseta e uma calça, ambos brancos, que estavam sujas por causa do sangue e do barro. Encontrei minha roupa dobrada, em cima do criado mudo. Me despi e pus minhas próprias roupas, as que eu usava na festa, tomando muito cuidado para não relar na perna quando coloquei a calça. Depois de me trocar, deitei na cama e fiquei repensando tudo o que aconteceu até agora. A Laura sumiu, o Keith é um elfo, o Nate não conseguiu ver o Keith, eu estou vendo coisas, a mensagem do mestre Chang, o sonho. Tudo, não tinha sentido algum, não fazia ligação uma com a outra.

–Desisto. - Falei, colocando o braço na testa e encarando o teto.

Primeiro eu precisava encontrar uma forma de achar o corpo da Laura. Qualquer coisa me ajudaria, mas não encontrei nada no local do acidente e o Keith sabia de alguma coisa, provavelmente sabia, ou, eu esperava que ele soubesse.

Ouvi uma batida na porta e logo levantei para abrí-la.

Ao invés de ser o Nate, era uma enfermeira, que provavelmente foi avisada para vir olhar meu corte na perna.

–Boa noite, senhorita Kate Maureen.- Ela disse, formalmente. Era uma mulher com seus 40 e poucos anos, os cabelos castanhos amarrados em um coque e a roupa branca de enfermeira. - Vim para trocar os curativos.

–Ah, claro. Pode entrar. - Falei, me afastando para que ela passasse, depois fechei a porta.

–Você poderia se sentar e levantar a calça? - Ela perguntou.

–Posso. - Respondi, me sentando na cama.

Eu estava me sentindo desconfortada, um sentimento de que algo estava errado. Olhei para a enfermeira se agachando e, ela estava com um bisturi? Por que ela estava com um bisturi se eu só precisava trocar os curativos?

–O que você está fazendo? - Perguntei quando ela passou a mão na minha perna.

–Analisando a qualidade. - Ela respondeu, me olhando com o rosto de um carnívoro pronto para atacar. Seus olhos estavam vermelhos, literalmente vermelhos e os dentes eram como os de um tubarão. Eu recuei.

Droga. Eu estava no quarto com uma coisa que nem sabia o que era.

Levantei em um pulo e saí de perto dela, indo direto para a porta. Ela foi rápida como um raio e, chegou mais rápido que eu.

–Você não vai sair, queridinha. - Ela disse, bloqueando a porta.

Corri para o outro lado do quarto, tentando me afastar o máximo possível dela, mas a "mulher" me agarrou. Eu dei um soco no rosto dela que a fez me soltar, depois procurei algo para usar como arma. Não tinha nada, só um lápis no criado mudo e era a única coisa que prestou, então o peguei. A "coisa" estava vindo em minha direção, novamente, só que eu tinha um lápis. Grande coisa, um lápis, mas é melhor que nada.

Ela me acertou em cheio no rosto e eu cambaleei, mas logo me recuperei e a segurei forte pelos braços, depois dei um chute em seu estômago e a soquei. A bixa era forte e parecia não ter sentido nada quando a soquei, mas os meus dedo sentiram e, não gostaram. Fui rápida e tentei dar outro soco, só que ela desviou e me jogou no chão com o seu corpo. Eu estava encurralada com aquilo em cima de mim, tentando me morder. E, o lápis tinha caído da minha mão. Tentei sair de baixo dela, me debatendo, socando-a, chutando-a e a empurrando, quando consegui pegar o lápis que havia caído, então enfiei em seu coração.

Merda. Eu enfiei o lápis fundo em seu coração, mas a bixa ainda estava viva.

–Que pena, querida. - Ela falou, com uma voz estranha e dando um sorriso de dar medo. - Mas, isso não vai me matar.

–Isso, vai te matar. - Eu ouvi a voz do Keith, depois vi a flecha entrando no coração da "coisa". Ela desapareceu, igual áquele "lobo", como cinzas.

Minha roupa ficou suja com as cinzas e olhei para o Keith com raiva.

–Por que você não veio antes? - Perguntei.

–Porque, eu sou um elfo muito importante, com vários compromissos e não sou babá de humanos. - Ele disse, vindo em minha direção. - Você lutou bem. - Ele deu um sorriso e depois se agachou para pegar a flecha que havia acertado aquela coisa.

–Como a bixa não morreu, quando acertei seu coração? - Perguntei, apontando para as cinzas no chão.

–A "bixa" não morre com um lápis. - Ele riu. - Era um demônio sugador, só morre com prata.

–Bom saber, da próxima vez, me dê uma flecha dessas antes de ir embora. - Apontei para a flecha que ele estava segurando. Era prata e longa, com umas escritas que eu desconhecia.

–Para que? Ficar brincando de varinha enquanto não aparece um demônio? - Ele disse.

–Se não aparecer, eu posso até brincar de bruxa. - Falei.

Alguém bateu na porta e depois a abriu.

–Kate? - Nate perguntou me olhando, depois olhou o chão. - O que aconteceu?

–Ah... - Como que eu iria explicar o que aconteceu, se nem eu sei o que aconteceu direito. - Eu não sei, acordei e o chão estava assim. - Falei. O Keith riu e eu dei um soco leve em seu ombro, sem o Nate perceber.

– Você quer que eu chame alguém para limpar? - Ele perguntou.

–Sim! Faça isso! - Falei, mais empolgada que o normal.

–Tudo bem, já volto. - Ele disse.

–Ok. - Falei. - Obrigada.

A porta se fechou e eu olhei para o Keith.

–Agora, você não vai fugir. - Peguei seu braço. - Me explica, por que que o Nate não consegue te enxergar?

–Não sei, vai ver ele não evoluiu demais para me ver. - Ele disse, dando um sorriso de lado.

–Sério, então por que que eu consigo te enxergar? - Falei.

–Isso que eu acho estranho. Você é diferente. - Ele disse. - Você consegue enxergar tudo, mas outros não, porque a visão está bloqueada para humanos.

–Talvez, eu esteja em um nível acima do seu? - Brinquei.

–Nem morta você iria conseguir ficar acima de mim. - Ele disse, com aquele tom de "eu sou o cara".

–Quem falou que eu não consigo? - Falei, desafiando-o.

–Eu. - Ele disse, chegando mais perto de mim. - Humanos, não têm a mesma capacidade que os elfos.

–E por que você acha isso? - Perguntei.

–Porque é a pura lógica. - Ele disse. - Nós somos mais fortes, mais ágeis e principalmente mais inteligentes que vocês.

–É a lógica do seu mundo. - Falei. - Não acho que nós somos burros, fracos e lerdos.

–Eu não disse isso, mas já que você falou, a maioria é. - Ele deu de ombros.

–Então me diz, senhor inteligente, como que eu te enxergo e como a Laura sumiu? - Perguntei, cruzando os braços.

–A sua amiga deve ter sido sequestrada por um bando de canibais. - Ele zombou. - E, você deu errado em algum momento quando Deus te criou. - Ele riu.

–E a sua vida piorou no dia em que me conheceu. - Falei furiosa, fechando a mão para socá-lo e o fiz.

–Pode-se dizer que sim. - Ele disse, segurando minha mão.

–Argh! - Fiquei frustrada e pisei em seu pé com força. - Você não está ajudando!

–Porque eu não sei onde ela está! - Ele me olhou sério. - Provavelmente virou um monstrou, ou foi comida pelos demônios.

–Não, ela não foi. - Falei baixo.

–Como você sabe? - Ele disse.

–Porque eu sinto, aqui. - Apontei para o meu coração. - Ela está morta, mas não foi comida pelos demônios ou virou um bixo.

–E o seu coração virou uma bola de cristal, agora? - Ele perguntou, com sarcasmo.

–Não, ele virou pedra, por isso que parou. - Falei, rindo.

–O humano voltou. - Ele disse. - Quer que eu vá?

–Não. - Falei. - Você fica e faz com que o Nate te veja.

–Você só pode estar brincando. - Ele disse.

–O quê? Você não consegue? - Falei, duvidando.

–É claro que eu consigo. - Ele disse, todo orgulhoso.

–Então faz. Desbloqueie a visão do Nate, faça com que ele te enxergue. - Eu disse, confiante.

– Por que eu iria fazer uma coisa dessas? - Ele perguntou

–Porque você é um bom elfo para ajudar uma humana. - Falei. - Não foi isso o que disse?

–Sim, sou um bom elfo, mas não sou idiota. - Ele disse. - O que ganho com ele me vendo?

–Um beijou? - Falei. Até parece que eu ia fazer isso.

–Vamos pensar. - Ele deu uma pausa. - Tudo bem, vai ser interessante. - Ele sorriu.

Nós fomos até a porta, quando o Nate a abriu. Ele ficou a alguns metros de mim enquanto o Keith andava até ele, depois colocou a mão na cabeça do Nate e começou a falar algumas palavras em uma lígua desconhecida. Quando o Keith terminou seu "ritual", o Nate parecia estar com dor de cabeça e foi se ajoelhando, até sentar no chão e ficar estável após um tempo. Ele me olhou confuso e depois olhou para o Keith.

–Quem é ele? - Nate perguntou.

–É o Keith. - Falei. - Um el... - O Keith me agarrou e me beijou. Me beijou mesmo, era um beijo intenso, melhor que o do Nate, parecia me viciar, querendo mais e, foi ficando cada vez mais doce até ele me soltar.



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Notas finais do capítulo

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