The Last Tear escrita por Emis


Capítulo 14
Capítulo 13 - O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Quanto tempo hein!^^

Como estou escrevendo a outra fic, cada capítulo vai demorar um pouco mais(sorry)...Porém, espero que leiam a outra fic também (Forever).

Agradeço minha nova leitora-beta que está me ajudando em algumas coisas.



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Nós estávamos em um porsche prata, algo que eu não sabia que elfos usavam. Para mim "elfos" andavam a pé, correndo. Keith ligava o carro enquanto eu esperava, ansiosa. Eu não tinha reparado que no prédio existia uma garagem, mas fazer o que? Era um prédio de elfos, não dá para não se surpreender. A garagem ficava nos fundos do prédio, com outro portão prata. O portão estava velho e haviam papéis com escritas em latim. Observei o muro e percebi que ele não fazia sentido. Tinha um muro logo após o portão. Para que? A pessoa foi idiota de colocar um portão quando se tinha um muro, de concreto, bem na frente.

Keith usava as mesmas vestimentas de caça, pretas, e com seu arco no teto do carro. Parecia ser próprio para o arco pois tinha ganchinhos que seguravam as flechas e o arco. Ele o pegou, junto a uma flecha.

–O que você está fazendo? - Perguntei, curiosa.

–Brincando. - Ele sorriu, sarcástico. - Presta atenção. Um dia você vai fazer isso, ou, não. - Keith fez uma careta e eu o observei. Ele fechou os olhos. Quieto ele parecia ser um bom elfo. Seu rosto estava sereno, calmo e muito perfeito. Não tinha reparado, mas seus cílios eram longos e o nariz alto: os traços perfeitos de um homem.

–Prestar atenção em quê? - Falei impaciente depois de um tempo. O arco começou a brilhar com uma luz fraca.

Non omne quod fulget aurum est! - Keith gritou, fazendo a luz irradiar muito, muito forte, depois pôs o arco para fora e atirou a flecha em um dos papéis que estavam grudados no portão. O papel virou pó ou evaporou, porque depois desapareceu.

–Mas que droga... - Eu estava inconformada. Alguma coisa aconteceu, porque o muro ficou escuro. Tão escuro que dava até medo. O portão estava aberto, para fora, e desaparecendo dentro do "muro", ou buraco. Eu não sabia o que era aquilo.

–Vamos? - Keith disse, sorrindo. Ele gostava da minha reação, assustada.

–Você vai entrar ali, não vai?! - Apontei para o escuro, frenética. Ele não respondeu, só acelerou. - Droga! - Resmunguei pondo o cinto de segurança. Fechei os olhos, não querendo imaginar.

Nós entramos e uma luz brilhante fez meus olhos abrirem. Onde nós estávamos? Era lindo. O lugar parecia ser como a floresta em que sofri o acidente, mas bem mais bonita e clara, sem aquela sensação de ser um lugar intimidante, fria e sombria. Ao contrário, era tranquila, bem iluminada e dava um aconchego de paz.

–Interessante, não? - Keith perguntou. Ele parecia gostar do lugar, só pela expressão. Eu nunca o vi sorrir daquele jeito. Era doce e muito fofo. Descobri algo novo. O Keith pode ser fofo. Eu ri. - Por que está rindo? - Ele voltou ao normal, franzindo o cenho e me encarando com seus olhos cinzentos.

–Nada. - Olhei ao redor, observando as árvores e os pássaros. Eram gaviões e estavam nos observando, cada um em um galho de uma árvore. Devia ter uns vinte ou trinta. - Que lugar é este?

Nós estávamos com o carro parado na floresta, onde dava para ver uma grande cidade, toda iluminada e... Cristalizada? Fora a luminosidade e os cristais, o lugar era feito de prata. Tudo era de prata: as construções, as casas e as torres. Porém, o que mais chamou minha atenção foram as escritas e os símbolos. Eles estavam gravados, bem grande, em cada construção. Era uma cidade estranha, eu tinha certeza.

–Já ouviu falar em "era uma vez..."? - Keith perguntou, olhando rapidamente para mim. Ele estava com as duas mãos no volante e prestava muita atenção no caminho. Nós passamos por vários buracos e pedras, enquanto descíamos a pequena colina.

–Sim, nas histórias infantis. - Respondi, não entendendo a pergunta. O carro se mexia muito enquanto descíamos, e finalmente estávamos em solo liso.

–Ótimo, porque esse não é o caso. - Ele disse, apontando para a frente, onde o ponto luminoso e brilhante ficava. - Ali é a cidade sagrada. Não entra humanos, nem demônios e muito menos filhos das trevas. E, se entram, eles são mortos ou, melhor dizendo, aniquilados por nós.

–Certo, então por que me trouxe aqui? - Perguntei, enquanto estávamos no caminho para a entrada da cidade.

–Porque aqui é onde o Conselho está. - Keith respondeu, sem me olhar. Ele parou o carro na entrada, onde estava um portão de ouro e não de prata, o que eu estou acostumada a ver. Mais uma vez ele disse a frase, mas sem sair do carro para tocar o portão ou nem ao menos atirar a flecha. Ele só disse alto e claro a frase: - Non omne quod fulget aurum est!

O portão se abriu e o Keith ligou o carro, entrando.

–O que acabou de falar? - Perguntei olhando para o retrovisor. Era a coisa mais estranha do mundo. O portão não estava com cor de ouro. Ele estava prata.

–"Nem tudo que brilha é ouro". - Ele respondeu virando em uma rua não muito movimentada.

–E... O que significa? - Falei, concentrada nas construções. As casas eram bonitas, todas de prata, com pinturas bem diversificadas. A maioria era em verde, com diferentes formatos geométricos e alguns me lembrando as casas da Holanda, quando vi em uma revista.

–"Cuidado com as aparências". - Eu o olhei. Ele estava sorrindo. - Esse lugar é bonito, mas ao mesmo tempo perigoso. Em cada construção você encontrará muitos elfos e... Bem, digamos que eles não são tão amigáveis quanto a Karen e o Gabriel.

–Bom saber. - Senti um arrepio na nuca.

Me meti em um mundo nada a ver comigo. Muito bom mesmo, Kate, quem mandou nascer filha de elfos e nem saber? Agora é "ameaçada" pela própria raça. - Pensei revirando os olhos.

–Se ficar perto de mim ninguém encostará um dedo em você, então fica tranquila. - Keith disse. Ele estava sendo amigável? Ele estava de bom humor ou era eu quem estava apavorada demais para ele dizer isso? Não, devia ser a segunda opção. Mas, eu não estava apavorada para ele falar essas coisas.

–E você vai ser de grande ajuda, elfo. - Disse, ganhando um sorriso ameaçador dele.

–Você me subestima muito, humana. - Ele ainda sorria, pegando no meu cabelo de forma cuidadosa.

Não percebi quando o Keith parou o carro em uma rua sem casas e com um parque público, ao lado de uma... Igreja? Não entendi a da igreja, mas saímos do carro e seguimos até ela.

–O Conselho está em uma igreja? - Perguntei, acompanhando seus passos. - E... Por que não trouxe o arco?

–Porque não é preciso. - Quando descemos do carro ele não pegou o arco. - Nós literalmente estamos em uma cidade de elfos, não preciso de um arco. Só, de uma adaga. - Ele apontou para o bolso da calça que estava com a bainha da adaga aparecendo.

–E por que uma igreja? - Apontei para a grande escadaria, parecida com a entrada de um castelo ou um museu. Era antigo, mas bonito. Nós subimos e subimos até eu não ter mais fôlego de tão cansada que estava.

–O Conselho é velho e ainda preserva essas besteiras de igreja e religião. Que coisa idiota. - Keith falou para si mesmo, abrindo a porta enorme feita de prata e toda cristalizada. O lugar era escuro e intimidante, sem nada. Era um salão vazio. Nós seguimos até uma das portas que tinha no salão e fomos para mais escadas, que desciam. Estava escuro. Eu não enxergava nada, nada mesmo, nem sabia como que eu descia, então segurei no Keith, pela camiseta.

–Por que não colocam luzes nesse lugar?! - Resmunguei fazendo o Keith rir.

–Porque os anciões se pertubam com a luz, eles têm um ataque de velhice e resmungam muito, falando que a luz dói os olhos e essas coisas de velho. - Ele riu. - Ninguém entende esses velhos.

–Isso é o cúmulo. - Eu estava frustrada sem saber onde pisava. - Álem dessas escadas serem um inferno para descer, ainda não tem luz.

Eu tropecei em alguma coisa e quase caí, se não fosse pelo Keith estar na minha frente, me segurando antes da queda.

–Obrigada. - Agradeci, me endireitando. - Como você consegue? - Falei, pensando.

–Consigo o que? - Ele perguntou, continuando a descer mais degraus.

–Como consegue descer, sem tropeçar e saber onde está pisando ? - Completei a pergunta.

–Porque eu enxergo. - O tom em sua voz era de divertimento e parecia que estava sorrindo, mesmo eu não o vendo. - Eu enxergo cada degrau e cada movimento seu, humana. Nossa visão é boa mesmo no escuro, por isso que nós caçamos à noite e matamos demônios só com uma flechada.

–Hummm. Certo, então por que continua a me chamar de humana? - Falei, mudando de assunto. Ele parou e se virou, fazendo eu largar sua camisa.

–Porque você não é totalmente elfa. - Ele disse, passando o dedo em minha testa. - Você não tem os símbolos. Eles estão lacrados e bloqueados de uma forma que, nem eu, nem sua mãe ou até mesmo Karen sabemos desbloquear.

–Nem minha mãe? - Estranhei ele a mencionar.

–Sim, eu conversei com ela ontem. Perguntei como desfazer o feitiço que bloqueia os símbolos, mas ela também não sabia. - Ele disse baixo. Eu ri, não sabendo o porquê.

–Muito bom, não? - Falei, achando graça. Keith não disse nada. Provavelmente estava me achando estranha e me encarando. - Sou uma mulher misterosa, de vários segredos, que nem mesmo sei quais são. Muito bom, mesmo. Adoro minha vida. - Fui irônica.

–Por um lado você não está sozinha, tentando descobrir as ironias da sua vida. - Ele disse, voltando a andar, mas agora segurava minha mão, para que eu não caísse.

Eu pensei e, realmente, eu não estava sozinha. Nós ficamos em silêncio por um tempo, até o Keith falar.

–Cuidado. - Ele avisou. - Acabou os degraus, agora é só chão. E, não encoste em nada. As paredes estão com símbolos que ativam armadilhas.

–Ótimo, além de escuro e com as escadas do inferno, ainda tem as armadilhas. - Fiquei o mais próximo possível do Keith, para não relar em nada e segurando o seu braço, não mais na camisa. Quem visse pensaria que éramos um casal, "agarrados" desse jeito. Nós estávamos muito próximos um do outro e ainda bem que eu não enxergava nada para não ver a reação dele, me inferiorizando com o olhar por tê-lo agarrado como uma menininha medrosa. - Por que armadilhas? - Perguntei após um tempo.

–Não sei, talvez anjos poderiam invadir. - Falou calmo. - E sim, anjos podem entrar na cidade Sagrada.

–Claro, são anjos. - Falei sarcástica.

Nós seguimos em só um sentido. Reto. Eu acho que era um corredor, pelo que andamos e não viramos, devia ser um corredor. Ficamos em silêncio, enquanto caminhávamos até um ponto, mais para frente, com pouca luz. Dava para ver alguém, parado na porta.

–Bem-vindos. - Era uma voz rouca e grossa. Devia ser um ancião, pela túnica,comprida e marrom e o seu corpo curvado, usando uma bengala. - Olá, Keith.

–Bom te ver, Geoffrey, pensei que estava morto. - Keith disse, sorrindo e o abraçando. - A idade está chegando, cuidado.

–Olha o respeito, criança! - Geoffrey sorriu, devolvendo o abraço de Keith e dando um tapa nele. Eles pareciam ser amigos.

–Kate, este é o Geoffrey Kayem. - Keith nos apresentou. - Geoffrey, esta é a humana, no qual Karen mencionou.

–Prazer em conhecê-lo. - Beijei Geoffrey, na bochecha, sentindo sua pele flácida e enrugada.

–O prazer é meu, senhorita Kate. - Ele sorriu. Mesmo com pouca luz dava para ver que Geoffrey era um senhor muito bondoso e simpático.

–Por que disse que os anciões, membros do Conselho, são tão ruins? - Olhei para o Keith, acusando-o, depois de cumprimentar Geoffrey.

–Porque eles são e, Geoffrey não faz parte do Conselho. - Keith respondeu, curto e grosso, com um sorriso de quem ganhou um debate. - Quem disse que Geoffrey era do Conselho?

Não respondi. Fiquei em silêncio, mostrando um olhar de indiferença.

–Kate, eu sou um elfo com um dom da visão, do passado. - Geoffrey disse. - Estou aqui para ajudá-la com alguns mistérios, segredos ou memórias. O Conselho me convidou e achei bom vir, para saber quem a senhorita era. E realmente, é uma menina muito interessante. Não consigo ver nada sobre você.

–Me ver? - Perguntei, estranhando. - Ainda bem que você não vê nada. - Suspirei, lembrando de cada besteira que fiz na vida. Bebi, briguei, causei acidentes e outras coisas que me levariam á cadeia.

–Nada, Geoffrey? - Keith me olhava, curioso.

–Sim. A alma está branca, não consigo ver nada, mas tem alguma coisa selada. Um poder, algo impedindo que eu entre na cabeça dela. - Geoffrey segurava minha mão.

–Chega. Eu estou me sentindo estranha, pode parando. - Minha cabeça doía e eu larguei a mão de Geoffrey, fazendo-a voltar ao normal, sem dor. - Pareço um objeto de pesquisa? - Murmurei, porém o silêncio me dedurou e minha voz saiu claramente da minha boca. Keith sorriu, meio ao escuro e á luz fraca.

–Oh! Me desculpe. - Geoffrey disse, parecendo envergonhado. - Não quis ofendê-la.

–Eu não me ofendi, só não acho necessário ver meu passado. - Falei reparando na porta, atrás de Geoffrey. - Nós não vamos entrar?

–Sim, claro. Já ia me esquecendo. - Geoffrey disse, sorrindo. - Eu estava esperando vocês, antes de entrar. O Conselho é horrível e é melhor não ficar sozinho, com eles.

Geoffrey abriu a porta e nós entramos. O lugar estava escuro, com um ponto iluminado, mostrando uma cadeira. Provavelmente era para eu sentar. Fui até o centro e sentei, deixando o Keith e o senhor Geoffrey perto da porta. Estava quieto e eu não enxergava nada, nem um vão.

–Quem é você? - Uma voz falou, forte e autoritária, me dando arrepios. Eu precisava responder, mesmo achando ridículo a pergunta.

–Eu me chamo Kate. Kate Moureen, uma humana, filha de Eliza Moureen. - Ouvi murmúrios, discutindo.

–Você não é humana! - Outra voz se manifestou, da escuridão. Era a voz de uma mulher, parecendo bem velha pelo tom. Eu não sabia para onde olhar então meu rosto estava parado para a frente.

–Sim, eu não sou humana. - Confirmei. Outra discussão surgiu, em murmúrios. Mas, eles estavam agitados, meio que espantados com a minha resposta. - Minha mãe é uma elfa.

–Então, Eliza voltou. - Uma voz um pouco mais calma e com um sotaque Francês, falou. Era um homem de idade, claro. Todos eram velhos, como o Keith disse. - E seu pai?

–Ele está morto. - Respondi. A sala ficou mais agitada ainda.

–Sentimos muito pelo seu pai. - O primeiro ancião, com a voz autoritária, disse. - Por que não voltaram a nos comunicar?

–Minha mãe estava com medo de que os anjos fossem atrás de mim, quando a perseguiram, então vivemos escondidas, no mundo humano. Ela não teve nenhum contato com os elfos, até então. - Menti, em algumas partes. Se contasse a verdade eles provavelmente iriam fazer um total alvoroço e me interrogariam até não sei lá quando.

–Sim, não se sabe se os anjos ainda estão na Terra. - O ancião com o sotaque francês disse. - Sua mãe foi esperta.

–Sim, ela foi esperta. - Confirmei, ridicularizando a minha resposta. Que grande mentira eu falei. Quem, em santa consciência, mentiria para elfos, que matam? Lógico, só eu.

–E o seu pai? - A anciã perguntou. - Como ele era?

–Ele era muito bom, sempre me protegia e me preparava para lutar. - Falei, lembrando do acampamento e dos golpes que aprendi, com ele. - Ele era um bom pai.

–Você lutava? - Era outra voz, mas de um homem, com um sotaque russo.

–Sim, fiz aula de Kung fu. - Respondi. - E, meu pai me ensinou um pouco sobre arcos. - Que eu nem prestava atenção.

–Interessante. - O ancião russo disse. - Mas, por que não tem o símbolo de um elfo? - A sala voltou ao murmúrio.

Merda. Esqueci de cubrir a testa! E agora?! Droga!

–Ela está sob um feitiço. - Keith estava ao meu lado. Não tinha reparado quando ele apareceu e ficou parado, com a mão em meu ombro. - Alguém, quando raptou o corpo de sua amiga, em um acidente que ambas estavam, pôs um feitiço, bloqueando o símbolo e os poderes dela.

–Por que raptaram o corpo de sua amiga? - A anciã perguntou.

–Não sei, eu também queria saber. - Respondi. - Minha amiga era humana e não tinha relação nenhuma com nós, elfos, e nem com os demônios ou os filhos das trevas.

Todos discutiam, alto. Agora não era um murmúrio, era uma confusão, de vozes.

–Por que levariam uma humana? - Ouvi o ancião francês falar.

–Será que foram os anjos? - O ancião russo disse.

–Não. Foram os demônios, com certeza. - A anciã falou.

–Talvez foram os humanos, eles mesmos conseguem raptar uma de sua raça. Eles sempre fazem isso. - Outro velho sem noção falou, com uma voz rouca e irritante, parecia estar com pneumonia, tosse, asma e outras coisas no pulmão, corda vocal, traquéia e até na cabeça. O velho estava me irritando. Não, eram todos.

–Silêncio! - O primeiro ancião, com a voz forte e autoritária, gritou. - Nós ainda não terminamos com a criança para discutir essas coisas!

Muito bom, agora eles voltam a falar comigo. Eu estava feliz por ter sido esquecida, no meio dessa bagunça.

–Criança, você não viu quem levou sua amiga? - O primeiro ancião perguntou.

–Não, porque quando eu bati o carro e nós caímos, da colina, eu sabia que a Laura estava morta, antes de desmaiar. - Respondi, cortando os detalhes e as coisas desnecessárias.

–E como soube que a raptaram? - A anciã perguntou.

–Quando eu estava no hospital e não a encontrei lá, porque me disseram que não acharam o corpo dela comigo. Foi então que voltei para o local onde ocorreu o acidente e não encontrei seu corpo, nem nada. - Dei uma pausa, olhando para o Keith. - Me disseram também que a causa do acidente era um alce na estrada, mas não era, porque foi o Keith quem colocou o alce, morto, na estrada, para acharem que era um acidente normal.

–Então o que causou o acidente? - O segundo ancião falou.

–Era um filho das trevas. - Keith respondeu, antes de mim. - Eu o caçava, quando ele pulo no carro e, aconteceu o acidente.

–O filho das trevas poderia ter levado sua amiga. - A anciã deduziu.

–Não, isso não é possível nem se a senhora morresse. - Keith disse, grosseiro. Ouvi duas batidas na mesa.

–Respeito, criança! - A anciã estava brava e eu quase que ri. Só o Keith deixava as pessoas assim, furiosas. - Por que acha que não era um filho das trevas? - Ela recompôs a voz, mas ainda parecia estar brava.

–Porque, eu o matei e ela o viu sendo morto. - Ele me olhou, sorrindo, então lembrei. Era o "lobo"! O primeiro filho das trevas que eu vi!

O Conselho começou a murmurar, novamente.

–Silêncio! - O primeiro ancião gritou, batendo em uma mesa. O som era ensurdecedor. A sala ficou quieta. - Muito bem, o Conselho ajudará com a busca pelo corpo de sua amiga e serão formados grupos de elfos para a investigação. O interrogatório está encerrado, pode ir embora.

–Sim, muito obrigada. - Respondi, aliviada. Eu estava tensa.

Eu e o Keith saímos da sala sem falarmos um "a".

–Onde está o Geoffrey? - Perguntei, depois de fechar a porta. Não o avistei em nenhum lugar.

–Ele foi embora, um pouco antes de nós acabarmos de sair. - Keith disse, andando na frente. Eu o seguia, abraçando seu braço, bem forte. Eu estava feliz. Finalmente eu tinha ajuda profissional.

–Obrigada por me encobrir. - Disse, com um sorriso, mesmo no escuro.

–Eu sabia que você falaria alguma besteira se eu não respondesse. - Ele provavelmente estava com um sorriso sarcástico. Eu o imaginava. - Mas, de nada.

Nós estávamos andando, enquanto eu pensava sobre o Conselho. Eles eram medonhos e velhos, mas não tão horríveis quanto o Keith falava.

Chegamos nas escadas e o Keith foi na frente, segurando minha mão para que eu não tropeçasse. Ele estava sendo muito gentil, o que não era normal. Eu parei, preocupada. Ele também parou, depois de perceber que eu não me movia.

–O que aconteceu? - Ele perguntou, mas soltei sua mão e fui tateando seu braço, até chegar no ombro e seguir no rosto, até a testa. Pus a mão em sua testa. Ele não estava quente, estava normal. - O que você está fazendo? - Ele se divertia, minha mão ainda em sua testa.

–Estou vendo se está bem, sem febre. - Respondi. Ele riu, mas riu até sentar na escada e eu, não sabendo onde ele estava.

–Kate, você é a humana mais estranha que eu já vi. - Ele disse, ainda rindo. Eu fiquei com raiva. Como que ele ri, quando eu estava tão preocupada?!

–Esquece. Finge que você não ouviu nada e que eu não me preocupei. - Falei, atravessando-o e seguindo em fente, subindo as escadas, com raiva.

–Hey, espera! - Ele disse, agarrando meu braço e me puxando. Eu tropecei e caí em seus braços fortes. - Eu gostei. - Agora eu estava confusa e com raiva.

–Gostou do que, idiota? - Falei, saindo de perto dele. Ele não deixou, ainda segurando o meu braço.

–Eu gostei, Kate. - Ele repetiu. - Eu gostei que você se preocupou, comigo. - Eu me virei, quando ele me puxou, de novo. Eu não caí, mas senti a mão dele em meu rosto, me acariciando e a outra em minha cintura. Ele estava próximo, até eu ouvir sua respiração abafada, em meu ouvido e seu corpo quente, mas não fervendo, com febre. Seu corpo me esquentava e o calor ocupava a nós dois.

–Eu não estou mais nervosa, pode me soltar. - Menti, sussurrando. Eu queria que ele me soltasse. - E, eu não enxergo nada. - Falei inocente, quase que o chutando se ele não me soltasse.

–Isso é bom. Melhor para mim. - Ele disse, mordendo minha orelha. Eu me arrepiei, agarrando sua camisa.

–O que você está fazendo?! - Perguntei, minha voz misturada com raiva e vergonha. Eu devia estar corada. Minha orellha era sensível e eu não gostava que a tocassem, muito menos que a mordessem. - Você não pode ir mordendo os outros por aí! - Reclamei.

–Eu sou igual ao Leo, eu mordo quem eu quero e não é qualquer um. - Ele disse.

–Mas o Leo é um animal. Ele deve obdecer. - Eu nem sabia o que eu estava falando, tentando sair de perto dele. Ele era forte, não deixava que eu me movesse, com seus braços em torno de mim e o seu perfume masculino, contagiando meus neurônios. - Me larga, Keith.

–Eu nunca vi alguém querer tanto sair de perto de mim, ou me evitar, ou, querer ganhar de mim em alguma coisa. - Ele continuava a acariciar meu rosto, mas agora sua respiração estava mais próxima. - Você é especial, Kate. - Sussurrou.

Ele tocou meus lábios com os seus e me beijou gentilmente, algo que não fazia. Meus braços, em reflexo, foram para o seu pescoço, se cruzando. Aquele beijo era doce, calmo e muito bom. Mas, eu não queria algo doce, eu queria o Keith. Eu queria os beijos intensamentes dele, que me deixavam sem fôlego. Ele me entendeu e aprofundou, fazendo o meu corpo se arrepiar, sem forças. Aquilo era muito bom. Ele estava me deixando sufocada, sem fôlego e o contato com seu corpo era incrível, ele era forte, me segurando mesmo eu me apoiando nele para ficar em pé. Tateei cada músculo de seu abdómen, peito, braços e costas, lentamente com as mãos, fazendo-o gemer quando arranhei suas costas. Ele fez o mesmo, passando suas mãos em minha cintura, depois de pouco em pouco para a minha barriga, as costas, até minha nuca. Eu gemi de arrepio quando ele deslizou sua mão em minha nuca até a cintura . Minha mente não processava nada, até ele parar e me segurar no colo igual á uma dama. Eu gostava e muito, quando ele me segurava daquele jeito. Me lembrava uma princesa e seu príncipe.

–O que foi? - Perguntei, arfando.

–Melhor irmos embora. Não é bom fazer essas coisas quando o Conselho está aqui. - Keith disse, subindo rápido. - Eles são uns velhos chatos. Se nos encontrarem aqui vão dar muitos sermões e eu não gosto de ficar ouvindo velhos.

–Ótimo. Nós terminamos isso depois. - Falei, sorrindo travessa. Não consegui ver sua expressão, que era uma pena.

O silêncio ocupava o carro, enquanto o Keith dirigia e eu o observava. Algo estava diferente entre nós, era algo bom pelo que eu pensava. Ele estava mais confiável, menos arrogante e bem mais preocupado, comigo.

–O que foi? - Ele me olhou. - Tem algo de errado em meu rosto?

–Não, por que? - Perguntei, indiferente.

–Porque, você está me encarando já faz um bom tempo. - Eu estudava seu rosto, sorrindo. Aquilo não me entediava e seu sorriso era atraente. - Você está bem?

–Sim, estou, só um pouco cansada. - Bocejei, disfarçando. - Me acorda quando chegarmos?

–Com o beijo de um príncipe? - Keith sorriu, de canto.

–Que príncipe? - Ri. - Você ainda é um sapo, precisa do beijo da princesa para o encanto desaparecer.

Ele parou o carro de repente em uma esquina e tirou o cinto de segurança.

–O que você está fazendo? - Perguntei, quando ele tirava o meu.

–Mostrando que um sapo tem forças para virar um príncipe. - Ele abriu um sorriso muito, mas muito travesso.

–E como seria isso? - Fui pega desprevenida. Ele estava com um olhar tentador e sorrindo maléfico, até me prender no banco com seu corpo e me dar um beijo forçado. Sua essência me deixava viciada, sem saber o que fazer a não ser o agarrar e devolver o beijo, bem mais violento e travesso. O corpo dele estava me encurralando, contra o banco, e ele não queria sair de perto de mim, me apertando cada vez mais para perto de si. Meu corpo se arrepiava, sentindo cada dedo do Keith em meu rosto, em meu pescoço e até nos cabelos. Ele me tocava gentilmente e aos poucos foi se afastando.

–A princesa retribuiu o beijo. - Ele disse, sorrindo e pondo o cinto de volta em mim, depois colocando o seu. - Fácil, não?

–Idiota. - Respondi, virando para a janela. Senti a mão do Keith em meus olhos, fazendo-os fechar.

–Durma. Eu te acordo quando chegar. - O carro estava ligado e ele dirigia com uma das mãos no volante, porque a outra segurava a minha.

Adormeci, sem pensar em nada.


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Notas finais do capítulo

Agradeço por continuarem acompanhando...!