POV LILY

No dia seguinte as meninas me acordaram animadas, mas eu simplesmente não estava no clima, elas olharam pra mim e perguntaram o que houve. Contei tudo e elas não conseguiam acreditar. Obrigaram-me a me arrumar, a sair pra comer alguma coisa, mas eu não queria, não sentia vontades de fazer isso. Depois de vários minutos tentando me convencer a sair dali elas desistiram e foram embora, exceto Lene que continuou pra falar:

- Lily, me desculpa, me sinto culpada, eu que te convenci a sair com ele. Realmente acreditei que ele te amava, me desculpa. Mas você não pode viver aqui pra sempre! Você não pode dar esse gostinho a ele! Vamos, se levanta e mostra pra ele que você é forte!

- Ai, Lene, você não entende! Eu amo ele, sempre amei, só que me recusava a acreditar nos meus sentimentos! A culpa não é sua, eu sairia com ele mais cedo ou mais tarde. E outra coisa. Eu não posso simplesmente sair daqui, topar com ele por ai e me fingir de forte. Eu não consigo, sei que não. Hoje não pelo menos. Me dá esse dia de folga, por favor! Amanhã eu tento fazer isso que você pediu, mas hoje, eu só preciso de um tempo pra mim mesma.

- Ok, vou indo então. Se precisar de alguma coisa chama.

Concordei, esperei ela sair e comecei a chorar. Eu não acredito em como fui idiota, nunca pensei que me decepcionaria tanto com alguém. Por que Merlin? Porque isso aconteceu comigo? Sempre resisti a todos os charmes dele. Resisti a todas as cantadas, a todos os eu te amo, a todos os abraços. A tudo, mas quando ele me beijou naquele dia eu soube que eu precisava me entregar a ele. Já estava apaixonada, mas não podia resistir mais. Eu precisava dele.

Mas simplesmente não podia! Mesmo se ele se declarasse pra mim da forma mais fofa do mundo eu não poderia me dar ao luxo de ser iludida novamente. De ser mais uma tola que caiu aos pés do James garanhão. E pior, que cai duas vezes.

Eu não conseguia entender. Durante a minha infância sempre via os programas de TV de romance que a Petúnia tanto gostava. E nelas o cara sempre iludia a moça. Depois faziam as pazes, mas ela sempre sofria.

Por isso me decidi que jamais me apaixonaria, apenas por aquele cara perfeito. Pelo meu príncipe, aquele que eu sabia que nunca me machucaria. Mas aí você cresce, e quando aquele cara aparece, com aquele jeito maroto, te provocando. E aos poucos ele te conquista, você se rende e tudo que você batalhou até agora, todas as suas decisões, tudo vai por água baixo. Por causa de um garoto que cometeu um erro. Por causa de você que cometeu o erro de se apaixonar pelo cara errado.

Não sei quando foi, se foi alguma cantada, se foi em meio a algum jeito romântico, ou, o mais provável, em meio a uma das várias brigas. Eu não sei, mas sei que me apaixonei. Sei que comecei a amar aquele garoto de um jeito que jamais conseguiria por em palavras. Porque o amor não é algo que se mede, que se descreve, que se conquista, que se tira, que se dá. É algo que se sente. E o maior poder que o mundo já viu. Maior do que todas as maldições que existem. Talvez até maior que a maldição da morte. A melhor coisa que alguém pode ter é o amor.

E eu, a idiota, o tenho. Mas não apenas pelos meus familiares e amigos, mas também por esse garoto, e talvez o ame mais que o necessário, mais do que sou capaz!

Com todos esses pensamentos eu não conseguia fazer outra coisa senão chorar. Agarrei-me ao travesseiro e comecei a tentar me acalmar. Meu rosto já estava manchado de lágrimas. E quando consegui parar de chorar vejo que alguém entrou no dormitório. Mas não era Alice, nem Dorcas, muito menos Marlene. Essa pessoa entrou e disse:

- Lírio?

Era ele, James Potter. Ao vê-lo meu coração chacoalhou. Queria voltar a chorar, mas não podia dar esse gostinho a ele, me endireitei e disse, melhor, gritei:

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI POTTER?

- Vim me desculpar e trouxe umas comidas pra você. Escuta Lily, eu não quis te magoar, se você me der uma chance...

-SAÍ DAQUI POTTER EU JAMAIS QUERO TE VER NOVAMENTE, SEU BABACA, IGNORANTE, ARROGANTE, METIDO, IDIOTA!

Não aguentei e voltei a chorar, ele veio até mim e me abraçou, a sensação foi maravilhosa. Mas aí eu me lembrei do que ele havia feito, o empurrei e gritei:

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? VOCÊ ME DÁ NAUSEAS, EU TE ODEIO POTTER, ODEIO, ODEIO, ODEIO. NUNCA MAIS QUERO TE VER NA MINHA VIDA! VOCÊ É A PIOR COISA QUE JÁ ME ACONTECEU!

-Lily, eu...

-É EVANS, POTTER! SAI DAQUI AGORA!

E ele saiu. Queria que ficasse, queria poder ter ele novamente, mas não podia, não depois do que ele havia feito. E quando ele se foi acho que vi uma lágrima escorrendo no rosto dele. E o perdi de vista. Parte de mim, a melhor parte de mim se fora com ele. Não sabia mais o que fazer.

Olhei pro lado e vi que ele trouxe consigo um saco e quando abri vi que tinha comida. As minhas comidas favoritas, junto com um lírio. Um lindo lírio vermelho.