Beatriz POV:

“Essa pessoa, era Harry.”

 Senti meus joelhos amolecerem.

- Harry – sussurrei.

- Bia – o ouvi chamar. Ficamos parados por alguns segundos. Corri em sua direção e ele correu em minha direção. Tive vontade de chorar. Na verdade, eu já estava chorando – Calma.

- Vamos ficar presos aqui – chorei ainda mais. Eu tinha medo de ficar trancada. Tinha medo do que eles tinham aprontado.

Flashback on

- Admiro sua coragem. Você sabe quem eu sou? – balancei a cabeça negativamente – Eu sou o criador dos Hawaii Games, e claro já vi vários casos desses. Vou dizer uma coisa, lógico, que eu quero audiência. Mas eu não quero violência aqui dentro. Certo?

- Certo – falei em voz baixa.              

- Ótimo, por sinal, você é muito conhecida na direção. – isso me preocupava, e muito – Agora vejo o porquê que aqueles garotos brigaram por você.

Flashback off

 Essa conversa voltou à tona na minha cabeça. Isso me perturbou ainda mais.

- Você vai ver, alguma parede vai se mover e nós vamos sair daqui – Harry tentou me confortar. Balancei a cabeça negativamente – Vamos sim, ok?

- Ok.

 Esperamos um tempo em pé e resolvemos sentar no chão. Conversamos por algumas horas. Nada que causasse discussão. 12:00. O sol torrava nossas cabeças.

- Quer saber? Não tem câmeras aqui, só tem eu e você – Harry se levantou – Vou tomar um banho de fonte.

- Banho de fonte? – ri.

 Harry estava falando sério, ele correu em direção à fonte e começou a lavar o rosto. Algum tempo depois eu estava lavando o rosto e Harry estava só de cueca mergulhando na fonte.

- Parece que somos amigos de novo – ele sorriu.

- É – fitei meus pés descalços.

- Mas – ele se aproximou – você sabe que eu quero ser mais que seu amigo...

- Vamos devagar Harry – ele bateu os braços na água.

- Você não vai entrar? – ele estava sentado dentro da fonte.

- Hm, não – torci o nariz.

- Porque não? – ele riu, seus cabelos molhados no rosto me davam vontade de agarra-lo.

- Ah, Harry... – gemi, Harry me puxou pelo braço e eu cai na fonte.

- Eu só espero que ninguém nós veja aqui.

- Veja você. Você que está só de cueca – apontei. Harry jogou água em mim, revidei. Ele se aproximou de mim. Cai de costas. Harry estava de quatro sobre mim. Ele se aproximou. Observei meu peito subir e descer. Em alguns segundos eu estava provando de novo daqueles lábios que eu tinha desejado secretamente. Empurrei Harry de leve, embora eu o quisesse, eu não iria esquecer assim tão rápido.

- Oque? – ele caiu do meu lado.

- É só que... – engatinhei pra sair da fonte. Pisei em alguma coisa.

- Bia...

- Tem uma caixa aqui.

- Oque?

- Tem uma caixa aqui – olhei surpresa pra ele.

- Ahn? – ele engatinhou até o meu lado. Harry fitou a caixa desconfiado. Nós nos entre olhamos – Abro? – ele perguntou. Dei de ombros. Harry saiu da fonte, sentou no chão e abriu a caixa. Ele puxou um papel. Parecia um manual.

- Uma tenda? – ele perguntou incrédulo.

- Uma tenda? – repeti. Ele assentiu com a cabeça e me mostrou o papel. Era um manual. Isso significa que nós passaríamos a noite aqui.

- Vamos passar a noite aqui.

- Não – Harry riu nervoso – não vamos.

 Ficamos conversando. E Harry tentou me beijar.

- Harry...

- Oque? – ele passou as mãos no rosto.

- Eu acho que nós deveríamos ir aos poucos.

- Você não foi aos poucos com Thayer.

- Oque?

- Não se faça de desentendida! Eu sei oque aconteceu entre você e Thayer naquele dia – será que ele sabia? Oque eu faria agora?

- Oque?

- Eu sei que vocês transaram! – Harry falou se levantando.

- Como sabe? – perguntei me levantando também.

- Thayer me contou.

[...]

 Depois disso ficou estranha a nossa conversa. Quando anoiteceu Harry se convenceu de que passaríamos a noite ali. Ele montou a tenda e ficou sentado do lado de fora com uma expressão dura.

- Não vai entrar? – perguntei me sentando ao lado dele. Ele balançou a cabeça – Desculpe.

- Pelo que? – ele virou a cabeça para me olhar.

- Por tudo! Por tudo que fiz, por tudo! – explodi – Eu não queria que tudo acabasse assim.

- Nem eu.

- Eu acho que preciso também... de uma segunda chance – Harry me olhou ligeiramente surpreso.

 Nenhum de nós falou nada depois disso. Começou a ventar e como minha roupa ainda estava molhada, estava muito frio. Resolvi entrar. Harry ficou do lado de fora. Deitei dentro da tenda. Que não era muito grande, mas que eu pelos menos podia deitar e me esticar sem chutar Harry. O vento ficou mais forte e Harry abriu o zíper.

- Cabe mais um? – ele perguntou sorrindo de canto.

- Claro – retribui o sorriso. Harry entrou cautelosamente na tenda. Afastei para o lado para dar mais espaço. Ele se deitou do meu lado. Meu corpo relaxou. Agora nossos ombros se tocavam.

- Estranho – ele comentou.

- Muito – virei o rosto para fita-lo. Ele fez o mesmo. Eu sentia a respiração dele. Eu podia ouvir a respiração dele. Ele aproximou o rosto do meu. Em poucos segundos estávamos nos beijando novamente.

Harry POV:

 Me aproximei para beija-la. Ela não se afastou. Beijei-a. Cuidadosamente subi em cima dela. Comecei a acariciar seu pescoço enquanto a beijava. Senti-a puxar minha blusa. Tirei a blusa. Ela acariciava minhas costas. Deslizei uma das mãos por debaixo da blusa dela. Ela puxou a blusa. Sorri. Beijei-a com mais fogo. Nossas línguas se acariciavam. Tirei o resto da roupa dele e tirei a minha calça esquecendo-me completamente da camisinha no bolso de trás.

Beatriz POV:

 Estávamos nus dentro de uma tenda no meio de um jogo. Me troquei dentro da tenda apertada e Harry fez o mesmo.

- Não acredito que fizemos isso – falei colocando a blusa.

- Então acredite.

- Harry! – repreendi-o.

- Desculpe, princesa – ele me roubou um beijo e voltou a se trocar.

- Droga, minha roupa ainda está molhada. Culpa sua.

 Ele riu como se aquilo fosse engraçado. Não era nada engraçado. Deitei novamente e tentei dormir. Harry se deitou do meu lado e passou o braço na minha cintura. Dormimos por algumas horas e acordamos com o sol esquentando a tenda.

- Isso está um forno – Harry reclamou. Ele abriu o zíper e saiu da tenda.

- Até que foi bom dormir com a roupa molhada – ri da situação.

- Vamos mesmo ficar aqui? – Harry perguntou para o nada.

- Acho que se esqueceram de nós – falei enquanto sai da tenda.

- Bom dia players! – ouvi a voz de um coordenador vinda de um alto falante – Vocês devem estar se perguntando por que vocês ainda estão ai. Estamos esperando o terceiro player sair do labirinto. Vocês devem estar morrendo de fome não é?

 Fome. Meu estomago estava roncando. Esperamos alguns minutos e o coordenador anunciou:

- O terceiro saiu! Então podem abrir o labirinto! – várias paredes se moveram ao mesmo tempo. Todas elas se abriram formando um caminho para fora. Eu e Harry saímos juntos.

- Vamos tomar café da manhã? Estou morrendo de fome.

- Vamos – concordei. Comer agora seria uma boa ideia.

[...]

 As pessoas nos olhavam surpresas. Terminamos de comer e resolvemos sair dali. Eu queria conversar com Harry, longe de todos esses olhares taxativos. Ele me chamou para conversar perto da cachoeira. Mas eu dei um jeito de leva-lo para a praia. Andamos até ficar longe o suficiente das pessoas ali.

- Aqui está bom – Harry falou se sentando na areia branca. Me sentei ao lado dele.

- Não acredito que transamos no meio de um jogo. Sério. – falei rindo.

- Nem eu – Harry ficou sério de repente – Ah, não – ele se levantou, olhei para os lados, não tinha ninguém perto – Eu não acredito – ele puxou os cabelos.

- Oque foi Harry?

- Eu esqueci.

- De que? – arqueei as sobrancelhas.

- Da camisinha – ele falou em voz baixa.

 Meu corpo endureceu. Minha voz sumiu. Fiquei em choque. Harry só podia estar brincando. Por conta disso eu podia estar carregando uma criança na minha barriga. Isso simplesmente não podia estar acontecendo. Eu posso estar grávida. Com que cara eu ia voltar para o Brasil? Com que cara eu ia enfrentar meus pais? Minha família? Meus amigos? A imprensa iria cair em cima de Harry.

- Harry, você – respirei fundo para me manter calma – está falando sério?

 Harry não respondeu nada. Apenas balançou a cabeça. Ele sibilou alguns palavrões enquanto andava pela areia de um lado pro outro.

- Eu prometo que vou ajudar com a criança... – Harry começou um discurso.

- Harry – interrompi-o – nem sabemos se estou grávida mesmo. Eu preciso... fazer o teste.

- Como? Duvido que eles tenham testes de gravidez.

- Se eles têm camisinhas, provavelmente tem o teste.

- Oque vamos fazer agora? – Harry respirou e soltou o ar pela boca.

- Esperar.

 Nove meses. Esse era o tempo que iriamos esperar. Próxima semana eu faria o teste. E se der tudo certo, vai dar negativo. Eu espero. Ficamos sentados observando as ondas. De tardezinha disse a Harry que voltaria para a cabana por que estava cansada. Mentira. Eu estava abalada demais com tudo que tinha acontecido. Mas, eu teria feito o que eu disse se alguém não tivesse me interrompido.

- Pelo visto você já perdoou Harry – Thayer falou num tom calmo se aproximando.

- Sim.

- E você nem quer falar comigo, por quê?

- Porque Harry não vende drogas e não trapaceia – falei num tom mais baixo para que ninguém ouvisse.

- É, mas ele te traiu.

- E você traiu minha confiança.

- Que droga Bia. Eu faço de tudo pra você me perdoar e você perdoa esse idiota – Thayer apontou pra praia. Provavelmente ele estava nos vigiando.

- Você está nos vigiando?

- Observando – ele corrigiu.

- Você é louco – falei continuando a andar. Ele riu. Mas não havia nem um tom de humor na minha voz.

- Provavelmente o Harry deve ter falado coisas horríveis de mim, e dito pra você não me perdoar...

- Não – parei de andar e olhei-o nos olhos – Ele evitou falar de você.

- Sério? – Thayer fingiu-se surpreso.

- Sim, a proposito, oque aconteceu edição passada? Entre você e Harry?

- Porque quer saber? – agora o tom de Thayer beirava a hostilidade.

- Porque eu quero, não vai contar? Então eu acho que não tenho mais nada pra conversar com você.

 Thayer ficou em silencio. Fitei-o por mais alguns instantes, ele não iria falar. Resolvi que a melhor decisão seria ir embora. Virei e continuei o caminho para a antiga cabana. Ou melhor, cabana menos luxuosa.

- Bia – Thayer chamou.

- Sim?

- Na edição passada, eu e Harry éramos muito amigos – ele hesitou – E ele tinha uma namorada, numa dessas festas eu fiquei bêbado, e ela me levou pra minha cabana – ele respirou lentamente – E quando ela estava me colocando na cama Harry entrou no quarto e achou que ela estava traindo ele e até hoje ele não acredita que foi só impressão.

- Não sei por que, mas essa história me parece mal contada.

- Por isso eu não queria lhe contar, porque você acreditaria nele. Quer saber Bia, eu cansei – ele balançou a cabeça.

- Eu também – virei-me para fita-lo nós olhos – Cansei de ser enganada, de ser traída, de ver as pessoas ao meu redor mentindo pra mim. Cansei de ver você correndo atrás de mim pra pedir perdão e mentir logo depois.

- Eu não estou mentindo! – ele aumentou o tom de voz. Ignorei-o e apenas voltei para a cabana, eu tinha mais com que me preocupar.

 Passei a noite pensando em nomes de bebes, afinal, se eu estivesse grávida mesmo precisaria escolher. Caso não estivesse, bem, ao menos eu já teria escolhido o nome. Dormi. Porque dormir seria melhor para todos os meus problemas.

 Sábado foi tudo normal. Saímos para tomar café da manhã. Fizemos qualquer coisa durante a tarde. Eu tentei manter a cabeça longe dos problemas. À noite, quando ninguém estava vendo procurei na dispensa por um teste de gravidez. Nada. Subi e procurei no meu banheiro, e finalmente achei aquele pacotinho abençoado (ou não).