Life Hates Me. escrita por dreamr


Capítulo 37
restarting ou remembering?


Notas iniciais do capítulo

não to mais conseguindo seguir a norma de postar um dia sim, outro não. mas nunca fico tempo demais sem postar



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Resolvi estender meu melhor polegar respondendo que “estou bem” e pagar de fria, o que seria melhor do que dizer agora que fui antipática com a garota me fazendo passar de muda.
A aula começou e na verdade não era aula, segundo a professora era o momento de aflorar o nosso artista interior. Fui até o armário, em dúvida, sobre qual ferramenta usar... Pincel, tinta, giz, canetinha, lápis, tesoura, palitos...
Nunca fui boa em artes, meus desenhos nunca representaram nada além de um campo com uma casinha e uma árvore ao lado. Desenhei isso dos meus 2 até os meus 18 anos, provavelmente.
Uma garotinha ruiva e sardenta, com uma pele de porcelana e leves tranças nos cabelos se aproximou e passou o braço na fenda que deixei entre mim e o armário. Ela agarrou com a ponta dos dedos a última caixa da prateleira, a de giz pastel. Acabei aderindo à mesma ferramenta só para experimentar, eu não tinha ideias muito melhores. Comecei o meu desenho com dedos ainda despreparados, passei a traçar linhas e mais linhas... Livres, sem rumo ou direção e o mais importante, sem conexão alguma com qualquer outro objeto do desenho. Era isso que eu queria para a minha vida, liberdade... Independência.
~ JUSTIN POV ON.
O sinal da última aula bateu. Peguei as minhas coisas e fui seguindo até o estacionamento.
– Ei gatão! Festa do Cory amanhã, topa? – virei.
Era o Travis, veterano e meu parceiro da faculdade. Ele sabe que eu reservo minhas tardes para ir na clínica e me enche o saco por isso.
– E aí cara? Sei lá... – dei chave de braço nele e bati em suas costas.
– Qual é, vai ver tua ex-namorada que só quer te ver morto?
Ri e peguei o material de hockey para guardar no porta-malas. No fundo, eu sei que tudo o que ele fala é verdade. Ele continuou:
– Não, é sério! Essa clínica deve ser foda porque você insiste em ir lá todo dia!
– Chora não bebê, titio Justin promete que vai te dar mais atenção! – apertei as bochechas e depois dei um tapa em sua cara.
– Ah, sai fora viado! Qualquer dia desses apareço para tentar a sorte com essa Lisa!
– Tenta que tu morre, muleque! – fechei o porta-malas e entrei no carro. Dei partida e saí.
No caminho começou a tocar “call me maybe” e tudo o que veio na minha mente foi:
–- flashback on --
“Coloquei a mão no seu ombro fazendo ela se virar assustada.
– Desculpa se eu demorei... É que... – coloquei minha mão na nuca e ela sorriu.
– Tudo bem, eu acabei de descer!
– Ah ta... – relaxei.- Então, vamos? Estacionei lá na frente!
Passei o braço no ombro dela e fomos. No caminho ficamos em silêncio, até a rádio começar a tocar CALL ME MAYBE... Aí foi inevitável, comecei a cantar junto http://www.youtube.com/watch?v=JdxloBJ_nxM (minuto 0:09). A Lisa me encarou e começou a rir, e aquela risada era muito contagiante, comecei a rir junto... Mas me concentrando em não errar a música, claro. Não demorou muito até eu seduzir ela e fazer ela cantar também.”
–- flashback off --
Acabou a música e eu cheguei na portaria, até hoje eu não tenho o passe. A Elizabeth era a única autorizada a ter e não liberou para mim, é... Isso também não! Parece que ela fez de tudo para me manter longe da “filha” dela. Mas do mesmo jeito eu consegui depois de um tempo, com ajuda das enfermeiras e do porteiro. Se não eu pagaria a taxa todos os dias, normal.
– Bom dia, senhor Justin!
– Só Justin, Carlos! Só Justin... – sorriu e abriu a cancela.
Ninguém ia muito à clínica, então não era difícil encontrar vaga no estacionamento. Até porque, a pessoa que eu mais via de visita era o senhor Claus que vinha ver a filha. Eles não se desgrudavam. Na hora de visita lá na recepção, geralmente, ficava eu e os dois todos felizes no momento pai e filha.
Peguei a sacola e segui o mesmo caminho de sempre, mas dessa vez havia algo de diferente pelo jeito que a Bettany (recepcionista) e as outras enfermeiras me olhavam.
– Justin! Justin! – algumas gritaram e vieram até mim.
– Calma, tem Justin para todas! – ri.
– Argh, seu besta!
– A Lisa saiu do quarto! – sorriu.
Apontaram para o corredor, eu olhei e imediatamente ouvi um som que me fez rir tantas vezes antigamente e que ainda conseguia me deixar feliz de qualquer jeito. Sua risada.
~ LISA POV ON.
– Você é muda então?
Só consegui rir e do pior jeito, aquele que assusta qualquer um. Sem conseguir controlar, tapei a boca com as duas mãos e a observei.
– Porque não disse nada quando chegou? – perguntou rindo.
– Eu não sabia o número do meu quarto! – dei de ombros e ri. Ela me acompanhou.
– Prazer, sou a Jessica! – estendeu a mão.
– Prazer, Lisa! – estendi a minha.
Não entendo como ela veio parar aqui. Tão linda, tão perfeita. Rosto bem delineado, como que esculpido, dois olhos grandes e claros... Mas parecem avelãs. Ela é quase que uma versão adulta da garotinha que vi mais cedo na aula, brancas como a neve e ambas são ruivas. Mas que problema ela poderia ter afinal?
Ela virou o rosto, bruscamente para o lado para observar algo. A curiosidade falou mais alto e olhei para a mesma direção.
Virei ainda rindo e encontrei aqueles olhos me esperando recostados à porta.
–- flashback on --
“- Dormiu? – me virei. O Justin estava encostado na porta.
– Como uma princesinha! – sorri.- Aonde é o quarto dela?
– Deixa que eu a levo! – se aproximou e a tirou do meu colo. Me encarou e se aproximou.
Mesmo com a pequena ali, separando nossos corpos, o beijei.”
–- flashback off --
Mandou seu genuíno sorriso angelical e eu retribuí involuntariamente. A Jessica acenou e ele retribui sorrindo. Em seguida, ela me olhou, disse alguma coisa e saiu. Eu podia ver sua boca mexer, mas os sons que saíam dela meio que não chegavam ao meu ouvido. Andei até a porta.
– Oi – disse com as mãos no bolso e de cabeça baixa.
– Oi – senti minhas maçãs do rosto queimarem e sorri.
– Então... Saiu do quarto, é?
– Bom, eu estou aqui... Então...
– É – riu de leve.
– Na verdade – me esquivei dele e fui para o corredor – Um amigo, ontem reapareceu e me mostrou o quanto o mundo ainda é bonito!
– Um amigo é? – arqueou a sobrancelha e sorriu.
– Foi o que ele me pareceu... – sorri. – Nada muito concreto!
Seu sorriso estava estampado pelo rosto inteiro. Espero que ele tenha pegado minha indireta... Completa.
– Mudando de assunto... Eu trouxe uma coisa! – ergueu uma sacola.
– Tentando subornar a amizade?
– Não... – riu – Nunca! E não é muita coisa, é só pra te dar uma... Força. Abre!
~ JUSTIN POV ON.
Hesitou e me olhou meio desconfiada.
– Ok, eu vou abrir... No meu quarto! Venha! – pegou a sacola e me puxou pelo braço.
– Olha, se você tentar qualquer coisa, eu grito! – ri muito.
– Eu é quem deveria dizer isso... – disse séria, largando minha mão.
Entramos no quarto e até que não era nada mal. Não era nem um pouco miserável e depressivo, tinha algumas paredes coloridas e nelas uns quadros pendurados. Tinha televisão com DVD, uns livros sobre a mesa, dois sofá e a cama que era maior que uma de solteiro, mas menor que uma de casal. Eu até me acostumaria fácil aqui.
A Lisa sentou na cama e abriu a sacola, não identifiquei sua expressão. Não era feliz ou brava, era de vazio.
– Quanto tempo que não como um hambúrguer... – comecei a rir.
– Não era para você abrir este primeiro! Ficou bizarra essa frase, afinal quem traz hambúrguer de presente?
– Você! – sorriu por um segundo.
– Isso era a segunda parte, é um piquenique nada saudável, mas... – fui até a sacola e peguei a caixinha. – Essa era a primeira parte!
Ela ficou estatelada, sem reação, porém não aceitou. Começou a negar com a cabeça.
– Não... De novo não...
– Lisa, o que... O que foi?


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Notas finais do capítulo

continuem que o fim está próximo



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