Ela revirou os olhos e suspirou.
– Poxa, achei que você tinha parado com essa besteira depois de ontem! – voltou seu olhar pra mim.
– Não é besteira, eu sei que ele não presta!
– Vou te provar que ele presta, ok? Eu sei disso, você vai ver!
– Estou esperando. - espremi os olhos, como se lançasse um desafio.
Levantei e fui falar com o resto das meninas.
~ JUSTIN POV ON.
– Justin acorda meu filho! – ouvi sua voz.
Não respondi, meu sono estava pesando.
– Justin acorda! – elevou o tom.
– Já vou... – me virei para o lado contrário.
Ela puxou as cobertas e gritou.
– JUSTIN DREW BIEBER, LEVANTA! VAI CHEGAR ATRASADO.
Sentei na cama rapidamente e arregalei os olhos, ela acabou me assustando. E riu. Eu estava sobre efeito de um pouco de sonambulismo e só depois relaxei os músculos.

[...]
– Bom dia meu amor! – aquele perfume enjoativo e seu braço roçaram em mim.
– Porque eu tenho que começar meu dia te vendo? – falei meio sonolento.
– Não sei, não importa. Bieber eu queria falar contigo.
– Nossa Brooke, deve ser importante então... – a ironia da Lisa é contagiosa.
– Então você deu uns pegas na estranha?
– Lisa? – olhei pra ela.
– É, tanto faz. Ela tava lá contando para a outra amiga esquisita.
A reação da Lisa foi meio indecifrável ontem, não sabia se ela estava me odiando por ter tomado uma iniciativa ou se ficou feliz. Entrei na sala e vi a Lisa no fundo, mexendo no celular. Parei e a olhei. Ouvi Brooke dizer atrás:
– Então, o que tá rolando? Porque a beijou? Tem meninas melhores que ela pra você!
– Pode ser...
– Então porque?
– Puta que pariu! Sei lá, velho. Me deixa!
– Ah esquece, falo com o Bryan depois! Fui!
Ela foi embora e eu fui lá com o Ryan e o Chaz.
~ LISA POV ON.
Reparei que o Bieber chegou, mas apesar de o beijo de ontem ter tipo algum efeito em mim... Eu me sentia estranha e atrevida demais em falar com ele. Era isso que eu temia! Que o beijo afetasse nossa amizade. E está acontecendo.
As aulas passaram como um vento. Nos intervalos eu acabava cruzando com o Justin, só o olhava rapidamente, séria e continuava meu caminho. As vezes me desviava dele, erguendo o ombro. Ele também não fazia muita questão de vir falar comigo, então, deixei a situação desse jeito. Comecei a passar mais tempo com as meninas, e quando não estava com os pensamentos nas nuvens, eu ria com elas.
1 SEMANA DEPOIS.
~ BRYAN POV ON.
– Tô orgulhoso de tu garanhão!
– Pelo que?
Bufei.
– Beijou a esquisita e ela caiu nos seus encantos!
– Ah, você também sabe disso... – disse desviando o olhar.
– Todo mundo sabe... – ri. - Mas eu tenho fontes mais especiais, você sabia né?
Ele assentiu.
– Enfim cara, depois a gente se fala! – saiu.
Ele tava estranho, encurtando qualquer conversa, ficava assim frustrado.
~ CHAZ POV ON.
Peguei uns livros e fui andando para a sala de química. Aquilo não tem a decência de se chamar ‘um livro’ tá mais pra tijolo. Caralho. Esbarrei com aquelas meninas tímidas de sempre, que usam armações de 3 camadas e são todas desengonçadas, mal olham para o caminho. Nunca as tratei mal, ficava até com dó do jeito que os outros zoavam elas. Mas enfim, nem sei porque estou pensando nisso. Ando sensível ultimamente.
Entrei na sala e o Bieber veio falar comigo.
– E aí Chaz? – fez um toque e eu joguei os livros na mesa.
– E aí cara! – esfreguei os olhos. Bateu um sono.
– Acho que fiz merda!
– Qual a novidade? – ri.
– Vai se fuder!
– Tá Bieber, o que foi? – fiz cara de interessado.
– A Lisa, Somers... Depois do jantar lá ela nem olha pra mim e eu nem falei mais com ela, me senti culpado. Cara isso tá me consumindo!
– Ai que baitola! – ri.
Ele me olhou, sorriu e deu um soco forte no meu estômago. Ouch.
– Enfim... – falei com dificuldade de respirar. – Fala com ela, então!
~ LISA POV ON.
Fazia dias que eu não falava com o Justin, isso me deixava p da vida, eu sentia falta dele. Todo bobalhão. Sair com aquelas amigas da Nicole que mal conheço nunca vai ser igual. Esse tipo de pensamento e o beijo ocupavam minha mente, e tão forte que nenhuma aula dava um sinal de vida no meu cérebro. Nada entrava. Chegou o fim do dia escolar e fui para casa, a pé.
Tenho carro, tenho carteira de motorista, sabe como é. Mas a queridinha Rachel usa meu carro mais do que a mim e meu pai não faz nada, acostumei. Só o uso em dias extra especiais.
Comecei a andar e um carro se aproximou, e acompanhava meus passos, devagar. Eu sei quem era. Bieber. Ele abriu a janela.
– Quer carona? – sorriu.
– Não, brigada. – não olhei para ele, senti que estava sendo fria. Mas é melhor.
– Lisa qual é, o que aconteceu?
– Nada! – dei de ombros, virando o rosto em sua direção. Rapidamente. Ele estava sendo cínico de qualquer jeito.
Aquela cena estava definitivamente estranha. Ele andando a 5 km/h acompanhando meus passos e depois que eu respondia friamente, ficava um silêncio, só uma garota andando e um carro lerdeando ao seu lado.
– Tá, foi o beijo né? – bufou.
O fitei durante uns segundos, eu só estava o evitando porque pensei que havia algo errado entre nós, fora que nenhum dia ele fez questão de falar comigo, só lançou olhares de canto. Mas agora ele agia como nada tivesse acontecido e eu me sentia mal.
Balancei a cabeça negando.
– Entra vai. – abriu a porta.
Não neguei e entrei. Ele estacionou e me fitou durante um tempo, eu fiquei muito desconfortável.
– Para! – falei calmamente.
– Para com o que? – fez cara de confuso.
– De ficar me encarando assim. – não consegui olhar diretamente, então abaixei meu rosto.
Ele estava virado pra mim, apoiado de lado no volante. Virou o rosto pra frente e sentou direito. Depois voltou a me olhar.
– Foi o que aconteceu aquele dia? – arqueou uma sobrancelha.
– É, quero dizer... Eu me sinto estranha, digo, a gente é amigo e... Você não se sente estranho? – parei de me enrolar com as palavras e o fitei, séria.
Ele riu.
– Porque eu me sentiria? – sorriu.
– Porque somos amigos... Não deveria ter acontecido.
Seu sorriso desapareceu levemente, e ele pareceu tentar falar algo, mas logo desistiu. O fitei, estava muito ruim aquilo tudo, eu sabia que o beijo iria estragar toda a nossa liberdade e intimidade. Eu desejo muito poder voltar no tempo e apagar toda aquela noite, pelo menos uma parte dela... Ou não. Não posso dizer que foi ruim, mas me sinto muito mal e aposto que ele também.
– Você que sabe... – finalmente me respondeu.
EU QUE SEI O QUE? QUE NÃO DEVERIA TER ACONTECIDO? Belo argumento, Bieber. Homens são ridiculamente covardes, por favor. Cadê a opinião e a posição dele? Ele não se sentiu estranho? Arrependido? Um beijo entre amigos que nunca vão namorar nem levar a diante, significa a morte da amizade. Simplesmente isso. E ele vem pra mim com um “você que sabe”?
– Mas não posso dizer que não gostei. – sorriu de lado.
~ JUSTIN POV ON.
Tenho que admitir que a Lisa beija muito bem e ela sorriu ao ouvir isso. O problema é que ela está insegura e isso não é nada bom, nada legal. E me dá um aperto desconfortável no peito. Velho, acho que tá tudo invertido aqui. Nessa nossa relação, eu mais pareço a menina que sente algo e a Lisa mais parece o menino que não está nem aí pra isso e que não sente nada. Quero dizer, ah, chega desses pensamentos. O Chaz tem razão, eu mais pareço um viado.
– Então porque simplesmente me ignorou todos esses dias? – cruzou os braços.