~ NICOLE POV ON.
Quando o nojentinho saiu e a Lisa resolveu confirmar a ideia que ia sair com as meninas, fomos sentar com elas e começamos a conversar e rir. Mas graças a interrupção do Bieber, nosso intervalo durou menos e a nossa conversa com as meninas foi interrompida pelo sinal.
– Inferno! Bora voltar para a Sra. Figgins! – disse Dakota.
– Vamos nos afogar no mundo da física! – acrescentou Naomi e rimos.
De qualquer jeito, me senti culpada depois. Eu agi feito uma criança consumida por ciúmes bobos. Mesmo achando que esse Bieber é tão insensível e imaturo quanto Bryan, ele pode fazer bem para a Lisa e um amigo pode ser melhor do que eu imagino. Já que desde pequena ela é a considerada ‘esquisitinha’ que sempre é ignorada pelos outros. Não posso me convencer de que sou diferente, mas tenho mais facilidade em fazer amizades. A Lisa é muito seletiva com amigos, e as vezes esse sentido dela... Falha. Quantas pessoas já não causaram mal a ela? Só tenho medo disso. Ela tenta convencer a todos, inclusive a mim... De que é forte e não mais fragilizada, mas eu a conheço. Ela é tão e talvez ainda mais frágil que qualquer um.
– Lis, eu... queria... só queria – comecei a me enrolar com as palavras. – Pode sair com o Justin.
Ela me olhou com os olhos brilhando e confusos, igual a minha irmã quando tenta entender o que eu digo.
– Não, que isso... eu acho que estou passando tempo demais com o panda... com o Justin! – consertou.
– Talvez, mas você passou uma vida comigo... talvez queira mudar um pouco, até porque me aguentar todo dia assim né?
Ela riu.
– Nicole eu não te entendo. Achei que era para eu sair com você, pelo menos foi o que você me exigiu...
Aquela frase, “foi o que você me exigiu”... Senti como se apertassem meu peito. Quem sou eu para exigir alguma coisa? As vezes pago de madura pra cima de todo mundo, ajo como a mais velha do grupo, sempre. Desde pequena, é inevitável. Sou mandona.
–Eu me arrependi, e vai... “exigir” é uma palavra pesada, é só que você tinha marcado com a gente... Mas sai com ele!
– Não, tudo bem... vai ser a noite das garotas, afinal!
Sorri, mas a culpa me consumia.
– Para falar a verdade, assim... sendo sincera com você... Não é muito que quis pagar de mãe protetora... – ela me interrompeu.
– Sabia! – revirou os olhos. – Você nunca foi sensível ou coisa assim, eu tava estranhando.
– É... eu fiquei com ciúmes sim, mas foi de você ter um amigo com que se divirta tanto e que te faz tão bem.
Me arrependi no momento em que soltei essas palavras, saíram tão mais idiotas do que na minha cabeça. Ela riu, e não acrescentou nada. Eu preferi. Sou péssima em expor meus sentimentos com palavras, saem tão estranhos e ninguém consegue entender.
~ LISA POV ON.
Eu entendi o que a Nicole sentia. Eu acho. Ela sempre foi competitiva, e acho que ver a coitada aqui (eu) fazer amizades sem a ajuda dela, foi quase como uma ingratidão. Só a Nicole mesmo pra encarar desse jeito, ela é a mandona, tem que estar no comando de tudo, até das minhas amizades. Mas enfim, o sinal bateu e entramos na sala para aguentar mais algumas horas de tédio.
Eu não conseguia prestar atenção em nada, eu olhava para as pessoas avoadas que rabiscavam no caderno, jogavam bolas de papel, enfim, faziam qualquer coisa para não copiar o que estava na lousa. E os professores nem notavam, ou talvez já tivessem se acostumado.
Meus pensamentos ‘produtivos’ foram interrompidos por uma bola de papel. Olhei para os lados, pra ver quem foi que lançou. Eu estava acostumada, nunca fui querid’a por ninguém mesmo. Mas então, meus olhos encontraram os do Justin e ele sorria pra mim.
– É seu? – sussurrei enquanto fazia uns gestos.
Ele assentiu. Não entendi de primeira, mas então ele gesticulou alguma coisa sobre abrir. Abri e li o pequeno texto: ‘E ai, idiota? Não esquece que você me deve uma. Graças a você, vou com a Brooke ver a estréia!’. Mostrei a língua pra ele e ele soltou um risinho. Quando fui voltar meu olhar para a janela, encontrei os olhos da Brooke que praticamente me fuzilavam.
Será que ela leu? Não, impossível! Ela senta duas fileiras ao lado e mais na frente ainda. E ela estaria fuzilando o Justin se tivesse lido. Era mais algo como, “não mexa com ele”.
As aulas passaram, e o sinal da liberdade tocou. Peguei minhas coisas e fui pra casa.
– Querida que bom que você chegou, venha! Me ajude aqui! – mal abri a porta e a voz enjoada da Rachel tomou conta do espaço.
Ela mais parecia um monstro com aquela barriga que estava enorme já. Ainda mais com as outras partes do corpo inchadas e algumas manchadas. Eu venho reconsiderando algumas coisas e a ajudando um pouco, porque mesmo sem eu querer ela está grávida. E tenho dó desse bebê.
~ RACHEL POV ON.
– Ah sim. – ela largou a mochila e me ajudou.
Depois que consegui ficar em pé, sem nenhuma chance de cair, disse:
– Agora tire aquela mochila que a moça acabou de limpar a sala!
Ela foi pegar a mala, eu me impressionei. Era difícil de essa garota me ouvir e me obedecer sem dar algum showzinho antes.
– Ah, e antes que eu me esqueça... Chegou isto pra você! – joguei a carta no chão. – Parece que pessoas vivas sempre aparecem.
Ela me olhou com um ar de quem não entedia nada.
– Sua mãe... – bufei e revirei os olhos, antes de me virar para a cozinha.
~ LISA POV ON.
– Sua mãe... – disse com uma voz ridiculamente fina e arrogante com o som saindo do nariz.
Nunca pensei que qualquer som que saísse dela pudesse me deixar feliz. Ao ver que recebi uma carta da minha mãe... Peguei minha mochila e a carta e fui para o meu quarto.
Joguei a mala em qualquer canto e abri a carta como um mendigo abre um pacote de comida.
“ Querida,
acho que uma folha sulfite é pouco para eu te dizer tudo o que pretendo. – senti meu rosto se umidificar com algumas lágrimas. – NUNCA pretendi te deixar, muito menos tão nova. Dói de pensar o quanto você sofreu por ter uma mãe que nunca ligou, mandou cartas ou deu notícias desde os seus 5 aninhos. Nem eu sei porque nunca mandei uma carta, mas enfim. Acho que minha carreira vai estar menos movimentada e pretendo passar aí na cidade. Gostaria muito de te ver, de ver como você está.”