Prólogo

Edo, Japão, ano de 1608, governo Xogunato Tokugawa.

Lendas circulavam o país nesse momento de guerras, destruição e desigualdade.

Vários samurais deixavam a espada para se tornarem aldeões.

As famílias se preocupavam com o status e com os privilégios diante da sociedade.

...

Quem passasse ao lado daquele lugar ouviria o cantar do que diziam ser a alma de uma jovem virgem abandonada pelo noivo no dia do casamento que morrera logo depois de adoecer. Sua família a enterrou com um funeral rápido e logo depois samurais que estavam sendo atacados pelas tropas coreanas invadiram o castelo, a família da jovem e os servos da casa foram fatalmente mortos. Então naquele momento eles viram a imagem de uma jovem que vestia um longo kimono púrpura com grandes bordados em fios ouro, no final do corredor, no dia seguinte não havia nem sinal dos guerreiros, somente uma melodia melancólica sendo cantada suavemente e assustadoramente.

Segundo o que os civis diziam a alma da jovem rebelde ataca os homens infiéis que estão noivos ou casados. A melodia era ouvida de longe logo depois dela matar mais uma de suas vitimas.

Edo – 1678 – Japão

Um senhor de idade avançada conhecido por seus feitos de expulsar demônios e espíritos rebeldes atravessava a pequena vila quando passou em frente a uma loja de arroz e ouviu dois homens comentarem.

- Ela atacou de novo! – disse o homem com a mão ao lado da boca – outro viajante.

- Mesmo? – disse o outro – então realmente foi ela cantando que eu ouvi hoje de manha?

- Sim! Foi exatamente ela. – disse o homem assustado – ela está afastando os poucos viajantes que ainda passam por aqui.

- Bom dia!

- Bom dia senhor! – disse o dono da loja – gostaria de um pouco do nosso arroz?

- Na verdade... – disse ele – estou à procura do Castelo Haruno.

- Fique longe desse lugar velhote! – disse o outro homem – aquilo não é lugar para uma pessoa da sua idade.

O homem olhou para o velho de aparência fraca, magra e com uma pele pálida. Ele usava um kimono de alguma família que existiu antigamente, a cabeça baixa e cabelos esbranquiçados eram cobertos por um chapéu de palha enquanto ele se apoiava numa espécie de bastão.

- Isso mesmo! Vá embora velhote!! – disse o homem da loja de arroz que tinha o rosto queimado pelo sol – é feio ouvir conversa dos outros, velhote!

- Talvez eu devesse ir se não tivessem me contratado e mandado até aqui exatamente para isso. – disse o velho com uma voz forte e fria vendo os olhares espantados sobre ele