Permission. escrita por Zoë Nightshade


Capítulo 1
One shot.


Notas iniciais do capítulo

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Os olhos de Ren se voltaram para mim. Ele sorriu e ergueu a mão para tocar o meu rosto. Meu pulso se acelerou e meu rosto queimou ao seu toque. De repente tive plena consciência de que meus dedos ainda estavam entrelaçados nos cabelos dele e de que minha mão se encontrava pousada em seu peito. Rapidamente os recolhi, apoiando-os no colo. Ele se sentou, apoiando-se em uma só mão, o que trouxe aquele rosto lindo para muito perto do meu. Seus dedos deslizaram até o meu queixo e ele inclinou meu rosto de modo que os meus olhos encontrassem o azul dos seus.

– Kelsey?

– Sim?

– Eu queria sua permissão... para beijá-la.

Hesitei e entrei em pânico. Aquela confortável sensação que eu sentira alguns momentos antes acabara de se esvair. É claro que eu queria que ele me beijasse. Mas ele era um príncipe, era demais para mim. Eu jamais havia considerado essa possibilidade, mas agora parecia que poderia, sim, dar certo, mesmo que por um tempo. Obviamente ele merecia algo melhor, mas... e se ele estivesse apenas sentindo-se solitário?

Ren se aproximou, erguendo uma sobrancelha. Fechei os olhos e esperei, mas não aconteceu nada. Percebi que ele ainda esperava.

– Como assim pedir minha permissão? - perguntei, nervosa.

Ren me olhou, intrigado.

– Não irei fazer nada que não queira, Kelsey. Se disser que não, tudo bem. Irei aceitar sua escolha, iadala.

– O... quê? Iadala? É alguma palavra em híndi?

Ele assentiu, indiferente.

– Querida, para ser exato.

Bufei. Como ele queria que eu pensasse em algo com ele me dando apelidos assim?

Arrumei minha posição, um tanto desconfortável. Fiquei um tempo em silêncio e esqueci de sua presença até que ele me chamasse novamente.

– Kelsey?

– Sim - disse sem pensar. - Sim. Você tem minha permissão.

Ele sorriu - um sorriso de matar qualquer garota. Meu rosto deve ter ficado super vermelho, porque ele riu e tocou meu rosto. Se aproximando um pouco mais, Ren fez uma trilha de beijos que começava na testa, passava pelas bochechas e acabava no queixo. Finalmente ele colocou seus lábios contra os meus. Como eu conseguia respirar?

Ficamos ali por segundos, talvez minutos. Eu não me importava e ele também não. Depois de um tempo ele se afastou e eu mentalmente fiquei triste. Não queria que ele se afastasse tão rapidamente - mesmo que já tivessemos ficado parados muito tempo. Ele olhou nos meus olhos e eu ergui as sobrancelhas. Ren deu outro sorriso de matar e eu sorri de volta.

Então tudo aconteceu rapidamente. Em um minuto, enxergava normalmente, em outro, tudo o que conseguia ver eram borrões e apenas conseguia sentir minha tontura. Dei um gritinho, típico de garota histérica e quando a pressão acabou percebi que era apenas Ren que havia me pegado e me girado no ar, sorrindo como um idiota. Ren me colocou no chão novamente e eu olhei para ele, indignada. Ele soltou um risinho indignado de minha expressão, mas não disse nada.

Ren disse que ia procurar lenha para a fogueira, e me deixou sozinha por um minuto, me dando tempo para pensar. Sentei no chão frio e espere ele voltar. Com certeza iria precisar conversar com ele. Peguei meu diário na mochila e encontrei um bilhete pequeno e dobrado, escrito a mão. O abri e lágrimas me vieram aos olhos quando li.

SONETO LXXXVIII

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.

Shakespeare


Li o poema várias vezes, sorrindo a casa verso. Concluí que Ren havia colocado-o lá enquanto eu dormia. Dei uma risadinha. Ele sempre sabe o momento ideal.

Gostou? - ouvi aquela voz atrás de mim. Assenti sem olhar para ele. Senti Ren pressionar os lábios em meu rosto e jogar a lenha no fogo. Pelo que parecia, Ren não estava sentindo-se nem um pouco desconfortável com a situação. Guardei o poema com cuidado e fiz uma cópia em meu diário. Comecei a escrever sobre o que acontecera e como eu estava me sentindo, falando de praticamento tudo sobre Ren, até mesmo sua aparência. Não fui tão culta ao descrevê-lo, já que da primeira vez que o fiz apenas usara a palavra bonito. Tinha de me lembrar de não deixar Ren ler aquilo.

Como uma ironia, assim que acabei de escrever percebi que Ren me observava. Sabia que seu tempo estava acabando - não deveria ter mais de cinco minutos como homem. Coloquei a caneta na sua espiral e, rápido como um tigre (seus instintos com certeza ajudaram) o tirou de minhas mãos.

– Ren! - gritei. - O que pensa que está fazendo?

Ele sorriu.

– Por que não posso ler o que está aqui? Há algo tão comprometedor assim?

Senti meu rosto corar. Tentei inutilmente fugir da pergunta.

– E aquela história de nunca fazer o que eu não quisesse?

Ren deu de ombros.

– Não estava me referindo a isso. Mas, se você quiser, posso trocar a leitura desse diário por outra coisa.

Olhei para seu rosto lindo e ele fez uma expressão que quase me fez deixá-lo ler, mas fui mais forte e me joguei em cima dele, literalmente. Agarrei o diário de suas mãos e o joguei para perto de minha mochila, e levei um susto quando ele pegou em minha cintura e rapidamente inverteu as posições, me deixando embaixo dele (n/a: não sejam maliciosos, por favor kk). Ren pegou uma mecha de meu cabelo que cobria meu rosto e colocou-a atrás da minha orelha. Em seguida, observou meu rosto, como se quisesse gravar cada detalhe. Inquieta com a situação, suspirei e ele sorriu. Aproximou lentamente seu rosto do meu e me beijou calmamente, como se tivesse todo o tempo do mundo - o que não era verdade, considerando que logo seu corpo começou a tremer.

Ren levantou-se e eu sentei. Ele observou meu rosto - que estava sem reação - e deu um sorriso torto.

– Você fica uma gracinha quando está com vergonha.

Corei mais ainda e ele deu um sorriso enorme - pela milésima vez aquele dia - e se transformou em tigre. Fiz um carinho em sua cabeça quando ele se aproximou e me deitei. Segundos depois, me lembrei de meu diário e virei-me para procurá-lo. Percebi que ele havia sumido e observei um tigre branco afastado com um caderninho aberto a sua frente. Como ele conseguia ler assim?

Suspirei. Um dia ele teria de saber a verdade sobre o que eu sentia sobre ele, não? E naquele momento estava mais do que claro para mim: eu estava completamente apaixonada por ele.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews? :3