Acordei com a luz do sol refletindo na janela do quarto. Peguei meu celular para ver as horas e li de novo a mensagem de Bill.

"Sonharei com você essa noite?"

O que ele estava querendo dizer? Finalmente quis demonstrar interesse? Ele parecia mais confuso que eu.

Me vesti e desci para tomar café da manhã. A Clair tinha ido logo cedo a uma reunião e voltaria só de tarde. Eu estava sozinha e livre para ver Los Angeles.

Estava tomando café e resolvi ligar para casa. Fazia tempo que não falava com eles.

-Oi minha filha. Sentiu saudade?
-Senti. Vocês estão bem?
-Todos estão bem. Seu irmão está limpando a casa devido a uma "festa" não autorizada.
-Entendi. -esse Luca viu...
-E como está aí com a Clair?
-Tudo ótimo. A Clair foi pra uma reunião. Fiquei no hotel e estou tomando café.
-Sente falta do café da Itália?
-Sabe que nem tanto. Eles fazem um bom café aqui. Não digo que é melhor do que o da Tia Anna Lara, mas até que é gostoso.
-Hum já está se acostumando com a América. Você volta quando filha?
-Já vou ter de voltar na quarta. Talvez eu volte pra cá de novo em alguns meses.
-Gostou de Los Angeles?
-Estou conhecendo a cidade, mas vou adorar voltar tenho alguns assuntos pendentes aqui.
-Tudo bem filha estamos te esperando na quarta. Aproveite a Califórnia.
-Obrigada mãe, até quarta.

É eu tinha muito o que resolver. Terminei meu café e fui andar pela rua ao lado. Meu hotel era bem perto da praia, achei que seria bom poder tomar um pouco de sol.

Me deitei em uma toalha que trouxe na bolsa. Peguei um livro e fiquei aproveitando a brisa do mar.

-Quer ajuda com o protetor solar? -falou um surfista me assustando e me fazendo acordar de minha leitura.

-Oi, desculpa não quis te assustar.                                                                 -Oi, imagine você só me pegou desprevenida.
-Certo, meu nome é Locke. Que livro você está lendo?
-"Alice no País das Maravilhas" edição especial e original de Lewis Carroll  -falei empolgada. Foi difícil achar aquele livro. Comprei em Londres durante uma temporada de desfiles.
-Eu gostei do filme, a história é pirada, mas muito da hora.

Ri um pouco do jeito que ele falava e deixei ele se aproximar.

-Eu adorei o filme, acho que é meu preferido. Tim Burton é um gênio na minha opinião.
-É o cara manda bem. Posso fazer uma pergunta?
-Acho que pode.
-O que uma garota tão gata faz sozinha aqui nessa praia? Cadê seu namorado?
-Eu não tenho namorado.
-Jura? Você não parece o tipo de garota que não tem namorado ou um guarda costas do lado.
-E que tipo de garota eu pareço? -nem sei por que estava dando corda para aquilo, mas fiquei curiosa.
-Ah, você parece aquele tipo de menina que tem um namorado pra fazer companhia. Precisa de um?
-Não obrigada meu coração já tem compromisso com um outro cara.
-Se eu fosse esse cara eu andaria rápido porque deixar uma gata assim dando sopa numa praia é muito vacilo. Eu não faria isso com você. Não prefere me ver surfar ou ir tomar alguma coisa comigo, porque esse cara tem que ser muito otário.
-Com licença  -saí e fui para o outro lado da praia.

Quem aquele garoto pensa que é? -falei pra mim mesma, mas acabou saindo alto.

Me deitei novamente na toalha e continuei minha leitura. O sol estava ainda mais quente e notei que já era meio-dia. Continuei deitada vendo o livro sem medo de uma queimadura de sol.

-Acho que alguém andou esquecendo o protetor solar.

Levantei vendo que uma sombra se aproximava. Quem é agora? -pensei, mas acabou saindo alto novamente.
Olhei melhor, era o Aaron. -Que alívio.

-Oi, lendo o que?                                                                                            -Alice  -falei mostrando a capa.
-Edição original e assinada por Lewis Carroll. Parece bom.
-E é. O que faz na praia? Veio ensinar o Natan a surfar?
-Ih aquele lá não tem mais jeito. -comecei a rir.
-Na verdade, vim pegar meu Ipod que ele esqueceu aqui ontem.
-Você achou?
-Achei, o moleque deixou enganchado numa cadeira. Foi difícil tirar de lá, mas consegui.
-Que bom.
-Planos pro almoço?
-Nada e você?
-Tem um restaurante japonês que serve o melhor sushi que já comi. Quer vir?
-Eu não como sushi acredita?
-Sério? Não creio Carol.
-É verdade. Eu queria comer só porque acho bonito comer com hashis kkk.
-Meu Deus. Bom, o restaurante também servi massa.
-Vou querer ir pelo biscoito da sorte! -ele riu.
-Vem então garota sortuda.

Fui com ele até o restaurante. Sean, Brad e Natan também estavam lá. A Keisie estava no banheiro e voltou depois de nos sentarmos.

-Não sei como você e o Brad não comem comida japonesa  -disse Keisie. -Também fiquei surpresa Kei, achei que era só eu.
-Carol acho que somos Aliens kkk. -no fundo eu sou Aaron kkk.
-Natan você está melhor depois de ontem?
-Nem lembro o que aconteceu. Lembro de garotas brigando por mim e um pedido de casamento mas quando acordei vi um médico.
-É eu acho que ele está bem.

A comida havia chegado. Sean era hilário comento com hashis ele quase derrubou molho na mão da Keisie. Eles eram um casal lindo. Senti inveja por alguns segundos até perder a conta de quantos sushis Aaron tinha comido.

-Meu biscoito diz: "Defeitos e qualidades fazem parte da mesma moeda" -disse Brad.                                                                                                      -O meu diz: "Até o maior dos prédios começa do chão". Tá aí ainda tenho chance  -riu Natan.
-E o meu diz “A maior barreira para o sucesso é o medo do fracasso" -disse Keisie. E o seu Carol?
-Deixa eu ver, "Realize o óbvio, pense no improvável e conquiste o impossível". Nossa esse aí foi bom.
-Foi mesmo, só não ganha do biscoito do Brad.
-Ah, qual é todo mundo tem defeitos e qualidades.
-Alguns mais defeitos que qualidades.
-Ah, então diz um defeito?
-Você dorme demais, ronca demais, fala demais e não come sushi!
-Defeito tem o cara que saiu com a Carol sexta e não a beijou! Opa, foi mal  -disse Brad se arrependendo.
-Que cara Carol?
-Não me diz que foi o cara o Tokio Hotel  -disse Sean.
-Ela saiu com aquele cara e não saiu comigo? -virou o Natan revoltado.

Eu não sabia o que dizer. Fiquei com raiva de Brad, mas ele não tinha culpa. Logo abri a boca antes que aquela discussão acabasse mal.

-Gente chega!

                                                                                                                -Desculpa Carol, foi mal.
-Eu disse que você falava demais.
-Eu te desculpo Brad, mas chega disso.
-Não acredito que você saiu com aquele vocalistazinho e não saiu comigo.
-Ele não é um "vocalistazinho"! Ele faz ótimas músicas e é um cara muito legal -gritei quase perdendo o controle.
-Desculpa.
-Eu sabia que tinha algo rolando entre você e o Kaulitz  -disse Sean orgulhoso de estar certo.
-Quem é ele Carol? -perguntou Keisie curiosa.
-Por essa eu não esperava Carol  -falou Aaron.

Contei de Milão para eles e que vi Bill em Los Angeles. Só Keisie parecia estar gostando da história.

-Que cara burro mano! Eu na mesma hora tinha agarrado ela.                    -E ele ainda teve uma segunda chance.
-Três pelo que ela me contou  -disse Brad, mais uma vez, falando demais.
-Nossa achei tão romântico -falou Keisie apoiando.
-Você acha tudo romântico amor -disse Sean.
-Ah, Sean, é romântico. Eles finalmente se encontraram de novo.
-E o cara ainda nem fez nada.
-Cala a boca Brad -falei séria e um pouco mais baixo.
-Ah, Carol, o cara é burro mesmo. Nessas horas a gente não pode pensar. Tem que agir -disse Aaron olhando bem nos meus olhos.

A conversa tinha acabado e eu tinha voltado sozinha pro hotel. Recusei a carona e cheguei à recepção antes de Clair.

-Com licença senhorita Manfredini, tem um cara querendo falar com você.

Olhei e era o Georg. O que ele estava fazendo aqui?

-Oi Carol, vim te lembrar da festa do nosso produtor amanhã. Você vai vir?-Oi Georg, eu...eu não sei. Acho que sim, eu vou. Que horas mesmo? -perguntei meio nervosa.
-Às oito. Passo pra te pegar às oito.
-Okay eu acho. E os outros garotos?
-A gente tá indo pro estúdio. O seu hotel era caminho e o Bill falou para eu vir te avisar.
-Obrigada Georg eu estarei pronta às oito.
-Eu sei que vai Carol, só não fica mais linda que a mulher do nosso produtor porque se não ela vai ficar com ciúmes. Besteira, eu sei que você vai estar -riu ele.
-Tchau até amanhã de noite.

Ri de Georg, ele era muito amável. Por que Bill não veio me dar o recado? Ele estaria tão ocupado assim para mandar o Georg?

Acalme-se Carol deve existir uma explicação. Fui até o quarto ver se eu tinha trazido uma roupa para ir ao jantar. Surpresa, eu não tinha!
A única roupa que trouxe usei ontem na festa do Dilan. Não pensei que eu teria tantos eventos aqui em Los Angeles.

Clair havia chegado cheia de pastas. Pensei em pedir ajuda. De repente ela não sabia de uma loja legal ou sei lá, não trouxe um vestido da sobrinha ou da filha. A Clair tem filha? Acho que não. É melhor me sentar e beber uma água, hoje o dia foi muito confuso.

Primeiro o surfista, depois os garotos e até o Aaron admitiu, eu geralmente confiaria na opinião dele. Eu não achava o Bill burro. Ele não é. Vai ver ele só não quer nada comigo. Um garoto normal agarraria uma quase-conhecida tão rápido? Segundo eles sim, mas eu não concordo. Precisava de uma opinião masculina, mas racional que a dos garotos. Sabia até a quem pedir.

Mandei uma mensagem pro Luca.

"Preciso de você no skipe agora e tenho quase certeza que o Davi ou o Matt estão aí. Precisamos conversar sobre garotos."

Luca seria a pessoa certa pra me ajudar e solucionar meus pensamentos confusos. Agora era esperar e ver o que ele tem a dizer.

Mandei a mensagem de guerra para Luca. Ele tinha horror desse tipo de conversa com as irmãs, mas era necessário.

-Oi Luca, preciso da sua opinião.

-Oi mana, você falou que o Davi ou o Matt estariam aqui. Bem, os dois estão aqui -ele riu.
-Oi Carol, beleza? -falou Davi.
-Oi Carol como está? -falou Matt em seguida.
-Oi meninos.
-Manda, o que está acontecendo.
-Quando um garoto conhece uma garota e sente que o encontro dela foi especial o que ele faz?
-Se ela for gata ele beija, oras.
-Luca eles mal se conhecem.
-Mesmo assim. É o que eu faria.
-A garota é você?
-Infelizmente é.
-Ah, eu beijava  -disseram Matt e Davi juntos.
-Mais respeito que ela é minha irmã.
-Foi mal, mas quando você me apresentou ela foi o que eu queria fazer desde o início.
-Gente e quanto ao amor?
-Você falou que ele sentiu que ela era especial, pronto isso basta.
-É simples assim?
-Carol, homem nessas horas não pensa, age.
-Foi bem o que o Aaron disse...
-Seja lá quem for Aaron, ele tá certo.
-Carol, ele te beijou afinal? -disse Matt em seu adorável sotaque italiano.
-Não, Matt, ele fez quase tudo menos me beijar ou dizer que me ama.
-Então ele é burro.
-Não acho. Ainda não me provaram isso.
-Então você que é burra de correr atrás dele.
-Ai, essa doeu!
-Pera Luca também não é assim. A Carol é a garota mais inteligente que conheço.
-Ela é inteligente, mas não no quesito garoto.
-Não mesmo -falaram meus ex-namorados juntos outra vez.
-Ela devia ter ficado comigo.
-Ou comigo.
-Se ela ficasse com qualquer um de vocês pra mim tudo bem.
-Mas afinal de contas mana, quem é esse cara?
-Bill Kaulitz.
-O vocalista daquela banda que eu falei pra você ouvir quando a gente ainda namorava?
-Esse mesmo e eu nunca tinha ouvido. Não enquanto a gente namorava.
-Deixa eu ver quem é esse cara.
-Carol, você está proibida de ficar com ele!

Me assustei com o grito de Luca. Como assim ele iria me proibir? Ele não pode fazer isso e nem vai. Nós nunca tivemos esse problema antes. Claro, a maioria dos meus ex-namorados eram amigos dele. Mio Dio!

-Ah que foto você viu dele?
-Essa aqui  -disse ele mostrando o link.
-Mio Dio! Esse não é exatamente o Bill. Não como eu conheço.
-Luca procura uma outra foto porque essa aí é bizarra -falou Davi rindo.
-Tá achei uma menos pior mas mesmo assim. E desde quando você gosta de cara com piercings? E olha essas tatuagens. Carol fique com qualquer amigo meu menos esse cara.
-Ah, eu até concordo que alguns piercings são desnecessários mas eu gosto do estilo dele -eu faria ele tirar uns quatro piercings mas não mudaria o estilo dele.
-Lembra do badboy que eu namorei aquela vez só pra irritar a mamãe?
-Lembro. Você deixou a velha pirada. Foi por isso que ela te mandou viajar com a Clair e nunca mais ver o cara. Mas você quer irritar ela de novo por acaso?
-Não, mas eu acho que eu gosto do Bill.
-Não entendi.
-Eu gosto do Bill!
-Quem mandou o Matt não pegar pesado com você e ser um namorado mais firme. E você Davi? Agora olha o cara que minha irmã quer.
-Eu peguei firme, mas a tua irmã não quis continuar. Ia até ensiná-la a surfar.
-E eu fui um namorado exemplar pra ela! Dava flores, pedia pra ela escutar bandas legais...
-Olha aí a banda legal que você indicou. Vai ver a culpa é sua Matt!
-Gente para! Os dois foram ótimos namorados. Fui eu que não quis continuar. Vocês foram os melhores namorados que já tive  -falei quase chorando, até cair uma lágrima e estragar meu disfarce.
-Carol, por favor, me perdoa.
-É Carol, foi mal eu não quis te magoar.
-Vocês ficam mesmo de quatro por ela né? Mas me desculpa também mana não quis te fazer chorar.
-Tudo bem. Quem sabe a burra sou eu e ele só me quer como amiga. Como eu sou burra!
-Não, burra você não é. Culpe o Davi ou o Matt, mas você não é burra, mana.
-É Carol, ei, agora a culpa é nossa?
-Claro que não meninos vocês são perfeitos.
-Luca eu vou sair. Tchau meninos.
-Carol, seja o que for, não deixe ele te machucar. Se é ele que você quer, tente só um pouco mais mas não se deixe chorar por um cara de mil piercings que não te merece -disse Matt virando seus lindos olhos azuis pra mim e me fazendo voltar a sorrir.
-Obrigada Matt, vou pensar.
-Tchau meninos.

Eu quase me apaixonei de novo pelo Matt. Por pouco não volto com ele, mas, não. Não farei isso. Senti algo forte pelo Bill e vou tentar só mais um pouco. Cadê a Clair? Preciso de uma roupa perfeita agora mesmo.

-Clair!

-Carol, o que foi você estava chorando?
-Eu estava, mas isso não vem ao caso. Preciso de uma roupa agora. Tenho um jantar manhã e preciso estar perfeita.
-Calma, acho que podemos conseguir algum. Tenho uma amiga estilista que trabalha em Los Angeles.
-Vamos até ela então.

Pedi um taxi na recepção e fomos em direção à loja. Eu queria um vestido que fizesse o Bill dizer exatamente o que queria comigo. Nada muito extravagante demais, mas que fizesse a cabeça de um cara para que ele abrisse seus sentimentos. Algo especial, sem exageros. Eu precisava saber o que Bill sentia por mim.