With A Little Help From My Friends escrita por Shorty Kate
Notas iniciais do capítulo
E aí, que posso dizer, George junta-se a John e Paul!
26 de Setembro de 1949
Na manhã seguinte, todos se levantaram ao som da campainha. Faltava um quarto para as sete da manhã e até às sete horas todos tinham de se arranjar e apresentar-se no salão no andar térreo para tomar o pequeno-almoço. John virou-se devagar, para ver se Paul ainda dormia mas encontrou a cama vazia.
–O teu amiguinho é um madrugador, John. – Pete disse vestindo a camisa. – Já se levantou a um bom bocado.
–Fui habituado desde pequeno a levantar-me cedo. – Ele falou do beliche de cima, do Pete, pendurando-se de cabeça para baixo.
John deu um salto e resmungou. – Queres-me matar de susto ou quê?
–Preciso da tua ajuda, John.
–Foi para isto que tu quiseste ser simpático com o catraio. Ele agora não te vai largar mais, John. – Pete respondeu, rindo de gozo.
John ignorou e Paul continuou. – Achas que posso trazer para aqui um amigo meu, Johnny?
–Um amigo? Isto não é um hotel!
Antes que Paul pudesse explicar mais, Pete aproximou-se de John e falou. – Ele chamou-te Johnny, não vais fazer nada? – John deu de ombros, não se importando com isso. – No outro dia quase me arrancaste a língua por te ter chamado Johnny e a ele não dizes nada? Grande amigo que me saíste! – Ele deu um empurrão no garoto e saiu do quarto, zangado.
John aproximou-se de Paul e ele rodeou com os braços o pescoço do mais velho. John tirou-o de cima da cama, pegando nele ao colo e depois pousando-o no chão, enquanto falava. – Explica-me melhor isso de trazer um amigo para cá.
–O meu amigo George. Ele vive na rua, dorme onde calha, come aquilo que consegue arranjar.
–Ele é uma criança de rua, é isso?
–Acho que sim. – Paul seguia cada passo que John dava, enquanto ele caminhava no quarto e se vestia. – Ajudas-me ou não?
–Não sei. Se ele for grande, ele não vai quer vir. Quantos anos é que ele tem?
–Ele tem seis anos, mas eu sei que ele vem. Aqui pelo menos dão-nos alguma comida e isso é coisa que ele adora! – O garoto contou, gargalhando.
John sorriu com o riso de Paul e disse. – Ok, ele talvez queira vir, mas acredita, se eu pudesse, eu era miúdo de rua.
–Porquê?
–Vivo aqui desde que me lembro, e digo-te, isto não é dos melhores sítios para se viver.
–Porque vives aqui?
John abriu a porta do quarto e Paul saiu na frente dele, sendo eles os últimos não só a deixar o quarto como a deixar o andar. Caminhavam em direção às escadas para ir para o salão no andar de baixo.
–A minha mãe deixou-me aqui quando ainda era bebé porque não tinha como me sustentar e não sei quem é o meu pai. Soube depois que a minha mãe morreu quando tinha dois anos.
–John? - Ele percebeu imediatamente que Paul era um miúdo curioso. Cada vez que abria a boca, lá vinha uma pergunta. Então simplesmente murmurou para o fazer entender que o tinha ouvido e que esperava a pergunta. John agarrou o corrimão das escadas e Paul agarrou-lhe a mão, dizendo. – És como se fosses o meu irmão mais velho.
John sorriu mas tentou manter a sua postura de arruaceiro. – Então mexe as pernas, maninho, se não ficamos sem pequeno-almoço!
Paul largou-lhe a mão e correu pelas escadas a baixo, berrando no caminho. – És tão lento! Despacha-te perneta!
–O que é que me chamaste? – John respondeu largando numa corrida atrás dele.
Paul desatou a rir enquanto corria e os dois só pararam na fila para pegar a refeição. Quando John o alcançou, fechou a mão e esfregou o punho na cabeça dele. John olhou em redor e viu Sally. Então virou-se para Paul e disse-lhe. – Espera aqui.
–Olá Johnny boy. – Sally disse ao vê-lo andar na direção dela.
–Oi Sally. Sabes o miudinho que trouxeste ontem? – Ele depois apontou para ele que falava com Eve. – Ele conhece uma criança de rua e quer trazê-lo para cá.
–Oh John, - A moça suspirou, colocando um pouco do longo cabelo negro atrás da orelha. – sabes que estamos a ficar apertados.
–Ele só tem seis anos.
Sally sorriu e brincou. – Isto vindo de um menino de nove anos que se acha muito crescido.
–Eu sou crescido. Eu sou um irmão mais velho agora.
Os olhos de John arregalaram-se quando ele percebeu que aquilo lhe tinha escapado pela boca. Sally não pode deixar de gargalhar e comentar. – Agora entendo porque é que o Pete está tão furioso! Apegaste-te mesmo ao menininho.
John não podia negar então disse. – Ele tem a sua gracinha e é corajoso.
–Ok, vamos fazer assim: vais tomar o pequeno-almoço e depois vamos procurar esse tal menino de rua.
Quando os dois acabaram de tomar a primeira refeição do dia, saíram com Sally e Paul ia chamando pelo rapazito. De repente ele começou a correr até ao final da rua.
–Hei, George, arranjei-te uma casa para viveres.
–Uma casa? – O pequeno disse. – Como aquela em que vives?
–Não é tão boa, mas tens uma cama e não tens de lutar pela comida com outros.
–Leva-me para lá!
–Ele é este? – John apontou com uma expressão de choque. – Este é o teu amigo George?
–É, porquê?
–Ele parece um cachorro! – Depois arregaçou a manga e mostrou uma marca de uma ferradela. – No outro dia ferrou-me por causa de um pedaço de pão!
–Ele tinha fome, John. E tu sabes que não devias comer na rua! – Sally disse docemente, aninhando-se à beira do menino que recuou. – Vem cá, amor, não tenhas medo.
–Ela é amiga, George. – Paul tranquilizou o miúdo que se aproximou.
–Vais-me lá visitar, Paul? Para podermos brincar como brincamos aqui?
Paul olhou para trás, a antiga casa dele estava ali bem perto. – Eu agora moro lá também.
Os olhos de George encheram-se de brilho e ele disse contente. – A sério?
Paul apenas acenou com a cabeça e George deu a mão a Sally. John e Paul caminhavam mais atrás quando o mais novo perguntou. – O Pete tinha razão, não tinha? Os meus pais não vão voltar mais, pois não?
John bateu de leve no ombro dele e disse. – Não, Paul. Eles não voltam mais. Mas, agora tens-me a mim, o teu mano grande.
–Estou cansado. – George afirmou, caminhando cada vez mais vagarosamente.
Sally ia pegar nele ao colo, mas John baixou-se, dizendo. – Sobe, George. – A criança caminhava devagar e ele falou outra vez. – Mas anda logo ou mudo de ideias! - Enquanto George subia para as costas de John, Paul tirou-lhe a boina da cabeça, pô-la na cabeça dele e começou a correr. – Hei! Hei, volta cá!
Paul deitou-lhe a língua de fora e riu, correndo. John correu o máximo que podia, carregando George que ria e o incentivava. Sally sorriu ao vê-los aos três. Aqueles dois miuditos tinham feito alguma coisa ao John, porque ele não estava a ser encrenqueiro ou maldoso contra eles. Naquele dia, John ganhou dois irmãozinhos e ele gostava de ser o irmão mais velho, que podia mandar e proteger.
(Fiquei com pena por não conseguir colocar aqui a foto do George, mas aqui fica o link: http://pdxretro.com/wp-content/uploads/2011/11/george-harrison-young_thumb.jpg)
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