O Melhor Dos Doces escrita por Z_Hyuuga


Capítulo 1
O Melhor dos Doces


Notas iniciais do capítulo

Estou realmente com sono demais pra pensar em alguma coisa legal pra dizer, gomen. e_e'
Sem delongas, espero que gostem.



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Era uma tarde calma na Soul Society. Depois de acabar uma papelada enorme de documentos, Hitsugaya Toushirou agora inspecionava o treinamento dos novos membros de seu esquadrão. Isso era responsabilidade de sua tenente, mas, como ela estava de ressaca, ele teve de substituí-la.

Agora as pessoas o respeitavam mais, pois realmente parecia alguém “com idade” para estar em uma patente alta na Sereitei. Continuava sendo o mais novo, mas sua altura já não era mais um problema. Havia mudado o corte de cabelo e seus músculos estavam mais evidentes, dando a ele uma aparência mais madura. Se lhe dessem uma idade corporal, seria de aproximadamente 15 ou 16 anos. Continuava sendo um capitão responsável e atencioso com seus subordinados, por isso o número de shinigamis recém-formados que queriam se juntar ao seu esquadrão era bem alto.

Assim como o esquadrão, o trabalho de Toushirou também havia aumentado. Com tantas missões nas costas, sempre estava ocupado demais para fazer qualquer coisa. Até mesmo suas visitas diárias à sua melhor amiga, Hinamori, estavam rareando.

Se não havia tempo nem para andar pela própria Soul Society, suas visitas ao Mundo Real estavam totalmente extintas.

E foi isso que levou uma surpresa à Hitsugaya Toushirou.

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- Intruso localizado no setor norte! Chamando todos os guardas! Repito: intruso localizado no setor norte! Chamando todos os guardas! – Gritavam todos os alto-falantes da Sereitei.

Setor norte? Isso é perto daqui! , pensou Toushirou, logo depois correndo em direção ao local mencionado.

Como ele corria olhando para os lados à procura do intruso, acabou esbarrando em alguém. No impacto, os dois caíram pra trás e saíram se arrastando pelo chão. Toushirou se sentou, meio tonto.

- Ite... Baka! Por que não olha p... – Ele começou a dizer, mas travou ao ver quem havia derrubado. Era uma garota de pele branca, um belo corpo e cabelos pretos e lisos presos desleixadamente num rabo-de-cavalo alto. O jovem capitão estranhou, já que nunca vira aquela garota antes, especialmente na Sereitei. Talvez fosse uma recém-formada, mas de algum modo aquela reiatsu lhe parecia familiar.

- Ah, sou eu quem tenho que olhar por onde ando?! Você é bem atrevido pra me dizer is... so... – Começou a garota ao se levantar, mas parou de falar ao colocar os olhos em Toushirou. – Você... Eu não acredito! TOUSHIROU! – O capitão já havia se levantado, mas foi derrubado novamente pelo abraço repentino da garota.

- Oe, o que está fazendo?! – Perguntou ele, mas logo depois a ficha caiu. – Espere um minuto, você por acaso é... Kurosaki?! – Perguntou, incrédulo. – O que faz aqui?!

- Eu tava te procurando há horas, sabia? Aqueles guardas retardados só vieram perceberam minha reiatsu quando eu já estava perto do 5° Esquadrão e eu ainda apaguei os caras rapidinho!

- Tá, tá, depois você me explica, mas agora sai de cima de mim! – Pediu ele, com o rosto muito corado. Há tempos não via Karin, e não imaginava que ela havia ganhado tanto... “Volume” na parte da frente, e tê-la abraçada à ele daquele jeito deixava esse detalhe em evidência, especialmente com aquele kimono preto... Espere, kimono preto? Toushirou vira direito?

- Kurosaki, desde quando você...

- Ali está a intrusa! – Gritou um guarda, interrompendo a pergunta.

- Veja! Ela capturou o Hitsugaya-taicho! – Disse outro, ao ver a Kurosaki sentada em cima do jovem capitão.

- Merda, eles me acharam! – Resmungou Karin. Ela se levantou, começou a correr e puxar Toushirou pelo braço.

- Kurosaki, teme! Você é a intrusa?! – Perguntou ele, enquanto corriam.

- É uma longa história. Agora, não leva pro lado pessoal, mas você vai ser meu “refém”. – Quando os dois estavam a uma distância segura dos guardas, Karin jogou Toushirou detrás de uma moita e se enfiou lá dentro junto com ele.

- Você por acaso enlouqueceu de vez? - Começou ele, com cuidado para que ninguém ouvisse. – O que faz aqui? Como entrou? E, o mais importante, desde quando virou shinigami?

- Pergunta 3, - Começou ela – meu pai e o Urahara-san me treinaram enquanto o Ichi-nii estava sem reiatsu, e agora eu estou aqui. Pergunta 2, entrei aqui como todo mundo entra: por um senkaimon. E pergunta 1, vim te chamar pra dar uma volta lá pelo Mundo Humano, quer ir?

- Você veio aqui só pra isso?! – Dessa vez, Toushirou esqueceu que estavam escondidos e elevou o tom de voz, logo sendo calado pelas mãos de Karin.

- Fala baixo, baka! – Mandou ela, verificando se não havia sido descoberta. – Quer que eu seja presa?! – Toushirou livrou-se das mãos da garota e resmungou, de cara fechada:

- Ninguém mandou você invadir a Sereitei.

- Olha, sei que nosso “reencontro” não foi lá muito agradável, tá? Mas me ajuda pelo menos dessa vez? Eu nunca tinha vindo aqui antes, então não sabia que se eu entrasse ia causar tanta confusão. Além do mais, se eu soubesse que você estaria tão chato, também não teria vindo! – Ela cruzou os braços e ficou de cara emburrada. Toushirou suspirou e passou a mão pelos cabelos.

- Karin, as coisas por aqui não são tão fáceis como você pensa. Aqui na Sereitei tem uma política rigorosa pra quem entra e pra quem sai. Chegar do nada, sem avisar, causa um alvoroço enorme, e você mesma já percebeu isso.

- Ah, mas o Ichi-nii vocês aceitaram rapidinho!

- Não mesmo. Ele teve que fazer muitas coisas para podermos realmente confiar nele. – Karin desviou o olhar pro lado, ainda de cara emburrada. – Agora, porque não para de se fugir e se apresenta formalmente ao nosso Comandante? – Ela o olhou, incrédula.

- Ficou doido?! E se ele não me aceitar e mandar me executarem ou algo assim? – Toushirou revirou os olhos e deu um sorriso de canto.

- Que exagero. O máximo que pode acontecer é você ser mandada embora, mas relaxa. O Comandante não é tão ruim assim. – Karin ainda não estava convencida, apesar da calma de Toushirou.

- E quem garante que aqueles guardas não vão tentar nada? Eles estão me perseguindo há um bom tempo.

- Você vai estar comigo. Não vou deixar que te machuquem. – Karin ficou surpresa com as palavras do garoto, mas logo depois sorriu.

- E quem disse que eu preciso da sua proteção, baka? – Brincou ela. Os dois saíram do esconderijo e foram em direção à sede do 1° Esquadrão.

Os dois chegaram à base sem problemas, já que Toushirou explicara a situação para os guardas que encontraram no caminho. Provavelmente a notícia já havia se espalhado por toda a Sereitei.

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- Hisagi-san! Qual vai ser a manchete desta semana? – Perguntou Kira Izuru, que estava sentado diante da máquina de escrever da revista de fofocas da Sereitei. Ela não estava vendendo muito bem ultimamente, e Hisagi queria fazer de tudo para que as vendas aumentasse, assim como seu salário.

- Tenho uma perfeita. – Respondeu ele, com um sorriso assustador. – “O jovem capitão Hitsugaya Toushirou foi visto junto da irmã mais nova de Kurosaki Ichigo. Seria esse um incrível caso de amor adolescente?” – Izuru digitava tudo com rapidez, enquanto Shuuhei ditava toda a fofoca. – Anotou tudo, Kira?

- Com certeza. – Disse ele, fazendo um sinal positivo.

- Essa vai bombar!

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Como Karin se sentia? Nervosa. Nunca vira o Comandante antes, e não sabia como ele reagiria diante de um shinigami novo vindo diretamente do nada.

- Entre, Hitsugaya Toushirou! – Ordenou uma voz grave do outro lado da porta.

- Com sua permissão, Comandante. – Disse Toushirou, formalmente, quando a porta se abriu. Karin engoliu seco ao ver a expressão severa no rosto do velho de bengala sentado em sua cadeira, com seu tenente de pé ao lado dele.

- Vejo que o intruso já foi capturado. – Deduziu ele, ao ver a jovem Kurosaki apreensiva um pouco atrás de Toushirou.

- Não se trata disso, senhor. Esta situação não passa de um mal-entendido. – Começou ele. – Essa garota é irmã mais nova de Kurosaki Ichigo.

Tanto o Comandante quanto seu tenente ficaram muito surpresos.

- Irmã de Kurosaki Ichigo?!

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O celular apitou, indicando uma mensagem. Rukia abriu-o e leu.

- O que diz aí? – Perguntou Ichigo, envolvendo a morena em seus braços.

- Que estranho... Eu recebi ordens pra te levar pra Soul Society. – Disse ela, acomodando-se melhor no abraço. – O que você fez?

- Eu não fiz nada. – Defendeu-se ele.

- Será que o Nii-sama descobriu sobre a gente? – Perguntou ela, preocupada.

- Ele não sabe de nada, não se preocupe. – Disse o ruivo, dando-lhe um beijo no rosto. – De qualquer modo, vamos logo. Deve ser importante. Se não fosse, não lhe mandariam uma mensagem no seu dia de folga.

- Tudo bem, então. – Os dois se levantaram e foram em direção à Urahara-shouten, para cumprirem as ordens.

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- Como assim você invadiu a Sereitei, Karin?! – Gritou Ichigo, incrédulo. – Pra começar, por que não me contou que tinha virado shinigami?! E é melhor você ter uma ótima explicação pra essa história, mocinha, ou você vai estar mais ferrada ainda! – Karin já estava ficando assustada. Nunca vira sue irmão tão alterado daquele jeito. – Sabe o que poderia ter te acontecido?! Ainda bem que foi o Toushirou quem lhe achou! Imagine se fosse o Mayuri ou o Kenpachi? Você estaria morta! Ah, falando nisso, eu quero saber de toda essa história de vocês dois “escondidinhos juntos”, ouviu bem?! Toushirou, se você tiver tentado qualquer coisa pra minha irmã... Eu vou arrancar esse seu amiguinho antes mesmo de você descobrir pra que ele serve! – Toushirou assustou-se com a  ameaça. Ver um irmão com crise de ciúmes era realmente algo assustador.

- C-calma, Ichi-nii! Foi um acidente, eu não sabia que eu vir causaria tanta confusão, eu juro! – Desculpou-se Karin - E o que você estava insinuando com essa de “escondidinhos juntos”? – Perguntou, cruzando os braços e estreitando os olhos. Ichigo também cruzou os braços.

- Não se faça de desentendida.

- E você não me venha com essas suas ideias pervertidas!

- Você já tem 15 anos, o que quer que eu pense quando você me diz que ficou escondida com um cara aparentemente da sua idade? – Ichigo deu ênfase no “aparentemente” e lançou um olhar significativo para Toushirou.

Os dois continuaram discutindo, enquanto Rukia, Toushirou e Genryuusai simplesmente assistiam. A discussão era entre dois irmãos, então não havia nada que nenhum deles pudesse fazer. Toushirou era o mais desconcertado dessa história, já que mesmo sem querer, estava metido nela, simplesmente porque ajudara Karin a se esconder. E isso também não havia sido por vontade própria.

- Em casa a gente conversa, tá legal?! – Gritou Karin, finalizando a briga. Os dois ficaram de costas um para o outro, com os braços cruzados e com a cara emburrada. Rukia deu um suspiro negativo.

Parecem duas ciranças..., pensou ela.

- Agora que tudo foi resolvido, - Começou Genryuusai. – convoco Hitsugaya Toushirou  a missão de levar Kurosaki Karin de volta ao Mundo Humano em segurança. – Ichigo olhou imediatamente para o Comandante, incrédulo.

- Vai mandar quem?! – Perguntou ele.

- Vem aqui. – Ordenou Rukia, puxando-o pela orelha para fora da sala.  Ainda foi possível ouvir o barulho do que parecia ser um tapa no rosto de alguém e um grito de dor vindo de Ichigo, e depois uma discussão entre o casal.

Ignorando esses barulhos, o Comandante prosseguiu:

- Hitsugaya-taicho, você está encarregado de levar Kurosaki Karin de volta para o Mundo Humano e voltar logo em seguida. Mandarei que abram o Senkaimon imediatamente. É só! – Toushirou assentiu e se retirou, seguido de Karin, que ainda estava irritada com o irmão.

- Aquele pervertido... – Resmungava ela, enquanto andavam. – Pensando que você e eu... – Karin não continuou a frase e estremeceu ao imaginar a cena.

- Não ligue pra isso. – Disse Toushirou. – Apenas volte para o Mundo Humano e nunca mais faça algo para seu irmão se preocupar tanto.

Nem algo que faça-o querer arrancar partes do meu corpo, completou mentalmente.

- Você falou que nem ele agora. – Resmungou novamente.

- Apenas se comporte até chegarmos lá. Estamos entendidos? – Perguntou ele, parando e virando-se para ela com um olhar de repreensão.

- Se você pede com jeitinho, né... – Respondeu, irônica.

- Karin, é sério, não cause mais nenhuma confusão.

- Nossa, chamou pelo primeiro nome é porque a coisa é séria. – Dessa vez ela falou sério. Nunca ouvira Toushirou chamá-la pelo primeiro nome, e ouvir assim, de repente, era algo estranho.

- Karin.

- Tá bom, eu não faço mais nada! – Disse ela, por fim.

- Ótimo. - Ambos continuaram andando calados, até chegarem ao Senkaimon.

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- Pronto, está entregue. – Disse Toushirou, assim que saíram do Senkaimon e pousaram em segurança no chão.

- Obrigada. – Disse Karin, sorrindo. Foi só aí que Toushirou parou para realmente prestar atenção na jovem Kurosaki.

Ela cresceu... pensou. Mas ainda age como uma criança birrenta. Toushirou conteve um sorriso com esse pensamento e virou-se para ir embora, quando sentiu a mão macia de Karin segurar seu pulso.

- Espera, por favor. – Pediu ela. Toushirou olhou-a por cima do ombro e viu que ela tinha um brilho sapeca no olhar. – Você veio até aqui, então por que não vamos pra uma doceria ou pra algum parque?

- Minhas ordens foram que eu voltasse logo depois de te deixar aqui. – Explicou ele, embora imaginasse que ela não fosse dar ouvidos.

- Ah, qual é! Diz que tinha um hollow aqui ou coisa do tipo. Mentir pelo menos uma vez não vai te fazer mal.

- Mas...

- Quem ligaria se você sumisse um pouquinho? Aquele Jii-chan tem mais com o que se preocupar. – Insistiu. Toushirou pensou por um momento e suspirou, derrotado. As opções que ele tinha, na mente de Karin, eram: ou vai, ou vai. Então, não havia motivos para negar, certo?

- Tudo bem... – Disse ele. Karin deu um sorriso radiante e o abraçou. Toushirou ficou muito vermelho com a aproximação repentina. – Oe!

- Sabia que você não ia me deixar na mão! – Ela riu e se afastou, para que pudesse olhar para ele. – Obrigada mesmo, sério.

- E-eu só não quero que você fique me perturbando! Só isso... – Disse ele, sem jeito e se afastando de Karin. Ela arqueou as sobrancelhas e piscou, sem entender muito bem o motivo do gesto de Toushirou, mas ignorou.

- Bem, de todo jeito, - começou ela – temos que passar na Urahara-shouten pra você pegar um gigai. Só que é melhor passarmos na minha casa antes, pra eu poder pegar meu corpo. Seria meio estranho se você chegasse sozinho lá em casa, o Velho ia ficar pensando coisas erradas.

- Tudo bem. – Ambos fizeram shunpo e desapareceram, sem reparar nas duas sombras ao longe, perto de uma árvore.

- Aquele pirralho desgraçado... – Resmungou Ichigo.

- Eles só vão à um parque de diversões, nada demais. – Disse Rukia, revirando os olhos diante do ciúme de Ichigo.

- Diversões... Sei que tipo de diversão aquele pervertido quer com a Karin.

Rukia corou com o comentário de Ichigo e deu-lhe um potente soco no topo da cabeça, fazendo-o gritar de dor.

- Não venha com esses comentários maliciosos, seu mente suja! O pervertido aqui é você! Francamente... – Gritou ela, ainda corada.

- Desgraçada...

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- Uhuuuh!! – Gritava Karin, a cada curva, descida e subida da montanha-russa em que estavam. Toushirou, por incrível que pareça, não estava muito diferente de Karin. Fazia tempo que não saía da Soul Society, então não lembrava de quase nada desses métodos de lazer do Mundo Humano. Finalmente entendera o porquê dos humanos gostarem tanto daqueles parques de diversões.

- Cara, aquela loira gritando foi hilário! – Comentou Karin, enquanto saíam do brinquedo, logo a pós o fim do percurso.

- Ah, mas você sabe por que ela estava gritando. – Acusou Toushirou, sorrindo, ao lembrar-se da brincadeira de mau gosto que Karin fizera contra a garota.

- Eu não sabia que ela realmente ia achar que aqueles parafusos eram do carrinho da montanha-russa. – Defendeu-se ela, dando um sorriso maldoso.

- Eu achei que tinha demorado para se arrumar, e não porque parou pra comprar parafusos industriais.

- Achou mesmo que eu demoraria para colocar esta roupa? – Perguntou ela, apontando para as próprias roupas. Realmente não era algo difícil de escolher, e muito menos de vestir. Ela vestia apenas uma camiseta branca que deixava seu abdômen a mostra, uma jaqueta vermelha por cima da blusa, um short jeans curto cinza e um All Star cano médio branco com cadarços pretos.

- É, uma roupa minúscula dessas não deve ser difícil de colocar. – Brincou ele, fazendo Karin corar e lhe dar um soco no braço.

- Pervertido. – Retrucou, cruzando os braços. Toushirou sorriu de novo e os dois foram andando pelo parque, a procura de outro brinquedo interessante. Depois de andar por um certo tempo, optaram por um trem-fantasma.

- Sabe, o namorado da Yuzu a trouxe aqui uma vez. – Dizia Karin, enquanto entrava no carrinho junto com Toushirou. – Assim que o percurso acabou, ela terminou com ele, no meio de todo mundo.

- Nossa. Por quê? – Perguntou ele, surpreso.

- Vamos ver se ela teve motivos. – Respondeu ela, dando mais um de seus sorrisos travessos para o garoto ao seu lado. Ele ergueu uma sobrancelha, confuso, mas deixou para lá.

O carrinho ia passando por um corredor sinistro, com uma luz negra iluminando o local, deixando a blusa de Karin numa coloração roxa. Ao longo do caminho, vários bonecos, imagens, objetos ou até mesmo pessoas fantasiadas apareciam. Todos eram apenas motivos de riso para Karin e Toushirou, até que chegou em uma seção em que, para a surpresa de Toushirou, fez Karin gritar, agarrar-se ao seu braço e fechar os olhos, morrendo de medo. Ele olhou em volta, para ver o que tinha de tão assustador para fazer Karin ficar daquele jeito, e impressionou-se ao ver que o que a assustava eram as imagens e bonecos de palhaços espalhados por cada parede do lugar.

- Karin, você está bem? – Perguntou Toushirou, preocupado.

- Já saímos daquela parte?! – Perguntou ela, sem abrir os olhos.

- Sim, acabamos de sair, mas por que ficou assim de repente? – Karin soltou o braço de Toushirou, um pouco mais calma.

- Jura que não conta pra ninguém? – Pediu, fitando-o, sem prestar atenção no resto das “coisas” do trem-fantasma. Toushirou assentiu, e ela continuou. – Há alguns anos... Eu ganhei um pavor terrível de palhaços. Era verão, então eu, o Velho, a Yuzu e o Ichi-nii fomos para o cemitério, para o aniversário de morte da minha mãe. Estava tudo calmo, mas um hollow apareceu. Ele era assustador, e tentou me devorar e devorar Yuzu. Antes que ele enrolasse aqueles troços estranhos no meu pescoço, eu vi a cara dele. A máscara dele lembrava quase perfeitamente a de um palhaço. Daí... Eu não consigo mais ver os palhaços do mesmo jeito. Antes eu só os achava ridículos, mas agora...

- Karin...

- Isso é ridículo, não é? – Ela riu sem ânimo algum. – Eu, a “Forte Kurosaki Karin”, a “Kurosaki sangue-frio” de Karakura... Com medo de meros palhaços. Isso é patético...

- Não, não é. – Interrompeu Toushirou. – Só por você admitir esse medo, já torna você uma pessoa corajosa. - Karin sorriu, meio triste e meio brincalhona.

- Oh... Os capitães da Soul Society também são treinados para dizer coisas bonitas?

- Baka. Como ainda consegue fazer piadas se estava tremendo de medo segundos atrás?

- Por isso que faço piadas. – Ela deu uma piscadela e sorriu de novo. Toushirou retribuiu o sorriso.

Antes que pudessem perceber, o percurso pelo trem-fantasma já havia acabado. Enquanto a maioria das pessoas que saíam do brinquedo estava completamente paralisada ou com os olhos arregalados, Karin e Toushirou simplesmente riam e andavam pelo parque à procura de qualquer outra coisa para se distraírem.

Eles apenas conversavam e andavam sem rumo, até que Karin avistou uma barraca de doces perto do tiro ao alvo.

- Ne, Toushirou. Você ainda é viciado em doces? – Perguntou ela. Toushirou corou fortemente e colocou as mãos nos bolsos, desviando o olhar para o lado.

- Eu nunca fui viciado em doces. – Resmungou ele, em resposta. – Só como uns feijões doces que a Unohana-taicho faz de vez em quando...

- É, ainda gosta. – Concluiu ela. – Que tal deixar os feijões doces de lado e comer algo com mais açúcar e agrotóxico? – Karin sorriu e apontou para a barraca que vira há pouco.

- Mas isso não faz mal?

- Ah, você já está morto mesmo! E pro seu corpo mudar alguma coisa só se for daqui a uns 5 anos de novo. – Brincou ela, pegando na mão de Toushirou e conduzindo-o até a barraca. – Você vai gostar.

- Fico até assustado quando fala isso.

- Nossa, estou lisonjeada. Eu consigo deixar um dos melhores capitães da Soul Society com medo. – Brincou novamente, fazendo uma voz fina e um gesto delicado com as mãos, como se estivesse com vergonha.

- Nem assim você consegue parecer menos durona. – Comentou Toushirou. Karin desfez sua atuação e mostrou a língua para o capitão, num modo infantil de dizer que não gostou do comentário.

- Então, o que o lindo casal deseja? – Perguntou uma jovem garota, surpreendendo os dois.

- Err... Não somos um “casal”, mas deixando isso de lado, eu vou querer uma maçã do amor, três pacotes de M&Ms... – Dizia Karin, apontando para o que queria.

- Vocês não estão namorando? – Perguntou novamente a garota. – Que pena, vocês formam um casal tão bonito... E acho que o senpai poderia ganhar a promoção especial de casais que começamos por aqui.

Toushirou ia falar alguma coisa, mas Karin interrompeu.

- Que tipo de promoção? – Perguntou ela.

- Bem, é simples: um dos dois deveria tentar acertar todas as argolas nas orelhas daquele coelho bem ali. – Explicava a garota, apontando para seis argolas coloridas perto de onde estava e para um boneco de coelho que estava um tanto distante da atendente. – E, dependo de seu desempenho, os prêmios variam em: um ursinho de pelúcia, vale-compras, doces exclusivos e um PSP.

- Um PSP?! – Perguntou Karin, incrédula.

- Sim, mas até agora ninguém conseguiu ganhar. Bom, isso só vale para casais, então não importa, certo? Ah, o que ia querer mesmo? Acabei me distraindo um pouco...

- Err... Espera um pouquinho aqui, tá bom? Vem cá, Toushirou! – Disse Karin, puxando Toushirou pelo braço e quase o derrubando.

- O que é? – Perguntou ele, sem entender.

- Olha, eu venho pedindo um PSP pro Velho há MUITO tempo, e eu sei que tanto você quanto eu temos bons reflexos e poderíamos fazer isso muito bem sozinhos, mas esse lance é só pra casais. Está captando a mensagem?

Toushirou raciocinou um pouco e arregalou os olhos quando chegou à sua conclusão.

- Você não está pensando em...? – Balbuciou ele, sem conseguir terminar a frase. Karin assentiu, confirmando. – Ah, não. De jeito nenhum. Não mesmo, nem por todo doce do mundo. NÃO.

- Toushirou, por favor! Eu nunca te pedi nada tão complicado. Além do mais, vai ser só dessa vez, eu não sou louca de inventar algo assim com você de novo. Até eu acho que isso é constrangedor. – Insistiu ela. – Eu preciso daquele PSP.

- Olha, Karin, eu...

- Por favor?

Toushirou colocou a mão na testa e fechou os olhos por um momento. Depois de alguns segundos, suspirou, derrotado.

- Tudo bem, mas como vai convencê-la de que somos o que ela pensa depois de você mesma ter dito que não? – Perguntou ele. Karin pensou por um momento e deu mais um daqueles seus sorrisos de quem vai aprontar.

- Eu dou um jeito, não se preocupe. – Garantiu ela, pegando na mão de Toushirou novamente e conduzindo-o de volta à barraca.

O que realmente me preocupa é fato de você ter achado uma solução., completou mentalmente. Só de pensar no que Karin iria fazer para convencer aquela garota de que os dois “realmente” eram um casal já fazia seu rosto esquentar. Não podia ser o que ele estava pensando, podia? 

- Acho que podemos confiar em você, Onee-chan (garota). – Disse Karin, chegando ao balcão dos doces. A garota levantou uma sobrancelha, confusa.

- O que foi? – Perguntou.

- É que... – Karin olhou para os lados, como quem procurasse alguém. – Nós estamos namorando. – Disse em voz baixa.

- Sério?! Mas você não disse que...

- É, eu sei o que eu disse, mas é que nós ficamos com medo de meu irmão estar por perto. Sabe, ele não permite, então estamos mantendo isso em segredo. E ele vem me vigiando há um tempo. Fiquei com medo que ele estivesse por perto, por isso disse aquilo. Você entende, não é?

- P-perfeitamente! – Balbuciou a atendente, meio abobalhada com o que ouvira. – Isso é tão... Tão romântico! Um romance às escuras! Ah, Kami-sama, eu nunca presenciei algo tão lindo! Nem mesmo nos doramas que eu assisti! – Ela parecia muito animada. – E então, vocês vão participar, certo?

- Sim. – Respondeu Karin, discretamente fazendo um sinal positivo para Toushirou, que estava um pouco atrás. Toushirou suspirou, aliviado. Pelo menos ela não fez o que pensei que ela ia fazer..., pensou ele.

Como o esperado, não foi muito difícil ganhar o PSP que Karin tanto queria. Depois de ganhar o prêmio, os dois compraram os doces desejados e foram embora do parque. Já estavam cansados de andar por aí de brinquedo em brinquedo e estava ficando tarde, então resolveram procurar um lugar bom para ver o pôr do sol.

Optaram por uma praia deserta que ficava a alguns quarteirões do parque. Apesar de ser muito longe da casa de Karin, ela insistiu que fossem até lá. Segundo ela, trazia uma sensação agradável ficar perto da água.

- Por que gosta tanto da água? – Questionou Toushirou, depois de saber o motivo da escolha do lugar. Ambos estavam sentados numa rocha alta perto do mar. Um pouco abaixo via-se as ondas quebrando nas rochas menores.

- Primeiramente, porque é verão. – Começou ela, jogando um M&M para cima e abrindo a boca para que o doce caísse diretamente lá. – Depois, porque minha zanpakutou é de água. E por último, tenho lembranças boas. – Continuou, ainda mastigando o M&M.

- Que tipo de lembranças? – Karin sorriu e engroçou a voz, numa imitação da voz de Toushirou.

- “Isso não é da sua conta”. – Disse ela, usando as mesmas palavras que Toushirou fazia questão de usar para qualquer pergunta dela que tivesse a ver com o passado do capitão.

- Baka. – Resmungou ele, pegando um M&M do pacote que estava entre os dois e colocando na boca. Karin riu e também pegou um M&M. Os dois ficaram na praia até anoitecer.

Eles fizeram desde uma disputa de arremessos de pedras no mar à um mergulho noturno no mar. Karin e Toushirou nunca haviam se divertido tanto em tão pouco tempo. Agora estavam vasculhando as rochas à procura dos doces que esconderam quando foram mergulhar e esperando as roupas secarem.

- Eu disse que não precisava esconder. – Resmungou Toushirou.

- Ah, é claro que precisava! – Retrucou Karin. – Vai que um pivete qualquer aparece e rouba nossos doces? E deixa de reclamar.

Para a sorte dos dois, aquela era noite de lua cheia, então a praia ficava consideravelmente iluminada. A busca ficara bem mais fácil assim.

- Achei! – Gritou Karin, puxando uma sacola de trás de uma rocha pequena. Ainda havia sobrado um pacote de M&Ms, alguns chicletes, uma maçã do amor e poucos caramelos. – Caraca, a gente comeu tanto assim?

- “A gente” quem? Você comeu a maior parte e quase avança em mim por ter pegado uma daquelas trufas. – Retrucou Toushirou, fazendo Karin o fuzilar com os olhos.

- Como dizia o sábio Okumura Rin, “Quando se trata de comida, a vitória é de quem pega primeiro”! – Disse Karin, com ar de filósofa.

- Okumura Rin?

- Vi num anime. – Respondeu, abrindo um caramelo.

- Sua vida se resume a animes, futebol e doces, é? – Brincou Toushirou, sentando-se na areia e tirando a camisa para deixá-la secar em cima de uma rocha por perto. Karin tentou se focar nas ondas quebrando nas rochas, mas ficava difícil com seu amigo naquela situação bem ao seu lado. Ela vivia vendo garotos sem camisa por causa do futebol, mas nunca vira nenhum com um físico de alguém que treina várias horas por dia como o de Toushirou.

- Ou eu faço isso ou fico em casa ouvindo showzinho da Yuzu com os caras que ela leva pra lá a cada duas semanas. Não sei como alguém consegue arranjar um namorado diferente em tão pouco tempo. O Velho nunca está em casa pra ver, mas se visse, eu aposto que teria um ataque. – Explicou ela, sentando-se também e riscando uma palavra qualquer na areia com o indicador.

- Não sabia que eram tão populares com os garotos. – Comentou Toushirou, abrindo o pacote de M&Ms e pegando alguns.

- “Eram”?

- Você e Yuzu. – Ao ouvir a afirmação, Karin ficou tão incrédula que chegou a rir.

- Acha que estou inclusa nessa pegação toda? Claro que não! Eu saí com uns caras, claro, mas nossos encontros se resumiam a umas partidas de futebol aqui e outras ali, cinema e parques de diversões. – Depois de perceber o que a havia dito, corou fortemente. – N-Não que hoje a tarde e agora esteja sendo um encontro, claro!

- Então você nunca...? – Toushirou não continuou a frase, mas Karin entendeu.

- É, nunquinha.

Toushirou sentiu um estranho alívio ao ouvir aquilo. Não sabia o porquê, mas resolveu ignorar esse detalhe e deitou-se com as mãos atrás da cabeça. O céu estava deslumbrante naquela noite: a lua brilhava alta no céu, iluminando a praia toda e, como os dois estavam um tanto longe das ruas, podia-se ver as estrelas mais claramente.

Karin tirou sua jaqueta e a usou como travesseiro, deitando ao lado de Toushirou e fechando os olhos, deixando escapar um suspiro. Toushirou percebeu e disse, sem tirar sua atenção das estrelas:

- Parece cheteada.

- Eu? – Perguntou Karin, abrindo os olhos e fitando-o.

- Não, a Madonna. – Retrucou, sarcasticamente, fazendo Karin o fuzilar com os olhos.

- Vai falar com ela, então. – Devolveu, na mesma intensidade.

- É sério.

- Se é sério, então não venha com piadinhas.

- Voltando: por que está assim?

- Assim como?

- Meio... Pra baixo.

- Eu não. – Karin cruzou os braços e desviou o olhar para uma direção qualquer. Toushirou virou-se e se apoiou no cotovelo, encarando Karin. – Por que sempre usa esse jeito irritante de arrancar respostas?

- Porque sempre dá certo.

- Não tenha tanta certeza. – Toushirou sorriu de canto e continuou a encará-la. Passaram alguns segundos e Karin não suportou. – Que merda! Não se pode mais guardar um segredo perto de você, seu capitão enxerido?! Me deixa em paz. – A Kurosaki deitou de bruços e cruzou os braços em frente ao rosto, emburrada.

- Eu não vou desistir. – Desafiou o capitão.

- Sei disso. – Resmungou Karin. – Mas não vou contar sem lutar um pouquinho.

- Não vai suportar muito tempo.

- Saiba que já estou me acostomando à esse seu método.

Toushirou deu sorriso desafiador ao ouvir aquilo. Se não servia um método, teria que usar outros, certo?

- Eu não tenho só esse. – Dizia Toushirou, aproximando-se. – Tenho outro que funciona melhor ainda, “Kurosaki-san”.

Karin ia dizer alguma coisa, mas ficou sem reação ao perceber que a voz de Toushirou estava perto demais de sua orelha, mas não ousou olhar. Se ele estivesse tão perto quanto ela temia que estivesse, seria uma distância perigosa a se ficar.

- Engraçado... De “pra baixo” você foi pra “tensa”. Por que o nervosismo, Karin? – Karin podia ouvir o tom de diversão na voz de Toushirou.

Tenta ficar calmo quando tem alguém a menos de cinco centímetros de distância de você, pensou ela.

- O que está fazendo? – Perguntou à Toushirou, com medo da resposta.

- O que parece ser?

- Pra falar a verdade, não quero responder. – Replicou, girando e se levantando rapidamente, enquanto ao longe Ichigo observava tudo com um binóculo.

- Ichigo... Vamos pra casa. Está tarde, eu quero dormir... – Resmungou Rukia, esfreagando o olho com as costas da mão, logo depois bocejando.

- Está tarde pra Karin também. Ela não devia estar aqui com um cara quase pelado na frente dela, devia estar em casa, longe de pervertidos como o Toushirou. Viu o que ele acabou de fazer? Sorte que a Karin é uma garota esperta e des... – Ichigo ia continuar, mas Rukia o interrompeu.

- Deixe-os viverem! Você parece o Nii-sama na época em que nós dois estávamos ficando. – Disse ela, lembrando-se. - E também, não tenha tanta certeza de que ela está desviando do Hitsugaya-taicho. – Rukia sorriu e apontou para onde o casal estava. Ichigo levou o binóculo aos olhos.

Se a raiva de Ichigo fosse convertida em calor, teria derretido o binóculo. Karin estava encostada numa rocha e Toushirou estava bem à sua frente, a poucos centímetros de distância, com um braço de cada lado do corpo de Karin, deixando-o “encurralanda” ali. Rukia deu um sorriso malicioso, dizendo:

- As coisas já estão ficando pesadas.

- Isso já foi longe demais! – Disse Ichigo, jogando o binóculo para o lado.

- Também acho, então vamos pra casa. – Retrucou Rukia, puxando Ichigo pela orelha e arrastando-o para fora da praia, sob protestos do ruivo.

- Qual é, Rukia! Me solta! Eu vou dar uma lição naquele pirralho! Me solta!

- Hai, hai... Continue assim até chegarmos em casa e já vai ter descarregado toda sua raiva, seu Morango Ciumento.

- Rukia!! – Rukia continuou a ignorá-lo e a puxar sua orelha, até já estarem longe demais para verem Karin e Toushirou.

- Certo, eu vou perguntar de novo: o que está fazendo? – Disse Karin, com a respiração um pouco ofegante por causa da situação em que se encontrava.

- Não acredito que ainda não percebeu. – Replicou Toushirou, dando um sorriso divertido que fez Karin corar.

- Das duas uma: ou o açúcar subiu à sua cabeça e você surtou, ou você tá dando uma de “capitão galã” e tá dando em cima de mim. E é melhor que seja a primeira.

- E se for a segunda? – Desafiou o capitão, chegando perto o bastante para sentir a respiração de Karin.

- Aí eu... Eu... – Com Toushirou tão perto daquele jeito, Karin não conseguia pensar direito e as palavras não saíam. Mesmo que tentasse formular uma frase ou uma ameaça, nada parecia coerente. Enquanto Karin pensava, Toushirou passou os braços em volta de sua cintura e a puxou. Por um momento os lábios dele roçaram os dela, foi aí que ela acordou. – Eu preciso e ir e você também, certo? – Falou, empurrando-o e andando depressa até sua jaqueta e seus tênis.

Quando ia pegar suas coisas, ouviu Toushirou rir. Ele ria de um jeito que ela nunca tinha visto, mas que agora estava deixando-a irritada.

- Posso saber o que é tão engraçado? – Resmungou ela.

- Você.

- Eu? – Perguntou, incrédula.

- Você está quase roxa de vergonha, Karin. Realmente já ficou com alguém? Até entendo que seja virgem, mas ficar daquele jeito só porque cheguei perto?

- Você estava me zoando?!

- Por que mais eu chegaria tão perto de você, baka?

Karin não entendeu por que aquilo a incomodara tanto, mas agora estava extremamente irritada. Aquilo tudo não passara de uma brincadeira? Ela não conseguia aceitar que fora usada daquele modo. Quando percebeu, já tinha aplicado um golpe de judô em Toushirou e ele estava imobilizado na areia. Karin estava em cima de seu tronco, segurando os braços dele um de cada lado da cabeça com uma força que Toushirou não sabia que ela tinha.

- Uau. – Foi o que Toushirou conseguiu dizer em meio à surpresa.

- Você se acha muito bonitão, não é, “Hitsugaya-taicho”? – Começou Karin, sarcasticamente. – Não ache que chegar perto de mim daquele jeito me agrada, e muito menos que eu gosto de ser alvo de piadas. Fique você sabendo que eu não sou que nem as namoradinhas que você arranja lá pela Soul Society, não deixo que você venha aqui, me beije e depois dê “tchauzinho” de despedida achando que vou ficar esperando ansiosamente pela sua volta pra receber mais bajulação. Não sou assim, Toushirou. Não gosto de brincadeiras ridículas como aquelas. Se eu fiquei com alguém ou não o problema é meu. Se eu sou virgem ou não o problema também é meu, então não fique fazendo esses “testezinhos” idiotas pra tentar descobrir sobre minha vida, porque não vai funcionar. Se eu quisesse que me beijasse, eu teria beijado você. Não sou do tipo que espera, sou do tipo que age. Nunca mais tente aquilo novamente, estamos entendidos?

- Sim, senhora. – Respondeu Toushirou, ainda surpreso pelo que acabara de acontecer.

- Ótimo. – Resmungou Karin, estreitando os olhos, logo depois o soltando e ficando de pé. Toushirou se levantou também e pegou sua camisa, que àquela altura provavelmente já estava seca, assim como resto de suas roupas.

Os dois começaram a andar pela praia em silêncio, ainda com um clima tenso pairando entre eles, até que Karin parou de andar e virou-se para Toushirou.

- Só mais uma coisa. – Antes que Toushirou pudesse perguntar, Karin o puxou pela camisa e selou seus lábios aos dele. A princípio ficou totalmente confuso, mas quando realmente parou para analisar a situação em que se encontrava, não resistiu aos lábios macios da Kurosaki e passou os braços em volta de sua cintura, puxando-a para perto e aprofundando o beijo.

Toushirou ainda podia sentir o gosto do açúcar da maçã do amor nos lábios e na língua de Karin, o que acabava deixando o beijo ainda mais prazeroso. Não sabia a quanto tempo estavam assim. Por parte dele, se pudessem ficar daquele jeito para sempre ele não se importaria, desde que ainda pudesse sentir Karin em seus braços. Não sabia quando tinha feito aquilo, mas suas mãos percorriam toda a extensão das costas de Karin e... Um pouco mais. Karin estava com os dedos entrelaçados em seu cabelo, enquanto a outra mão percorria desde seus ombros até seu tórax, fazendo sua pele se arrepiar sob o toque da morena.

Ambos ficaram assim por um tempo, até que o ar lhes faltou e tiveram que se separar, mas não muito. Toushirou ainda mantinha os braços segurando-a firmemente e Karin ainda estava com os dedos entrelaçados no cabelo dele. Estava com a respiração ofegante, mas Karin não deixou de sorrir.

- Eu não te disse que sou do tipo que age? – Gabou-se ela, dando uma leve mordida no lábio inferior de Toushirou, provocando-o.

- Estou vendo. – Retrucou ele, também sorrindo. – Por que isso agora?

- Porque sei que não vou ter outra oportunidade pra fazer isso. Se não fosse agora, talvez eu nunca mais conseguisse. – Agora Karin falava sério e Toushirou percebeu.

- Baka. Essa não é a última vez que vamos nos ver. – Dizia ele, levando uma mão ao rosto de Karin, olhando-a diretamente nos olhos. A morena sorriu e olhou para baixo, desviando-se do olhar intenso dele.

- Está fazendo exatamente o que eu disse.

- O quê?

- A gente se beijou antes de você ir embora e agora está fazendo promessas que provavelmente não pode cumprir, para me fazer esperar por um dia que não virá. – Ela riu, sem muito ânimo. – Daria um belo Dorama.

- Nem agora você para de pensar nisso? – Toushirou revirou os olhos e levantou o rosto de Karin, fazendo-a olhar para ele de novo. – Não estou prometendo algo que não posso cumprir, Karin. Só faço o que está a meu alcance. Se tiver um jeito de ficar com você, por menor período de tempo que seja, eu ficarei.

- Ah, legal, agora você falou que nem aqueles príncipes melosos. Anda, cadê seu cavalo branco? Seu castelo eu já vi, mas não tinha cavalo nenhum lá, cadê ele? – Brincou Karin, com um sorriso sapeca.

- Simplesmente não dá pra falar sério com você. Apenas entenda que esse não foi nosso “primeiro e último” beijo. Eu vou voltar quando puder e... Quando seu irmão estiver longe. – Karin riu do comentário, mas logo foi calada novamente pelos lábios de Toushirou, num rápido beijo de despedida.

- Você tem que voltar, Toushirou. Aquele Jii-chan vai achar meio estranho você chegar lá só umas... Sei lá, nove horas atrasado. – Ambos riram e se separaram, para cada um seguir seu rumo. – Então... Ja ne, Toushirou.

- Tudo bem mesmo ir pra casa sozinha? Está tarde.

- Não vem querendo me proteger não, convencido. – Replicou ela, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta. – Eu sei me cuidar. Quando chegar lá, peça desculpas aos guardas por mim.

- Tudo bem. – Toushirou deu um sorriso de canto e abriu um senkaimon. Antes que a porta entre os mundos se fechasse, o capitão ouviu Karin dizer algo. Não entendeu muito bem, mas pareceu um “Volte logo, baka”.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Quando as portas do Senkaimon se abriram, Toushirou já estava em seu esquadrão. Como o esperado, já havia anoitecido há muito tempo. O fuso-horário da Soul Society em relação ao Mundo Humano não tinha uma diferença muito grande, então provavelmente já passava de uma da manhã, mas não se importou. Apenas subiu para seu quarto e se preparou para tomar um banho. Quando foi passando pela sala, viu uma caixa deixada em cima da mesinha de centro. Ele se aproximou e viu um bilhete junto à caixa. Dizia:

“Ne, Shirou-chan.

Esses são alguns feijões doces que a Unohana-taicho fez pra você hoje à tarde. Espero que goste, mas não coma todo de uma vez!

Com carinho, Momo.”

Toushirou sorriu e deixou a caixa e o bilhete onde estavam mesmo. Não estava muito a fim de doces naquela noite. Já tinha comido o bastante por um dia. E nenhum outro doce jamais chegaria aos pés dos que degustara naquele dia. Foram os melhores até onde podia se lembrar. E esses sim ele nunca esqueceria.

Apesar da discrição com que Toushirou voltou à Soul Society, sua reiatsu foi sentida no Primeiro Esquadrão.

- Tudo bem mesmo o Hitsugaya-taicho chegar só agora, Comandante? - Perguntou o tenente.

- Apenas um atraso não irá prejudicá-lo tanto. - Respondeu o Comandante, dando uma discreta olhada para o lado, para a sua mesa, onde estava a nova edição da revista de fofocas da Sereitei. Só me pergunto como Kurosaki Ichigo está reagindo a isso., pensou.  Talvez eu deva proibi-lo de passar aqui por um tempo. Não quero outra guerra nas mãos., pela primeira vez em anos, Genryuusai sorriu. Achava a juventude algo realmente interessante.


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Notas finais do capítulo

Satte, minnah-san... Essa foi a fic.
Quem gostou, por favor, comente. Quem não gostou... Comente também, o importate é ter lido. Não importa se vier pedrada no review. Estará tudo bem, a não ser que xinguem minha mãe. ^^'
Ja ne e obrigada por lerem... Sinto que estou falando isso pras paredes... e_e' ~a wild bocejo appears~
Arigatou mesmo assim. õ/
Ja ne. õ/