Absinthe escrita por Moira Kingsley


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Le Petit, merci! Você é um amor! Adorei sua recomendação. Fico muito grata. Beijos!



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Teleportou-se enfezada para a sua morada, onde foi recebida por uma ninfa de cabelos extensos e muito lisos. Ártemis olhava para o chão com uma fúria que a fazia cerrar os punhos. Que ousadia daquele deus! Esperar que fosse, de bom grado, aceitar tal insano convite.

- Minha senhora, que bom que chegou. Lady Afrodite a espera na sala de música. – Disse e logo após reverenciou em sinal de partida para a cozinha. Por que, por Zeus, Afrodite sempre aparecia nas horas mais inoportunas? Ártemis estava de sangue quente, não aguentaria a doce, carinhosa, dotada de meiguice deusa do amor.

- Era só o que me faltava! Aquela...

- Opa, opa. Quando você tem muito que falar, é melhor não dizer nada para não correr o risco de se arrepender do que disse. – Foi interrompida por um cantar a meia voz de uma mulher ruiva de longos cílios, esbanjando seu usual sorriso afetuoso.

- Ah, pare de falar cantarolando. Há dois mil anos isso era engraçadinho, agora, não passa de puro masoquismo. – Replicou ríspida se virando para trás e constatando que, decididamente, Afrodite não tinha uma se quer roupa decente em seu enorme closet.

- Sim... Suponho que já tenha tido o diálogo agradável com Apolo, certo? – Perguntou distraidamente, enrolando seu dedo no cabelo avermelhado.

- Como sabe...? Espera aí. – Alarmou-se esgazeando os olhos azuis elétricos. - É claro! – Constatou com um riso de desprezo. - Só um ser maligno como você, com sua percepção intelectual de uma garotinha, pode ter essa ideia. Foi você, não foi? Afrodite, você implantou aquela história de viagem? – Questionou o óbvio.

- Não é fan-tás-ti-ca? – Falou piscando seus grandes cílios vagarosamente. O que fez Ártemis se recordar dos desenhos das princesas da Walt Disney. - Eu preferia Paris, sabe? Pois você poderia esquecer as compras, um pouquinho, e subir no terraço das Galerias Lafayette para apreciar a vista de tirar o fôlego da cidade aos seus pés com Apolo. Sorrir o dia inteiro, só por andar naquelas belas ruas e avenidas! Apaixonar-se outra vez por alguém, quem sabe... – Comentou olhando para suas unhas com ilustrações parecidas às peles de onças-pintadas.

- Você não tem noção, não é?

- Está bem, entendi. – Afirmou pondo as mãos para o alto, como se estivesse sendo rendida por um oficial da polícia.

- Ótimo, porque essa ideia de viagem é-.

-Ok, você prefere Nova Iorque. – Cortou-a erguendo os ombros.

- Não! – Bradou incrédula. - Ai, sua cabeça de vento... Você se finge de sonsa de propósito, estou certa? –Ártemis semicerrou os olhos.  - A sua ideia de reconciliação é totalmente absurda! Eu já cansei de falar, e todos nessa família sabem: nunca o perdoarei.

- Não se esqueça de que foi você quem atirou a flecha.

- O quê?! – Ártemis não podia acreditar que Afrodite estava jogando aquilo na sua cara. -Ele me chantageou!- Tentou contornar e deu um suspiro.  - Não sei porquê continuo a conversar com você... É simplesmente impossível te deixar contra seu precioso amiguinho “raio de sol”.

- Eu sei que ele errou. – Começou com cautela a deusa que olhava em seus olhos agora com uma ternura maternal. - Porém, veja, ele quer se redimir. Então, por que não põe um sorrisinho nessa carinha irritada e aceita a sua oferta? – Pôs uma mão em seu ombro. Ártemis tinha que erguer sua cabeça para falar com ela, pois Afrodite estava usando um salto agulha com uns doze centímetros de altura. -Olha para isso, já vejo rugas... Não devia ser tão ranzinza... – Resmungou fazendo um careta, voltando a ser a mesma deusa da beleza novamente. Ártemis revirou os olhos e falou:

- Não nota que vai contra meus votos?

- No seu voto, minha querida, somente consta que não deverás dar a ninguém. – Declarou se sentando em uma poltrona mais próxima. - Você pode ter contato com homens...

- Chega Afrodite. Alguns minutos com você e a pureza de seu rosto simplesmente evapora com insanidades que saem de sua boca!

- Escute-me, prevejo que depois dessa viagem, tudo irá voltar ao normal. - Anunciou fingindo não ouvir o comentário, para Afrodite, puritano de Ártemis. - Imagine você e seu irmão, unidos de novo. Não cansa de odiá-lo? Não sente a falta dele?

- Você diz isso... Como se soubesse de tudo no mundo!

- Tudo que eu conheço, só sei porque amo. Você devia experimentar. Ás vezes é fácil e outras, complicado. Entretanto, quando senti-lo... Bem, então vai me entender completamente! – Exclamou divertida dando uma pausa em seguida. -Vai dar uma chance? Todos do Olimpo querem vocês de volta ao que eram antes.

- Eu... Não sei Afrodite! Preciso pensar antes. Além do mais, nem sei se Apolo deseja continuar com esse plano intolerável!

- Não. Eu preciso de uma resposta definitiva. Pode-se perdoar, mas esquecer, isso, é impossível. Eu compreendo isso. Mas, esse distanciamento? Não te incomoda? – Perguntou com preocupação. – Se você, até hoje, não quis vingança pelo ocorrido... – A deusa observou de esguelha Ártemis, com um quase sorriso.

Vingança. Essa palavra ressonou em sua cabeça. Isentar Apolo estava fora de questão. E sete dias oferecendo a ele represálias cruéis o faria, absolutamente, desistir de importuná-la para sempre. Ártemis possuía um gênio forte, dogmático e teimoso. Ela poderia não perceber, entretanto, Afrodite estava contando com esse seu temperamento para conseguir o que almejava.

- Então, o que me diz? – Inquiriu com falsa inocência.

- Tudo bem, eu aceito. – Falou com um pouco de relutância na voz.

- Oh! Estou tão animada! – Levantou-se dando palminhas. - E pode deixar comigo, queridinha, Apolo não será problema. Apostei dez dracmas com ele que não conseguiria te fazer concordar. – Falou rapidamente, enchendo a sala com uma fumaça cor-de-rosa característica, denunciando a sua partida.

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-. Como pude ser tão tola? Estava imaginando como a vingança de Apolo seria e Afrodite me persuadiu daquele jeito. – Falou amarrando os cadarços de seu coturno azul e em seguida sentando em uma das cadeiras vitorianas ao lado de Atena na biblioteca da mesma.

Foi até Atena para informa-la dos acontecimentos e de suas intensões nada dóceis nessa ida à Nova Iorque. Atena era a deusa da estratégia. Nada melhor que a ajuda dela para planos infalíveis contra um inimigo.

- Sabe, a base da persuasão serve para ter acesso à metade direita do nosso cérebro, o nosso lado emotivo. A metade esquerda do nosso cérebro é analítica e racional enquanto a parte que os persuasórios desejam atingir é o nosso lado criativo e imaginativo. Apesar de esta explicação ser algo simples, o desejo de todos os persuasórios é distrair o lado esquerdo mantendo-o ocupado e captar a atenção do lado direito, mandando sugestões inconscientes para que este tome controlo das ações do indivíduo. – Falava entretida, enquanto procurava um livro em sua estante de obras com a letra “A”. Ártemis a fitava com um semblante de confusão e percebendo isso, Atena riu sem graça e continuou:

 - Quer dizer... Sim, continue com o seu discurso de grande irritação. Onde estava? Revanche, certo?

- Realmente, Afrodite me surpreendeu tendo esse trunfo na manga. Porém, eu até posso embarcar nessa emboscada fajuta, mas Apolo vai ter o que merece. Afinal, primordialmente, eu sou uma deusa da vingança. 


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Notas finais do capítulo

Chato. Isso resume esse capítulo. Esse texto foi o resultado de dias sem inspiração. Mas quem sabe, com alguns reviews, eu tenha mais ideias? :p