A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 26
Cap. 25 - E o fim está próximo.


Notas iniciais do capítulo

Oi
Enfim, o penúltimo capítulo da história.
Torço muito para que gostem,
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/240571/chapter/26

Capítulo 25

“ E o fim está próximo.”

Enquanto caminhavam sozinhos em busca da manada de monstros que Ares enviou-lhe, Kurt não pode deixar de desfazer uma pequena dúvida, e completamente irrelevante devido as atuais circunstâncias.

- Você me contou que Megan guardou as cartas que eu destinei a ela. Você também fez isso? – Kurt perguntou, lembrando-se das últimas vezes em que escreve à Arnold, quando já estava na prisão e planejava a emboscada. Ele havia conseguido um meio clandestino, através de seus companheiros da prisão, de se comunicar com pessoas de fora. Arnold foi o único com quem ele falara.

- Queimei todas, e fique tranquilo, Megan nunca desconfiou de nada, nunca me viu lendo qualquer bilhete seu. A emboscada foi mantida em sigilo por todo esse tempo, até você colocá-la em prática, e veja, já estamos perto de seu final... – ele demonstrou abrindo os braços e um sorriso esquisito ao perceber como o tempo passara rápido. Somente Arnold pensava assim, pois Kurt lembrava-se de cada segundo enclausurado.

Ao descerem a montanha, ao longe podiam ver quem tanto procuravam. Sentiam-se totalmente ansiosos por acabar com todos ele, mesmo Arnold, que não era diretamente envolvido com a história, a não ser por sua duvidosa amizade com o senhor Spencer.

Sem hesitar, o filho de Ares que os acompanhava há pouquíssimos minutos, seguido por um exército de monstros e também de sua irmã, olhou para Kurt ao avistar uma mulher parada, como se esperasse que a alcançassem. Ele assentiu confirmando que aquela fazia parte do grupo que caçavam. Quando Megan se virou para trás, Elliot pegou impulso e sem esperar pela ordem, arremessou sua lança certeiramente no tronco da filha de Atena.

Arnold assustou-se e parecia não acreditar no que via, mas seu espanto não durou muito tempo. Quando chegaram próximos de onde estava a mulher condenada à morte, puderam ouvir suas últimas palavras, estas sim, dignas de uma filha da deusa da sabedoria. Kurt sentiu um imenso pesar, por Megan.

- É preciso coragem para enfrentar os dias tristes, e não sei se ainda a detenho dentro de mim, porque o exterior pouquíssimo mostra do que há por dentro. – Ela fez uma pausa, resfolegando, engasgada com o próprio ar. – Já era hora, adeus Annabeth.

E assim fechou os olhos, no momento em que um par de botas sujas postavam-se ao seu lado como o homem sarcástico que era, disse com um imenso sorriso:

- Aqui está a prova de como senti saudades – e chutou o corpo inerte de Megan. Foi o que bastou para irar todos e fizesse Annabeth avançar com suas mãos em direção á garganta de Kurt, contudo, pouco estrago teria feito mesmo se ele não a tivesse empurrado contra o solo congelado, mas ainda suficientemente fofo para amortecer o impacto.

Cansados de esperar ambos os filhos de Ares deram o sinal para que avançassem contra os semideuses que ainda estavam em pé, prontos para confrontar-lhes quando os alcançassem. E no exato instante em que o sol brilhava exatamente acima de suas cabeças, o embate consumara-se.

Rapidamente os semideuses sumiram pelo emaranhado de criaturas grotescas e completamente irracionais, comandados por um alucinado sedento por vingança indevida. Mal sabia que estava condenando-se aos campos de punição no Mundo Inferior, no ímpeto de fazer justiça cometendo uma injustiça. Era fruto de escolhas erradas que o próprio Kurt fizera, e os humanos estavam acostumados a isso.

Os cinco meio-sangues se desdobravam para conter os golpes destinados a eles, eficientes para sua própria sobrevivência. Até Giovanna, que pouco ou nenhum treinamento possuía, deixara-se levar pelo instinto, pois também não tivera opção. Seus movimentos, com uma lâmina qualquer emprestada junto a Thalia, eram certeiros e no tempo perfeito em que deveriam ser desferidos, como se o próprio rei dos mares os guiasse.

A Caçadora recorria à sua aljava com frequência. Lançava flechas de curta e média distância fazendo com que pó dourado cegasse os que tivessem à meio metro de onde explodiam os monstros. Uma pequena faca era enterrada nos umbigos das criaturas que se aproximavam por trás de Thalia, mesmo que ela duvidasse que os filhos do Tártaro os tivessem.

Nico, Percy e Annabeth continuavam com a dança do metal, atacando, recuando e desviando sempre que era possível não obter mais um ferimento para suas coleções. Não contaram, mas não havia dúvidas que lutavam com mais de cinco monstros cada, que promoviam golpes de todas as direções, mas já havia sido pior, quando a quantidade de monstros superava quinze para cada semideus combatente.

Afastados em pelo menos três metros de onde o corpo a corpo se dava, estavam as quatro criaturas mais desprezíveis dali: os dois leais ao deus senhor vosso pai, o traidor com sua única lágrima seca no rosto e aquele que iniciara toda a rebelião infundada. A mulher, com seus cabelos revoltosos e o sorriso de escárnio parecia pronta para lançar-se ao meio da batalha, mas Arnold a impedira, ao passo que Kurt e o outro homem mantinham-se mudos apenas olhando, como quem está ali apenas para divertir-se, e talvez fosse isso mesmo. Para que lutar se tinha quem o fizesse por eles? Pode-se observar o massacre quando se tem a maioria, e enquanto isso os deuses os assistiam guardar-se para o fim. A esse ponto, Ares nada mais teria a esconder.

***

Mais uma vez, todo o Olimpo encontrava-se em nervos, extasiados com a guerrilha que acontecia em Highlands e Megan havia sido a primeira vítima. Uma lágrima solitária escorria pelo rosto de Atena enquanto Ares não pode deixar de expor um sorriso discreto, porque sabia que era questão de tempo até que os meio-sangues cansassem e se entregassem à morte. Esse era o seu jeito de agitar as coisas.

Ele não passou despercebido. Hades, que há muito desconfiava do sumiço em massa de algumas criaturas do Tártaro percebera que tudo era obra do deus da guerra, confirmado por seu sorriso sádico ao ver o sofrimento inaudível da deusa da sabedoria. Antes, havia investigado se era plausível sua desconfiança de que o próprio Ares libertava os monstros das profundezas do inferno, até que descobriu o acordo com Tânatos, a personificação  da morte, já que este era mais um que lhe devia antigos favores. Ele se manteve em silêncio pelos dias que se seguiram, mas já era hora de mostrar a verdade aos outros.

- Admira-me que esteja tão animado ao ver nossos filhos prestes a encarar a morte, Ares. – Hades disse sem ao menos se levantar de seu imponente trono negro, à esquerda de Poseidon. Todos os olimpianos viraram-se de súbito ao surpreso deus que fora acusado. Tentando disfarçar, deu de ombros.

- Não é segredo que não gosto de nenhum deles, especialmente de Percy Jackson. – ele rosnou ao pronunciar o nome do garoto, mesmo que um dar de ombros fosse forjado.

- E por que não dar um jeito de lhes provocar a morte, não? Assim suas traquinagens não seriam descobertas... seus filhos não são tão espertos quanto os herois da guerra contra Cronos. Sem contar que Percy sempre fora uma enorme pedra no seu caminho, pela qual você não conseguiu passar. – ele riu abertamente, e alguns acompanharam.

Ares semicerrou o olhar enquanto Zeus se remexia impaciente em seu trono, que era o mais majestoso dali, digno de acomodar o deus dos deuses, senhor do Olimpo. Poseidon travara o punho e olhava odiosamente para o deus da guerra, enquanto os outros assistiam ás revelações de Hades quase sem piscar para não perderem nenhum detalhe.

Atena foi a próxima a falar, com a voz fria.

- Você provocou a morte de Alliz, não foi? Não foram eles – ela apontou para o trio filho de Cronos – e me pergunto o porque de ter feito isso. – ela afirmou. Ares pareceu se convencer de que não havia mais como esconder o jogo, seria a hora de revelar tudo, e por mais incrível que fosse, ele continuava a demonstrar divertimento.

- Demorou para perceber. E respondendo à sua indagação, eu somente digo querida deusa Atena, a mais sábia do Olimpo... desde quando preciso de motivos para provocar uma batalha? Você é a deusa da justiça, e não eu. E ainda havia a profecia, ou se esqueceu desse mero detalhe? A garota morreria hora ou outra, eu só apressei as coisas. – ele falou como se tivesse diante de seu grande feito. Isso apenas irritou ainda mais aqueles que eram diretamente envolvidos da atual situação.

Zeus rangia os dentes enquanto Hera parecia satisfeita com a discórdia, algo incomum vindo da deusa dos laços matrimoniais, mas era certo de que ela não gostava dos semideuses, de nenhum deles. Todos os olimpianos esperavam um posicionamento do senhor dos céus, mas este parecia pensar, até encontrar algo racional e imediato a se fazer.

- Você está ajudando aquele mortal insano, isso está claro, e sua brincadeira passou dos limites Ares. Inocentes morreram, você compreende o que é isso? Faz pouco mais de dois meses que derrotamos Cronos e você já está incitando uma nova revolta. Basta. Ordene que o tal de Kurt pare imediatamente, e deixem os meio-sangues em paz. Isso é uma ordem e certamente todos estão de acordo. – Ele estava notoriamente irritado, afinal, era característica de Zeus ter um temperamento explosivo.

Ares sentou-se novamente em seu trono e cruzou os dedos. Por um tempo, permaneceu calado, até que Atena segurou-o pela jaqueta de couro fazendo-o assustar-se. Levantou-se de súbito e quando fez menção de empurrá-la, Poseidon e Hades aproximaram-se e o jogaram de volta ao seu trono. Sem brincadeiras, foi assim que Zeus havia dito.

- Não posso fazer nada. Minha participação na emboscada acabou, e Kurt Spencer está fora do meu controle, sinto muito. – ele ironizou, enquanto muitos o fuzilavam com olhares fulminantes.

- Você pode, sempre pode. Inverta sua tática e acabe com isto. Se mais alguma vida se esvair por ações suas, considere-se banido do Olimpo. Eu mesmo o farei. – Poseidon falou.

- E mesmo que consiga, não escapará impune. Esteja certo, e aja agora. – Zeus deu o ultimato, e ele não teve outra escolha a não ser acatar. Ares começou a preocupar-se com as consequências dos seus joguinhos, e havia bons motivos para isso.

 ***

Pela montanha abaixo se via correndo e rugindo o Leão da Nemeia, cuja pelagem contrastava com o branco da neve que cobria a terra onde pisava. Quando o viu, Percy pensou se poderia ser um bom presságio ou então mais um ser a matar. Em meio ao aparecimento das bestas mitológicas – já que Nico lutava com uma mantícora – ele não se surpreenderia caso a Hidra de Lerna desse o ar de sua graça também, mas com o único resquício de sorte com que poderia contar, desejou que nada mais aparecesse.

O leão se aproximava perigosamente e algumas dracaenaes assustavam-se com seus enormes dentes notoriamente afiados. Kurt sorriu, imaginando o espetáculo que enxergaria ao ver a fera abrindo a garganta das crias dos três grandes e arrancando as entranhas de Annabeth, e então teria sucumbido mais uma filha de Atena. Pensou se assim sua emboscada estaria completa, mas não soube ao certo responder, mesmo que tivesse dentro de si a certeza de que a alma de Alliz fora lavada com o sangue daqueles atraídos por ele à Highlands, onde a garotinha mostrara seus melhores sorrisos.

Mas o que aconteceu de fato ele nunca esperaria. Antes que alcançasse o local onde semideuses e monstros lutavam, o monstro originário de Tifão e Equidna  mudou de direção e saltou para o local onde estavam assistindo à espera de que os semideuses fossem mortos. Quando se deu conta, Myrna, a filha truculenta de Ares jazia no chão com a garganta rasgada pelo Leão de pele impermeável. Elliot sacou sua espada para confrontar o monstro, ele não sabia que não conseguiria ferí-lo, por seu pelo ser tão duro quanto ferro. Assim como quem mergulha no Rio Estige, o Leão de Nemeia era invulnerável.

Arnold demonstrou quão covarde sempre fora. Deu as costas à Kurt e se afastou o mais rápido que pode de onde estavam, sem olhar sequer uma vez para trás, e então o sádico mortal que planejara e executara a emboscada se deu conta de que todos os seus aliados o traíram, no momento em que Elliot dava os últimos suspiros de vida, com sua barriga completamente retalhada.

Os semideuses finalizavam os monstros restantes com golpes retirados da força dos deuses olimpianos, era o que parecia. Exaustos e completamente encharcados de suor, todos os quatro explodiram seus últimos monstros no momento em que Nico cravara sua Stygian na cabeça da mantícora com que lutara a maior parte do tempo. Foi quando puderam olhar para onde se direcionava Kurt e ver dois corpos jogados ao chão totalmente multilados e não se depararem com a presença do traidor Arnold. Thalia sabia que era questão de tempo até que ele desse as costas ao mortal.

Agora, tudo que viam era a besta avançar para um Kurt totalmente inofensivo. Ele não teria como se defender, não dessa vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, o último capitulo será postado quarta-feira, dia 23/01.
Mandem reviews neste e no último capítulo da história.
Obrigado por terem lido,
Bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Emboscada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.