A Emboscada escrita por Lana


Capítulo 25
Cap. 24 - Uma mancha de sangue sobre a neve.


Notas iniciais do capítulo

Oiiii
Gente, este é o antepenúltimo capítulo. Sim, definitivamente está acabando, mas tudo que é bom tem um final...
Tomara que todos gostem desse, foi um pouquinho complicado escrevê-lo, ainda mais depois de um bloqueio criativo.
Boa Leitura, e não deixem de comentar! ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/240571/chapter/25

Capítulo 24

“Uma mancha de sangue sobre a neve.”

Arnold batia ininterruptamente na robusta porta da cabana, em sinal de impaciência. Não demorou muito para que Kurt aparecesse demonstrando que se recuperara consideravelmente do embate de horas antes, e agora, parecia mais obstinado do que nunca em concluir o seu plano.

O deus da guerra lhe dera uma nova chance de destruir os cinco meio-sangues que estiveram à sua mercê, e que naquele momento escorriam pelos dedos da montanha, e ele sabia que talvez essa seria sua última chance antes que Ares lhe impusesse a sentença mortífera. Entretanto, ele já havia conseguido atrair os semideuses, estando eles muito perto do sádico mortal, já que Highlands era traiçoeira e ele a conhecia como a palma da mão, assim como seu aliado revelado Arnold Armstrong.

- Trago notícias. Encontrei com Bradford, o líder da Ku Klux Klan que quis se divertir com Annabeth, e ele me pediu que o levasse até a pousada.

- E você o levou? Achei que tivessem rompido a amizade depois que saiu do movimento, Arnold. – Kurt falou, desinteressado.

- Até você acreditava que eu realmente estive fora da KKK por todo esse tempo? Eu nunca me desliguei completamente do grupo, só me distanciei, porque eu mantinha algum sentimento amoroso por Megan. O tempo desgastou nossa relação e eu cansei de toda a farsa. O levei até lá, mas não terminou nada bem pra ele, que está de volta à prisão. – ele contava calmo, denotando todo o egoísmo que tinha dentro de si.

- Isso já não é importante. Vamos ao que nos interessa: mais algo que eu precise saber? – Kurt analisava Arnold enquanto organizava sua mochila, que não demonstrava ter nada mais que casacos pesados e alguma comida empacotada, além de água. É o que precisaria por hora.

- Apenas algo que notei hoje, assim que entrei na pousada com o Alliston: Megan guardou as cartas que você a endereçou e mostrava aos seus odiados meio-sangues, Kurt. Notei que ela também estava com uma foto da sua filha, se prendendo a lembranças que estão se distanciando com o tempo.

Kurt não falou nada. A impressão que passava a Arnold é que um mísero resquício de recordação dos tempos em que Megan lhe ajudara voltava à sua mente, e ele não poderia negar que a considerara uma mãe, quando ainda tinha um coração. Sentimentalismos já não tinham espaço dentro de si, mas ainda assim, ponderou sobre a informação de Arnold.

- Talvez ela queira um subterfúgio. Uma prova de que um dia, Alliz foi real em sua vida. Minha filha gostava muito dela, mesmo sendo tão pequena quando fomos embora. Bom, acho que não temos tempo para conversa mole, temos assuntos urgentes. – ele fez uma carranca, olhando severamente ao outro.

- Eles vão embora. E qual será o plano, Spencer? Eles já devem ter deixado a pousada há essas horas. – Um Arnold incisivo pontuou, atendendo ao apelo do comparsa.

- Eu esperava que você me dissesse por qual caminho eles provavelmente seguiriam. Não tenho tempo para buscas abstratas. – Kurt devolveu, no mesmo tom cínico de que compartilhavam há tempos.

- O tempo não está favorável, eu diria que eles tentariam o caminho menos perigoso, onde a trilha não é tão inclinada. Acho que o sentido sul é o mais indicado. – estava pensativo, analisando a possibilidade de estar correto.

- Existe alguma outra rota? – Kurt quis explorar as alternativas, esperando um tiro certeiro.

- Eles não seriam tolos o suficiente de enfrentarem o leste, onde o terreno é escorregadio. Acho que o norte também não é viável, Megan diria isso a eles antes que partissem, e bem, eles não viriam pelo oeste sabendo que na base da montanha encontrar-se-iam defronte a essa cabana, embora seja o caminho mais curto.

- Isso me convenceu. Eles têm uma filha de Atena no grupo, pelo menos ela deve ter pensado racionalmente nessas possibilidades. Vamos, não há nenhum segundo a perder. – Kurt mantinha a postura implacável, confiante de que dessa vez não falharia. Arnold hesitou por um instante.

- Mas iremos assim, sozinhos? Francamente Kurt, nós somos apenas mortais, não teríamos chances com cinco semideuses.... – ele franziu as sobrancelhas olhando confuso a seu parceiro.

- Assim que eu sair dessa cabana, uma boa quantidade de monstros virá em nosso auxílio. Ares avisou que cuidaria disso, como tem feito até agora. – O mortal que ansiou por cinco anos pela emboscada estava demasiadamente tranquilo, ainda que vez ou outra apertasse suas próprias mãos.

O outro não parecia completamente convencido da última resposta que lhe foi dada.

- Monstros são criaturas irracionais. Como poderemos saber se eles serão controlados e não nos atrapalhar?

- Eu temi que isso acontecesse, e Ares afirmou que ajudaria enviando dois filhos seus, semideuses também, para que nos ajudassem. O deus está nos espionando, e não haverá erro dessa vez. -“ É o que eu espero.” Kurt completou mentalmente.

- Algum tempo atrás você imaginaria que ter uma filha com Atena desencadeasse essa revolução toda, transformando completamente tudo o que você foi um dia? – Arnold perguntou de supetão.

Kurt, muito surpreso, se preparou pra responder parecendo escolher muito bem as palavras. Ele nunca havia pensado em tal suposição.

- Sinceramente, a nossa imaginação nunca nos trairia. – ele engoliu seco.

Sem esperar um segundo a mais, ambos recolheram duas facas de metal pesado, uma para cada, e saíram para encaram a neve frente a frente, e dar fim á vida daqueles que já deveriam ter perecido pelas mãos de um assassino como Kurt Spencer, afinal, muitas pessoas já tinham morrido em prol de sua emboscada e não seria agora que jogaria tudo pro alto, fosse qualquer o preço que tivesse que pagar.

***

Apressados, eles caminhavam rapidamente pela neve fofa e muitíssimo escorregadia suspirando pesadamente sob a atmosfera pesada da altitude. Por estratégia de Megan e Annabeth, decidiram descer a montanha pelo lado sul, pois era o caminho onde encontrariam as melhores condições relativas a situação temporal. Não sabiam que seria esse mais um erro.

Era a segunda vez que acontecia na mesma semana, e esta não poderia estar pior. A nevasca que atingia Highlands era implacável, e nada poderiam fazer para amenizar os seus efeitos. E encontrar abrigo esperando que a mesma passasse estava indubitavelmente fora de cogitação, pois era uma corrida contra o tempo, e claro, contra aquele que os perseguia: Kurt Spencer.

Megan estava resoluta, disposta a enfrentar o que lhe viesse à frente para defender aqueles que lhe eram leais e que compartilhavam da mesma natureza. Sentiu-se tola demais por ter sido enganada pelo marido e nem sequer  suspeitado de tal situação vil. Arnold fingiu por mais de dez anos, e muito bem por sinal, já que uma filha de Atena não suspeitara de suas intenções. Isso tornava o fato ainda mais estranho.

Ainda perdida no tempo, lembrou-se de como Alliz tivera sido um grande presente em sua vida, e ela se deu conta que seria a única coisa boa que prevalecia diante de toda aquela história, mas infelizmente a garotinha caiu diante da vaidade alheia, e isso machucava todos ali, até os que não a tinham conhecido. Megan não acreditava que tivesse sido os Três grandes a tramar a morte da garotinha, na verdade, ela tinha outras suspeitas.

Giovanna, que incrivelmente não havia dito nem sequer uma palavra depois de ter golpeado o desprezível Alliston Bradford, pareceu compartilhar dos pensamentos da semideusa mais experiente entre eles.

- Fico pensando como deve ter sido triste para a Alliz ter tido um pai como o Kurt. Ela era tão linda... não tanto quanto eu, claro. – ela piscou os olhos, e ninguém teve ânimo pra rir de seu convencimento desmedido.

- Mas ele não era assim. Todos vocês se surpreenderiam se tivessem conhecido Kurt Spencer a anos atrás como eu conheci, porque ele não se parece em nada com o monstro que é hoje. É a prova viva de que as pessoas nem sempre mudam pra melhor.

Um grande silêncio se instalou entre eles e as imensas árvores entre as quais atravessavam. Pinheirais se estendiam abaixo da colina, além do que a vista podia alcançar enquanto a neve machucava os rostos em seu beijo gelado. Encolhidos dentro das vestes, eles apressavam os passos na medida em que a base se tornava visível, e se os deuses quisessem, Aspen se abriria aos seus olhos em poucos minutos.

As gargantas começavam a descongelar conforme desciam os metros restantes da íngreme trilha, e cada vez que avançavam mais, a confiança de que conseguiriam escapar aumentava, porém Nico sentia que Kurt não desistiria facilmente. Ele iria atrás deles onde quer que fosse, até que tudo tivesse um final.

- Não seria melhor enfrentarmos Kurt de uma vez? Ele não nos deixará ir. – ele murmurou, confuso se sua sugestão tinha fundamento ou não.

- Nas atuais circunstâncias o melhor é que nos aproximemos o máximo do acampamento. Estamos longes de mais para enfrentar todo o perigo sem subsídios. – Annabeth disse.

- Como sempre, Annie está certa. Temos feridos aqui, e todo fatigado demais para nos propor a um embate. – Thalia completou. Percy e Giovanna mantinham-se calados e Megan continuava em outra dimensão, bem distante dali, e só despertou quando chegaram no limite da montanha, prontos pra deixar Highlands.

Todos continuaram seus caminhos, bem mais devagar do que antes, enquanto Megan lentamente se virara para olhar uma última vez para a montanha que fora sua casa durante anos. Agora, ela dificilmente voltaria ali, em especial porque sabia que Arnold tomaria a pousada para si e para suas aspirações neonazistas, e isso apenas contribuía para a intenção dela de se colocar o mais distante possível.

Assim que se prepara para virar as constas uma última vez pra o lugar em que viveu, Megan viu um aglomerado de criaturas se revelar por entre as árvores, reconhecendo duas figuras à frente: Kurt e Arnold. Mais atrás, vinham os grupos guiados por um homem e uma mulher truculenta, ambos com a cara amarrada e empunhando lanças com pontas afiadíssimas. Eles a viram, e ela se pôs a correr buscando alcançar os outros.

Ofegante, Megan gritou.

- Socorro! Olhem para trás, rápido! – ela berrou desesperada, repetindo por várias vezes para que a ajudassem. Quando finalmente escutaram, todos pararam abruptamente.

Os meio-sangues olharam para Megan no exato instante em que uma lança arremessada contra ela transpassava seu abdômen, e ela sucumbia manchando a neve de sangue.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É... Megan morreu. E agora?
Prometo que no próximo capítulo descobriremos. =)
Mandem reviews, e recomendações também.
Bjs



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Emboscada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.