Bigger Than Us escrita por IsaS


Capítulo 5
CAPÍTULO 4º


Notas iniciais do capítulo

DEMOREI, EU SEI! Meses, sei. Não estava tentando ser cruel, de forma alguma - antes que vocês possam me julgar - estava enrolada com a minha vida. Vou tentar me mantes na linha e sempre postar a história, okay?

Boa leitura!



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Quatro


PDV – Charlotte


Mas que porra eu estava fazendo? Por que diabos estava ajudando aqueles dois seres lindos e idiotas? Eu não deixava de me perguntar, enquanto eles me seguiam pelo imenso corredor até a entrada principal. Caminhei lentamente pela calçada com as mãos no bolso do moletom, segurando com firmeza a chave do Impala, que havia furtado. Inclinei-me para eles, quando chegamos perto do carro e Dean parecia procurar a chave. Eu a mostrei e eles me encaram inquietos, enquanto eu sorria, feliz em ver a angustia em suas feições.


– Sam, vá atrás. Você parece um pouco tonto, e talvez relaxe um pouco. – ele não me respondeu, apenas me olhava confuso, como se eu falasse outra língua.


– Você roubou a chave do meu carro? – perguntou Dean, com uma mistura de expressões que variavam de raiva à surpresa.


– É o que parece. – lhe dei um sorriso cínico, e não esperei por mais uma palavra de sua boca. Entrei no carro e coloquei a chave na ignição mas fui impedida de girá-la, pois a mão de Dean apertava a minha com força, seu corpo estirado para frente, quase pulando a janela pelo lado do motorista, ainda fora do carro.


– Saia do meu carro agora. – mandou, como cara de louco. E sem poder me conter, eu ri.


– Você não tem condições de dirigir, então, por favor, sente sua bunda aqui do meu lado, e vamos embora! – mandei, evitando sentir a súbita histeria que subia pela minha garganta. Senti as bochechas queimarem, e quase desisti de pedir a ajuda daqueles idiotas, já que eu estava engolindo loucamente meu orgulho, e eles estavam sendo... idiotas!


– Me dê! – tentou tirar a chave da ignição, mas eu o impedi.


– Se quiser pegar um ônibus, tudo bem! Mas seu irmão está passando mal e você está caolho! – gritei, enquanto ele me encarava com raiva. – Não vou deixar que seu orgulho mate a você e seu irmão! E essa sua insistência já está me dando nos nervos!


– E por que se preocupa tanto? – perguntou, com um sorriso presunçoso nos lábios. Engoli seco. Porra! Nem eu sabia essa resposta! Funguei e sorri.


– Simples! – dei de ombros, enquanto Dean cedia de má vontade e entrava pela porta do carona e Sam colocava a cabeça no meio de nós dois, curioso para ouvir a resposta. – É triste, mas precisamos uns dos outros por aqui. Vocês querem respostas, e eu também.


– Pra onde vai nos levar? – perguntou Sam, a voz ainda desanimada e sonolenta. Eu sorri desgostosa.


– Pra minha casa. – amém, e lá vamos nós!


Já não aguentava mais! Como Dean reclamava! Arg, parecia um velho, depois de anos sem sexo. Ele precisava disso mesmo! Quero dizer... Não comigo! Claro!


Segui pelas ruas da periferia de Nova York, enquanto Dean dizia que não era seguro rodar por ali com seu carro. Grande merda! Quem disse que eu me importava, mesmo?! A verdade é que as pessoas ali eram apenas simples. Sim, simplesmente simples. Os ladrões de verdade estavam no poder, arrancando o dinheiro daquele povo pobre com seus impostos absurdos. Mas apesar de simples, eu era feliz morando ali, naquela casinha com a tinta branca descascada, assim como havia sido feliz há alguns anos atrás, meu pai e eu. Estacionei na entrada de carros, e respirei fundo, apertando meus dedos em volta do volante.


– Se arrancar meu volante, te bato com ele. – olhei pra Dean, sorrindo, com ironia e alegria para minha expressão de cansaço. É, eu estava cansada. E por isso, o ignorei e saí do carro, entrando em casa.


Por um momento, eu torci para que os Winchester pudessem ter ido embora. Mas se eles realmente tivessem feito isso, como poderiam me ajudar? Como poderiam ajudar minha busca constante pelo desaparecimento da minha vida?! Como poderia buscar respostas sem saber por onde começar? E, querendo ou não, Dean e Sam Winchester podiam me ajudar. Enquanto eu enumerava em uma lista complicada todos os fatores que garantiriam minha decisão – que já havia sido tomada, desde que percebi que os rostos daqueles lindos idiotas não saíram de minha mente – notei que os irmãos já estavam em minha sala, lado a lado.


– Bem vindos. – disse tensa, fechando a porta e me perguntando se deveria fazer aquilo, de fato.


– Você mora aqui? – Sam perguntou, franzindo o cenho dum jeito bonitinho pela dor. Sorri de má vontade.


– Desde criança. – obriguei minhas pernas a se mexerem pela sala, indicando o sofá para os dois homens com o dedo indicador um pouco trêmulo.


– Sentem-se e me esperem aqui. – continuei, fingindo não ver a sobrancelha de Dean, erguida. – Vou me trocar e já volto.


Corri para a escada, sentindo-me completamente sem graça, completamente traidora de meus próprios valores, trazendo dois homens que eu mal conhecia para dentro de casa. Como uma adolescente em crise, me joguei dentro do quarto, batendo a porta e trancando-a em seguida. Andei de um lado para o outro e me senti um pouco melhor ao ouvir o miado de Beagles.


– E agora, querido? E agora?! – perguntava para o bichano, arrancando a roupa aos chutes e procurando algo decente para vestir.



PDV – Sam


Charlotte era maluca. Linda, mas maluca. A frequência que seu humor se transformava era incrivelmente rápida, e eu me sentia ridiculamente burro por nunca acompanhar ao certo suas caras e bocas. E que havia sido aquilo?, eu me perguntava.

Sentia meu estômago doer, como se tivesse levado vários socos. Estávamos – Dean e eu – sentados na sala de estar da estranha. Era pequena, simples, mas extremamente aconchegante. O sol do meio dia iluminava o local, e me perguntei como uma caçadora poderia viver num lugar tão claro e organizado. Quase respondi em voz alta minha pergunta silenciosa. É óbvio que é porque ela era uma mulher.

Dean levantou-se impaciente, vagando pelo cômodo, enquanto eu revirava os olhos.


– Olhe só! – virou-se com um sorriso sacana no rosto, e um porta-retrato na mão. Ele olhou uma ultima vez para a foto, como se quisesse se certificar do que havia visto, e me entregou. Peguei o objeto com petulância e o observei.


Era um porta-retrato com três repartições. A primeira era pequena, em formato circular, com uma foto de uma garota de aparentemente 15 ou 16 anos. Os cabelos ondulados caíam em cascatas escuras pelos ombros, a pele morena lisa e suave, os lábios levemente cheios num sorriso de lado, quase imperceptível. Algo naquela foto exalava ironia e a conhecida sensualidade jovial, fazendo Charlotte parecer uma cigana, uma legítima latina.

A outra era mais atual: o mesmo sorriso de lado, os mesmos olhos quentes e intensos um pouco mais claros, os cabelos mais escuros e densos bagunçados pelo vento.


– Dean! – chamei. Ele se virou e caminhou rapidamente até mim, o rosto preocupado. Apontei para a terceira foto.


Esta exibia várias pessoas: uma mulher magra e branca; dois homens abraçados de lado, parecendo ser pai e filho; uma adolescente, uma criança. E no extremo da foto, no lado esquerdo, Charlotte, abraçada com meu pai.


– Esse é...? – ele não completou a pergunta com a mesma surpresa que eu sentia, estampada nos olhos.


– É. – respondi. No mesmo instante, nossos olhos se iluminaram e esqueci que sentia dor, e que estava hospedado na casa de uma estranha. Afinal, talvez ela soubesse... Ah! Agora tudo fazia sentido! Era por isso que queria nos ajudar! Ela já nos conhecia, de alguma forma... Eu havia esquecido a dor, e havia conseguido sorrir. – Ela o conhecia!


– Sim. – respondeu Dean, com a voz esperançosa e até um pouco, creio eu, aliviada.


~•~


Dean


Várias coisas aconteceram num só instante, e me senti extremamente burro por não conseguir acompanhar a sequência dos fatos.


1º - Sam reparou nosso pai no porta-retrato, enquanto eu só notei Charlotte sorrindo aberta e verdadeiramente, como não havia visto antes.

2º - Uma garota havia passado pela porta de entrada e nos olhou; primeiro surpresa e depois, furiosa.

3º - Ela havia dado um chute no meu saco enquanto eu tentava explicar quem nós éramos...


Era isso mesmo?!


­ – Seus ladrões malditos! – gritou enlouquecida, enquanto eu, caindo no chão de dor, tentava soltar algo de meus lábios que não fossem palavrões e ofensas.


Mas ao ver Sammy sendo imobilizado, pensei em sorrir e bater palmas, mas a situação não era apropriada para comemorações ou sacrifícios, afinal, só tínhamos um ao outro na casa de uma estranha. Gostosa, mas estranha. Resolvi que tinha que fazer alguma coisa, então, com um grunhido, apontei a arma para a garota, tendo a plena certeza de que ela ficaria assustada.

Me fodi, porque, ao ver a arma apontada em sua direção, ela sacou um canivete não sei de onde e o posicionou no pescoço de Sammy, que ainda estava imobilizado, sendo quase enforcado. Tudo rápido demais para o meu gosto!


– Calma. – pedi à garota, sentindo-me o pior caçador do mundo por perder o controle pra uma garota que aparentava ter o quê? 16 ou 17 anos?!


– O que querem? – quase sorri ao pensar que aquele tom era de Charlotte. E falando no diabo...


– Brenda! – ela saltou dos degraus da escada. – Solte-o!


– Mas Charles...! – eu a interrompi.


– Não somos ladrões! – ela me encarou confusa, o rosto branco, agora, vermelho. – Foi o que tentamos te dizer.


Ela me olhou horrorizada, seguindo este mesmo olhar para Sam, como se estivesse chocada pelo próprio erro. Soltou-o depressa e tive que segurar a risada ao ver meu irmãozinho caindo no sofá, com a cara vermelha. Tão esbaforido quanto um peru fugindo do abate, pensei.


– Tenha mais cuidado ou terei que confiscar seu canivete. – Charlotte alertou, e Sam e eu nos olhamos; ele, chocado, e eu, achando tudo muito engraçado, apesar do meu meninão quase ter sido esmagado.


– Me desculpem. – a garota parecia realmente arrependida. – Sou Brenda.


Ela se apresentou e eu a analisei rapidamente. Brenda tinha cabelos ruivos e pele clara com sardas bonitinhas, seus olhos eram escuros e parecia ser só mais uma adolescente que vivia em NY, com all stars e calça jeans rasgada. E se parecia incrivelmente com Charlotte, mesmo que não fosse pela aparência. Inclusive, era ela a adolescente na foto do porta-retratos da caçadora.


– Sou Dean. – me apresentei um pouco duro, ainda decidindo se lhe desculpava ou não. Apontei com a cabeça para meu irmão, ainda esbaforido e sem poder falar. – Aquele é Sam.


– Me desculpe Sam. – pediu mais uma vez, e ele, burro que era, balançou a cabeça, aceitando as desculpas da garota.


– O que faz aqui? – perguntou Charlotte à Brenda, que deu de ombros.


– Pensei em almoçar com você. – ela sorriu docilmente, e de repente, me perguntei se era a mesma garota que havia quase me castrado. Era?


– Tudo bem. – concordou Charlotte. – Suba e troque-se para me ajudar. Temos visita hoje.


Assistimos as duas entrarem em um consenso e seguirem para lugares diferentes. Assim que Charlotte virou as costas para voltar-se à cozinha, percebi que havia colocado uma calça jeans rasgada, e que tinha uma tatuagem em seu ombro direito.


– Elvis Presley? – perguntou Sammy, se referindo à tatuagem. Dei de ombros, não havia notado nada além de seu jeans apertado. Virei-me para ele com um sorriso no rosto.


– Viu?! – ele me olhou curioso. – Somos convidados, moleque!



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Notas finais do capítulo

É isso aí! Tem mais logo logo! Beijão, e não comentem 3