Os raios de sol entravam timidamente pela pequena fresta da janela que a cortina não cobria. Espreguiçou-se e se viu sozinha na cama, com lençóis emaranhados por toda a cama, alguns até caídos no chão, percorreu o olhar pelo quarto, mas não achou a sombra de nenhum corpo. Estava sozinha ali. Sentou-se na cama e passou as mãos entre os lençóis. Sentiu um vento frio bater, e sentiu a falta de roupas. Riu sozinha ao lembrar o destino de suas roupas e o motivo do quarto estranho. Levantou-se cobrindo um pouco de seu corpo com um lençol e colocou a blusa do moreno que ainda estava no chão. Onde ele estava e com que diabos estava vestido? Não importava. Saiu do quarto descalça e ouviu alguns ruídos na cozinha. Andou até lá e parou no corredor assim que viu o moreno no fogão. Riu sonoramente. Ele virou-se ao ouvir o som de sua risada, sorriu de volta.

— O que temos de café? Estou faminta. — se sentou na cadeira da mesa e pegou um garfo em uma mão, e uma faca em outra, pondo-as de pé.

— Bonita camiseta. — apoiou-se na mesa, ficando frente a frente com a moça, que sorriu. Ela deslizou seu olhar do rosto dele para seu peitoral, ele estava sem blusa. Isso era uma boa explicação para acha-la no chão do quarto.

— Eu posso tirar se você quiser. — sorriu para ele e colocou sua mão na barra da blusa, ameaçando tirar. Ele sorriu de lado. — Não! Estou com fome, e quero tomar um café tranquilo.

— Boa ideia! — foi até a pia, onde havia deixado um prato cheio de panquecas e o colocou em cima da mesa. Pegou o café logo em seguida e se sentou.

— Saiu cedo da cama. — comentou enquanto partia um pedaço da panqueca e a colocava na moca.

— Telefone tocou.

— Era ela né? — resolveu falou depois de ficar muitos minutos em silencio, somente com o barulho dos garfos no prato.

— Quem? — ele resolveu encara-la.

— A loira, chata... Sabe, né? — sugeriu sem olha-lo.

— Hm... Era. — voltou a fitar seu prato.

— Já queria voltar, não é? — riu sem graça, enquanto fitava o prato. Não tinha coragem de olha-lo.

A cozinha voltou a ficar em silencio. Não se olhavam nos olhos. Uma vez podia-se ouvir ele suspirando, outra vez, ela. E cada suspiro o clima ficava mais pesado.

— Bom, vou colocar minha blusa — riu ao lembrar que estava com a blusa dele e o olhou finalmente — e ir embora. Alias, ótimas panquecas... Irei falar para o Will que alguém sabe fazer panquecas melhor do que ele.

Ela se levantou da mesa. Ele a acompanhou com o olhar e quando estava chegando no corredor, se levantou da mesa e a segurou pelo braço.

— Espera.

Ela subiu seu olhar para o rosto dele, que sorria sem mostrar os dentes. Ficou de frente ao moreno e arqueou as sobrancelhas. Ele riu completamente agora e a colocou mais perto de si. Foi aproximando seu rosto vagarosamente até roçar seus lábios no dela, que formou um sorriso. Ele sorriu também, e logo a beijou.

 — A noite inteira não bastou não? — ouviu a voz de Flea, seguido das risadinhas de John e o barulho da porta se fechando. Eles interromperam o beijo e Anthony sorriu abertamente para Flea, que fez a mesma coisa.

— Obrigada pela hospedagem da casa, Flea. — ele sorriu.

— Bela blusa, Linds... — John falou calmamente.

Ela riu.

— É, é uma ótima blusa, mas... Preciso colocar a minha para ir para casa.

— E voltar daqui a pouco com os caras porque temos ensaio hoje aqui. — Flea falou.

— Verdade — quase gritou. — Vou me trocar rápido então. Já volto.

Assim saiu quase correndo de onde estava e foi para o quarto, enquanto o moreno sentava-se no sofá perto de Flea e John que sorriam para ele feito crianças.

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— Onde você estava Lindsay? — Will se levantou do sofá num pulo assim que viu a silhueta da moça na sombra abrindo a porta. Ela deu um sorrisinho tímido.

— Na casa do Flea... — percebeu que o rapaz esperava uma continuação ainda. — com Anthony. — abriu um sorriso como daquelas garotas de propaganda da televisão.

— Deveria ter avisado. — sorriu finalmente.

— “Mas não gosto dessa relação dela com o Anthony, ele tem namorada, ela é chata e tenho medo do que ela possa fazer contra a Linds...” — Nate apareceu na sala afinando a voz ao falar. Ele olhou para o moreno que lhe lançou um olhar feio. — Will ficou preocupado e falou que iria arrancar suas orelhas. — falou daquele mesmo jeito calmo que tinha. O ruivo era na verdade, o mais calmo de toda a banda. Talvez o abuso de drogas o deixasse ainda mais calmo invés de eufórico.  — Falei mil vezes para ele que você estava bem. E estava com meu carro. — ele riu acompanhado com ela.

— Linds... Você dormiu com ele? — o moreno perguntou sério.

— Will, para de cuidar da vida sexual da garota. Coitadinha merece de vez em quando essas coisas... Mas só de vez em quando, viu Linds... Não quero você sempre dormindo na casa de namoradinho nem nada. — dizia algumas frases típicas de pessoas moralistas enquanto sorria. Ela riu sonoramente.

— Ele tem namorada, Nate! — retrucou.

— Tinha. — ela respondeu rápido.

— Como se a relação dele com a Yohanna não fosse instável desse jeito desde sempre, né?

— Will... Acredito que a Linds saiba o que ela faz. — Nate disse enquanto acendia um baseado. — Quer? — ofereceu para a moça que recusou e sibilou um obrigada.

— Espero que saiba mesmo, Linds... — se aproximou dela e lhe deu um beijo na testa. — Acredito em você, nele que não... Mas tudo bem, vou me arrumar por que hoje tem ensaio, né? — ela assentiu com a cabeça e ele foi para o seu quarto.

— É! — o ruivo se aproximou da moça também. — toma cuidado! E espero que me carro ainda esteja inteiro. — riu junto com ela.

— Sim, ele está inteiro.

— Ufa! — suspirou — e não está com cheiro de sexo, né? Odeio cheiro de sexo dos outros.

— Não, não tem cheiro de sexo. — riu — fica tranquilo. Vou tomar banho agora para irmos para a casa do Flea.

— Isso, vá tomar banho para tirar esse cheiro de sexo.

— Se foder, Nate! — saiu da sala rindo enquanto o ruivo ficou lá, sentado fumando.