- Finalmente. - Bufei ao entrar na Range Rover com Alfredo no carona e Scooter logo atrás, como uma criança. Puxei o cinto de segurança e dei partida rapidamente, cansado dos paparazzis. - Que saco. - Suspirei, olhando para baixo, mas segundos depois voltei a dar atenção ao trânsito.

- Você mal liga para eles. Não comece com isto agora. - Repreendeu-me Braun. Eu iria responder e iniciar briga, mas decidi ficar calado, é o melhor a fazer.

- Vamos para o estúdio?

- Sim.

- Quais canções você já tem prontas, e o produtor disse que pode gravar, pois contêm ritmo e tudo aquilo necessário?

- Turn To You. O dia das mães é daqui uma semana, e esse será meu presente para ela. - Sorriram.

- Maravilhoso, garoto.

- Eu sei, sou demais. - Dei de ombros, parando no sinal, bem próximo das faixas de pedestre. Aliviei-me.

- Também Right Here, mas preciso falar com Drake primeiro, para nosso feating. All Around The World, junto de Ludacris, e só.

- Garoto, você precisa escrever músicas logo.

- Me falta inspiração. Foi como eu disse, sem uma garota, as ideias somem.

- Então você só conseguirá colocar o talento para fora se estiver namorando?

- É por aí mesmo. - Respondi, acelerando e chegando, após três minutos, no estacionamento da grande gravadora Island Records. Saí, trancando as portas e andando como um pato, sem mexer muito o quadril. Levantei a calça mas, obviamente, ela ficou na altura do joelho com três passos meus. 

- Você adora isso, né. - Fredo riu, me zoando.

- Sim, e minhas fãs também. - Pisquei, colocando-o no chão. Fui para a pequena sala e apertei a mão de meu parceiro, Max Martin. - E aí, bro. - Dei batidinhas em suas costas. Coisa de homem.

- Tudo bem?

- Sim, e com você?

- Ótimo, como sempre. - Sorri de lado, sentando na cadeira.

- Justin, o papel com a letra da música já está ali. - Apontou, indicando o local do microfone gravador, onde têm apenas luzes fracas para iluminar e me deixar mais confortável, e concentrado.

- Beleza.

- Yeah. - Suspirei. - You worked two jobs to keep a roof above our heads. You chose a life for me, no never gave up, I admire you, for the strength you’ve instilled in me. - Respirei fundo, deixando-me levar pela letra que conta a história de minha mãe, a mulher mais corajosa que conheço. - You were so young, you were just my age when you had me, mom, you were so brave! - Dei um grito controlado. - There was nothing gonna stop or get in our way. And I know you will always be there for me. - Sorri com a frase. - So when you’re lost and you’re tired, when you’re broken in two, let my love take you higher, 'cau- Me interrompi no mesmo momento. - Martin, posso gravar essa parte de novo?

- Qual o problema, garoto? - Perguntou Scooter.

- Não gostei do tom. - Respondi, fitando-o.

- Tudo bem. Quando quiser. - Me deu autorização.

- So when you’re lost and you’re tired, when you’re broken in two. - Bati a mão na coxa, ainda sem ter o resultado que queria. - So when you’re lost and you’re tired, when you’re broken in two. - Fiz um balanço de volume com a voz, como se eu estivesse sussurrando, me comovendo com cada coisa pronunciada. - Let my love take you higher. - Levantei a sobrancelha direita, fazendo o gesto igualmente com a cabeça. - 'Cause I, I still turn to you. I still turn to you, I still turn to you. - Mordi o lábio inferior. - Isso! - Comemorei com uma dancinha e Alfredo zoou.

- Criança, não temos o dia todo. - Repreendeu-me Braun e deu a língua. Retribuí, voltando a acalmar-me. 

- It was ’94, the year that everything started to change, from before. - Fiz uma pausa proposital. - You had to be a woman, you were forced to change your ways. - Relaxei a garganta. - To change your ways. - Permiti que saísse de dentro, com todo o sentimento possível. 

- Then you founded the lord, you gave your life to him. And you could not ignore the love he had for you. - Dando dois passos para trás, voltei para frente. - And I wanted more, of your heart. - Fiz um efeito de gemido instantâneo. Como não é necessário se gravar duas vezes o mesmo refrão, já que Max os junta na produção, pulei mais para baixo. -I don’t know what to do if you left me, so please don’t go away. - Tive de conter a vontade enorme de chorar ali. Parar e lembrar de tudo que passamos até chegarmos aqui é difícil para mim, e controlar as sensações, mais ainda. Pattie é a razão de minha vida. Sem ela, não seria nada. Peguei todo o ar do pulmão e cantei, cheio de atitude. - Everything that you are is who I am, who I am today. Yeah. - Me recompus, após colocar toda minha força na frase. 

- Agora o final, apenas. - Avisou Martin. - Vai, Bieber. - Me preparei.

- To you, to you, to you. I Still Turn to you. To you, to you, to you. Cause I, I turn to you. - Permiti-a sair meiga e doce. De um jeito que conforme a pessoa que ouvi-la. - Oh, oh, oh. - Bateram palmas e tirei o fone, apoiando-os na cadeira, sorrindo num gesto de agradecimento. 

- Ficou ótimo.

- Já consigo ver Patricia chorando e te chamando de "meu bebêzinho" enquanto lamenta por você ter crescido tão rápido.

- Fazer o que cara, o tempo passa. - Levantei os ombros, gabando-me, e indo até eles. Abri a pequena geladeira, agachando-me, pegando uma garrafa d'água em seguida e bebendo para refrescar. - Está bom mesmo? - Aproximei-me de MM, analisando cada movimento dele.

- Claro. Aguarde uma hora aí, e verá o resultado.

- Uau, nem vai demorar muito. - Joguei-me no sofá.

- Em compensação de quando gravamos Santa Claus Is Coming To Town, você tem razão. - Olhou-me, senti tiros me atacando através de seus olhos.

- Ow, desculpe. - Defendi-me, fitando o teto.

- Não acha melhor voltar com ela? Quem sabe assim consegue escrever mais músicas. - Sugeriu Scoot.

- Do que você está falando? Selena?

- Óbvio, quem mais seria?

- Jasmine. - Fui irônico. - Shay Misuraca. Ela está linda.

- Justin, isso é coisa séria. Seu trabalho está nas mãos da inspiração, e ela sumiu.

- Bro, vou dar um jeito. Mas para os braços dela, eu não irei novamente.

- Por que? Até hoje não nos contou o motivo da separação de vocês.

- E não pretendo agir dessa forma. - Bufei, ficando de pé e ajeitando a calça. Pus o plástico sobre a mesa de bagunça e ajeitei a touca. - Vou para casa, estou cansado. Você me liga e manda algum link, com a finalização.

- Pode deixar. É sempre ótimo trabalhar com você. 

- Valeu. - Fizemos um toque. - Flores, vem comigo?

- Não, chamaremos um táxi, temos compromisso hoje.

- Ok. Tchau, e boa noite. - Abri a porta rapidamente, indo até minha Range Rover em passos longos. Falar da Gomez mexe comigo. As coisas que ela fez sem pensar em como eu me sentiria acaba comigo, e eu não sei quando isso vai passar. Preciso de alguém para consertar meu coração. - E urgente. - Suspirei, entrando e depois de alguns segundos, indo embora.