Nicholas POV

- Passa o sal, por favor? - falei pro Connor que encarava o seu prato sem desviar o olho e cutucava as ervilhas com a ponta do garfo. - Connor! - ele não ouviu - Terra chamando Connor!

- Ah? - ele fez um som a boca acordando pra realidade mas sem desviar o olho do prato.

- Passa o sal? - ele pegou o sal do seu lado e literalmente jogou o pote na minha direção, que desastrado como sou, acabou derramando metade no chão. 

- Pra que jogar o sal, Connor? Agora voce vai limpar! E eu já tenho que ir porque estou atrasado. - nosso pai disse irritado. Novamente sem falar uma palavra, Connor se levantou da mesa e foi até o sofá da sala e se deitou.

- Voce não acha que eu vou limpar isso, acha? - disse, sem resposta - O que aconteceu? É por causa daquela garota?

- Samantha... - ele sussurrou, acho que pra si mesmo e não como resposta.

- Ela é sua... Amiga? 

- Era. - ele sentou no sofá e passou a mão nos cabelos. 

- Pois é. - peguei um bombom que estava em cima da mesa e coloquei na boca.

- Não! Eu não vou ficar aqui sofrendo. Não por uma garota. 

- Mas voce não disse que ela era... Diferente?

- Ela continua sendo uma garota, Nicholas. - revirei os olhos, como o Connor pode ser tão... Connor? 

- O que vai fazer então?

- Me divertir e esquecer a Sam.

- Não acha que devia pedir desculpas pra ela, Connor o que voce fez não foi lá uma coisa muito boa.

- Já pedi desculpas, milhões de vezes...

- Eu não conto duas vezes, como milhões...

- Nicholas, voce tem namorada?

- Não.

- Então não tenta me ensinar como tratar uma garota.

- O ponto é, maninho, você também não tem uma namorada. - fui até a cozinha e peguei o pano que tinha em cima da pia e é claro, limpei a sujeira que o Connor tinha feito... Como sempre.

Samantha POV

Estava comendo um pedaço de torta de morango que estava na geladeira, enquanto ouvir música no meu ipod... Mais especificamente avenged sevenfold, a maioria das garotas nem sabe a existência dessa banda, deve ser por isso que eu não tenho amigas garotas... Gostos tão diferentes. Eu e o Connor costumávamos dizer "mentes brilhantes, pensam igual" já que sempre ouvíamos, gostávamos, assistíamos as mesmas coisas. Era até engraçado. Quando ele vinha aqui em casa, a gente nunca dizia "o que voce quer fazer?" normalmente a gente sabia. Não posso negar, sinto falta dele. 

NÃO! SAMANTHA! TIRA ELE DA SUA CABEÇA! É tão... Dificil. Não pensar nele.

Mais uma mordida na torta, mais gorduras indo pra minhas coxas. Ótimo. Por causa do Connor vou virar uma gorda solitária... Espera, eu já sou uma gorda solitária. 

Toc toc. Alguém na porta. Quem será? Deixo a torta em cima da mesa e corro - com corro, quero dizer, vou lentamente abrir a porta - pra ver quem é.

- Oi. - ele sorri.

- Imbecil. - digo e quando vou fechar a porta ele poem o pé na frente me impedindo.

- Espera...

- O que faz aqui, Connor? Vai embora! Não tenho nada pra falar contigo. - digo.

- É o Nicholas. - ele diz.

- E eu vou acreditar nisso... - revirei os olhos - Acha que eu sou idiota? O Nicholas nem sabe onde eu moro.

- Mas o Nicholas é esperto o suficiente para ir na agenda do celular do Connor e ver seu endereço.

- Prova.

- Prova o que?

- Que é o Nicholas. - pego o meu prato com a torta e dou mais uma mordida.

- Como? 

- Isso é com voce. 

- Ta bem... Isso é um pouco vergonhoso mais lá vai... Uma vez quando voce e meu irmao eram pequeninhos e voce foi dormir na casa dele, eu fingi que era ele por um momento só pra ti dar um beijo. 

- O que?! - gritei. 

- Por que acha que o Connor nunca mensionou o beijo que ele te deu quando voces eram pequenos?

- Ai. Meu. Deus. Voce gostava de mim?

- Er... Sim. - ele sorriu timido e estava vermelho de vergonha.

- Que coisa fofinha. - apertei as bochechas dele.

- Não tenho mais cinco anos, Sam. 

- Como eu nunca soube da sua existencia... Até... Ontem?

- Porque o Connor me odeia e prefere não dizer pra ninguém da minha existencia.

- Por que ele te odeia?

- Quero te levar pra uma festa que vai ter hoje. - ele tirou a torta da minha mão e atirou na pia.

- Por que fez isso?!

- Se quer conquistar o Connor, tem que dar um jeito na sua aparencia.

- Minha aparencia não é boa o suficiente pra voce? - arqueei as sobrancelhas irritada.

- Voce esta com uma blusa cinza tres vezes maior que voce, um jeans rasgado que tenho certeza que eu tenho um igual, um all star preto masculino e com o cabelo preso nesse rabo de cavalo horrivel.

- Obrigada pelos elogios. - pisquei pra ele e sorri sarcastica.

- Desculpa, mas verdade seja dita, voce pode ser muito mais bonita que isso. 

- Quem disse que eu quero o Connor de volta? Ele é um imbecil.

- Não tenta bancar a burra Sam, eu sei, ele sabe, a escola toda sabe que voce esta na dele. 

- A... Escola inteira?

- Sim. E se quer parar de bancar a boba, esta na hora de mudar a sua atitude. Esta dentro? - ele arqueeou as sobrancelhas.

Esse garoto pode me ajudar a não só a conquistar o Connor, mas parar de ser uma imbecil e me apaixonar por idiotas, ele pode ser a salvação que eu queria pra mudar, por isso eu digo um sonoro e confiante "sim". 

Ele me fez colocar um vestido. V-e-s-t-i-d-o. E aquela coisa não cobria nem um terço da minha perna. Estou parecendo uma prostituta. Ele alcançou o salto alto da minha irmã e eu não sei como eu iria andar naquilo. E depois minha irmã me maquiou, fez chapinha e pintou minhas unhas. Passou um perfume, eu depilei as minhas pernas - e eu nunca tinha feito isso - eu sei, é nojento. Mas admito que depois de tanto bafafá eu estava linda. Linda nos meus niveis. Sorri pro reflexo do espelho. E pela primeira vez na minha eu me senti bonita e... Uma vadia. 

- Isso é muito curto e olha esse decote, eu estou quase vendo a rendinha do meu sutiã nisso aqui. E como eu vou andar nessa droga? 

- Dá pra parar de reclamar, voce esta linda. - Nicholas sorriu pra mim.

- Er... Obrigada. 

- Naquelas roupas, voce parecia ser tão mais... Como vou dizer sem te magoar...

- Gorda?

- É. Mas voce tem um corpo de modelo.

- E voce não para de olhar pra ele. - ele olhou pra baixo envergonhado e suas bochechas ficaram rosadas.

- Pra onde nós vamos? - perguntei. 

- Uma festa qualquer.

Não, não era uma festa qualquer. Era o tipo de festa que todo o adolescente vai. Com bebidas, drogas, musica alta, pegação e esse tipo de coisa... Mas eu não sou esse tipo de pessoa, eu não sou o tipo de garota que vai em festas. Muito menos que bebe. 

- Eu não vou beber. - falei pro Nicholas, ele era um pouco mais baixo que o Connor, era engraçado porque por causa do meu salto eu tinha que me abaixar um pouco pra alcançar seu ouvido. Tudo bem, eu também era bem alta e ele bem baixo.

- Que bom, eu também não. - ele sorriu. 

Logo na entrada da festa me senti deslocada, e quando fomos mais pro meio foi pior. Estava ali a pior visão da minha vida. Eu sabia que isso iria acontecer, sabia que eu não devia ter vindo nessa festa. Como eu achei o Connor no meio de tanta gente? Nem eu sei. Mas tudo o que eu não queria era ver ele beijando aquela morena peituda.