Eu só acho que adolescêntes legais como eu, não devem ser submetidas a morar com um padrasto e para piorar, ter um meio irmão metido, que só olha para o próprio umbigo. Eu devo ter feito algo de muito grave em outra vida! Acho que fui uma serial-killer, com certeza. Eu não estava pronta fisicamente e muito menos psicológicamente para ter um meio irmão! Tem noção disso? Um meio irmão! Tentei me imaginar sendo irmã de um garotinho metido, mas não funcionou. Nos primeiros cinco segundos de pensamento, eu mato ele e despejo num rio. Nada se compara ao Nathan, porque ele com certeza não é chatinho. Nathan é o meu melhor amigo, mas é diferente de ter um meio irmão, muito diferente...

Trevor é o nome do idiota. Não sei onde minha mãe estava com a cabeça quando decidiu que deveria juntar as famílias, se é que me entendem. Eu estava muito bem sendo filha única, sem precisar ter um meio irmão! O garoto deve ser egocêntrico, metidinho e nem quero pensar no resto. Ah, ele tem uma banda! Que ótimo. E lá se foram minhas noites bem dormidas. Vai ficar o dia inteiro tocando naquela merda e minha mãe vai dar razão pro garoto. Maravilha! Tem como ficar pior? Acho que não!

POV'S Trevor

Acabou minha paz nessa casa! Agora meu pai só fala de July pra cá, July pra lá. Essa garota nem chegou e já está me irritando. Faltam exatamente seis horas para termos o primeiro almoço em família. Que patético! Eu me recuso sentar na mesma mesa que uma garota chata, que eu vou ter como meia irmã daqui para frente. Vou ensaiar com a banda justamente nesse horário, assim eu não preciso ficar olhando pra uma pirralha. Se ela tivesse oito anos, seria melhor pra mim, mas não. Por que ela tem que ser da minha idade?! Obrigado, vida!

Fui pra escola me remoendo de raiva. Uma meia irmã para quê? Andrew conversava com o resto da banda perto do portão da escola.

– Cadê sua meia irmã? - Foi a primeira coisa que aquele babaca do Andrew me perguntou.

– Ah, eu estou bem, obrigado! - Sorri irônico.

– Tá bom. - Me ignorou totalmente. - A gente precisa conhecer ela!

– Ela só vai estar lá em casa depois da aula. - Suspirei.

– Fiquei sabendo que ela tem nossa idade, né? - Paul perguntou malicioso.

– É, ela tem! - Baguncei o cabelo.

– Aê! - Os quatro idiotas comemoraram em coro.

– Mas ela deve ser horrível, então não comemorem demais. - Sorri enquanto eles paravam de gritar.

Entrei na sala, tentando disfraçar o meu mau humor aparente e me sentei no fundo. Não estava conseguindo prestar atenção nas aulas - se bem que eu nunca prestei atenção, então não faz muita diferença - porque não tirava essa idéia de que a July iria morar comigo. Eu não conheço a garota, então isso seria no mínino perigoso, não acha?

O sinal tocou, me tirando dos meus devaneios. É, era a hora. Fiquei seis aulas imaginando como seria esse momento e isso não me ajudou em nada! Um carro preto me esperava lá fora. Droga, eles precisavam chegar tão cedo assim? Cheguei perto do carro e vi meu pai pelo vidro fumê. Percebi que July já estava lá, no banco de trás, mas só vi sua sombra. Hesitei em abrir a porta, mas se eu ia ter uma meia irmã, uma hora ou outra a gente tinha que se conhecer. Abri devagar e me sentei. Ela ainda não havia notado minha presença ali, pois estava com a cabeça encostada no vidro do carro, com os fones de ouvido no último volume. Eu ainda não tinha visto seu rosto, só o seu cabelo grande que ia até os quadris. O cabelo era castanho e tinha umas duas mechas brancas.

Começou a chover fraco, então ela desencostou a cabeça do vidro e me olhou rápido. Pelo seu rosto, ela não parecia nada feliz em ter um meio irmão. Os olhos dela eram castanho escuro, quase preto e em volta, era carregado por sombra preta. Retiro tudo o que eu disse sobre ela ser horrível e ser ruim ter uma meia irmã. A garota não era nada feia. Nada mesmo... É errado pegar sua meia irmã? Acho que é. Que droga!

POV'S July

Eu não estava nada conformada com a idéia de ter um meio irmão! Fiquei no banco de trás, com a cara fechada. Coloquei os fones e dei play na primeira música da playlist. Fechei os olhos e fiquei pensando o qual idiota minha vida seria daqui pra frente. O pesadelo comecaria agora. Vi a sombra de um garoto, que julguei ser meu meio irmão, fora do carro. Ele hesitou em abrir a porta, isso era bem visível. Ora ele colocava a mão na porta do carro, ora tirava. Isso estava me irritando! Suspirei e virei a cabeça para o lado contrário. Encostei a cabeça no vidro do carro. Ouvi a porta se abrindo. O garoto se sentou do meu lado - a uma distância bem considerável. - e o carro seguiu em silêncio. Minha mãe espiava pelo retrovisor para ver se eu e o Trevor trocaríamos umas palavras ou pelo menos olhares. Nada. Fiquei estática e senti seus olhos em cima de mim. Começou a chover e já estava bem desconfortável aquela posição na qual eu me encontrava, já que minha testa insistia em bater no vidro. Afastei minha cabeça e o olhei rápido. Foi de relânce, então não vi muita coisa, já que sua franja lisa tampava sua testa inteira. Mas não tem problema, até porque eu teria tempo suficiente para ver melhor...

July