Não podia acreditar no que Poseidon tinha dito a pouco em minha sala. Nós mal nos separamos e Zeus já estava indo para a farra com aqueles idiotas do Olimpo. Mesmo o conhecendo bem não conseguia acreditar que ele voltaria tão rápido a dormir com aquelas vagabundas imundas, e o pior é que agora ele as levaria para a minha cama. Como pude acreditar que ele teria um pouco de respeito com nossa separação já não teve durante nosso casamento? Foi pura ilusão pensar que esse tipo de coisa demoraria a acontecer. Contudo, o que não podia negar era que isso tudo estava me machucando, afinal de contas eu ainda o amo, mesmo com todas as coisas que aconteceram entre nós. Só não pense que ficarei chorando trancada em meu quarto como fazia na época em que eramos casados. Não, claro que não! Isso nunca acontecerá novamente. Desta vez Zeus provaria um pouco da Hera que os semideuses conheciam. Ele provará um pouco de como são minhas vinganças. Seria como o troco por todos os anos que me humilhou.

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Depois que o deus dos mares recebeu o telefonema tive que quase implorar para que ele me levasse junto para Las Vegas, contudo mesmo relutante ele aceitou que eu o acompanhasse até a cidade. Ele me deixou sozinha para que pudesse arrumar minhas malas e voltou ao hotel buscar as dele - ele queria que partíssemos o mais rápido possível. Não pude deixar de notar o clima estranho que se instalou entre nós desde nosso pequeno “incidente”, não podia culpá-lo por se sentir envergonhado, eu também estava muito desconcertada com o que quase aconteceu, mas afinal estávamos bêbados não era como se aquilo tudo fosse real, ou era? Será que Poseidon realmente queria me beijar, será que ele realmente me desejou naquele momento, ou era apenas o álcool agindo sobre seus sentidos e ações? Qualquer que seja a resposta para essa pergunta, eu teria que esperar voltarmos de viajem para que fosse totalmente esclarecida.

Já deviria ser tarde da noite quando ouvi a campainha tocar bem devagar. Assim que abri a porta me deparei com o deus dos mares com uma expressão séria e apenas uma mochila pequena no ombro.

—Você vai realmente vai levar todas essas malas? – Poseidon disse observando a quantidade de malas espalhadas pela sala.

—Logico, nunca se sabe como estará o tempo nessa época do ano naquele lugar. Sou uma mulher prevenida e tenho que estar bonita em todos os lugares que for – respondi tentando fechar o zíper de mais uma mala.

—Você sempre estará linda isso não tem como mudar. —Poseidon disse baixinho para que eu não escutasse. —Hera você é uma deusa por favor esqueça essas malas! Uma já é mais do que suficiente quando se pode fazer roupas aparecer do nada. - ele continuou dizendo quando viu que eu não conseguia fechar o zíper da mala.

—Tudo bem, mas pelo menos me deixe levar duas malas…. - pedi fazendo carinha de cachorrinho abandonado.

—Ok, mas vamos logo ou perderemos toda as coisas que Zeus anda fazendo lá,não é por isso que está tão ansiosa para chegar lá? —o deus disse impaciente com minha demora, mas pude notar – talvez um tom de ciúmes.

Apenas concordei com a cabeça terminando de fechar minha mala e estendi a mão para que pudéssemos nos teletransportar até a cidade. A primeiro momento ele apenas ficou parado como uma estátua encarando minha mão estendida. E nesse momento eu percebi que ele estava com medo de tocar em qualquer parte de meu corpo. Ele estava com medo de que pudesse sentir algo quando tocasse minha pele. Não podia negar que eu também estava com esse medo, contudo caminhei até ele e peguei sua mão com força. A segurei firme e assim que Poseidon levantou os olhos dei um sorriso tranquilizador a ele. Essa era minha maneira de mostrar a ele que tudo ficaria bem, ele apenas apertou minha mão como sinal de concordância e com isso nos teletransportamos para Las Vegas.

No momento em que chegamos na entrada da cidade fiquei absolutamente maravilhada com a beleza daquele lugar. Era totalmente diferente de tudo que já tinha visto em mina vida. Tudo era tão grande e brilhante, parecia que naquele lugar tudo era possível. E tudo exalava felicidade, mesmo que seja uma felicidade banhada a álcool! Tudo parecia tão divertido e feliz, que naquele momento me encontrava encantada pela cidade.

Olhei para Poseidon e percebi que ainda estávamos segurando a mão um do outro, sorri de leve e corei exatamente como das outras vezes em que o deus se aproximava de mim. E foi nesse momento que elevei o olhar para o rosto dele e percebi que estava tão corado quanto o meu. É parece que nenhum de nós conseguiu superar o “quase” beijo!

Enquanto ainda admirava a bela cidade o deus dos mares começou a me puxar pela mão em direção a um enorme e imponente cassino um pouco mais a frente. Na hora em que abri a boca para perguntar para onde ele estava me levando ele resolveu parar, fazendo com que eu pudesse observar com atenção onde é que estávamos.

—O que estamos fazendo aqui, esse lugar não é apenas para semideuses? – perguntei ao notar o nome do cassino.

—Primeira lição para você Herinha, nada é feito somente para um determinado tipo de pessoas. E além do mais você realmente achava que esse templo da diversão era destinado só para alguns semideuses? – disse o deus rindo da minha pergunta. —É obvio que aqui existe uma parte para que os deuses possam usufruir da melhor forma possível.- Poseidon falava como se fosse tão obvio que me senti uma idiota por ter perguntado.

—Não existe nada nesse mundo que vocês não tenham tirado proveito, não é? – perguntei seria.

—Não teria graça não poder usar as coisas divertidas que estão bem diante de nossas mão. - respondeu ele com um olhar meio malicioso.

—Ok então, aproveitem ao máximo essas coisas, mas agora será que podemos entrar? Está começando a ficar frio aqui fora. - já estava tremendo com o frio.

—Me desculpe, não tinha percebido que estava fazendo tanto frio. - desculpou-se o deus já tirando seu casaco dos ombros e colocando nos meus. Tentei protestar, mas logo acabei aceitando o casaco.

—Agora que a senhorita já está um pouco mais quente,é melhor entrarmos antes que você congele! – disse o deus rindo um pouco da minha situação. —Primeiro as damas. - ele disse abrindo a porta do cassino para que eu pudesse entrar.

Assim que entramos na recepção do cassino me peguei mais uma vez admira com a quantidade de pessoas “normais” que andavam de um lado para o outro, além da imensidão de máquinas de jogos por lá.

Ficava evidente, conforme andávamos, que uma pessoa poderia muito bem passar a vida toda lá e nem sequer sentir falta do mundo real. Realmente aquele era um lugar incrível! Confesso que até fiquei com vontade de jogar e apostar algumas coisas lá e quem sabe me divertir da maneira mortal, contudo seria mais prudente deixar essas brincadeiras para mais tarde, tinha coisas importantes para fazer antes disso.

Enquanto ainda estava hipnotizada com as coisas daquele lugar Poseidon já estava do outro lado da recepção conversando com uma linda mulher de cabelos ruivos, a fim de arrumar quartos vagos no hotel para nos hospedarmos.

—Já arrumei os quartos, agora é só se acomodar e curtir a estadia! – disse o deus dos mares se aproximando do local onde eu estava. —Vamos? – concordei com a cabeça e seguimos para o elevador.

Subimos até o andar dos quartos praticamente em silêncio, apenas uma meia dúzia de palavras trocadas. Talvez estivéssemos cansados demais para conversar, é talvez estivéssemos …

Ao chegar e nos acomodar em nossos quartos – que eram um de frente para o outro – combinamos que nos encontraríamos assim que amanhecesse para que ele me ajudasse, mesmo a contragosto, em meu pequeno presentinho para meu querido ex-marido. Amanhã seria um grande dia!

Assim que acordei na manhã seguinte fui prontamente me arrumar, e nada melhor para começar o dia do que um banho quente.

Quando acordei na manhã seguinte fui direto para o chuveiro, nada melhor para começar meu grande dia do que um belo banho. Assim que sai do chuveiro ainda molhada pedi meu café da manha, já sabendo que daqui a algum tempo Poseidon logo estaria em meu quarto para roubar meu café como sempre fazia. Por mais que dissesse que me sentia incomodada com as frequentes aparições dele em meu quarto, já estava me acostumando com ele. Quando Poseidon estava por perto sempre me fazia me sentir melhor. Eu gostava disso!

Me arrumei depressa para poder esperá-lo. Resolvi deixar a comida intocável até que ele chegasse e me sentei de frente para a porta apenas a espera de um toque na campainha.

Os minutos iam se passando devagar e a demora na sua chegada ia torturando lentamente meu estômago. Esperei por um longo tempo, até que minha fome não me permitiu esperar mais. Destampei meu café e comecei minha vagarosa refeição. Só um pensamento habitava minha mente, o de que até meu mais novo amigo me largaria para ficar com outras mulheres. Nem tudo pode ser perfeito não é?!

Estava comendo distraída meu café quando sem querer esbarro no grande copo de suco de uva e acabo derramando todo seu conteúdo em meu colo e, consequentemente, acabo manchando meu vestido. Droga, teria que trocar de roupa mais uma vez! Desisti de terminar de comer. Me levantei e caminhei até o banheiro para dar um jeito em minha pequena bagunça. Já dentro do banheiro comecei a me despir lentamente e vestida apenas com minhas peças intimas comecei a andar pelo quarto procurando por um novo vestido. Revirei todas as gavetas até encontrar o que estava procurando. Era um vestido simples preto que ia até a altura do joelho acentuando levemente minhas curvas.

O vesti rapidamente e quando estava tentando fechar seu zíper ouço toques leves na campainha que me fazem correr até a porta sem ao menos me lembrar de terminar de fechá-lo.

– O que aconteceu com você Poseidon? Achei que viria roubar meu café mais uma vez – perguntei um pouco chateada assim que o deus entrou no quarto.

—Resolvi comer outra coisa para variar, devemos sempre variar nosso cardápio pela manhã. - falou sério se sentando – ou melhor quase deitando em minha cama.

—Isso foi surpreendente! Não pensei que me deixaria sozinha em um lugar como esse. - disse me virando de costas para ele e passando a arrumar meu cabelo no espelho perto da porta.

—Gosto de surpreender minhas garotas!- Disse ele sorrindo e bebendo o resto do meu suco de uva.

Nesse momento, pelo espelho, percebo que seus hipnotizantes olhos verdes começam a encarar intensamente minhas costas. Seus olhos brilham com certo desejo e começo a corar quando lembro do motivo de tal olhar. Eu havia esquecido de fechar o zíper do maldito vestido. Estava praticamente nua em sua frente – pois o zíper percorria toda a extensão de minhas costas.

De repente, em uma fração de segundos o deus se levanta e caminha devagar em minha direção.

—Quer ajuda? – ele praticamente sussurra perto de meu ouvido.

Apenas balanço a cabeça em concordância e espero até Poseidon chegar perto o bastante para fechar o vestido.

Ele se aproxima devagar e assim que estamos perto o bastante ele toca minha cintura e começa a levantar, sem tirar o olhar fixo de minhas costas, o zíper do vestido. Seu toque é macio e delicado, e sinto que ele está com medo. Medo de faltar com respeito com a deusa do casamento e talvez medo de não conseguir se segurar sem alguma bobagem naquele momento. Contudo ele não precisava ter medo pois eu gostava de seu toque. Ele me causava arrepios, só que nunca admitiria isso ao convencido deus dos mares!

Foi tirada de meus pensamentos na hora em que Poseidon fechou o zíper por completo e delicadamente acariciou meu ombro afastando-se em seguida.

O encarei pelo espelho por alguns segundos e então resolvi fazer a pergunta mais imbecil que uma deusa poderia fazer nessas horas.

—Estou bonita?

Essa pergunta o pegou de surpresa, mas pude ver um leve sorriso no canto de sua boca quando a fiz. O deus dos mares começou a me observar estudando pela milésima cada centímetro de meu corpo até que finalmente falou:

—Você sempre está bonita! Você é maravilhosa Hera. Uma das mulheres mais bonitas que já vi em minha eternidade, quem sabe não seja até a mais bonitas das mulheres. Um homem seria cego se não enxergasse tal beleza.

Pude sentir minhas bochechas ficando ligeiramente mais vermelhas enquanto conseguia apenas dar um sorriso em resposta. Droga, o que estava acontecendo com minhas bochechas ultimamente? Resolveram ficar definitivamente vermelhas ou somente quando um determinado deus estava presente?

Percebendo que eu tinha ficado envergonhada com o elogio o deus dos mares se aproximou até que nossos corpos pudessem ficar colados e falou sorrindo com a mão em meu queixo:

—Herinha não precisa ficar assim. Sei que sou incrivelmente irresistível mas não precisa corar tanto. Foi apenas um elogio de um amigo e nada mais! – tomando sua postura divertida de sempre ele me abraçou.

Na hora pude sentir um leve arrepio percorrer ambos os corpos e permaneci parada sem corresponder ao abraço, mas resolvi nem dar importância a isso. Apenas ri e o empurrei para longe.

—Vamos andando seu convencido, ainda temos muitas coisas para fazer hoje e não quero esperar nem mais um minuto. - falei indo em direção a porta fazendo sinal para que ele me seguisse.

—Tudo bem senhorita mandona, vamos andando. Só quero deixar claro que estava bem mais divertido aqui entro do quarto. – Poseidon responde com um sorriso malicioso.

Apenas lanço um olhar de reprovação em sua direção e continuamos andando até o elevador. Mal sabia eu que o dia de hoje mudaria nossas vidas de uma maneira surpreendente!

“Tudo o que preciso é de um contato, é perceber que estava certa ao querer combinar sua pele na minha.”