Pov. Narrador

Lucy acabara de chegar ao Elite Way. Já era tarde da noite, todos dormiam. Todos menos um. Miguel a esperava, sentado impaciente na cama da irmã. Assim que chegou a seu quarto, Lucy percebeu a presença do irmão.

-Como entrou aqui?

-Pela janela. Onde você estava?

-Por aí. Sentiu minha falta?

Ao dizer isso, Lucy se aproximou com um sorriso discreto. Miguel se levantou e foi para o outro lado do quarto. Lucy se virou, sem parecer abalada com o fato do irmão ter se afastado. Miguel disse, sem olhar para ela: 

-O que você fez com eles?

-Eles quem?

-Não se faça de desentendida! Pra onde você levou os Rebeldes?

-Ah! Eles... Não se preocupe, eles estão todos bem.

Miguel a olhou incrédulo. Não acreditara realmente que Lucy pudesse fazer algo do tipo, mas percebeu que estava enganado.

-Você não fez isso...

-Eu fiz. Por você! Por nós, Miguel!

-Nós? Lucy, por favor me diz que eles estão realmente bem!

-Por que essa preocupação agora? Achei que não gostasse deles... Ou você gosta?

Ao terminar essa frase, Lucy tinha um om irritado e um olhar raivoso. Ela havia tido muito trabalho com os Rebeldes, tudo para proteger Miguel. Não iria aceitar que fora tudo em vão.

Miguel olhou a irmã nos olhos e suspirou. Lucy estava cada vez mais diferente, mais... sem limites. Ela precisava dele mais do que nunca, e ele não pretendia abandoná-la.

-Não Lucy, eu não gosto. A única pessoa que realmente me importa é você.

Lucy pareceu satisfeita com a resposta, sua expressão de ódio se transformando em um sorriso doce. Foi até o irmão e o puxou consigo, fazendo-o se sentar em sua cama. Em seguida, se deitou a seu lado, pousando a cabeça no colo de Miguel. Naquele momento, nada mais importava: nada de Rebeldes, nada de doenças, apenas os dois, dois irmãos que se amavam mais do que deveriam.

Pov. Carla

A Beck me obrigou a ir ao médico. Disse que eu devia estar em estado de choque, tonta, enjoada e sei lá mais o que. Eu tentei falar dos outros, mas sempre que eu começava alguém me interrompia. Quando eu finalmente disse o que havia acontecido, o Vicente falou que eu estava traumatizada pela experiência do meu sumiço, que não estava falando coisa com coisa... Deve achar que eu estou ficando louca. E enquanto isso, uma louca de verdade está a solta. Ai meu Deus! Será que ninguém me escuta?

Pov. Narrador

Enquanto isso, em um lugar muito distante...

Os Rebeldes acordaram, pela segunda vez, amarrados e em um lugar estranho. Mas desta vez era diferente: Não era uma caverna, mas sim uma casa. Uma casa aparentemente abandonada. O silêncio era absoluto. Não ouviam carros, passos ou vozes. Apenas o vento soprando lá fora.

-Ótimo, a louca da Lucy trouxe a gente para outro lugar! - exclamou Tomás.

-Ela deve ter descoberto e... Agora a Carla não vai achar mais a gente! - constatou Alice

-Só agora você percebeu isso, ô gênia? - provocou Roberta.

-Olha aqui...- retrucou Alice.

-Podem parando as duas. Agora não é hora de discussão. - cortou Diego.

-É, agora é hora da gente dar um jeito de sair daqui. Alguma ideia? - prosseguiu Pedro.

-A gente podia gritar! Vai que alguém ouve... - propôs Alice.

-Claro, afinal a Lucy faria questão de trazer a gente pra um lugar bem movimentado, não é? - falou Roberta, irônica.

Alice ia retrucar, mas foi interrompida por Tomás, que falou:

-Olha, eu adoraria dar uma ideia, mas eu tô com fome e com sono, e desse jeito fica difícil ter ideia.

Pedro assentiu, concordando com o amigo. Roberta e Alice faziam caretas uma para a outra. O jeito era esperar, e torcer pra que Carla os encontrasse...

Pov. Carla

Depois de horas e horas, consegui finalmente convencer o Vicente de que tinha algo de ruim acontecendo. Ele me levou de volta pro colégio, diretamente pra sala do Jonas. Lá, já estavam a Eva, o Franco, o Leonardo, a Beth e, claro, a Leila e o Jonas. Provavelmente foram avisado de que seus filhos não haviam comparecido as aulas.

-Olha, me perdoe Jonas, mas eu tenho mais o que fazer do que me preocupar com uma brincadeira infantil do meu filho. - resmungava Leonardo

-É, a Roberta deve só ter ido dar uma volta. Já, já ela aparece. - falava Eva, despreocupada. Mas será que eles realmente não percebem o que está acontecendo?

-Não, não é uma brincadeira, nem um passeio. Nós fomos todos sequestrados. - me meti na conversa.

-Do que você está falando, Carla? - perguntou Leila, preocupada. Pelo menos ela quer me escutar.

-A Carla insiste em dizer que os seis foram sequestrados pela Lucy, e que ela conseguiu escapar. - interferiu Vicente.

-Lucy? A Lucy Zimmer? - questionou Jonas.

-E por acaso você conhece outra? Ela se irritou por conta de uma provocação e fez isso. Ela é louca!

-Carla, o que você está falando é muito sério. -disse Franco.

-Olha, eu sei o que estou dizendo. Agora por favor, vocês podem vir comigo salvar os outros?

Todos assentiram. Fomos eu, Leila, Jonas e Vicente no carro do diretor, Eva, Franco, Beth e Leonardo no carro do pai da Alice. Nós fomos na frente, eu explicando o caminho. Depois de uma meia-hora, finalmente chegamos. Desci correndo, sendo seguida de perto pelos outros. Não sei por que, mas desde que saimos do colégio não estive com um bom pressentimento. A Lucy me viu... Será que ela fez alguma coisa? 

Entrei correndo na caverna, mas levei um susto. Não havia mais ninguém. Nem sequer nenhuma prova de que eles haviam estado lá. Ela deve ter levado eles para outro lugar, sabia que eu ia vir até aqui. Os pais de meus amigos olhavam ao redor, alguns me olhando com impaciência e irritação. Sinceramente? Não me importo. Agora a única coisa que me importa é saber aonde aquela louca deixou os outros. E eu vou descobrir. E eu já sei como...