Pov. Narrador

Os Rebeldes ensaiavam no porão, como de costume. Para alguém de fora poderia parecer mais um ensaio comum. Mas para eles, era possível sentir o clima tenso. Já faziam algumas horas desde que Lucy os ameaçara- ou seria defendera o irmão?-, mas ainda assim aquilo os perturbava. Se fosse qualquer outra pessoa, até mesmo o Binho, eles nem sequer ligariam. Já com Lucy, as coisas eram diferentes. A Zimmer era capaz de qualquer coisa, sem nenhum traço de arrependimento ou medo das consequências. E era isso que os assustava.

– Bom pessoal, acho que já deu por hoje.- falou Diego.

– Mas já? - choramingou Alice.

– É Alice, já tá bem tarde e amanhã eu quero acordar cedo. Por isso, o ensaio acaba por hoje. -retrucou Roberta.

– Mas já? - falou Tomás com a voz fina, tentando imitar Alice.

Roberta lhe lançou um olhar que claramente queria dizer "Mais uma palavra e você não vai ter condições de ensaiar por um bom tempo".

Juntos(como sempre), eles saíram do porão e, ao caminhar para seus quartos, encontraram Miguel no corredor. Tomás perguntou:

– O que você está fazendo aqui?

– Estou voltando da cantina. Algum problema? - disse Miguel.

– Não nenhum, a gente só queria se certificar de que você não saiu pra atacar alguém.

– Olha aqui... - retrucou Miguel, já nervoso.

– Olha aqui você! Não se mete com a gente! E fala pra tua irmãzinha não se meter também.- falou Pedro.

Miguel simplesmente lhes deu as costas e foi para seu quarto. O que ninguém imaginava era que alguém ouvia a conversa escondido, ou melhor escondida..

Pov. Tomás

Depois do "aviso" que demos pro Miguel, eu me despedi da Carla e fui para o meu quarto. O Pedro resolveu comer alguma coisa antes de ir dormir e o Diego foi buscar alguma coisa que ele esqueceu no porão. Sendo assim, acabei indo sozinho pro quarto. Tomei um banho, coloquei meu pijama e fui arrumar a minha cama. De repente, escutei um barulho enorme e e senti uma pancada na cabeça. Eu cai, aos pés de alguém. E então, eu apaguei.

Pov. Roberta

Os meninos foram embora e eu e a Alice fomos para o nosso quarto. A Alice foi tomar banho e eu fiquei escutando música com fone de ouvido. Estava tudo muito bem, estava tudo muito bom, quando de repente eu escuto alguém abrir a porta. Confesso que levei um susto, mas quando olhei não havia ninguém. Desconfiada, voltei a olhar para meu celular e acredito que esse foi o meu erro. Do nada eu sinto alguma coisa me acertando e tudo fica escuro.

Pov. Alice

Eu sai do banheiro já vestida e com uma toalha enrolada na cabeça. Agora só faltava passar os meus cremes e eu já podia ir dormir. Estranho... A Roberta não falou nada... Roberta em silêncio? Deve ser algo realmente muito grave. Olhei para a cama dela e levei um susto. Ela tava desmaiada! Eu me virei e antes que eu pudesse perceber algo -ou alguém- me acertou. E foi então que eu desmaiei.

Pov. Diego

Droga! Onde foi que eu deixei meu celular? Tenho certeza de que deixei em algum lugar por aqui. Pensei em voz alta:

– Onde que foi para esse celular?

– Seria esse aqui? -alguém me respondeu.

Me virei rápido, mas não a tempo de evitar um golpe na cabeça. Só me lembro de cair e tudo escurecer.

Pov. Pedro

Esse Miguel já tá me irritando. Sou não dou uma surra nele porque eu ia acabar sendo expulso, mas que ele tá merecendo, isso ninguém pode negar. Vim pra cantina comer alguma coisa antes de ir deitar. Pão, leite, bolinhos... Talvez eu possa comer mais do que uma coisa. Peguei uma bandeja, a enchi de comida e me sentei em uma das mesas. Sem duvida a comida da cantina é muito boa... Porém, antes que pudesse acabar de comer, levei uma pancada na cabeça e apaguei.

Pov. Carla

Aonde foi que se meteu a louca da Lucy? Estou pensando seriamente em pedir pro Jonas uma transferência de quarto. Dormir no mesmo ambiente que uma garota perturbada como a Lucy não é saudável. Bom, quer saber? Eu vou dormir. A Lucy que se vire. Me deitei, puxei a coberta e virei de costas para a porta.Ouvi a porta abrir.

– Até que enfim.

Ninguém me respondeu. Não liguei. Mas ouvi a Lucy - é a Lucy, não é?- pegar alguma coisa. No momento seguinte eu senti uma dor terrível na cabeça e perdi os sentidos.

Pov. Narrador

Quando os Rebeldes acordaram, estavam todos amarrados. O lugar em que estavam era escuro e úmido. Seria uma caverna? Uma gruta talvez...

– Ai, minha cabeça... - reclamou Pedro.

– Acredite, não é só a sua. - disse Carla.

– Mas onde que a gente tá? -questionou Alice.

– Olha, eu não sei, mas acredito que não é nos nossos quartos. - respondeu Tomás, irônico.

– Agora não é hora pra piadinha, Tomás. - falou Roberta irritada.

– A pergunta é: Como a gente veio parar aqui? - interrompeu Diego.

– Eu só lembro que levei uma pancada na cabeça e apaguei. -falou Alice e todos concordaram.

– Eu ouvi a voz de alguém, mas foi tudo muito rápido e eu não consegui reconhecer. - contou Diego.

– Olha, vocês podem falar o que quiserem, mas eu tenho certeza de que foi a Lucy. - disse Carla.

– A Lucy?

– É! Quem mais faria isso com a gente?

– O Binho, talvez.- ponderou Roberta.

– Ou o Miguel. - opinou Pedro.

– Mas a Carla tem razão, a Lucy já tinha ameaçado a gente. É bem mais provável que tenha sido ela. - concluiu Diego.

– Ok, ótimo. Agora nós já sabemos quem foi que amarrou a gente aqui. Muito bom. Mas no que isso ajuda na questão fuga? - perguntou Tomás.

– Sinceramente? Eu não sei. Agora é preciso termos paciência, pensar em um plano, pois eu acho muito difícil a Lucy soltar a gente por conta própria.

Todos concordaram em silêncio. E pela primeira vez eles se arrependeram de provocar alguém.