Em minha volta só há luxuria, luxuria, luxuria e adivinha... Mais luxuria.

Sempre vivi como um filhinho de papai, mas nunca gostei disso.

Pelo ao menos eu não andei com aqueles que só queriam farra, eles acabaram na lama.

Eu lutei pra chegar aonde cheguei.

Um empresário bem sucedido, renomado, famoso.

Mas sempre tive um problema, Anti-Socialismo.

Apenas guardo meus pensamentos para mim mesmo. Não há nada de errado nisso há?

Por simplesmente achar que ninguém merece minha total atenção.

Acho que no final das contas vou para o inferno.

Não... Eu já estou nele. O Inferno e aqui, na terra.

Não existe nada além.

Há muito tempo eu percebi o quão dura é a vida, e que nada pode mudar isso.

Um mundo utópico nunca existirá. Enquanto houver o amor, haverá o ódio.

Não existe uma força maior que vai exterminar todos os impuros da terra.

São apenas mentiras.

Eu o odeio. Odeio esse som. Odeio o seu formato. Odeio tudo.

-Maldito...

Por quê? Porque minha irmã tinha que me dar algo tão irritante como um despertador?

Logo eu que amo o silêncio absoluto!

E quando eu finalmente consigo dormir um pouco essa coisa me acorda.

Preciso me acalmar, preciso de um analgésico, preciso dos meus cigarros, preciso dormir.

Dor de cabeça infernal.

E assim, como todos os dias, começa a incrível e deprimente rotina de Kuchiki Byakuya.

Papéis, pessoas conversando, trabalho, computadores, telefones.

Eu os odeio. Todos eles.

Apenas um louco gostaria de trabalhar em um lugar como esse. Um lugar imundo, metaforicamente, cheio de gente cretina e puxa saco.

Dá vontade de matar cada um deles devagar e dolorosamente.

Seria uma boa idéia ir trabalhar em algum lugar onde só haja surdos-mudos.

Às vezes sinto apenas uma vontade quase incontrolável de gritar.

-Vão pro inferno! Calem a maldita boca.

Mas infelizmente não posso, tenho que agüentar esse inferno até o fim do dia.

-Porque escolhi essa profissão?

Foi o que eu mais me perguntei desde o dia que coloquei o pé nesse escritório herdado do meu pai.

Algumas horas agüentando. E mais trabalho pra cima de mim. A dose de analgésicos, e calmantes que tomei essa manhã não me parecem o suficiente para o resto do dia.

Preciso de algo que me acalme agora mesmo.

-Ah... Sei de algo que vai me levar ao paraíso em um minuto.

Puxei a carteira de cigarros do bolso e a escondi entre as mãos, fechei a cortina do escritório.

-Agora aquela maldita secretária não vai me encher o saco hoje.

Da ultima vez ela quis se meter na minha vida.

-Fumar faz mal à saúde.

-Bobagem. Fumo desde os 14 e nada me aconteceu.

-Pois deveria parar imediatamente.

-Eu posso parar quando eu quiser.

-Então o senhor vai parar?

-Claro que não. Eu posso, mas eu não quero.

-O senhor parece uma criança mimada.

-Não me importo. Fumar é a única coisa que eu não me envergonho de fazer. É como uma anestesia que me faz sobreviver nesse inferno. Caso contrário, eu já teria enlouquecido e enfiado essa caneta na garganta de certo alguém.

-O senhor já é louco.

-Você me deixa louco. Todos aqui me deixam louco. Preciso dizer mais alguma coisa?

-Não senhor. Se me der licença.

-Vá logo.

Odeio quando acham que estou errado, mesmo eu estando errado.

Eu sou mais eu e isso eu não vou negar.

Não pense que sou viciado, eu apenas não consigo encontrar outro meio de me libertar do caos que é essa vida corrida e sem graça.

Pra isso tenho um estoque imenso de cigarros em todo lugar aonde vou, em casa, no carro, no escritório, nos bolsos das roupas.

É algo que eu não abro mão por nada.

Dessa vez nada me atrapalhará.

Falei demais. Ela apareceu.

-Mas que droga de mulher que só aparece quando eu não quero.

Ela andou pela sala me encarando feio, mas não falou nada. Pela primeira vez. Ela ficou quieta.

-O que eu fiz pra ganhar um presente tão bom quanto esse?

Deixou alguns papéis encima da mesa e se retirou rapidamente.

Finalmente livre da minha sina, nem que seja por um dia...