Justin abre a porta, revelando uma escada que levava para o andar de cima.
            - Você acha que é seguro? – Pergunto para ele. – Ela deixou bem claro que não podíamos entrar e...
            - Eu sei! Mas o que pode ter de ruim?
            Por mais que não queira admitir, ele tem razão!
            Subimos os primeiros degraus, e vamos avançando pela escada em espiral. Os degraus de metal fazem barulho, por isso tomamos o maior cuidado. Justin segura minha mão durante todo o percurso.
            Vamos subindo com cuidado, pois não há nenhum sinal de luz.
            Ao terminar, a escada observamos uma espécie de segundo andar, porém sem divisórias de quartos, e é necessário se agachar para podermos nos movimentar.  
            Justin se move em minha frente, me protegendo.
            - O que é aquilo? – Aponto para um fresta de luz crescendo de forma retangular no chão, até sumir bruscamente com uma barulho.
            Justin usa a lanterna de seu celular e revela uma espécie de alçapão ao fundo do “segundo andar”.
            - Alguém que estava aqui saiu por ali! – Ele continua examinando o resto do misterioso local. – Por sorte Joe está lá embaixo, seja quem for, não sairá daqui como entrou!
            Isso é um absurdo! Como eles têm nosso endereço?
            Quanto mais o tempo passa, mais eu desconfio dessa empresa de segurança que Justin escolheu.
            - Tem alguma coisa ali! – Ele me diz, apontando para um pedaço azul no chão. Engatinhamos até lá e nos deparamos com uma pasta. Justin abre-a e uma grande pilha de papéis pula de dentro dela. – Parece um mapa... – Ele diz analisando um dos papéis. Era uma espécie de planta da cada, que mostrava toda a estrutura do andar de cima da casa, inclusive a porta para sair. Segundo o mapa, a porta estava bem em cima do quarto de Justin. – Nós temos que voltar! – Ele joga os papéis de volta à pasta, coloca-a embaixo do braço e corre em direção à escada. – Vem comigo! – Ele sussurra.
            Corro com ele até a escada, e após descermos percebemos que a porta foi trancada.
            - Droga! – Ele grita se exaltando. – Vamos por aqui! – Ele sobe depressa, e engatinha até o fundo do andar, depois abre o alçapão. Como esperávamos, estava bem em cima de seu quarto. – Eu vou primeiro e te puxo! – Ele pula para o andar de baixo, depois estende as mãos, me ajudando a descer.
            Pulo em seus braços, e nós corremos em busca de Joe. Justin corre rapidamente, e ao entrarmos em seu quarto, vemos ele dormindo.
            - Ele não acordou com nenhum barulho? – Pergunto.
            - Eu acho que ele não está dormindo... – Justin chacoalha ele algumas vezes e balança seu rosto. – Ele está desmaiado! – Justin pega a garrafa de água no criado mudo ao lado da cama e molha as mãos, depois passa no rosto de Joe. – Alguém quis que ele estivesse dormindo, para fugir talvez, ou sair sem ser percebido.
            - Ele vai acordar não vai? – Pergunto aflita.
            Ele coloca a mão no coração de Joe. – Ele está apenas desacordado, mas ainda vivo.
            Eu suspiro de alívio.

0O0

            - Eu não me lembro de absolutamente nada, desde que estava dormindo até agora. – Diz Joe tomando um copo d’água após acordar. – Alguém me desmaiou e fugiu... eu só queria saber quem!
            - Nós encontramos uma pasta no andar de cima. – Explica Justin entregando a pasta para Joe.
            - Andar de cima? – Ele pergunta curioso.
            - É uma espécie de esconderijo, mas uma longa história! – Eu resumo.
            Joe abre a pasta analisando os papéis.
            - Com certeza alguém já sabia que estaríamos aqui, e se preparou com antecedência! – Ele vai acumulando os papéis em seu colo. – Mas como? – Ele joga os papéis de volta à pasta e se levanta rapidamente. – Preciso fazer uma ligação, eu já volto. – Joe vai até o quintal, deixando Justin e eu sozinhos.
            - Tem alguma coisa muito estranha acontecendo e... – Um barulho me interrompe. Um crachá cai de dentro da pasta.
            - O que é isso? – Pergunta Justin. Ele pega o crachá e se espanta ao ver o símbolo da SES.
            Me aproximo dele espantada. – Isso quer dizer que... – Eu paro.
            - Eu não sei exatamente, mas tenho uma opinião! – Ele se aproxima de mim. – Não vamos nos precipitar, este crachá pode ser de Joe ou algo assim.
            - Justin, pense bem! – Eu seguro suas mãos, frias. – Já é a segunda vez que somos mandados para algum lugar e nos encontram, não é muito estranho? Aquele dia no refúgio...
            - O refúgio! – Ele me interrompe. – Eu deixei a carta do meu pai entre as pedras na piscina, nós temos que voltar!
            - Voltar pra lá? Você acha que é seguro? Eva disse para ficarmos aqui...
            - Calma, Joe está ligando para a SES para contar o que aconteceu. Nós vamos ter que sair daqui de qualquer jeito, eu vou conversar com ele mais tarde. – Ele me abraça. – Aconteça o que for, eu prometo que vou estar com você.
            - Nós vamos ter que ficar aqui por um tempo! – Anuncia Joe voltando. – Levaram o carro e só vão me trazer outro amanhã á tarde.
            - Eles nos prenderam aqui? – Eu pergunto.
            - Se acalme! Eu tenho certeza de que eles têm uma boa explicação para isso!      
            - Do que vocês estão falando? – Joe pergunta para Justin.
            - Nós encontramos isso – Ele entrega o crachá para Joe. – Estava dentro da pasta.
            - E vocês acham que a SES também está envolvida nessa história dos dançarinos? – Ele analisa o crachá. – Isso é ridículo! Provavelmente caiu da minha mala ou alguma coisa parecida. A SES é uma empresa séria e eu confio muito no trabalho dela.
            - Mas nós temos outro problema – Justin Explica – Eu deixei o envelope com a carta de meu pai na noite em que estávamos no refúgio, e temos que voltar lá para pegar de volta.
            - Isso é totalmente impossível agora, mas assim que estiver com o carro, nós vamos para lá!

0O0

            Estamos definitivamente presos aqui, vulneráveis e nossa única segurança é Joe, que após revistar toda a casa, trancou todas as portas e janelas.
            Justin e eu estamos sentados no sofá com a TV ligada, mas ao menos prestamos atenção no programa. Uma pulga ainda existia atrás de minha orelha.
            - Está tudo bem com você? – Ele me pergunta, analisando meu rosto.
            - Sim... – Percebo que não fui convincente. – Bom... Mais ou menos! Por mais que Joe esteja aqui, eu sinto que tem alguma. Alguma coisa aqui dentro que ainda vai acontecer!
            - Você tem que esquecer isso por alguns segundos! – Ele se aproxima de mim. – Relaxe!
            - Mas... – Ele me cala com um beijo. Suas mãos envolvem minha cintura e eu me acomodo. A conexão entre nós dois se torna mais intensa a cada segundo e o doce gosto de sua boca sem fixa em mim. Um intenso calor percorre nossos corpos, conforme o tempo passa. Ele me aperta com força e eu faço o mesmo com ele. Passo a mão em seus cabelos, bagunçando-os levemente.
            O mundo parece ter parado, a TV desligado, e os dançarinos desistido de nós. Neste momento, só existimos nós dois, viajando de mãos dadas por um mundo paralelo.
            Suas mãos percorrem meu corpo, mas não desgrudamos nossos lábios nem por um segundo.
            Minha cabeça dá voltas, e a única coisa que eu consigo pensar, é em Justin. 
            - Aaah! – Grito quando um forte estrondo e algo caindo, ou batendo nos separa pelo susto. – O que foi isso?
            - O som veio da cozinha! – Ele diz se levantando, ainda segurando minhas mãos. – Eu vou lá ver, fique aqui. – Sento-me novamente apreensiva enquanto ele segue até a cozinha e volta preocupado. – Nós temos um problema!
            - O que foi? – Pergunto aflita.
            - Joe sumiu!