Desesperos De Uma Adolescente Qualquer escrita por mibolacha


Capítulo 2
Capítulo 2 - Bagunça! E agora?




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02/08-13:09: Se você entendeu o nome do capítulo eu te parabenizo, porque está tudo tão bagunçado, que não sei por onde começar (de novo!)

Ok, eu estou escrevendo aqui e contando a minha vida pra você pra me sentir mais aliviada. Nesse exato momento eu estou sentada dentro da banheira com a porta trancada, e preciso aliviar um monte de coisa. Eu entrei na escola, no primeiro dia de aula. Eu adoro o primeiro dia de aula, porque eu não tenho que usar aquele uniforme ridículo e posso ir mais bonita, e também porque eu conheço as pessoas novas e a sala nova. Bom, enfim, eu entrei na escola, e fui direto ver a sala... No caminho dei de cara com a Joyce. Ela tava que nem naqueles filmes, que as meninas entram no corredor uma do lado da outra (as quatro) e toda a escola abre espaço. A Joyce fica no “meio” ai a melhor amiga dela, a Mariana, do lado, e nas pontas tem a Gabriela e a Daniela. Eu sei, é muito nome pra decorar, e ainda tem mais. Pra nós, é assim: Joyce, a metida de brinco de argola, Mariana, a fofoqueira, Gabriela, a cérebro de maquiagem, e Daniela, a única que presta. Continuando, tava andando na escola e dei de cara com elas. Toda a escola abriu espaço pra elas menos eu. Ai elas pararam na minha frente:

- Sai da frente, você não vê que a gente quer passar? – Falou a Gabriela.

- Não, desculpa, mas eu também quero passar. –Não fui grossa,e ainda olhei pra baixo. Como se ela fosse superior. Por que eu fiz isso?

- Oi Nick! Tudo bom flor?- Falou a Joyce. Como se me conhecesse. Ela é meio fingida, sabe? Começou a falar comigo como se fosse minha amiga há anos. Ta certo, eu conheço ela desde que entrei aqui, com quatro anos, mas desde aquela época já a odiava, por ter a boneca mais cara e maquiada de todas. Não posso chamar isso de amizade. Continuando...

- Ah, oi, ahn... Estou bem, obrigada. Só to um pouco atrasada e... – Falei eu, tentando fugir daquela conversa.

-Ah, desculpa. Meninas, deixem ela passar.

Eu passei entre as duas, no meio, daquele jeito todo bagunçado e tímido e quando passei, lá estava ele. Parado, no armário, me olhando. Tirei a franja dos olhos e fiquei encarando, com aquele sorriso meio bobinho, e não querendo chamar atenção. Eu sei, eu sei você deve estar pensando: “Ah, é obvio que no final eles vão ficar juntos”, mas depois do que aconteceu, eu duvido muito. O Felipe ia me dar um “oi” com a mão, tava levantando bem devagar... Quando a Joyce virou, passou por mim me empurrando, me fez derrubar uns papéis no chão, e foi falar com o Felipe. Ela foi falando umas coisas que cada fim de frase era como um tapa na cara. Aquilo foi me machucando, me machucando e me machucando, até eu ficar vermelha e sentir uma lagrima cair na minha mão. Foi bem suave, mas acho que ele percebeu, porque depois disso, parou de prestar atenção no que ela falava e ficou olhando pra mim, e toda hora, ele falava pra ela coisas do tipo “aham, é, concordo, nossa!” e etc. Eu não o encarei dessa vez, eu me levantei (tava recolhendo os papéis) e limpei a lagrima com três dedos, bem delicada, e virei pro outro lado, andando em direção à porta, pra esperar a Isa ou a Bia. Só uns 15 minutos depois eu lembrei que eu tava indo pro outro lado, que eu tinha que ver a minha sala e também que elas foram viajar, e faltariam uma semana na escola. Ô legal hein, uma semana sem ninguém pra conversar.

Eu fui pra sala, me senti uma aluna nova, porque não conhecia ninguém, eram tudo de outras turmas, que eu nem falava. Sentei na última carteira, isolada de todo mundo. O que aconteceu antes da aula me abalou tanto, que não tava a fim de prestar atenção em nada, e olha que pra eu falar isso, tem que valer muito a pena. Tirei meu livro da mala, puis no meu colo, e serio, viajei legal. Os professores não pegam no meu pé, então NINGUÉM sentiu a minha falta na aula. Eu fiquei lendo, e imaginando coisas que eu gostaria que acontecesse, e claro, nunca acontecerão.

Quando eu percebi, faltavam cinco minutos para o sinal do recreio. Três aulas já tinham se passado, e eu já estava cansada. Fiz uma coisa muito errada, mas foi bom por um momento me sentir menos certinha, mais rebelde, mais livre. Depois do recreio, eu matei as ultimas três aulas. A auxiliar de coordenadora tinha faltado, então não ficou ninguém supervisionando quem faltaria na aula, e quem não. Eu peguei meu livro (de novo) e deitei num tipo de banquinho, e fiquei lá, lendo, com aquele Sol na minha cara, me senti bem até, tava confortável. Ai fui pegando no sono... Ficando mole... Fechando os olhos... Adormeci.

Do jeito que sou, achei que fosse acordar quando todo mundo já estivesse no pátio, com as malas, indo embora, e alguns rindo da minha cara por parecer um mendigo. Mas pelo menos uma coisa boa aconteceu no dia: um amigo do Felipe, que anda com ele, o Nicolas, veio me acordar, faltando 10 minutos pra bater o sinal. Eu tava lá, deitada, e quando vi, ele me acordou bem de leve:

- Bertoni, ah, oi. Ahn... Faltam 10 minutos pra bater o sinal, achei melhor te acordar. Ta brava?

- Não, e o brigada... -Falei eu, com aquela cara de “acabei de acordar, não olhe pra mim”.

- Ah, então ta. Você ta bem? Ta com uma cara triste...

- Eu to bem, só com sono- O que eu realmente queria dizer: se eu to bem? Seu amigo ali não percebe que eu existo, não percebe que eu não vivo sem ele, que eu sou a única pessoa no mundo que consegue perceber quem ele realmente é, e que eu não o mereço, sou muito besta pra ter essa chance, e que ele não merece ficar comigo, merece alguém mais especial, mas que mesmo assim, eu continuo tendo sonhos. Se eu dissesse isso, minha vida acabaria. Ficou o maior silencio, até eu falar de novo – Ta matando aula também?

-É. Eu, o Fê e o Victor. Eles tão vindo pra cá alias.

Eu perdi o movimento das minhas pernas e ouvi o barulho do meu coração. Ele tava vindo. Eu ainda o amava, mas naquele momento não queria ver mais a cara dele. Ele nem sabe o meu nome, não queria que soubesse nada sobre mim, sem falar que eu estava com o cabelo bagunçado. Pensei um palavrão, e deixei que tudo me levasse. Esqueci a delicadeza, esqueci a timidez, esqueci quem eu sou não sei por que. Acho que queria que tudo continuasse como é: eu sonhando por ele, ele não me conhecendo e caindo nos braços da menina que menos o merece. Eu sentei, eles se aproximaram, e a gente começou a conversar. (Victor e Felipe chegam rindo)

- É né, ela acha mesmo que é tudo isso- Falou o Victor

- Saiu jogando charminho pra mim, achando que eu fosse atrás dela (risos) – Felipe falou. - Ela não percebeu que eu tava ocupado prestando atenção em outras coisas, ficou tentando chamar atenção... (risos mais altos)

Depois de um tempo, os dois pararam (ao chegar onde eu tava e onde o Nicolas tava), ai ficaram meio sem-graça, acho que eles perceberam que eu escutei tudo. Senti a lagrima na minha mão de novo, limpei com os três dedos de novo, da mesma forma. Esperei um deles falar alguma coisa, só pra fazer mais drama, hehe. Ai saiu dos dois:

- Oi... Bertoni né? – Falou o Felipe. – Ta tudo bem? Você... Você ta chorando?

- Não, estou bem. – Falei eu, com uma voz nada educada.

- Tem certeza? – (Victor)

-Estou ótima – Sai da forma mais dramática e fresca possível, embora não tenha sido de propósito. Sai correndo, chorando. Bateu o sinal bem nessa hora, então antes que alguém PENSASSE em me seguir (o que não ia acontecer, porque eu ouvi um tipo de risadinha), a escola estava lotada de alunos querendo ir pra casa. Nessas horas é bom ser invisível, porque ninguém percebeu que eu estava chorando e eu não queria de jeito nenhum que alguém me parasse pra perguntar como eu estou.

Ai eu lembrei que tinha que esperar minha mãe, que só ia chegar UMA HORA depois disso, e eu precisava ir pra casa, precisava da minha “gaveta das angustias”, que tem lenços de papel, MUITO chocolate (só pra caso de emergência, ta? Não pense que eu sou viciada), uma foto da minha família, meu diário (isso aqui que eu to escrevendo) e a chave do meu quarto. A única coisa que eu queria naquele momento era deitar na minha cama e chorar, até não ter mais lagrima. Você pode pensar: “Ah, que coisa idiota, ela ta chorando só por isso? Fala sério.” Mas eu o amo mais do que amei qualquer outro menino, e ouvir isso dele doeu. Ele pelo menos lembrou o meu nome, e se “importou” comigo a ponto de perguntar se eu estava chorando. Mas não se importou comigo a ponto de PERCEBER se eu estava bem ou não. Isso já me prova que eu não tenho chance com ele.

Enfim, eu fiquei esperando sentada no chão, lendo e segurando o choro, não queria desabar na escola, não valia à pena. O problema é que o Nicolas ainda estava na escola, e me seguiu. Começou a me interrogar, perguntando se tava tudo bem. Sabe quando alguém pergunta: Ah, você gosta do fulano? E você nega, tentando atuar o melhor possível, falando que odeia a pessoa e inventando um monte, mas na verdade você ama, e está sentindo um desespero interno? Foi exatamente isso que aconteceu. E olha que eu me sai bem, porque ele acreditou. Até aí tudo bem, o que me assustou, e me confundiu, e me fez virar na cama a noite inteira pensando, é que ele se levantou, disse tchau, e foi em direção a um lugar lá, onde tava o Victor e o FELIPE, que parecia muito interessado no que ele tava falando, contando tudo o que eu falei. O que será que isso significa?


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