Um Dia Tudo Muda escrita por Niina Cullen


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Hã... Oi!!!
Hoje não vou 'dialogar' muito, não se preocupem.
Demorei um pouco porque queria que todas vocês pudessem ter lido o Capítulo anterior, e a unica forma de eu saber isso, é através dos Reviews... Acho que todas comentaram - pelo menos a que estão sempre presentes - e por isso, estou aqui...
Acho que sempre será assim...



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Um Dia Tudo Muda

Capítulo 13

Já passava das oito da noite. E nada de Bella sair daquele quarto.

Aquilo estava preocupando Edward, resolveu ir até lá, com a desculpa de convencer ela para irem jantar. Mas disso não precisou, quando ele já ia bater na porta... Bella a abre, e sem olhar para ele, segue para as escadas. Isso já era de mais para Edward, mas foi o que motivou ele a descer as escadas atrás dela, foi ter a certeza de que tudo se ajeitaria. Não sabia quando, nem como, mas que se ajeitaria.

Bella enfim, resolveu jantar. Mas o jantar foi extremamente silencioso, nenhum dos dois falavam nada. Aquilo estava matando Edward.

- Desculpa por hoje. – Edward resolveu falar, se referindo à discussão que eles tiveram pela manhã.

Bella mordeu o lábio inferior, não queria lembrar daquilo. Tirou o guardanapo do colo, e se retirou da mesa.

Podia até ser criancice dela, mas era assim que ela queria lidar com a dor, sozinha, sem tornar a sua dor, presente na vida das pessoas que ela ama. Mas isso era impossível, e Bella não conseguia enxergar.


Não é só o ódio que nos deixa cegos. A dor e o vazio também nos fazem fazer coisas que nunca pensamos em fazer; faz-nos fazer as pessoas que amamos sofrerem, sem perceber, pois a partir do momento que a dor se torna parte de sua vida, você só consegue enxergá-la. Isso não diz respeito a todos, mas para os fracos, que se deixam levar, sem querer lutar. Bella não queria lutar... Nem queria que lutassem por ela.

Mais um dia começava para todos, mas para Bella, seria mais um dia sem sua filha. E para Edward seria mais um dia, sem os dois amores da sua vida. Será que já não bastava à dor de nunca mais ver sua pequena Elisa correr saltitante e alegre pela casa? Ele também teria que conviver com a dor do afastamento de Bella? Do afastamento da mulher que ele ama?

Bella mais um dia dormira no quarto da filha, poupando o calor dela na cama deles, pois Edward sentia muita falta do calor que ela lhe transmitia... Agora, ao seu lado na cama, tinha um vazio como seu coração. E o calor, não estava mais ali. Será que nada seria mais como antes? A filha, eles não tinham mais. Mas, e um ao outro?

Foi no começo da noite desse mesmo dia – que aquele silêncio naquela casa se reinou, e parecia que não ia mais embora, assim como a dor e o vazio – que Edward resolveu perguntar, ou melhor, dizer o que estava pensando, só que o que muitas vezes pensamos, não é o melhor a se dizer, só que ele ainda não sabia disso.

Eles estavam jantando, e ele tinha que ser rápido, porque logo Bella se levantaria daquela mesa, e voltaria para a sua bolha de sofrimento, onde Edward não era permitido e não conseguia adentrar.

- Estava pensando em fazer algo novo no quarto de... – Ele hesitou, dizer o nome de sua filha doía. – Nossa filha, e...

- O quê? – Bella praticamente gritou não acreditando no que o marido dizia.

Ela que antes não o encarava, deixou o garfo e a faca de lado – que usava para cortar o estrogonofe – e o encarou, com o mesmo olhar frio de sempre, tentando de alguma forma vê que estava enganada ao que ele dizia.

- Bella, aquele quarto não pode mais servir de refúgio para você. – Edward não tinha noção do quanto aquelas palavras proferidas por ele doíam em Bella. Mas o que ele podia fazer? Ele queria de alguma forma, trazer a mulher de volta, mas se ela se trancasse na bolha dela, isso não seria possível.

- Refúgio? – Ela se levantou da cadeira, mas não “correu” como teria feito e fez ontem. – É lá que me sinto bem. É lá que sinto a presença dela. Você não pode me tirar isso!

Edward tentava ver nexo no que ela dizia.

Ela achava melhor ficar no quarto que lembrava Elisa, onde ele – Edward – não estivesse por perto. O quê? Será que o melhor, é ter a dor bem visível a sua frente, dizendo a cada segundo que você perdeu a razão do seu viver? É assim, que as pessoas, que perdem estes queridos devem se comportar? Remoendo a dor, por mais que ela venha, sem necessidade alguma de ir chamá-la?

Para Edward, não era assim que a filha deveria ser lembrada: com objetos e o cheiro dela; e sim, com as boas lembranças que sempre ficariam em uma parte reservada do cérebro. Mas Bella não entendia isso. Ela queria se agarrar até o último vestígio que tinha da filha.

Depender de alguém que se ama, é doloroso, pois quando a perde, você sente a falta e aquela dependência continua agarrada a tudo que foi desta pessoa. Era isso que estava acontecendo a Bella, e Edward percebia claramente.

- Se sentir bem? – Edward perguntou indignado com o que ela disse se lembrando dos dias anteriores que via os olhos dela avermelhados... – Como você pode dizer que se sente bem, quando está chorando, deixando o vazio se apoderar de você, onde nem eu consigo te socorrer, te ajudar? – Ele perguntou tentando obter respostas dela, tentando entende-la melhor.

Ele queria saber como ajudá-la...

- Edward. Tudo me faz lembrar ela, e mesmo que eu não estivesse naquele quarto, esse vazio que você fala, sempre estaria dentro de mim. E não há nada que você possa fazer para tirá-lo. – Ela respondeu as respostas que Edward queria ouvir, mas quando as ouviu, sentiu que era verdade, que ele não podia fazer nada, que o que Alice disse, não estava ao alcance dele. Mas ele não desistiria.

Ele queria que Bella não o expulsasse da vida dela – como estava fazendo –, pois assim ficaria mais difícil de tentar ressuscitar o amor que ela ainda tinha por ele – o amor de ambos –, mas a dor era tanta que sobrepujava esse sentimento infinito.

Ela esperava que ele fosse capaz de dizer mais alguma coisa, mas quando viu a expressão de desentendimento dele, se transformar em desolamento e sofrimento, ela se retirou da sala de jantar – dessa vez sem ser seguida pelo olhar dele –, não queria ser a culpada pela dor que estava sendo infligida a ele. Será que esse ciclo, contínuo de sofrimento e vazio continuaria?

Bella esbarrou com Carmen – que estava entrando na sala de jantar com uma bandeja, e conseguiu equilibrar, antes que essa caísse de suas mãos.

- Desculpe Carmen. – Bella sussurrou, e se Carmen não estivesse tão próxima dela, não teria escutado.

Carmen não se importou com o esbarrão, viu as lágrimas escorrendo pelo canto dos olhos de Bella, e ficou com o coração na mão. Mas o que ela podia fazer? Ela é uma simples empregada. Mas ela nunca foi tratada como uma, e sim, fazia seu trabalho, usava o uniforme – que achava lindo, todo rendado –, mas nunca foi tratada como um ser diferente naquela casa, por não ter contas e mais contas bancárias como os patrões.

- Senhora Cullen... O que houve? – Ela queria de alguma forma ajudá-la.

- Nada. – Foi o que Bella disse, enxugando as lágrimas com as costas da mão, e seguindo o caminho que fazia antes de esbarrar em Carmen.

- A senhora não vai comer a sobremesa? – Carmen perguntou, quando Bella já estava de costas para ela, indo em direção as escadas. – Fiz aquela sobremesa que a senhora tanto gosta: ChocolateTiramisu.

Bella parou ao ouvir aquele nome.

É... Carmen se esquecera de dizer: sobremesa que tanto Bella como Elisa gostam. Mas Elisa não estava mais aqui, então... Gostavam.

Quando Carmen se deu conta do que havia falado, Bella já tinha corrido em direção a escada, e Carmen só pôde ouvir uma porta se fechando bruscamente.

Edward acordou da sua letargia, com o baque da porta, e correu para ver o que tinha acontecido. Enxugando suas lágrimas, que teimavam em se apossar de seus lindos olhos, ele viu Carmen paralisada, segurando... Edward entendeu o que tinha acontecido.

- Senhor Cullen. Eu não fiz por mão, pensei que a senhora Cullen ficaria melhor. Desculpe, eu não sei onde estava com a cabeça. – Carmen tentava se desculpar, mas não precisava disso, Edward e Bella sabiam que ela não fez por mal, mas Edward também entendia a reação da esposa: ela havia se lembrando da vez que eles foram para Paris, e lá não tinha uma única sobremesa de que Elisa gostasse, e foi quando Bella teve a ideia de que eles fossem a um restaurante americano que tinha no centro de Paris, onde tinha essa sobremesa, que nem Bella, nem Edward conheciam... E que Elisa, escolheu, e os fez experimentar. Assim que eles experimentaram, depois dos pedidos e biquinhos de Elisa, ligaram em seguida para a mansão deles, pedindo para que Carmen descobrisse a receita do tão saboroso Chocolate Tiramisu. E desde então, aquela sobremesa era a preferencial no jantar da família Cullen, pelo menos até hoje.

- Está tudo bem Carmen. Só retire da mesa o jantar. Obrigada!

Ele também se retirou, e foi diretamente para as escadas, e sem hesitar – pensando se Bella estaria no quarto deles – deu duas batidas leves na porta do quarto onde ela estava, mas como sempre, não ouve respostas, só um choro profundo, que chegava a doer na alma dele.

- Amor... Deixe-me entrar! – Edward pediu, mas seria em vão.

- Vá embora. – Bella gritou em respostas, se dignando a responder, por mais que fosse gritando.

- Eu vou ficar aqui até você abrir essa porta. – Ele disse teimoso, e se sentou, de costas para a porta.

Ambos compartilhavam de um mesmo pensamento, e do mesmo vazio que era pensar, que nada mais daquele dia – daquele passado – voltaria. Mas só dependia deles mesmos, fazer de um novo dia, melhor do que foi no passado, mesmo que Elisa não estivesse presente; isso não seria egoísmo, seria viver a vida, até o ultimo momento...

Estavam: Bella, Elisa e Edward, no restaurante do hotel de Paris onde se hospedaram. Já tinham almoçado – comida muito boa por sinal, feito pelo chefe de cozinha do restaurante do hotel – e só faltava a sobremesa.

Elisa tinha apenas dois anos...

- Mamãe... Eu não goto de Cleme blu-blu... Ain, não sei falá. – Elisa havia dito, fazendo cara feia para o prato de sobremesa, após ter experimentado um pouquinho de nada.

- Mas filha, você mesma escolheu. – Bella disse, passando o polegar no canto da boca de Elisa, onde tinha ainda vestígio do Crème Brûlée.

- Eu sei. Mas não goti mamãe. – Ela se defendeu, balançando a cabeça de um lado para o outro, movimentando os lindos cabelos cor de bronze.

- O.K., pede outra, então... – Edward se manifestou, sem esconder o sorriso ao ver a alegria da filha, por poder escolher outra sobremesa.

Elisa olhou, olhou; virou as folhas do cardápio que continham inúmeras sobremesas, e disse convicta:

- Não goti de nenhuma mamãe.

Elisa ainda não sabia ler, mas isso não há impedia de olhar e analisar precisamente cada imagem contida nas folhas do cardápio.

Edward e Bella se olharam e sorriram; ambos tinham o mesmo pensamento: de como a filha deles é decidida, mas era a criança decidida mais doce.

Resolveram ir a uma doceria americana que tinha no centro de Paris, e de novo, foi Elisa quem escolheu a sobremesa.

Depois de terem cedido aos biquinhos de Elisa, e os inúmeros, por favor, eles experimentaram o Chocolate Tiramisu – que mesmo sendo basicamente só chocolate, não tinha lá uma cara muito boa, mesmo sendo chocolate.

Após experimentarem, e se esbaldarem literalmente com o Chocolate Tiramisu, Edward ligou imediatamente para Carmen, mesmo que o fuso horário fosse diferente – já que lá era oito e pouco da manhã, e em Paris, passava das duas horas da tarde.

- Carmen...

(...)

Depois que Edward falou com Carmen, foram se divertir ainda mais, comendo o tal do Chocolate Tiramisu.

Não há nada pior do que as lembranças, pois ela deixa nossa dor mais presente, pois é tudo o que temos de concreto quando uma pessoa vai embora de nossas vidas. E Bella se agarrava tanto a cada lembrança que tinha de Elisa... Dos risos, que nunca mais encheriam cada centímetro daquela imensa casa que tinha a alegria presente. Nada mais seria como antes...

As intermináveis horas se passaram, com Edward ainda ali, sentado de costas para a porta.

Ele se levantou, passando as mãos nervosamente nos cabelos: O que ele podia fazer? Sentia uma imensa saudade da filha, mas sabia que ela não voltaria mais, e sentia uma saudade do amor de sua vida – Bella –, que não tinha ido embora, junto com a filha, mas que estava ali, e ele não podia fazer nada para arrancar aquela saudade do peito.

Saudade de alguém que já se foi não passa, mas e quando essa saudade é por alguém que continua vivo?


E como em todas as outras noites, ele não dormiria bem, pois não há teria ao seu lado.

Ele aguentou intermináveis três dias enquanto Bella estava em coma induzido, e agora, parecia que esse coma continuaria...

O que fazer, quando uma pessoa, não quer sair do estado de torpor em que se encontra? Como se pode ajudar uma pessoa que não quer ser ajudada?

Essas intermináveis perguntas que a mente de Edward fazia, e ele não tinha essas respostas. Não sabia o que fazer. Ontem ele recebeu uma ligação da mãe, quando estava se preparando para ir dormir, numa cama vazia.

Esme sabia que o filho não estava bem, e como mãe, se sentiu um fracasso. Ela não foi vê-los – Edward e Bella – depois de tudo o que aconteceu, pois pensava que não era a hora disso, e queria esperar à ‘poeira baixar’, mas pelo o que ouviu de Edward, não estava sendo assim tão fácil, e nem ela achou que seria. Doía muito – ela como avó – não ter mais a neta por perto, e ela sabia que essa dor, nem se comparava a dor em que o filho e a nora estavam passando. E o único pensamento positivo que Esme poderia ter, era de que um dia tudo se resolveria, de que ela estivesse com toda a família reunida de novo, como sempre foi, mesmo que um grande pedaço – em cada um dos membros da família – estivesse faltando.

Mais um dia torturante estava reinando em Nova York, mas nem os raios de sol e o céu azul, seriam capazes de colocar um ‘sorriso’ na mansão Cullen, e nem nas pessoas que ali habitavam.

Edward não iria trabalhar de novo, queria estar perto da esposa, mesmo que ele sentisse que ela não o queria por perto. E você pensa que ele estava desistindo? Não; pois quem ama, não desiste, e mesmo que o coração dele, não estivesse sendo bem cuidado, como um dia Bella prometeu, ele faria de tudo, para que o coração dela estivesse.

Hoje ele decidiu que o café da manhã seria servido na ala da piscina. E assim fez Carmen; arrumou tudo e deixou impecável, como sempre fazia. A mesa estava recheada com um café da manhã divino, que até Edward resolveu ajudar – não só arrumar a mesa, mas também a preparar as guloseimas.

Panquecas acompanhadas de frutas vermelhas, torradas com geleia, waffle com syrup e amoras... E outras coisas acompanhavam o café da manhã divino.

Tudo estava pronto, só faltava Bella acordar, e Edward esperava isso pacientemente já sentado na mesa na ala da piscina – sem tirar os olhos das escadas que dava para ele ver de onde estava. E foi quando ele a viu descendo lentamente cada degrau, e passando a mão no rosto – nada passava despercebido para Edward, até mesmo a maneira que ela andava, por causa da bota ortopédica, aquilo estava preocupando ele muito, mas o doutor Carter deixou bem claro que pelo menos uma semana seria o necessário, e depois estaria tudo bem – pelo menos com a perna.

- Bella? – Ele a chamou, vendo que ela seguia para a sala de jantar, onde normalmente era servido o café da manhã.

Ela definitivamente não o ouviu, estava absorta em seus pensamentos nebulosos, e assim continuou andando. Edward se enfureceu com aquela atitude dela, mas se recompôs, e foi até a sala de jantar, onde ela tinha entrado.

Bella já estava saindo, já que não tinha nada na sala de jantar, e quase esbarrou com Edward, mas o susto a fez cambalear para trás, fazendo com que Edward a segurasse pelas duas mãos nas costas dela. Nenhum desviou o olhar um do outro, e teria acontecido um beijo se a masoquista Bella, não tivesse se distanciado. Era assim que ela se sentia melhor, se afastando, só que ela não percebia ou até percebia, era que Edward sofria com cada passo para trás que ela dava; com cada reação contrária que ela demonstrava. Aquilo estava acabando com ele. Ela estava acabando com ele, mas se era o melhor remédio para ela própria se punir... O que fazer?

- Desculpe-me! – Edward pediu, jamais se imaginando em pedir desculpas por ter tocado na sua esposa, no amor da vida dele.

Bella não disse nada, como estava fazendo desde a briga que eles tiveram, no mesmo local onde estava sendo servido o café da manhã, que ela ainda não tinha notado.

É lógico que ela queria beijá-lo, e queria que fosse ela a pedir desculpa, mas a culpa sempre rondaria cada passo dela, fazendo-a magoar as pessoas que a amam, a Edward, o seu amor. Definitivamente, quem arquitetou todo o plano do acidente – que era para tirar a vida de Bella e Elisa, conseguindo tirar a vida de apenas uma –, estava chegando ao seu objetivo: afastar tudo o que fazia Edward feliz, o único amor da vida dele.

- Bella. O café da manhã está servido lá na ala da piscina. – Edward disse de costas, quando ela simplesmente saiu da frente dele, seguindo para fora da sala de jantar.

- Vou tomar o café da manhã na cozinha. – Ela simplesmente disse, sem se virar para ele, e continuou andando.

Ouvir a voz dela teria feito Edward feliz, mas se ela não estivesse usando o mesmo tom frio que era o mesmo que enfiar uma faca e girar várias vezes no coração de Edward.

Ele simplesmente não foi tomar o café da manhã. Faria agora como ela: se trancaria em seu quarto, que antes era de Bella também.

A dor o consumia, o corroia por dentro, e parecia que jamais teria fim. Pegou a foto da filha, que estava em cima do criado mudo, e falou o que o seu coração – o pouco que tinha sobrado – queria, o que a imensa saudade queria.

- Elisa. Se você estivesse aqui... – Ele perdeu o som da voz, por causa da dor que era pensar que isso nunca poderia ter acontecido; que ela poderia ainda estar com eles. – Tudo seria diferente. Não teria dor. Mas você teve de ir, e eu não estou vendo o por que disso. O por que Deus tirou você de nossas vidas, minha pequena. – Edward respirou fundo, e abraçou a foto perto de seu peito. – Me diz quando isso tudo vai passar? Me diz quando é que sua mãe vai entender que eu também sofro?

Perguntas, e mais perguntas, que só o tempo poderia responder.

Nada é por acaso, e se assim Deus quis que fosse, tem o por que, mas Edward e nem Bella enxergava essa resposta. Não enxergavam o por que de tudo.

Bella decidiu tomar o café da manhã na cozinha, onde Carmen estava, e esta não entendeu nada quando a viu entrando. Sorte que a tevê estava desligada, mas mesmo que estivesse, parecia que os jornalistas tinham dado um tempo... E nem estavam mais em frente ao portão de entrada. Parecia que tudo estava voltando ao normal.

- Carmen... Você pode me servir aqui? – Bella perguntou, se sentando em umas das banquetas que estavam rodeando o balcão no centro da cozinha.

- Claro senhora Cullen. – Carmen respondeu, entendendo que a tentativa de Edward de tentar fazer com que Bella saísse um pouco, pelo menos ir até a área da piscina, tinha falhado.

Depois que Carmen serviu Bella, e esta começava a comer, pediu licença e foi até a área da piscina, percebendo que não tinha ninguém, e que o café da manhã não tinha nem sido tocado. Era muita coisa para ser jogada fora. Sabia que os patrões não reclamariam se ela distribuísse as guloseimas para o empregados da casa: os seguranças, para as faxineiras – quem só viam 2 dias na semana – para o jardineiro, que mesmo sem ninguém mais passar a tarde no jardim, como Edward, Elisa e Bella faziam, ele continuava cuidando de todo aquele imenso verde.

Bella ainda não tinha terminado de comer as panquecas, quando de lembrara de um dia, ali na cozinha, com Elisa. Um dia que poderia ser encarado como qualquer outro, mas para ambas não... Um dia em que elas decidiram fazer um bolo, um dia que poderia não ter significado nenhum, seria apenas um bolo de cenoura, mas o que havia por traz daquele dia, era que existia a magia. Elisa se comportava como... Elisa, e Bella, se deu a oportunidade de bagunçar com a filha, se deu a oportunidade de aproveitar o momento como se fosse o ultimo, e na verdade, aquele havia sido o ultimo, antes de tudo a sua volta se tornar vazio e doloroso.

Edward também participara daquele dia... Um dia que tinha sido mágico. E é claro que depois das risadas, e vários tombos por causa da correria, tiveram que limpar a cozinha, fazendo brincadeira disso também. Eles se sentiam criança perto de Elisa. Isso era tão bom.

Foi a primeira vez que Bella não viu aquilo como uma lembrança, e sim um momento único em sua vida que ligava a vida das duas pessoas mais especiais da sua vida. Um dia não só visto como uma lembrança.

Bella terminou de se recordar desse dia, com um sorriso nos lábios, que não aparecia desde que tudo aconteceu; desde que tiraram a felicidade dela. Mas ao mesmo tempo em que o sorriso brotava em seus lábios, lágrimas escorreram pelo canto de seus olhos, fazendo com que o sorriso, fosse embora, sem data prevista para volta.

Carmen viu isso. Ficou de mãos atadas, sem saber o que fazer. Foi involuntário, era mais forte que ela. Aproximou-se de Bella, e deu abraço forte nela, e foi retribuída também. Não durou muito, Bella queria voltar para o ‘lugar onde se sentia bem’. Não disse nada, simplesmente se afastou, e foi em direção as escadas. Dessa vez ela não fechou a porta, só a encostou.

Onde havia só uma pessoa sem a qual Bella conseguiria viver, após o nascimento de Elisa – quando a sentiu em seus braços, tão pequena, mas ciente de que os pais estavam ali, e sorriu, formando covinhas quando ela sorriu pela primeira vez –, se tornou duas sem a qual ela conseguiria viver. E como viver quando estava faltando um pedaço dela? Como viver sabendo que jamais veria as covinhas se formarem quando a filha sorria? Ela ainda tinha Edward, só que a outra parte de seu coração, ele não completaria, sempre ficaria aquele vazio, aquele vácuo profundo. E até quando ela ainda teria Edward?



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Notas finais do capítulo

No próximo, teremos um capítulo que eu escrevi - se não me engano - na semana do dia das mães... Já imaginam o que pode ser?
Aaaah... Quero que vocês sejam sincera comigo, como a MillachanxD foi... Ela me deixou triste, mas foi sincera... Se vocês quiserem repetir o 'comportamento' dela, se sentiam a vontade... Mas, sentirei falta de poder ler os Reviews de todas vocês...
Não estou 'expulsando' vocês... Só estou ressaltando...
Teremos, creio eu, mais alguns capítulos, talvez menos do que vocês imaginam, pois estou tentando 'montá-los' para que fiquem grandes... E esses alguns capítulos - antecedendo a separação - acontecerá para que possamos chegar logo na inevitável separação... Acho que não expliquei direito né? Sorry, hoje não estou nos meus melhores dias...
Beeeijo!!! Aaaaah... Não esqueci: pryla, minhas mais nova leitora (: Obg por estar aqui!!!