Um Dia Tudo Muda

Capítulo 12

- Bella? – Ela perguntou, depois de três batidas seguidas na porta do quarto dela e do irmão, e nenhuma resposta. – Bella? – Ela voltara a chamar, e nada de Bella responder.

Abriu a porta mesmo assim, se deparando com o quarto silencioso e consequentemente vazio. Bella não estava ali.

Alice conseguiu ouvir um choro muito baixo do outro lado do corredor... Vinha do quarto de Elisa. Alice foi até lá, e resolveu simplesmente abrir a porta, e se deparando com a imagem de sua melhor amiga sentada no chão, de frente para a parede janela, e com as costas escorando-se à cama de Elisa.

Bella chorava, e chorava muito, e não percebeu a presença de Alice, até que esta foi até Bella, e se sentou do lado dela, sem dizer uma única palavra.

Estava sendo muito difícil para Alice, ver a amiga naquele estado, ela só viu uma maneira de tentar, de alguma forma, fazer com que Bella se sentisse melhor. Alice só queria que Bella soubesse que ela estaria ali, para o que ela precisasse.

Bella estava achando estranha aquela atitude de Alice. Alice sempre fora muito impulsiva, queria sempre ajudar, mesmo que esse alguém não quisesse a ajuda. Bella não percebia, que aquela era a forma de Alice ajudar.

- Eu não estou suportando isso Alice. – Bella sussurrou, percebendo que era isso que Alicie queria. Que ela se sentisse pronta, para falar... Desabafar.

- A dor da perda não é fácil Bella. Mas todos estamos aqui. – Alice enfatizou a frase, abraçando a amiga de lado.

- Menos ela. – Bella sussurrou.

- Ela sempre estará em nossos corações. – Alice sussurrou também.

Bella nunca quis ser o centro das atenções, mas não tinha como evitar. Talvez, parar se sofrer, fingir que nada aconteceu? Isso ajudaria? Essa não era a atitude certa; ela não estava se fazendo de vitima, mas como não expressar a sua dor, já que esta estava em todos os lugares? Até ali, onde Bella sentia a presença da sua pequena...

O silêncio se instaurou, dando lugar para a hesitação, até que Alice resolveu perguntar, quebrando o silêncio:

- O que Edward está fazendo lá na garagem?

Bella se levantou, e olhou para a amiga com total frieza. Ela não queria se lembrar dele, não queria se lembrar da dor que ela estava exercendo sob ele. Mas Bella se lembrava de Edward, ele estava em tudo o que ela olhava, a cada lembrança de Elisa, que ele estava junto. Ela só não queria pensar que ele estava em algum lugar, sofrendo. Mas como não pensar, quando ela era a causadora disso tudo? Causar mais sofrimento a quem se ama, não é, e nem será a solução para os nossos problemas. A partir do momento que esses problemas estão sendo dolorosos para segundos, terceiros, é um problema de todos... E Bella não queria isso... Mas não tinha como evitar o sofrimento de todos, já que ela não conseguia evitar o seu próprio.

- Vai perguntar pra ele. – Ela foi até a porta, e a abriu. Ela não iria deixar transparecer a angustia que sentia por pensar em Edward. Não, ele não merecia isso... Ela merecia. Pelo menos é assim que Bella pensa.

Alice encarou a amiga desnorteada. Era isso que a dor estava fazendo com ela? Afastando ela cada vez mais das pessoas que ela amava?

- Eu não acredito que você está fazendo isso com você mesma. – Alice disse, depois de se levantar, e ir até a porta.

Ela não queria falar daquele jeito com a amiga, mas precisava. Ela queria dar um choque de realidade nela, pois se ela continuasse agindo assim... Alice não queria nem pensar, ‘deixou de lado’, e se retirou. Não era só o quarto que tinha uma atmosfera pesada e triste, a casa toda compartilhava disso. Será que eles não percebiam que assim não traria a filha de volta? Será que sofrer é o melhor remédio para a própria dor? Alice não tinha as respostas para essas perguntas. Recompôs-se emocionalmente depois que saiu do quarto da sobrinha e Bella fechou a porta, voltando a se entregar ao vazio, que nunca a deixaria, se esta continuasse agindo assim. Pois a frieza, não a levaria a nada.

Alice seguiu para fora da casa, e lembrou-se do que Carmen disse sobre seu irmão: “... Só pode ter ido para a garagem”. Caminhou lentamente pelo jardim, que daria perto da garagem, e viu a mesma cena de dor, sofrimento e vazio que acabara de presenciar.

- Edward? – Alice se aproximou do irmão, que estava em pé, de costas para ela, e os ombros se mexiam. Ele também estava chorando. Dessa vez, ela não iria dizer nada, talvez ela tenha errado com Bella nisso. Simplesmente foi abraçar o irmão, que não se surpreendeu ao vê-la ali, e a abraçou de volta.

Por quanto tempo mais duraria essa dor?

Alice saiu da mansão, diferente de quando ela entrou.

Ela tinha entrado com esperanças... Que se esvaiu ao perceber que Bella e Edward estavam se afastando cada vez mais – ou melhor, a dor de Bella os separava. Ela tinha visto isso já do hospital, quando Bella não quis ver ninguém. Alice até entendia isso, mas se Bella só negasse a visita de todos os outros, até dela mesma. Mas de Edward? Aquilo não era de Bella. O vazio estava mesmo acabando com ela. E Edward, só queria amenizar isso tudo, mas não dependeria só dele.

- Jasper? – Alice havia ligado para o marido, assim que conseguiu sair da mansão com a ajuda dos seguranças...

Ele tinha atendido no segundo toque:

- Amor? O que houve?

- Eu preciso de você. Você está na Construtora? – Ela perguntara, com a voz chorosa.

- Sim. Alice, você está me preocupando.

- Só fique ai. Já estou chegando. – E desligou o celular.

Ela precisava muito do marido, ouvir os conselhos dele. Ela se sentia um lixo por não conseguir ajudar a própria amiga e nem ao irmão, mas se lembrou do que ela disse a Edward antes de sair: “Não a deixe Edward. Ela precisa de você, por mais que não diga, e ache que não queira. Esteja com ela. Não desista!”.

Isso tinha feito Edward enxergar de uma forma diferente tudo. Ele nunca tinha cogitado a ideia de deixar o amor de sua vida, mas ouvir aquelas palavras da irmã, o fez perceber que tentar ser forte para a mulher que ele ama, não estava sendo em vão; ele tinha que continuar forte, por eles, e se precisasse, ele seria a coluna que ergueria o amor intenso que ainda havia entre eles.