Pov Edward

– Vou explicar; me dêem apenas um minuto. - disse Zafrina sentando no chão. Sua fisionomia estava esgotada e agora ela parecia muito frágil para uma senhora da idade dela.

Minha mãe foi até um pequeno pote de barro tirando um pouco de água e dando a ela. O ambiente parecia carregado com uma energia negativa; tudo estava revirado devido aos últimos acontecimentos, parecia que um vendaval havia passado por aqui. O único som encontrado era do canto dos pássaros do lado de fora.

Isabella e as outras começaram a se mexer despertando.

– Shhh... –sibilei a ajudando a se sentar – Se sente melhor?-perguntei mesmo sabendo que ela não me entenderia.

– Ce sa întâmplat? - disse com a voz entrecortada naquela língua desconhecida. (O que aconteceu?)

– Está tudo bem. – disse puxando uma mecha para trás de sua orelha; sorri tentando passar para ela segurança nas minhas palavras. Segurança que eu mesmo não tinha.

– Trebuie să știm ce se întâmplă cu noi. - disse Alice se levantando um pouco rápido demais e quase caindo mas antes Jasper a segurou equilibrando-a.( Temos que saber o que está acontecendo com a gente.)

– Știm că atunci când doresc să vorbească limba noastră și avem dreptul să știe ce se întâmplă – Rosalie esbravejou e pela sua feição tinha dito algo que não a deixava nada satisfeita.( Sabemos que quando querem, falam nossa língua e temos o direito de saber o que acontece).

–O que elas estão dizendo? – perguntou Jasper.

–Também querem saber o que acontece. – disse minha mãe. Soltei um suspiro alto.

– Todos nós queremos. – disse – Não sei porquê tanto mistério nisso tudo - olhei exasperado para nossos pais e Zafrina.

–Por favor sentem-se vamos contar tudo. – disse Carlisle e seus olhos passaram por elas - só não acho uma boa ideia elas saberem de tudo. – finalizou.

–Por que não vai nos contando e ai decidimos o que deve ou não ser traduzido para elas? – perguntou Emmet. Até que às vezes ele tinha boas ideias.

– Tudo bem. – disse Zafrina – Rainha Esme pode me ajudar?- pediu.

– A propósito querida não sabia que falava a língua maia...- questionou meu pai.

– Aprendi muitas coisas enquanto ia às missões. Tempo de sobra. - deu um sorriso tímido e seu rosto ficou rosado.

– Irei compensá-la querida. – Carlisle sussurrou passando o braço nos ombros de minha mãe.

– Argh...- dissemos nós três.

– Ainda estamos aqui. – disse Emmet.

– Ninguém mandou terem uma super audição. – disse meu pai. – Se sente melhor Zafrina – perguntou. Na verdade nossos pais queriam ganhar tempo para que ela se recuperasse.

–Sim majestade. – disse deitando o cajado a seus pés. - Vou explicar tudo o que foi mostrado pelos guardiões. Não esperava que já tivesse tomado essa proporções. – disse Zafrina preocupada.

Alice e Jasper se sentaram e Rose se ajeitou melhor ao lado de Emmet. Isabella e as irmãs trocaram um olhar cúmplice, que teria passado despercebido se eu não a tivesse fitando.

– Quando convidei Zafrina para fazer a inspeção já suspeitava do que acontecia, principalmente depois de ter ouvido o nome de Aro. – disse meu pai.- Antes precisam entender algumas coisas.- falou pensativo – Aro é meu irmão.

Confesso que me sentia muito confuso com tudo aquilo. Como assim irmão?

– Irmão?- perguntou Jasper.

– Quer dizer... nosso tio?- indagou Emmet perplexo.

–Esperem...- Carlisle ergueu as mãos pedindo calma – vou explicar tudo.

–Și apoi...- disse Isabella- vrem sa stim ce vorbesc – lançou um olhar indagador para gente sendo seguida pelas irmãs.( E então... queremos saber o que estão falando)

Olhamos para nossa mãe mais foi Zafrina quem respondeu.

– Elas querem que traduzamos o que falamos.

Meus irmãos e eu nos entre olhamos e negamos para nossa mãe. Por enquanto não seria nada bom elas saberem que tínhamos um tio que talvez estivesse por trás do seqüestro delas.

– Mãe, por favor peça-as para esperar mais um pouco.- pedi e minha mãe traduziu na língua delas.

–Deja vorbesc cu tine draga, așteptați doar un pic mai mult . – disse.(Já falarei com vocês queridas, esperem só mais um pouco)

Como se tivessem combinado em sincronia as três soltaram um suspiro sendo seguido por um biquinho.

– É melhor começar zafrina- disse Carlisle à velha cigana que tomou fôlego dando inicio a explicação.

– Os guardiões são deuses que ficaram responsáveis pela vida no cosmos; – começou Zafrina usando o tom melodioso – cuidavam de modo que as energias se mantivessem sempre em equilíbrio no universo.

–De tempos em tempos eles tinham filhos que ajudavam na guarda dos mundos. Quando a Terra passou aos seus olhos viram que era um planeta belíssimo e recém-descoberto e que seus habitantes precisavam de um direcionamento. - disse.

Todos estavam compenetrados em tudo o que ela dizia, presos em cada palavra. Percebia que ela usava o tom majestoso, não de um soberano vampirico mais de uma rainha de feiticeiras, que ela sempre fora.

– Eles escolheram o filho mais velho; o preparam para assumir o governo da Terra, já que não podiam ter controle de tudo o que acontecia de onde estavam e cada vez que abriam o portal permitiam a passagem tanto do bem como o mal para os mundos.

“ Então quando Krona adquiriu certa idade mandaram para cá. E ele governou de forma justa e honrada; não existiam guerra, nem fome e todos os habitantes eram tratados de forma igual.

“Aconteceu que há milênios atrás, Krona se apaixonou por uma humana; ele poderia escolher entre esquecer este amor ou segui-lo mais assim perderia sua imortalidade e todo seu poder.

“Ele escolheu seguir sua amada dando as costas a seus pais, a sua descendência; o que ele não sabia era que sua amada era comprometida. Ao se apaixonar sua alma ficou rendida aos sentimentos carnais e agindo por ciúmes Krona matou seu rival. Ela, claro assim que soube o que ele havia feito o rejeitou. Tomado pela fúria Krona a matou se suicidando em seguida.

“ O planeta ficou sem líder e logo os habitantes não tinham mais a quem seguir, ficando cada um por si; guerras aconteceram na disputa pelo controle do planeta.

“Os guardiões quando tomaram conhecimento do que estava acontecendo, se comoveram com a situação dos habitantes e mesmo entristecidos com a morte de seu primogênito intercederam encaminhando seu segundo filho para a Terra.

“Qward era ainda mais jovem que o irmão e ainda não tinha se preparado adequadamente para assumir o planeta. O mal agora já assolava a terra e logo se levantou contra o menino.

“Alguns não o aceitavam como soberano e questionavam como um menino poderia governar com sabedoria e justiça uma raça inteira. Aliaram as criaturas mais sórdidas existentes na face terrena dotadas de toda a maldade e soberba na alma; reuniram assim fadas, vampiros, elfos, lobisomens e homens, muitos homens;

“Induziram o restante a não obedecer às ordens e exigirem que Qward entregasse o reino. Agindo então encobertos pelo lado sombrio armaram um plano que se quer deu tempo para ele reagir. Enganaram a todos que protegiam o pequeno rei e numa noite colocaram o plano em pratica matando o menino. Colocaram veneno em um alimento e deram para o menino dá-lo a um dos animais de estimação sem saber, mas por suas próprias mãos uma criatura vivente foi morta fazendo com que ele perdesse a imortalidade. Facilmente teve sua vida tirada.

“Assim se levantou mais uma batalha pelo poder. Desta vez sem vitoriosos, cada criatura teve suas perdas e decidiram que cada um teria seu soberano além de exigir que os guardiões não se envolvessem mais nos assuntos terrenos.

“Quando os guardiões souberam disso viraram as costas para nós e decidiram não mais ter filhos destinados ao governo da terra. O mal se alastrou por toda parte e houveram as grandes guerras dos povos dando fim a quase todas as criaturas diferentes. A raça humana passou a ver que os que não eram iguais se assemelhavam ao mal e não aceitavam mais dividir o planeta com nenhuma outra raça. O que obrigou muitas outras a viverem escondidas até que caíssem no esquecimento aos olhos humanos ou seriam completamente dizimadas como as fadas e elfos que até hoje não confiam em quase ninguém.

“Lobisomens e vampiros eram caçados por humanos e embora fossem mais fortes eram em menor numero. Os vampiros que eram já bem antigos tinham o controle da sede e se alimentavam apenas para sua sobrevivência. Logo as feiticeiras foram chamadas de bruxas com relação direta com os sombrios. As poucas que restaram e tinham conhecimento do feitiço de evocação o fizeram pedindo novamente auxilio aos guardiões.

“Como havia sido decidido eles não poderiam ajudar com seus poderes prometendo apenas conselhos e sempre que possível continuar olhando por nós; dessa forma fomos quase todos dizimados.

“Karian, uma das guardiães ficou muito triste ao ver seus filhos mortos e os guardiões resolveram quebrar as próprias regras, fazendo seu ventre conceber novamente. Seus filhos não são gerados como nós através da concepção do ato carnal, mas eles unem seus poderes e um pontinho de luz de grande força é gerado no interior do ventre de uma delas.

“Mais qual não foi a surpresa quando descobriram que o filho era então trigêmeo, eram três meninas, Carmem, Bianca e Nadja. Eles estavam muito felizes e pareciam ter caprichado já que as meninas nasceram com todo formosura do mundo, eram dóceis e amigas porém tinham uma beleza divina.

“ Elas pediram muito a seus pais para conhecerem a terra que viam apenas pelo portal. Viam como eram bonitas as montanhas, os lagos, as florestas e os animais; viam as crianças correndo pelos campos e ficaram maravilhadas com tudo. Os guardiões receosos por elas mas como não conseguiam dizer não para elas mandaram seus melhores anjos guardiões para acompanhá-las.

“Sabiam que se elas fossem vistas por qualquer criatura pensante terrena teriam conhecimento que elas não seriam de lá pela extrema beleza divina. Ao atravessarem o portal se encantaram com o mundo que viram, provaram as frutas dos pés e correram pelo campo aberto. Exaustas do tanto que caminharam resolveram banhar-se na cachoeira. Sempre acompanhadas por seus anjos que não tinham conhecimento do pecado e por isso não viam a nudez delas.

“O que aconteceu é que um homem de alma carnal andava por ali; assim que as viu ficou obcecado por elas e ao perceber os anjos da guarda ao redor delas sabia que não conseguiria tê-las sem ajuda. Mas não seria uma simples ajuda humana ou de qualquer outra criatura; seria a ajuda do próprio mal. O homem, alucinado pelo desejo de possuí-las, fez então um pacto trocando uma vida inteira de servidão por alguns momentos com elas.

“Teve a ajuda que queria. Sem terem chances de luta, os anjos foram rapidamente eliminados pelos seres sombrios. A água límpida do rio já não cobria a nudez das meninas aos olhos pecaminosos do homem. Embora fossem dotadas de poder, não sabiam como usá-los por serem puras; e se usassem contra qualquer criatura terrena perderiam sua imortalidade.

“O homem que em força física era mais forte que elas e facilmente as dominou levando para o interior da caverna debaixo da cachoeira. Amarrou-as e sem oferecerem resistência, o homem rasgou a carne virginal de cada uma delas. Estuprou-as de todas as maneiras possíveis e quando já estava satisfeito, adormeceu deixando-as caídas e assustadas com o sangue em seu corpo. O mal já o tinha usado para seus próprios benefícios. Fez com que as meninas dessa forma ao conhecerem a intimidade humana perdessem a imortalidade e tivessem seu corpo aberto para as forças maléficas já que não tinham mais a proteção de seus guardiões.

“Uma nuvem negra adentrou a caverna e com elas os espíritos sombrios penetraram em suas almas. O lado sombrio se apossou de seus espíritos fazendo-as aceitar a imortalidade do mal enquanto perpetuavam uma vida regada de luxuria na Terra. O semblante puro que possuíam foi tomado por um rosto de malicia e crueldade, perderam sua imortalidade divina mas não seus poderes, se soltaram das amarras e caminharam até o homem adormecido no chão. Enquanto uma delas o erguia e cobria sua boca, as outras com pedras pontiagudas cortavam o corpo soltando risadas por sua recente descoberta fonte de alegria. Sem ter tempo de saber se era sonho ou realidade o homem teve seus membros decepados numa morte lenta e dolorosa.

“Ao saírem da caverna o mundo nunca mais voltou a ser o mesmo. Por onde quer que passassem eram adoradas pelos homens e até mesmo mulheres ficavam encantadas com a beleza delas, reinos foram erguidos e derrubados por elas que gostavam tudo o que viam. Batalhas foram travadas, muitos perderam suas vidas e almas em nome delas.

“Os guardiões mais uma vez nada puderam fazer, cortaram definitivamente as relações com a Terra e poucos foram os que sobraram que ainda conseguiam evocar o feitiço os chamando-os.

“ Alguns homens pareciam alheios a sua beleza pois eram fieis as suas esposas, ao amor que os uni-los e isso, elas não entendiam. Não entendiam o significado do amor. Iradas por não conseguirem tê-los, usaram seu poder em alguns vampiros e lobos que atacaram os homens sem piedade, enquanto elas se divertiam com tudo isso; era como se a dor as alimentasse. Todas as cidades foram quase extintas e apenas as pessoas nômades restaram.

Continua....