[...]

-Eu ainda não entendi isso Jujuba, faça o favor de me explicar novamente.

-Ashley, eu já te expliquei isso umas mil vezes, como você não conseguiu entender ainda?

-Oras, não consegui. Vai, me explica, por favor. –fiz biquinho e ele riu.

-Tá tá tá, eu explico. –ele foi pegando o livro e um lápis. –Presta atenção!

-Espera ai, meu celular tá tocando. –peguei-o, olhei no visor, não queria atender.

-Quem é Ash? –Justin me perguntou, preocupado com a cara que eu fiz.

-Ninguém, esquece. –disse recusando a chamada. Ele deu de ombros, e quando ia voltar a explicar, meu celular tocou novamente. Era a mesma pessoa, dessa vez ia atender, precisava saber o que aquele idiota queria comigo. –Justin, vou atender, espera um pouco ai. –disse me levantando

-Quem é Ashley? –ele se levantou também.

-Ninguém importante.

-É ele né?

-Não Justin, não é ele.

-Então me diz quem é.

-Não é da sua conta!

-Ashley, você não vai falar com ele!

-Quem é você pra falar o que eu devo ou não fazer?

-Sou a pessoa que enxugou todas as lágrimas que você derramou por culpa desse idiota! Me dá esse celular, você não vai falar com ele!

-NÃO! –gritei com ele. Eu odiava fazer isso, mas ele estava passando dos limites. No mesmo instante ele recolheu as suas coisas, guardando as mesmas na sua mochila. –O que você está fazendo? Onde vai?

-Vou embora, não quero ficar aqui pra ouvir essa conversa. –ele disse seco. –Mas se ele fizer você chorar de novo, não diga que eu não te avisei! –Saiu batendo a porta. Sentei-me no chão chorando. Porque eu fiz isso? Justin é meu melhor amigo desde que eu me entendo por gente, e eu fiz isso com ele por causa de um ex-namorado idiota? Ashley, você é a pessoa mais burra que eu conheço! –disse a mim mesma, com o roto apoiado em minhas mãos. Meu celular tocou de novo, era ele. Eu preciso atender, preciso saber o que esse idiota quer.

“-Ashley?! –ele disse logo que atendi.

-O que você quer?

-Eu queria falar com você, sinto falta de ouvir sua voz. –fiquei em silêncio. Não podia acreditar no que ele estava dizendo, como consegue mentir assim? –Eu queria, também, perguntar se você não quer sair comigo um dia desses, sabe? Conversar um pouco, faz tempo que não nos vemos, não é?

-Sairmos? Você está maluco é? Como consegue ser tão cara de pau? Depois de tudo o que você me fez passar, vem me chamar pra sair? –Disse grossa.

-Eu queria te pedir desculpas, por tudo que te fiz passar, me dá mais uma chance, eu prometo que dessa vez vai ser diferente!

-Mais uma chance? A sua cota já esgotou.

-Mas Ashley...

-Não tem nada de mas Ashley. Não vou te dar outra chance de me fazer chorar, de me humilhar, eu cansei de você, entendeu? –Ele não respondeu. –Eu já te dei tantas chances, e você sempre as desperdiçou, se lembra? Você acha que eu sou idiota?

-Ashley, eu mudei, eu percebi que eu te amo, me dá só mais uma chance...” –Não deixei ele terminar, desliguei o celular e me joguei no sofá, agarrando uma almofada comecei a chorar. Odeio chorar por ele! Odeio! Meu celular tocou de novo, dessa vez era o Justin, não ia atender, não podia dar o prazer à ele de me dizer “Eu te avisei”. Desliguei o celular e peguei no sono ali mesmo.

[...]

-Filha, acorda! – Minha mãe me chacoalhava tentando me acordar. Abri os olhos, e vi que Justin estava ao lado dela. –Justin veio te ver meu amor!

Vi que ele olhava bem pra mim, percebeu que eu havia chorado. Me levantei e fui até o banheiro lavar meu rosto, que estava todo inchado. Ele veio junto comigo e ficou parado na porta do me quarto. Sequei o rosto e sentei na minha cama, agarrando meu travesseiro. Ele se sentou ao meu lado, ia começar a encher o saco.

-O que eu te disse mesmo Ashley? Eu estava certo de novo não é?

-Sim, você estava, como sempre. –Deitei em seu colo.

-O que ele queria dessa vez?

-Ele queria que eu desse outra chance à ele... –Comecei à chorar –Eu o odeio Justin!

-Ei pequena, não chora, ele não merece que nenhuma garota chore por ele. –Secou minhas lágrimas, como sempre... –Sabe o que esse idiota realmente merece?

-O que?

-Um bom soco naquela cara de playboy dele! –Rimos. Só ele mesmo pra me fazer rir agora.

-Ele queria se encontrar comigo...

-Você não vai, não é?

-Claro que não! –Ele sorriu. Eu amo o sorriso dele, me faz tão bem. Automaticamente eu sorri.

Ficamos conversando, enquanto ele mexia em meus cabelos, até que pegamos no sono. Isso acontecia várias vezes, tanto que a minha mãe e a dele já estavam acostumadas. Bom, só tínhamos elas mesmo. O pai do Justin morava com sua esposa e seus outros dois filhos, Jazmyn e Jaxon, que eram mais novos que Justin, mas sempre o visitava. Já o meu, morava no Brasil. Eu nasci lá, mas vim para Stratford, quando tinha cinco anos de idade. Meus pais se divorciaram, meu pai ficou no Brasil e minha mãe veio pra cá, já que seus familiares moram aqui. Apesar de ter morado no Brasil, até então, eu sabia um bom inglês, poi conta de minha mãe ser canadense e eu sempre vir pra cá nas férias.

Conheci Justin na escola primária. Logo que entrei na classe, no meu primeiro dia de aula, ele veio falar comigo, com um jeito meigo e fofo, era meu pequeno príncipe, me ajudou bastante a me adaptar. Nós estávamos sempre juntos, o que não mudou nada até hoje. Quando estou com ele, sinto que nada pode me ferir, ele é meu “guarda-costas”, ele faz eu me sentir bem.

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