O homem desceu do caminhão, bateu a porta e seguiu em direção ao carro. Chegou bem perto e arrancou a porta do impala. Sam moveu a cabeça na direção do possuído estava sem forças o sorriso nos lábios do homem ao ver os Winchesters indefesos o alimentava.

— Nos deixe em paz seu maldito! Afaste-se! — O moreno mau conseguia balbuciar as palavras.

—  Ou o quê? Você me mata com a colt? ­— A risada do ser maléfico foi falhando aos poucos enquanto uma voz tão querida se aproximava exorcizando o maldito.

— Exorcizamos te, omnis immundus spiritus. Ominis satanica potestas,ominis incursio infernalis adversii, omnis congregatio et secta diabolica,ergo draco maledicte, ecclesiam tuam secura tibi.......— E a fumaça negra saiu do velho motorista.

— Meus Deus...fui eu que fiz isso? — Murmurava o homem de joelhos.

— Sam, eu estou aqui. Estou aqui. Fica calmo já chamei por socorro. ­— Bobby tentava acalmar o amigo e a si mesmo.

— Papai...Dean...Deannnnnnnnnn!!!!! — Sam deixou as lágrimas banharem sua face, misturando-se com sangue.

***

Algumas horas depois o caçador aguardava por notícias dos amigos. Bobby sentia no peito aquele aperto tão conhecido, a angústia de saber que algumas notícias nem sempre serão boas. Ao ver o médico do plantão dirigir-se a ele sentiu o coração palpitar aceleradamente.

— Sr. Singer? — O médico estendeu-lhe a mão.

— Sim, como está a situação deles? ­— Bobby já havia sentindo de tudo em sua vida. Dor, amor, ódio. Mas a sensação pulsante de angústia e medo estavam dominando-o.

— Eles estão reagindo muito bem...a preocupação é com o rapaz, Dean. Ele teve hemorragia interna, perdeu muito sangue...e a pancada na cabeça foi muito forte. Só poderei avaliar melhor a situação se ele acordar. — O médico sentiu que suas palavras estavam sendo muito duras para o velho homem a sua frente. Era como se a cada palavra Bobby murchava cada vez mais. — Eu sinto muito Sr. Singer, tenha fé o rapaz está lutando muito pela vida.  O senhor pode ir vê-los agora se quiser. — Dizendo isso o médico afastou-se nitidamente cansado, tirando a touca da cabeça.

— Obrigado, Doutor. — O agradecimento morreu em sua garganta. Agora era hora de enfrentar a fúria de Sam Winchester e falar a sobre a situação do irmão.

***

                Dean abriu os olhos, passou a língua pelos lábios ressecados. Levantou-se. Estava em um hospital, estava sozinho. A porta estava aberta, desceu até a recepção. Onde estariam todos?

— Sam? Sammy! — Não obteve resposta. Desceu os degraus a sua frente lentamente, sentia dores nas costelas. Levou a mão para conter a dor.

Dean avistou a recepção, aproximou-se e começou a contar o que lhe havia acontecido a recepcionista de plantão.

— Olá...hã meu nome e Dean e sofremos um acidente de carro...estou procurando pelo meu irmão... — O rapaz percebeu o total desinteresse da mulher e tentou chamar sua atenção estalando os dedos e a chamando. —Hey...hey, moça?

Dean sentiu um arrepio pela sua espinha. Decidiu subir de volta ao quarto e o que encontrou o deixou paralisado. Lá estava ele. Na cama. Sendo monitorado por vários aparelhos e nesse instante seu querido irmão entra no quarto, juntamente com a presença de Bobby.

— Dean...essa não. — O mais alto estava muito angustiado.

— Sam, graças a Deus! Apesar de tudo você está bem. E o papai? Como ele está? — Mas ninguém ouvia o loiro.

— Bobby, temos que fazer alguma coisa. Se os médicos não podem, nós podemos! — Sam suplicava para o caçador um pedido de ajuda, de conforto.

— Ele vai sair desta, garoto. Venha seu pai quer vê-lo. — Bobby sentia sua alma em frangalhos em ver o mais velho imóvel naquela cama coberto por aparelhos.

—Papai está bem? Que bom! — Dean falou seguindo-os, olhou mais uma vez para seu corpo inerte e saiu.

No corredor do hospital, Bobby e Sam seguiam em frente. Logo atrás estava o loiro olhando o hospital até parar, erguer a sobrancelhas ao ver uma paciente retirando a blusa, ficando apenas de sutiã. E quando a moça estava para retirar a peça íntima a médica encosta a porta.

— Não, seria errado entrar. Seria? — Dean se auto-questiona com seu típico olhar matreiro. Solta um meio sorriso e se dirigi até a porta e é surpreendido por um puxão de um homem todo ensangüentado em uma maca no corredor.

— Por favor, ajude-me. — Dizia o homem com várias perfurações de balas pelo corpo.

— Você pode me ver? — O Winchester não conseguia se desvencilhar daquela mão em seu braço.

— Por favor, não me deixe morrer. — O desconhecido clamava por ajuda. Dean olhou para os lados querendo ajudar o homem e pedir para alguém vir até ele, muitos passavam e não o enxergavam. Então ao olhar novamente para a maca ela estava vazia e limpa. E o loiro estava só.

***

Sam não compreendia como seu pai ainda se preocupava com a maldita colt, sabendo que o filho mais velho estava a beira da morte. Por isso seu ódio por John aumentava ainda mais. E quando ouviu Bobby discutindo sobre invocar o demônio e sair batendo a porta, foi a gota d’água e não agüentou ficar quieto. Entrou gritando e disparando sua ira sobre John.

— Não dá para acreditar! Como você pode ser tão cego? Tão idiota? Dean lhe deu tudo. Desistiu de todos os sonhos dele pelo senhor. Te amou como nunca amou alguém. Te colocou no pedestal e seguiu TODAS as suas ordens estúpidas sem questionar. E você quer invocar o amaldiçoado? ­— Sam estava a beira de um colapso.

— Você não entenderia, Sam... —John não conseguiu prosseguir.

— Jamais entenderei esse sua vingança doentia. Não pense que esqueci o que você fez com Dean. O colocou em perigo por seu orgulho idiota de me arrastar de volta a essa vida! O monstro aqui é você!É você! — O jovem continha as lágrimas de ódio.

Dean assistia a toda discussão. Odiava vê-los brigando. E em um momento de estresse total para impedir aquela terrível discussão, esmurrou um copo que quebrou-se ao contato com o chão. Surpreendendo a ele próprio e aos demais que se entreolharam.

A briga entre pai e filho foi suspendida, dando lugar a um sentimento ainda pior ao ver a movimentação de médicos no quarto do loiro.

— Vá ver o que está acontecendo. — John falou com voz trêmula.

Sam presenciava as várias tentativas de reanimação que os médicos e enfermeiras tentavam sem sucesso de trazê-lo de volta. Mas nada trazia o irmão de volta. Sam sentiu as lágrimas banharem abundantemente sua face. Não conseguia se conformar, não era justo. Dean em espírito acompanhava o sofrimento do irmão, tentava falar com ele. Confortá-lo mas ninguém o via ou ouvia. Essa situação estava deixando-o totalmente sem forças para continuar sua luta. Mas ele não desistiria. Lutaria para voltar e proteger aqueles a quem amava. O loiro aproximou-se do próprio corpo e gritava para ele mesmo:

— Levante-se! Não fique assim, você é Dean Winchester o caçador de criaturas sobrenaturais. Levante-se desgraçado! — E num ato de desespero ele sacudiu o próprio corpo. Deixando os médicos assustados com os movimentos bruscos sem batimentos cardíacos do jovem corpo na frente deles. Sam sentiu a presença do irmão. Sabia que ele estava ali e estava lutando. Lutando para voltar para eles.

Dean sentiu o olhar de Sam nos seus. Isso o comoveu.

— Sam? Você pode me ver? — A resposta a seguir estava presa na garganta do mais jovem.

— Sim...meu irmão!