Memórias Esquecidas escrita por Jenny


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Quem de vocês me xingou muito por ter parado de postar?. por favor não comente isso.É, eu sei sou uma otária por começar a fic e não terminá-la não é?.não comente isso também.
Queria constar aqui que eu li todos os comentários deixados, e as mensagem em pv. Um beijão pra vocês que acompanham e que esperaram com muita, mas muita paciência o meu retorno.
Se tem alguém que lê minha outra fic, do Skip Beat, saibam desde já, que não estarei postando novos capítulos por enquanto. Quero terminar com esta aqui primeiro.
Aqui está o capítulo 32 espero que gostem.
Leiam&Divirtam-se



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/238538/chapter/32

Mai tinha a sensação que devia abrir os olhos a muito tempo atrás aprendeu que nunca deveria ignorar sua intuição porém naquele momento o local quente em que estava e o cansaço em cada osso do corpo não deixavam ela perseguir a curiosidade para saber qual seria sua visão ou se realmente veria alguma coisa.

Talvez essa sensação atrás dos olhos fosse apenas imaginação. Quem dera, o formigamento nas pálpebras ainda estava ali e aquilo realmente incomodava. Desistiu de se agarrar a inconsciência e abriu os olhos para encontrar um lindo par de safiras brutas com a expressão de divertimento.

– Caramba a noite foi realmente boa, não? – Perguntou Gene com um enorme sorriso no rosto. Não era surpresa nenhuma vê-lo pois no fundo sabia que iria encontrar com seu cunhado. Essa informação foi dada por Luella assim, pois, confirmando suas suspeitas de que ele era o falecido irmão de Naru. No presente momento o sorriso malicioso do fantasma deixava Mai com as maçãs do rostos roxas como beterraba.

– Por favor, diga que você teve a dignidade de me dar privacidade dentro do meu próprio quarto! – Mai sibilou, seja por constrangimento, seja por irritação. Que resultou numa breve gargalhada de Gene. Ela desejou ter unhas bem longas e duras capazes de cavar um buraco.

– Minha nossa, não! porque eu iria querer ver as nádegas brancas como porcelana do meu irmão? – respondeu ele ainda rindo levemente do comentário anterior –Se você está preocupada com isso saiba que parei de bisbilhotar sua rotina faz um tempo. Pra dizer a verdade ontem fiz uma visita rápida na sua casa e saí de lá antes do jantar acabar.

Mai relaxou os ombros aliviada, tinha absoluta certeza que Gene a respeitava eram amigos afinal, no entanto entrou em pânico ao pensar que ele poderia ter visto sua intimidade com Naru pois tem coisas que não se compartilha mesmo com amigos. Ficou com o rosto vermelho só de cogitar que algum vizinho pudesse ter escutado seus gritos e gemidos iria pensar nisso outra hora o importante era saber o motivo de estar no plano astral. Infelizmente não poderia conversar por muito mais tempo, é impressionante como o tempo passa rápido quando está neste lugar. sendo assim, perguntou – Então, guia perseguidor, tem algo que eu preciso saber, certo? você nunca me chama apenas para conversar.

– Sim, você tem razão. Apenas me dê um tempo para organizar os pensamentos. – Ele ficou estranhamente desconfortável, verificou as abotoaduras do pulso esquerdo e do direito em seguida ajeitou a gola do terno que obviamente estava imaculado, limpo e bem passado como sempre. Mai arqueou uma sobrancelha mas não falou nada se sentou e ficou esperando que ele continuasse. Com a testa franzida como se tomasse uma decisão ele prosseguiu – Sei que você está tendo sonhos comigo. Aquele acidente que você presenciou de ângulos diferentes, sim, aquela pessoa na estrada sou eu. Acredite em mim eu não sei porque está vendo isso agora sou apenas o seu guia não controlo suas habilidades.

– Espere um segundo, a pessoa que foi atropelada é você?. Aquela mulher o matou!. Quer dizer, eu sei que você tá morto, você é meu guia. Mas assassinado! Gene você foi assassinado!. Eu não sabia que era você na estrada, e quando ela o atropelou eu senti Gene, eu estava no corpo dela, eu sei que ela queria isso. Ah Gene... – A sensação de vertigem a inundou com força deixando-a pálida e com o início do que seria uma infernal dor de cabeça. Levou a mão direita à têmpora massageando levemente e tentou pensar com mais clareza. Não tivera oportunidade de se aprofundar nas circunstâncias da morte de Gene na sua breve conversar com a senhora Davis, não via alguma maneira sutil de perguntar tal coisa havia também o fato que ela não era da família e discutir o assassinato do filho, certamente, não era algo que Luella faria com uma quase estranha. Essa linha de pensamento levou à outra: a família sabia sobre o fim trágico de Gene?. Achava que sim.

– Mai, sei que é muita coisa pra assimilar mas eu preciso que você preste atenção ao que estou dizendo não temos muito tempo, aqui no plano astral quero dizer, você pode acordar a qualquer momento. Apenas respire fundo e fique me escutando, certo? – Perguntou. Pegou a mão esquerda e a direita de Mai, tirando-a da ocupação de massagear as têmporas e deu um pequeno aperto nas duas mãos em seguida fez círculos com os polegares na base do dorso das mãos numa tentativa de aliviar a tensão que ela sentia. Ao constatar que ela parecia bem para retomar a conversa, ele continuou.

– Eu e o Noll somos adotados disso você sabe. Pois bem, quando fiz 16 anos comecei a incomodar meus pais com perguntas sobre minha família verdadeira. Não que Luella e Martim fossem pais ruins, não, na verdade é o oposto eles são a representação personificada de tudo de bom que aconteceu na minha vida. No entanto, quando entrei na fase da adolescência me peguei muitas vezes olhando para as paredes do meu quarto e me perguntando o que seria de mim e Noll se nossos pais não nos escolhessem. Sei que você é órfã e talvez entenda que toda vez que um casal chegava na instituição pairava no ar a sensação de expectativa misturada a aflição quando alguém era escolhido e levado embora. – Aqui ele pausou para inspirar e soltar lentamente o ar. Mai que tinha as mãos dadas com Gene apenas balançou a cabeça em compreensão e pediu pra ele continuar.

– E eu ficava imaginando se meus verdadeiros pais estariam em algum lugar e se eles se importavam com o que tinha acontecido com os filhos. É ridículo eu sei, mas eu queria me encontrar com eles para que soubessem o que tinham perdido...que perderam o dia que recebi minha primeira medalha ao vencer a final intercolegial de natação, perderam também a fase que Noll estava com um dente pra nascer e ficava choramingando pelos cantos da casa, se escondendo para que ninguém o visse se contorcendo de dor mas mais do que isso eu queria que nossos pais soubessem o que nós encontramos, acolhimento, afeto, repreensão do Martim quando andávamos com sapatos eslameados pelo assoalho da casa, encontramos uma família que nos amou independente da relação sanguínea. E quando perguntava sobre meus pais verdadeiros para Martim ele só dava respostas evasivas e o mesmo acontecia com Luella. Sem perguntas ainda não acabei. –Avisou. Mai que tinha começado a abrir a boca fechou-a rapidamente.

– Sendo Assim, comecei a procurar por pistas que me levassem a eles e sempre acabava em nada. Tudo era ainda mais difícil por ter que fazer o trabalho todo sozinho, Noll que na época começou a trabalhar com o papai, já tinha deixado claro sua parte nisso, que ele absolutamente era contra a ideia de procurar por nossos pais, dizia que não queria ir atrás das pessoas que nos abandonaram e que pra ele pouco importava se estavam vivos ou mortos...surpreendente que ele pensasse assim, não?. Mas eu não podia culpá-lo por pensar desse jeito o assunto sempre deixava ele meio nervoso e alterado por isso não mencionei mais nada e continuei a busca.

– Finalmente, um dia...bom, uma noite na verdade. Enquanto folheava uma pilha de papéis espalhados sobre a cama encontrei a ficha de hospital que minha mãe -a verdadeira- preencheu no dia do parto. Você deve estar se perguntando como não consegui achar antes, é apenas um pedaço de folha, aparentemente. só que não é bem assim. Depois do parto ela nos deu somente o primeiro nome, Eugene e Oliver. É aí que entrou a parte mais chata da minha investigação pois tinha tantos Eugenes e Olivers que nasceram naquele mês que você pensaria que as pessoas daquele ano estavam sem imaginação. Sério mesmo, facilitaria muito meu trabalho se as pessoas fizessem menos filhos.

– Ou só trocassem por outros nomes? – Mai sugeriu.

– Ou isso. – Gene balançou a cabeça, concordando. – Já que Noll está disposto a demonstrar sua virilidade, logo vocês terão que escolher nome de bebês, e por favor, pelo bem da humanidade não escolham nomes comuns.

– S-Seu pervertido – Mai enrubesceu e tentou desferir um golpe em Gene - que com muita rapidez pra um fantasma- desviou. – Porque não vai assombrar a vida íntima de outra pessoa, Lin-san talvez?

– Porque, ele não sonha comigo, você sim. E vou te contar, é impressionante o número de vezes que você e Noll se beijam por dia. – Rindo, ele desviou novamente das mãos voadoras de Mai. Ao mesmo tempo que ela murmurava "seu guia idiota". Aí lembrou-se que ainda não tinha terminado sua história.

Retomando a narrativa, Gene contou que depois de achar a ficha - que por sinal- tinha o nome de Mary Agnoletto como a mulher que teve os gêmeos. Na semana seguinte, foi até o endereço constado na ficha. Mas é claro que mais de 10 anos haviam se passado e naturalmente quem quer que tivesse morado ali -se era realmente a casa de Mary- a pessoa tinha se mudado por tanto não ficou surpreso ao saber da notícia. Fez algumas perguntas à mais recente moradora e a mulher de meia idade, que claramente conhecia sua mãe, se mostrou relutante ao responder perguntas como: alguma Mary morou aqui?; você sabe qual é o novo endereço dela ou se tem telefone para contato?

No fim, a mulher não revelou muita coisa sobre a vida de Mary. Ele foi despachado dali com um número de telefone, que podia ou não, estar ativo. Pois bem,pensou. O que fazer agora? tinha o número em mãos era só ligar, certo?. Errado. Por quase um ano ficou procurando por pistas e quando a realidade do que estava fazendo recaiu sobre ele. Ficou refletindo apenas por um instante se era isso mesmo o que ele queria. Chegou a conclusão que sim, era o que queria fazer.

Não ligou imediatamente, precisava de um dia para descansar a mente de todo trabalho árduo que fez até aquele ponto. Ao chegar no quarto foi direto para cama e ficou longos...dois minutos acordado e apagou. Na manhã seguinte depois do café da manhã se trancou no quarto e digitou o número no celular. Aguardou o primeiro toque, o segundo, o terceiro..."alô" a voz feminina do outro lado falava uma idioma estanho. Desde que ele aprendeu a falar, Martim ficava empurrando pra ele e o irmão, livros de variados idiomas e os ensinando. Até livros gregos ele tinha. Quem dá livros gregos a uma criança?. Martim, dava. Por isso que ele reconheceu o idioma e respondeu no mesmo dialeto. Que era japonês. "A senhora Mary Agnoletto se encontra?"

A linha ficou muda por um minuto, após uma profunda respiração a moça perguntou, com a voz meio tremula. "Quem está falando? ".

"Eu sou-...Me chamo Eugene." O que iria dizer, que era o filho indesejado da Mary?. "A Mary, ela está?"

"Porque não me conta como conseguiu esse número, Eugene?". Perguntou a moça. Bom, o pior que podia acontecer se ele revelasse ser o filho perdido, era a garota desligar, confere?. Sendo assim, explicou que era o filho de Mary e que o número foi passado pela moradora atual da casa -que antigamente- a mãe ocupava.

Ao final do falatório, a linha ficou muda. Olhou no visor pra ver se a ligação tinha caído. Não, não tinha. "Você-...você e seu irmão, estão na Inglaterra, é isso?. Ah, e eu me chamo Alice, se você quiser saber.". Depois de Gene ter revelado praticamente a vida toda à essa tal de Alice, o que a interessava era o lugar onde morava. Sério, mesmo?. Mas respondeu a pergunta, confirmando. E tornou a perguntar sobre o paradeiro da mãe. "Sinto muito mas a Mary está internada. É câncer de pulmão, e está avançado. Eu era a pessoa responsável por cuidar dela logo quando recebeu o diagnóstico. Agora fico cuidando da casa, ela não tem mais ninguém. Pelo menos eu achava que não...".

O que ele ia responder, que também sentia muito?. Porque não sentia.Não que Gene fosse insensível mas Mary não era exatamente a mãe do ano e receber a notícia da condição dela seria o mesmo que dizer que a cunhada, da amiga, da mãe do pai, estava doente. Por isso, permaneceu calado. Aparentemente, Alice percebeu seu silêncio e decidiu que não havia mas nada a ser dito pois disse: "Olha, eu tenho que ir. Se você quiser saber do estado da Mary é só ligar."Gene murmurou que talvez ligaria e finalizou a chamada.

– Alguns dias depois Alice me ligou. Foi ela que me convenceu a atravessar o oceano e conversar com minha mãe. "Ela iria querer ver os filhos pela última vez", foi o que ela disse. Eu e Noll tivemos uma discussão grave por causa disso. Cara, ele até destruiu meu quarto, fazendo as coisas voarem pela janela. Parecia o apocalipse. – Gene riu com a lembrança – Martim e Luella também não concordavam mas também não me impediram de pegar o avião. Naquele dia, eu tinha acabado de completar 17 anos. Eu e Noll. E passei o aniversário dentro de um avião.

– E você conseguiu ver sua mãe? – Mai perguntou. Gene apenas a olhou por uns segundos, como se sua mente tivesse voltado aquele dia, e os traços de humor desapareceram do seu rosto.

– Na verdade, não. Quando cheguei no aeroporto de Hokkaido, não tinha ninguém me esperando. Eu deveria ter suspeitado. – Balançou a cabeça em descrença, como pôde ser tão imbecil? – Eu liguei para Alice e ela disse que tinha surgido um "imprevisto", e que enviaria o local onde deveríamos nos encontrar, por mensagem. Eu não suspeitei de nada...e o fato do taxista ter me deixado numa estrada deserta deveria ser indicação de que algo estava errado. No entanto, eu fui muito imbecil e fiquei ali, parado, num lugar desconhecido e que ficava cada vez mais escuro. Ela me enviou um sms, dizendo que estava chegando. E o resto, bem, você já sabe. E quanto à minha mãe, nem sei se o que Alice falou era verdade.

Mai nunca tinha visto ele tão...Angustiados? Ressentido? Traído, talvez?. Não sabia que palavra dar, para descrever. Era a primeira vez que Gene tinha sido honesto sobre quem era, e o que de fato acontecera com ele. Ficou indignada, com a pessoa que tinha atropelado ele, e com a crueldade da sua vida ter sido arrancada tão repentinamente. O cara tinha só 17 anos. 17 anos! estava no auge da juventude e tinha tanta coisa para viver.

– Já te falaram que você é uma chorona? – Perguntou Gene. Puxando Mai para seus braços e deixando que ela se agarrasse a sua camisa. Recebendo um "cale a boca, idiota!" como resposta.

– Acho que não há dúvidas sobre quem me matou. Foi a Alice, se é que esse era seu nome verdadeiro. Realmente não sei porque essa mulher me matou. – Confessou – Mas fique atenta Mai. Também não sei porque você tem sonhado comigo porém não gosto disso nem um pouco. Tenho um mau pressentimento sobre isso.

– Uau, algo que Eugene não saiba, isso sim é novidade. Talvez eu tenha que trocar de guia. – Mai, brincou. Ao mesmo tempo que rezava em silêncio para ele não perceber o tremor em sua voz. Há algumas horas atrás, ela e Naru quase foram atropelados. E saber que foi assim que Gene morreu, não estava exatamente ajudando com seus nervos. Ela iria conversar com Naru sobre o assunto e-... ah sim, tinha esquecido. Naru não tinha contado sobre o irmão. É, ela teria picadinho de Naru para o almoço.

Afastou-se de Gene para enxugar as lágrimas. Sim, ela era uma chorona mas não iria admitir isso em voz alta. Vendo que ele franzia a testa de preocupação ela respondeu:

– Tá legal, eu terei cuidado. Mas, você sabe que eu posso chutar a bunda de qualquer um afinal tenho poderes, esqueceu?

– Não, não esqueci. Sei que é capaz de se cuidar só não exagere, sim? – Perguntou, Gene.

– Sim, sim. – Respondeu. Mai franziu a testa quando o corpo de Gene tremulou. Iria acordar, tinha certeza. Tentou se concentrar para permanecer onde estava.

– Não se force, Mai. Você já está aqui por um bom tempo, agora, você tem que acordar. – Ele levantou a mão quando Mai abriu a boca para protestar. Mai sabia que não ia ganhar uma discussão com Gene, não quando ele estava certo. Sendo assim se despediu com "Até logo" e desapareceu.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem tava com saudade do guia mais lindo de ghost hunt?
nem vou colocar data do próximo lançamento porque não sei quando vai ser mas eu não vou demorar muito eu acho... tá parei. não demoro, não.
Kissus