Ainda o observava e Justin agora sorria, de um jeito que me fazia sorrir junto com ele. Era algo involuntário.

– À propósito, está linda.

[...]

– Obrigada, Justin. Você também não está nada mal. – meu sorriso ficou ainda maior quando vi o olhar que ele me deu.

– Valeu! – ele falou, enquanto dava um sorriso torto, o que fez meu coração palpitar.

Em seguida, os primeiros acordes de Christmas Eve puderam ser ouvidos. Olhei para Justin, que riu baixinho. Nossos olhos encontraram-se por uma fração de segundos.

– Quer dançar? – Justin perguntou, estendendo sua mãe para mim.

– Sério? – Eu perguntei, franzindo as sobrancelhas. – Quer dizer... Claro. – Eu sorri e estendi minha mão, fazendo com que ela tocasse na dele. Quando o contato ocorreu, foi como se uma corrente de energia tivesse passado por mim, fazendo-me levar um choque. Suas mãos eram quentes e macias. Fechei os olhos. Eu só podia estar sonhando. O menino que eu amava, e que havia me humilhado durante toda a minha vida, estava me convidando para dançar. Em um baile.

Ainda segurando minha mão, ele me levou para o meio da pista de dança. Puxou-me para perto dele, e nossos corpos encostaram-se, o que me causou arrepios. Ele passou seu braço por volta de mim, e entrelaçou nossos dedos. Começamos a dançar calmamente, como o ritmo da música. Deitei minha cabeça no seu ombro direito, suspirei e fechei os olhos. Eu havia sonhado com aquele momento por tanto tempo... E ele finalmente havia chegado.

Depois de um tempo, ele me segurou pelos ombros e me empurrou para trás, suavemente. Olhei para ele, confusa. Ele colocou suas mãos na parte de baixo do meu rosto, puxando-o para perto do seu.

Nossos rostos estavam separados apenas por milímetros. Minha vontade era de ir para frente e beijá-lo, como em meus sonhos. Como eu sempre quisera. Eu podia sentir seu cheiro doce, sua respiração quente chocando-se contra a minha. E então, seus olhos percorreram todo o meu rosto. Desde os meus olhos até minha boca, onde ficaram por um bom tempo. Ele passou seus dedos pelos meus lábios, e logo seus lindos olhos cor-de-caramelo fecharam-se. Ele aproximou-se ainda mais de mim, e pude sentir sua boca encostando na minha.

E então, ele me beijou. Um sonho? Acho que não. Era ainda melhor do que tudo que eu já havia sonhado. Tudo mesmo. Nossas línguas dançavam, juntas. Eu percorria todos os cantos de sua boca, e ele da minha.

Lentamente, ele foi afastando-se de mim, e, ainda com os olhos fechados, me deu um selinho, para finalizar o beijo. Abri os olhos, e ele estava sorrindo para mim.

– Você não faz idéia de por quanto tempo eu esperei isso. - eu suspirei, porém ele colocou seu dedo indicador em minha boca, fazendo um sinal para que eu parasse de falar.

– Apenas... Fique quieta. - ele falou, inclinando-se e aproximando sua boca de meu ouvido. O toque dos dois automaticamente provocou-me arrepios. - Together on this Christmas Eve. - ele sussurrou, falando o trecho da música ao mesmo tempo que ela estava sendo falada na música.

E, então, ele me abraçou. E logo depois, soltou-me rapidamente. E desviou seu olhar do meu. E ficou de costas para mim. E eu pude ver Chaz chegando, com um olhar confuso para Justin.

– Cara, já vão começar a soltar alguns fogos. A gente estava te esperando, mas parece que você resolveu nos trocar por essa... pessoa. - ele falou, olhando para mim com uma cara de desprezo.

– Trocar vocês? Pela... Annie? - Justin perguntou, balançando a cabeça e começando a gargalhar. - Fala sério. Eu só tava me divertindo um pouco.

– Se divertindo? O que você está falando, Justin? - eu falei, balançando a cabeça negativamente. Ele estava se divertindo? O que estava falando? Quer dizer, ele não estava só fingindo que queria me beijar, certo? Ele não estava só fingindo que queria dançar comigo, e nem que eu estava bonita. Não é?

– É claro que sim, Annie. - Justin olhou para mim, revirando os olhos e bufando. - Você já se olhou no espelho? Não, sério. Se olha. E depois olha pra mim. Você acha mesmo que eu realmente pudesse gostar de alguém como você? Se toca, garota. Você é uma fraca.

– Justin, eu acho que você não entende... - eu falei, porém minha voz saiu esganiçada. Algumas lágrimas já enchiam meus olhos.

– Não. Eu entendo perfeitamente. Entendo que você é uma nerd idiota, que só sabe chorar quando alguém fala umas verdades na tua cara, como eu estou fazendo agora. Mas e daí? Eu sei que, mesmo depois de falar isso tudo, é só eu estalar os dedos que você vem correndo atrás de mim. Se enxerga, Annie.

E foi assim que a noite mais perfeita da minha vida, até agora, havia virado, de repente, a pior de todas. A noite em que eu fora humilhada pelo Justin. Porém, fora pior do que todas as outras vezes. Porque nessa, eu tinha esperanças.