– Anda! Para de ser chata! É apenas uma festinha sem importância!!! – falou uma garota com cabelos longos negros, pele branca e olhos como se fossem duas esmeraldas que brilhavam na pouca luz da noite. Ela usava um vestido roxo com alguns detalhes em preto, uma gargantilha preta e um sapato de salto. A garota puxava pela cintura uma outra de cabelos loiros de um tom bem vivo, pele branca e olhos  azuis que brilhavam na mesma intensidade da outra menina. Essa, por sua vez, usava um vestido rodado branco com um decote em “v”, sapatos de salto e seus cabelos estavam presos em uma trança.

– Beleza! – a loira consegue se soltar em um movimento brusco, conseguindo ganhar total atenção da outra, que por sua vez se irritara com o gesto da garota. – Já que é uma “festinha sem importância”, o que eu ainda estou fazendo aqui! – disse ela correndo para a direção oposta da porta que dava acesso a uma suposta festa.

– Não! Volta aqui! – a de olhos esmeralda gritou segurando-a novamente pela cintura e a arrastando na direção contrária daquela que a loira havia seguido. – Eu disse. – ela fez uma pausa dramática, soltando-a calmamente, certificando que ela não tentaria fugir novamente. – Que era uma “festinha sem importância”, para tentar te acalmar! Mas é uma festa de um dos nossos amigos da faculdade! Você precisa se enturmar mais! – esbravejou a menina, já perdendo a paciência.

– É uma festa dos seus amigos da faculdade. E não preciso me enturmar coisa nenhuma! Estou bem do meu jeito, obrigada! – ela disse batendo o pé e cruzando os braços como se fosse uma criança, logo depois virando de costas para a morena.

– Não vem com teimosia para cima de mim não, mocinha! Eu sou seis meses mais velha e seus pais me deram a responsabilidade de cuidar de você! – a morena falava em um tom um pouco mais alto do que o normal. - Enquanto estiver na minha casa, vai ter que seguir minhas regras, entendeu?!

– Você pode até ser seis meses mais velha do que eu, mas eu já sou de maior! – disse a outra virando-se pare encarar a mais velha. - Não preciso que ninguém fique “tomando conta” de mim!

– Vamos... – falou a outra garota com uma voz infantil dando um suspiro para não perder a paciência. – Quero que você vá comigo nessa festa, não posso ficar sozinha lá, ainda mais sem minha priminha... – ela falou fazendo uma carinha de criança, com olhos grandes e brilhantes, tentando convencer a mais nova.

– Er... – a loira falou balançando-se para frente e para trás levemente em uma inútil tentativa de não se deixar levar pela carinha bonitinha da outra. Ela para de se movimentar, fecha os olhos e suspira, abrindo-os logo depois. – Meia hora, nada a mais.

– Eba! – ela da um gritinho de felicidade e a abraça. – Vamos logo! Você vai se divertir muito... – ela disse segurando-a pelo pulso enquanto dava uma risada maligna. A morena arrastou a garota, que estava com uma cara um pouco assustada por causa da risada da mais velha.

Elas entraram pela porta. O barulho da música era ensurdecedor, mal podia-se ouvir a pessoa que falava ao seu lado. Viam-se pessoas na pista de dança, que por sinal era bem colorida com luzes piscando aqui e ali, sem contar pelo enorme globo de espelho que brilhava em cima desta.

As duas caminhavam pela festa olhando todos enquanto passavam pelo meio da multidão. A morena estava animada, com um sorriso largo no rosto, porém a loira não gostara da ideia de estar ali, em uma festa que ela não conhecia nem a metade das pessoas que estavam presentes. Procuravam algum lugar para se sentar.

– Olha, você procura a mesa e eu cuido das bebidas. – a morena disse já se virando para ir buscar o que ela acabara de dizer, porém a loira a interrompeu segurando seu pulso.

– Não sei se você já percebeu, mas... Eu não bebo. – a loira disse curta e direta. – Além do mais, eu não sei andar em u lugar como esse, ainda mais quando eu não conheço ninguém. – disse esta olhando ao redor notando novamente o local superlotado onde as duas se encontravam.

– Relaxa, aqui é super tranquilo, e eu realmente acho que é melhor você beber um energético para melhorar esse astral, tomou café da manhã hoje querida? – falou a morena colocando a mão na testa da menor como se medisse sua temperatura.

– Sim, eu tomei café da manhã hoje... – a loira falou tirando a mão de sua testa calmamente. – E, não vou beber nada. – ela avista um banco vago e se senta neste cruzando suas pernas e os braços.

– Ok, mas eu não volto tão cedo. – disse a mais velha se virando e atendendo ao chamado de um amigo que estava a poucos metros de onde ela se encontrava.

A loira suspira vendo a garota se afastar. Se encontrava em um tédio mortal, detestava ir para festas, já que não levava jeito para tal. A única coisa que ela conseguia fazer naquele momento era olhar a internet tentado achar algo para ocupar o seu tempo, porém o celular estava sem sinal, já que a festa era no subsolo. Sua alternativa era observar aquele monte de pessoas dançando como se o mundo fosse acabar.

Com o passar do tempo, observar os outros começou a ficar chato, como se a ideia original de fazer isso já não fosse chata. Ela apoia a cabeça na parede e acaba cochilando, mesmo no meio de tanto barulho.

Um som de vidro se quebrando do lado de sua cabeça soa, o que faz com que ela acordasse assustada. Ela se levanta e olha para os lados, logo percebendo que a festa em se tornara em um caos, com pessoas brigando, bêbadas e garrafas se quebrando em todo canto. A garota olha o relógio de seu celular e novamente se assusta pelo fato de serem três horas da manhã. Sua cabeça estava confusa, ela se perguntava toda hora como podia ter deixado sua prima a levar naquele inferno. E principalmente uma pergunta não parava de perturbá-la: “Onde foi se meter aquela garota?...”.