Remembering What Was Forgotten escrita por Camilabolano


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

tem duas pessoas lendo, vou continuar postando...
por favor mostrem as caras (:



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O final de semana passou rápido e logo chegou a ultima semana de aulas e a semana do aniversário de Camila. Faltavam dois dias para o aniversario de Camila que seria no sábado.

- Vamos Ca, o ônibus vai chegar daqui a pouco! – a mãe de Camila gritava

- Já to descendo mãe! – a menina disse e logo em seguida descia as escadas já vestida do uniforme e com sua mochila.

- Vem, me dá um beijo linda. – Camila foi até sua mãe e lhe deu um beijo e logo saiu correndo para a porta da casa onde encontrou Nialler já pronto esperando o ônibus escolar na calçada, assim como ela, ele também estava de uniforme.

            5 minutos depois o ônibus escolar chegou e as duas crianças entraram nele. Os dois foram conversando o caminho inteiro da escola, conversavam rápido, atropelavam as palavras. Porque o único horário que tinham juntos durante dias da semana eram na ida e na volta da escola, pois Niall era um ano e meio mais velho que Camila então suas aulas e o intervalo eram diferentes.

            O ônibus chegou e os alunos saíram correndo, bastaram segundos e Camila já estava sozinha no pátio da escola, diferentemente dela, Nialler era “popular” na escola e logo desapareceu com os meninos. Todos do Ensino Primário eram amigos de Nialler e todas as menininhas o adoravam porque ele as tratava bem, diferentemente dos outros garotos.

            Já ela... Era a menina solitária, a diferente. Enquanto a maioria das meninas tinham cabelos loiros ou castanhos, Camila tinha os seus ruivos e poucas sardas acima das bochechas. Enquanto as meninas contavam das bonecas que haviam ganhado e brincavam de tomar chá com as bonecas, Camila brincava de cozinhar. Nessa idade, crianças sabem ser maldosas quando querem e era isso que as meninas da escola eram com ela. Maldosa.

            (...)

Camila atravessava o corredor em direção à saída, acabaram as aulas por hoje. A sua frente ela viu Nialler e um grupo de meninos, sempre tinha vergonha de falar com ele na frente dos amigos dele, por ser mais nova e eles serem em muitos.

- Ei Camila tem alguma coisa pegando fogo na sua cabeça! – uma das meninas da sala de Nialler falou e risadas encheram o corredor.

- Ah não, é só o cabelo dela mesmo... – outras risadas foram ouvidas.

- Camila, sabia que é feio não tomar o banho? Você podia lavar o rosto de vez em quando e tirar essa sujeira do rosto. – outra menina falou e apontou para as sardas dela.

            Camila sentiu seu queixo tremer, sabia o que estava por vir, mas ela não conseguia evitar, ela era mais nova e estava sozinha. Não tão sozinha assim, Nialler estava lá.

            Ele ouviu tudo o que as meninas disseram à sua melhor amiga e de longe viu o queixo dela tremer, seu coração apertou. Não precisou de mais nenhum outro segundo, ele já estava lá em frente àquelas três garotas que estavam provocando Camila, a sua Camila.

- Vai achar o que fazer Ali. – ele se colocou na frente de Camila de um modo protetor.

- O que você ta fazendo aqui? Não estava falando com você.  – ela disse em uma falsa raiva. No fundo ela estava totalmente afetada. Ela era uma das admiradoras do Niall

- Mas você estava tratando mal a minha melhor amiga. Então isso diz respeito a mim.

- Porque você é melhor amigo dela? Ela é estranha. – a menina falou com crueldade. Para Camila estava cada vez mais difícil segurar as lágrimas que insistiam em cair.

- Ela é linda. Ela é bem mais legal e bem melhor que você Ali, pode ter certeza disso.

            As bochechas de Camila foram para a coloração mais vermelha possível. Seu coração aqueceu ao ouvir as palavras “ela é linda”. Uma imensa timidez tomou conta dela e ela queria se esconder de Nialler. Ele a achava linda?

            Para a mente de uma criança de seis anos vocês sabem que isso é absorvido de forma totalmente diferente. Ali olhou com uma cara abobada para ele e Nialler passou o braço pelo ombro de Camila e os dois passaram pelo corredor. Ao sentir o braço de Nialler sobre si ela não conseguiu segurar suas lágrimas, elas caiam silenciosamente pelo seu rosto.

            Eles entraram no ônibus com os outros alunos e sentaram no lugar de costume.

- Não chore pequena, eu vou sempre te proteger ok?

- Porque elas são tão más comigo Nialler?

- Porque elas tem inveja de você Ca. Mas não se preocupe, eu vou estar sempre por perto.

- Promete?

- Prometo pequena.

- Eu não quero mais voltar pra lá...

- Amanha é o ultimo dia, depois você não precisará voltar para lá. – Nialler disse e abriu um sorriso, que Camila acompanhou.

(...)

            Finalmente havia chegado sábado, era o dia do aniversario de Camila, e o dia que o pai dela voltaria de Londres. Camila esta super animada, afinal ela estava fazendo sete anos e veria seu pai que há uma semana estava fora de casa.

- Já arrumou suas coisas?

- Já mãe. Está tudo pronto. – Camila respondeu enquanto saltitava.

            Eles estavam em uma “viagem” para Londres, Camila achava que era só pelo final de semana, não sabia que aquele seria o seu ultimo dia naquela casa.

            Durante essa semana, o pai de Camila que estava em Londres a procura de um emprego conseguiu. E já tinha arranjado uma casa para eles. Como ele prometera a esposa, estava tudo certo. Todos sabiam sobre a mudança, menos as duas crianças.

- Ei filho, tenho uma coisa para você. - o pai de Nialler aparecera na porta.
- Mais meu aniversario ainda não chegou e hoje é aniversario da Camila...
- Por isso mesmo, é um presente para ela. - ele respondeu e entrou no quarto se sentando na cama ao lado do filho.
- Eu não comprei nada pra ela e você comprou? 
Nialler não sabia, mas a frase que acabara de falar estava completa de ciúmes. Coisa que seu pai percebeu e sorriu. Bobby estava certo ao achar que era hora de entrega-lo isso.
- Eu não comprei, isso é herança de família... E eu sei que você merece isso mais que seu irmão, porque ele não tem a quem entregar isso e você tem
- Do que você ta falando pai? 
Então ele tirou do bolso uma pulseira de prata, tinha três pequenos pingentes, um era uma ancora, o outro era um símbolo do infinito e o ultimo era um trevo de três folhas. Ele entregou ao filho.
- Que bonita. - Nialler disse com os olhos brilhando. - Mas porque você ta me dando isso?
- Meu pai me deu isso quando eu era jovem, mas eu nunca entreguei isso a sua mãe, e agora já é tarde. Essa pulseira, você entrega a quem não sai daqui e daqui. - ele disse apontado o dedo no coração e na cabeça do filho. 
- Tem três significados, o primeiro, é ancora. Que significa manter os pés no chão não importa o tamanho da tempestade, significa fidelidade. O segundo é o infinito. Significa algo que dura para sempre e o trevo...
- Shamrock. A sorte do irlandês. 
- Isso. Entregue para Camila, eu nunca vi uma amizade tão bonita quanto a de vocês dois. Ela vai adorar receber, tenho certeza. 
- Mas nós somos criança ainda, eu posso entregar para ela depois. Eu irei revê-la.
- Eu sei que vai. - Bobby disse com firmeza, a vida estava fazendo eles se separarem, mas o destino, ele os queria juntos. O destino os ligaria novamente. Ele sabia disso. - Mas hoje é o dia de você entregar para ela. Promete-me que você entregará?
- Prometo.
- Agora vai lá filho.
- Obrigado pai!
Ele tinha adorado a pulseira, de alguma forma, tudo o que seu pai lhe tinha dito aqueceu o seu coração. Ele foi correndo até a casa de Camila. Ela estava na entrada de casa, Nialler agora estava ao seu lado. Estava tão animado quanto ela. Todos os carros que viravam a rua eles achavam que era o pai de Camila. Até que, quinze minutos depois, ele chegara. Camila saíra correndo para abraça-lo. Ele a pegou no colo e começou a depositar vários beijos nela. Nialler observava tudo do mesmo lugar, sua mãe e sua tia sairam da casa para observar a cena.
- Ela já sabe? - Maura perguntou.
- Não, e nem vamos contar. Iremos deixar o tempo passar...
- Você não acha que ela deveria saber? 
- Maura, você tem noção do quanto vai ser triste se eu contar? Ele é tudo pra ela.
- Assim como ela é tudo pra ele! Jaque, não posso deixar meu filho sem respostas! Ele vai querer saber da amiga!
- Então conte a ele, mas só quando nós formos. Não quero que eles tenham que se despedir.
- Isso é egoísta! 
- Maura, será assim, eles são jovens, com o tempo ele esquecerão. 
- E até lá?
- Até lá nós teremos que ser fortes. 
E Nialler sentiu seu coração se quebrar. Apertou a pulseira em seu bolso, finalmente entendeu o que seu pai lhe dissera há uns minutos atrás. Ela estava indo embora, sua melhor amiga estava indo embora. Não sabia quando voltaria ou se voltaria.
- Vamos querida? - o pai de Camila perguntou a sua esposa.
- Vamos querido. - a mãe dela pegou as malas do chão e colocou no carro.
- Nialler pode ir com a gente? - Camila perguntou. Na cabeça dela, nunca que a palavra "vamos" foi dita com o sentido de nunca mais voltar. Ela foi até Nialler, este, segurando a lágrimas, a amiga não podia ficar sabendo, ele concordava com sua tia, se despedir seria demais para ele, ele não aguentaria vê-la chorar.
- Não pode querida, dessa vez é só nós três. 
- Mas é meu aniversario, eu quero que ele vá.
- Ca, tudo bem, vai lá com seus pais. Você vai gostar, quando você voltar, você me conta como foi. - ela sorriu.
- Ta bom. 
Só ele sabia o quanto foi difícil dizer essa frase. Ele sabia que ela não voltaria, que provavelmente o sorriso meigo e inocente que passeava por seus sonhos só poderia ser visto novamente nos sonhos, e que ele não seria mais o motivo por detrás deles. 
- Podemos ir agora filha? Já ta tudo no carro.
- Só falta eu pegar meu ursinho, ta lá em cima.
- Ok, vai rapido.
- Vem Nialler.
As crianças saíram correndo e entraram na casa, foram até o quarto e pegaram o ursinho. Camila já estava saindo quando Nialler a chamou.
- Ca preciso te entregar uma coisa.
- O que é? 
- Meu presente pra você. 
- Você vai me dar um presente? 
- Aham. - ele disse e tirou a pulseira do bolso.
Os olhos de Camila brilharam, ele colocou a pulseira no pulso dela. 
- Obrigada. - ela disse sorrindo.
- De nada, e Ca, não se esqueça de mim.
- Não vou. 
Ao dizer isso ela se aproximou e o abraçou. Foi o primeiro abraço verdadeiro entre eles. O primeiro abraço em que Nialler sabia o que sentia. Eles se separaram e Camila por um momento sentiu seu estômago revirar. Era o amor. Ela corou.
- Camila! Vamos! 
Ela saiu correndo, Nialler foi atrás dela, saíram de casa e Camila entrou direto no carro. Os pais dela deram um aceno para Maura, que continha as lágrimas. Na janela, Camila mostrou o braço pro amigo e balançou, mostrando a pulseira. Ele sorriu. O carro avançou e Camila se sentou novamente. Não conseguia tirar os olhos da pulseira. Era inevitável, já sentia falta dele.
Ainda parados na calçada, ele chorou. Sua alma estava quebrada, seu coração já não lhe pertencia, batia por ela, pela saudade que já lhe dominava. Era dor demais para um menino de oito anos suportar e entender. Ele só sabia que estava doendo e que queria que parasse.
- Filho, porque está chorando tanto? - Maura lhe perguntou se ajoelhando na sua frente.
- Faz parar mãe.
- Parar o que?
- A dor. Está doendo mãe.
- Onde que está doendo filho?
- Aqui. - ele disse e apontou para o coração. Ele coçava o peito, sobre o coração, queria que de alguma forma aquilo parasse. Queria tirar aquela dor, e ele, com apenas oito anos, achava que as dores do coração eram fáceis de ser curadas. 
Maura ficou chocada. O filho dela sabia que Camila não voltaria mais. Que qualquer que seja a conversa que os dois tiveram no quarto de Camila, aquela provavelmente foi a ultima. Aquilo doeu nela. 
- Vai passar querido, vai passar. - ela disse e o abraçou.
Não adiantava, ele sabia que não passaria. 


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor (:



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