Atrasada. Estava novamente atrasada. E justo pra aula de biologia, na qual eu não ia muito bem e tinha o pior professor do mundo, Sr. Milles.

– Com licença, professor. Desculpe o atraso – eu disse, entrando na sala.

– A, srta. Tomlinson, está atrasada. Posso saber o motivo?

– A eu... eu tava... na biblioteca, procurando um livro – SÉRIO? SÉRIO QUE EU DISSE ISSO? TÁ BOM QUE O SR. MILLES TEM CARA DE TAPADO, POR QUE ELE É MESMO, MAS NÃO O SUFICIENTE PRA ACREDITAR QUE >EU< TAVA NA BIBLIOTECA PROCURANDO UM LIVRO, SENDO QUE A SIMPLES VERDADE É QUE EU ESTAVA OUVINDO MÚSICA NO VESTIÁRIO E PERDI A HORA, MAS ISSO TAMBÉM NÃO IA COLAR NÉ.

– Uhum, vamos fingir que eu acredito e que a senhorita ainda não acabou com a pouca alegria que me resta nessa manhã. – Disse ele, fazendo um gesto pra que eu me senta-se no meu lugar.

– Sr. Milles tolerar o seu atraso, nossa, trouxe guarda-chuva? Acho que vai chover – Disse Letícia, minha melhor amiga. Loira, volupstuosa, animada e cheia de vida. Basicamente o oposto de como eu me encontrava nos últimos tempos.

– Não começa, hoje não tô boa pra brincadeira.

– Hoje? Tipo, SÓ hoje? Hmmm.

– Obrigado pela irônia, mas hoje especificame...

– Srta. Tomlinson, a senhorita AINDA não conseguiu acabar com o meu bom humor hoje, quer persistir nessa missão? – disse o Sr. Milles, me interrompendo.

– Desculp...

– Não, NÃO diga nada – disse ele me interrompendo novamente – eu tenho a solução para esse problema. Srta. Donquer vá lá pra trás, Sr. Malik, venha para frente, por favor.

Letícia me olhou com uma cara tipo “que absurdo!” e tudo o que eu fiz foi dar de ombros. Tinha tomado a decisão de que não discutiria mais com nenhum professor por motivos “fúteis”, principalmente com o Sr. Milles. Visivelmente revoltada, Letícia fez o que ele mandou. Agora eu tinha um novo parceiro de biologia, Sr. Malik. Naquele momento me dei conta que eu não sabia o nome dele. Talvez por que ele fosse novato, calado e na dele, mas era muitoooo gato. Alto, moreno e com topete que combinava perfeitamente com os traços do seu rosto. Não era muito sarado, mas tinha um corpo aparentemente bonito. É, talvez eu repare de mais nas pessoas.

– Oi, eu sou Sarah Tomlinson, prazer – eu disse, sendo o mais simpática possível naquele momento.

– E aí – ele disse, sem nem olhar pra minha cara, fazendo muito pouco caso de mim.

– Bom turma, tenho uma tarefa pra vocês. Quero que façam uma pequena entrevista com seu parceiro. Entendam que o foco da entrevista não são as perguntas, e sim a forma que elas são respondidas. Amanhã eu quero que vocês tragam um relatório sobre o desempenho do seu parceiro durante a entrevista. Acredite, isso tem tudo a ver com o estudo de Reprodução Sexual. Tenho coisas pra resolver então se importam se eu sair mais cedo da aula? Não? Ok, tchau. – disse Sr. Milles, rapidamente saindo da sala.

– Então... eu posso começar sabendo seu nome? – eu disse tentando recuperar minha simpatia. Mas ele me ignorou. Simplesmente me deixou no vácuo. – Olha cara, eu não sei qual é o seu problema, e na verdade não me interessa por que eu já tenho os meus que não são nada fáceis de lidar, mas eu realmente preciso de nota nessa matéria então se você puder colobarar eu agradeço.

– Zayn, Zayn Malik é meu nome. – ele finalmente disse, demonstrando impaciência comigo.

– Ok, Zayn, você gostaria de começar com as perguntas?

– Hmmm, você faz sexo com que frequência? Costuma se masturbar? Já teve sonhos eróticos?

– EI, QUE TIPO DE PERGUNTA É ESSA?

– Reprodução sexual, não é esse o tema que nós estamos estudando? – ele disse com a maior tranquilidade do mundo.

– É mas o professor disse que o que importa não são as perguntas, e sim a forma como são respondidas.

– Então, as perguntas não importam. Responda e eu vejo como você lida com esse assunto.

Eu realmente estava surpreendida com esse garoto. Como podia ser tão arrogante e tão abusado? Ele nem me conhecia, por que tava me tratando daquele jeito?

Antes que eu pudesse falar alguma coisa o sinal bateu e ele se levantou e saiu da sala.

– Ei, nós precisamos terminar isso, cara – eu disse, correndo atrás dele.

– Preciso ir embora, bonita. – disse ele, impaciente comigo... de novo.

– E eu preciso de nota na matéria, CARALHO! – eu disse, agora sim, sem nenhuma simpatia e perdendo totalmente a minha paciência.

– Toma, me liga mais tarde. – ele disse me entregando um papel com seu telefone.

– Eu vou estar ocupada hoje.

– Eu também. - ele disse, já desaparencendo no corredor.

Eu fiquei lá, tentando entender por que ele me tratou daquele jeito, por que foi tão frio comigo, e como ele conseguia ser tão lindo mesmo sendo arrogante. Espera, eu não tava... não, eu NÃO podia tá. Mano, eu tava ficando afim daquele garoto estúpido? Aí, caralho!

– Não Sarah, NÃO! Sua vida já tá péssima do jeito que tá, não precisa de um cara pra piorar sua situação – eu disse pra mim mesma, tentando ser convincente. E, aparentemente, falhando.