Uma Singela Homenagem escrita por Luiza Fernanda


Capítulo 2
Salão da Rue des Moulins de Toulouse-Lautrec




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Como sua vida era difícil. A última de seis filhas, nascida em meio a um protíbulo onde sua mãe trabalhava, foi poupada até seus dezesseis anos, onde teria de começar a exercer a profissão da família: ser uma cortesã. Sua bisavó fora amante de um importante rei, que custeava todas as suas vontades. Quando ele morreu, sua esposa, suspeita de ser mandante do crime, cortou todo o dinheiro destinado a Amélie, a concubina. A família passou por maus momentos e todas as filhas de Amélie foram obrigadas a se entregar a homens que não amavam, em troca de dinheiro, assim como a mãe. Até que um dia,
Amélie reencontra um velho amigo do rei, um embaixador de altas posses, e obviamente casado, mas sua esposa não o satisfazia. Ela oferece sua filha mais velha, Callista, para relacionar-se com ele. Como ela mesma disse "l'entreprise a été un succès!" Não demorou muito para todas as outras meninas também começarem a vender-se a cavalheiros da alta sociedade. Todos eles sabiam que se quisessem encontrar uma amante discreta, sedutora e que lhes desse o máximo de prazer,
deveriam buscar por Amélie. Ao falecer repentinamente de uma doença não identificada na época, sua filha mais velha assumiu o comando da família, que agora gerenciava também um bordel, com todas as moças educadas sobre os rígidos gostos de Callista. A tradição continuou até chegar a Caterine. Moça de bons modos educada na melhor escola de Paris. Os homens sentiam-se atraídos por ela, não por sua inteligência, mas sim por seu corpo. Isso a chateva. Pertencer a mais famosa
família de cortesãs da França, para ela, não tinha nada de bom. Apenas fazia todos a olharem com segundas intenções. Mas ela sempre fora muito reservada, ao contrário das irmãs, todas desinibidas que começaram a se prostituir aos doze anos de idade. Ela achava aquilo terrível, gostaria de se gurardar para alguém que realmente amasse.

– Caterine! Largue este livro e venha aqui agora! - bradou sua mãe, Constantinne.

– Só um minuto, mamãe!

Caterine desce correndo as escadas, desvianda das mulheres desnudas se olhando no espelho, tentando impressionar um grupo de jovens fidalgos que ali estavam em busca de diversão. Ao chegar ao quarto de sua mãe, deparou-se com senhor visivelmente rico, de porte impecável.

– Como eu estava dizendo Monsieur Dupont, esta é minha filha Caterine, a mais bela de nossa coleção.

Constantinne costumava a se referir as mulheres que trabalhavam no bordel e a suas próprias filhas de 'peças de uma coleção'.

Monseiur Dupont observou todos os detalhes da jovem dama, e com isso, dizemos seus seios e outras partes mais indiscretas.

– Esta serve. Me acompanhe, mademoiselle.

Ela olha assustada para mãe, que somente assente.

– Faça tudo o que ele lhe recomendar, Caterine. Nos veremos novamente. - ela caminha em direção a porta - Um dia.
Agora ela estava sentada em uma cama, com roupas que não poderiam ser consideradas como tal, apenas esperando a chagada do filho do homem que a buscara, de quem fora encarregada de sua 'iniciação sexual'. Mal sabia o homem que a dela jamais havia sido iniciada.

A porta abre-se e entra um jovem, de olhos azuis e com uma postura de extrema elegância. Quando ele a vê, olha-a visivelmente surpreso.

– Posso saber porque a mademoiselle encontra-se em meus aposentos?

Ela faria exatamente como o M. Dupont havia lhe dito.

Aproxima-se de Louis, beija-o, mesmo não querendo. Acaricia-o, mesmo não querendo.

E ele corresponde a tudo. E muito mais.

Ainda deitado sobre ela, ele exclama:

– Mademoiselle assemelha-se muito com Afrodite, a deusa do amor.

Ela um pouco tensa, ainda com lágrimas nos olhos, lágrimas aquelas que Louis não havia visto, reponde aparentemente
calma.

– Mas não sei eu se tu eres Hefesto, Ares, Posídon, Hermes, Dionísio, Adonis ou Anchises.

– Conheces a mitologia grega?

– Sim monsieur, estudei um pouco sobre a história grega no colégio. Na verdade, gostaria de formar-me em história
da arte.

E por que não realiza teu desejo?

– Porque estou aqui com o senhor.

Ele confuso, encara ela com uma visível indagação.

– Não entendes? Eu sou uma cortesã. Sua cortesã. Sirvo apenas para satisfazê-lo.

– Mas eres obrigada a fazer isso?

Valentinne então lhe conta sua história, deixando Louis completamente abismado.

– Isto está errado. Não poderias ser obrigada entregar-se a homens quando não o quer fazê-lo.

– Excuse-moi, monsieur, mas...

– Louis, me chame de Louis.

– Excuse-moi, mas o senhor foi o primeiro.

Ele olha para ela, mais uma vez surpreso.

– Como pode isso?

– Esta foi umas das exigências de seu pai. Uma virgem para a iniciação de deu filho.

– Meu pai deve ser louco para crer que esta fora minha primeira vez.

– E não foi?

– Não. Porém foi a sua, sinto-me no dever de honrá-la. Uma moça assim, tão culta e inteligente, não deve passar o resto de sua vida vendendo-se.

– Honrar-me? Não sei se isso é possível. Observer a história de minha família.

– Não me interessa. Vou me casar com você.

– Casar? - Esta era a primeira vez que a vida de Caterine parecia finalmente ter uma perpectiva feliz.

– Sim. - ele olha para o relógio na parede. - Estou atrasado para um compromisso, falo com meu pai na volta. Repouse um pouco minha querida, deve estar exausta.

Caterine fecha seus olhos e cai no sono rapidamente, sendo acordada por um forte estrondo.

– Então a prostitutazinha quer corromper o futuro ilustre de meu filho, noivo de uma duquesa? - M. Dupont gritava com ela, visivelmente alterado devido ao álcool, problema que carregava desde sua juventude que o olhava assustada.

– Non, monsieur! Eu somente...

– Somente é uma interesseira! Seduz meu filho a miséria! Eu preciso que ele se case com a duquesa! Ele não se interessava por Chantelle, por isso eu a procurei, para saciar seus desejos, pois sei que a duquesa não é muito atraente. E em vez de solucionar meus problemas, causa mais desses para moi! Louis disse-me que ama! Isso é ridículo! Não se pode amar uma prostituta!

– Monsieur....

– Cale-se! Não quero ouvir mas uma palavra de sua boca imunda! Dizendo isso, ele saca a arma e dá três tiros no peito de Caterine.Louis, quando retorna, encontra a amada, morta em sua cama. Questiona o pai, que assume a autoria do crime. Indignado, Louis sai de casa, com o corpo de Caterine nos braços, para nunca mais retornar.


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