Sebastian estava novamente na frente da casa dos Anderson, ouviu o guinchar de uma freada violenta, mas não viu nenhum carro, só ouvia o angustiado som agudo dos pneus, tentou correr, sair dali, pegar o caminho da estrada principal, mas seus passos eram lentos, não conseguia correr. Ao chegar perto da curva viu um garoto estendido na rua, o corpo retorcido, seu rosto pálido, sem vida, ao seu lado estava Kurt ajoelhado, bradando:

_Blaine está morto, por sua culpa Blaine está morto, eu o matei, mas a culpa é sua!

Kurt continuava gritando, agora apenas os gritos, sem palavras. Mas de repetente ele estava numa televisão, Sebastian podia ver com clareza, mas então em um segundo, não era mais o Kurt, ele desaparecera, Blaine desaparecera, na TV no lugar de Kurt estava uma atriz, ela estava em um quarto cheio de sombras, escuro, e gritava como se sua vida dependesse disso, e depois veio o comercial de uma marca de cereais.

Olhando para a tela confuso Sebastian finalmente entendeu o que acontecera, tinha adormecido e tido um pesadelo, acordara com os reais gritos vindos da televisão.

Sebastian viu as horas na mesinha de cabeceira, quase sete da noite, levantou-se depressa e nem se deu o trabalho de ir ao balcão de atendimento, foi direto para o corredor principal, e bateu na porta do quarto de Kurt.

_Pai? _ Perguntou a voz de Kurt do lado de dentro do quarto, Sebastian não respondeu, apenas entrou e fechou a porta atrás de si.

Kurt estava arrumado, não tinha mais a cara de cansaço ou tristeza, provavelmente estava apenas esperando seu pai para ir embora para a casa.

_Você _ Sussurrou Kurt com desdém.

_Kurt, a gente precisa conversar.

_A gente precisa é? Não acho. O quarto de Blaine fica do outro lado do corredor, fique a vontade para ir até lá.

_Só me escuta, por favor.

_Cale-se! _ Berrou Kurt.

_Só preciso de alguns poucos minutos Kurt, sério, por favor!

_Cale a boca seu sínico. _ Gritou Kurt em resposta.

Sebastian pensou que viria alguém ver o que estava acontecendo, querendo saber os motivos dos gritos, mas o corredor do lado de fora permanência em silencio.

_Será que da pra parar de gritar e me escutar? Precisamos esclarecer algumas coisas.

_Esclarecer o que? Que você transou comigo e com ele? Que estavam me fazendo de idiota? Qual o propósito de terem mandado aquela mensagem estúpida? Queriam me fazer de palhaço? Queriam rir de mim?_Kurt jogou todas as suas perguntas em Sebastian, precisava saber as respostas apesar de não admitir isso.

_Não culpe o Blaine, eu mandei aquela mensagem, Blaine não sabia disso.

_Não culpe o Blaine _ Ironizou Kurt rindo _ Ele não me pareceu uma vitima inocente naquela cama.

_Você não pode culpado, também foi para a cama comigo, não faz sentido vocês continuarem brigados sendo que cometeram o mesmo erro!

Kurt riu um riso irônico e falso, Sebastian nunca esperou essa reação de Kurt, do mesmo jeito que não esperou a reação pacifica de Blaine, percebeu que não os conhecia de fato.

_Porque você se importa afinal?

_Eu não sei tá legal? Talvez eu tenha caído na real, só sei que percebi o que fiz de errado, não posso querer concertar isso?

_Talvez, mas não acredito em você.

Kurt se deixou deitar sobre a cama, os olhos cheios de lágrimas agora, a raiva tinha passado por fim. Sebastian se sentou ao seu lado na cama.

_Se Blaine me amasse não teria se deitado com você _ Choramingou Kurt.

_Você o ama e mesmo assim se deitou comigo.

_Vai jogar na cara?

_Não Kurt, mas como disse, acho que você não pode julgar Blaine desse jeito sendo que você fez o mesmo, eu fui um caso de diversão para ambos, mas vocês se amam, de verdade.

Kurt olhou bem nos olhos de Sebastian, já não sentia desejo por ele, nem nada parecido.

_Porque está aqui? Eu e Blaine estamos bem, porque fez questão de passar a noite aqui?_ Perguntou Kurt, estava se sentindo péssimo e confuso, e ter Sebastian ali não ajudava muito.

_Como sabe que passei a noite aqui?

_Mercedes me contou, mas não consegui arrancar mais nada dela.

Sebastian sabia que Kurt não acreditava nele, e não acreditaria em mais nenhuma palavra se ele continua-se daquele jeito, certas pessoas não podem mudar ou evoluir, ele era uma dessas pessoas, se queria fazer com que Kurt acredita-se nele teria que ser o estúpido de sempre.

_Olha Kurt na boa, eu só estou tentando colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça, Blaine está arrependido, assim como você está, mas se prefere se fazer de difícil, problema é seu também. _ A voz de Sebastian saiu sincera e sexy do jeito que ele queria.

_E quem me garante que isso não faz parte de seu joguinho?

Kurt agora se sentou cara a cara com Sebastian.

_Cansei de vocês.

_Está mentindo _ Falou Kurt.

Sebastian riu.

_Porque mentiria? _ Perguntou_ Sinceramente Kurt, você é interessante, os dois são, você principalmente claro, mas eu gosto de novidade entende? Pego os inocentes, os virgens e depois, quando essa inocência acaba, eu me canso, procuro carne nova.

_Você é maculo! _ Exclamou Kurt!

_Já me falaram isso antes _ Riu Sebastian.

_Qual a graça de estragar o relacionamento dos outros?

_Pra ser sincero vocês foram meu primeiro casal.

_E isso realmente te satisfez?

_Sem drama, peguei você, o peguei e ambos gostaram todos nós nos divertimos, e agora acabou você e Blaine ainda se amam se forem homens de verdade vocês ficariam juntos ainda, meu jogo acabou, game over.

Neste momento entraram no quarto, Burt, o pai de Kurt e sua mulher e Finn o filho dela e agora irmão de Kurt, eles falavam alto, cumprimentaram Sebastian, sorriam para Kurt, e então Rachel e Mercedes também entraram no quarto fazendo ainda mais barulho.

_Sugiro que visite Blaine antes de ir embora _ Falou Sebastian num volume que Kurt teve que se esforçar para entender.

_E você, o que vai fazer daqui pra frente? Enganar mais alguém?

_Vou seguir com a minha vida _ Disse Sebastian se levantando e sorrindo de cortesia para Mercedes e Rachel.

Kurt tentava dar atenção para todo mundo, entre risadas e tapinhas nas costas viu Sebastian olhar para ele, Kurt leu em seus lábios três palavras silenciosas.

“Eu amei você.”

Kurt ficou confuso, tentando descobrir se entendeu errado, mas não obteve sucesso porque Sebastian fechou a porta atrás de si, Kurt sentiu um alivio no peito, uma sensação de liberdade, estava livre pra tentar concertar seus erros. Será que ele e Blaine conseguiriam se acertar logo?

Do outro lado do hospital, com os olhos cheios de lágrimas Sebastian ia embora, estava tão disperso em seus pensamentos que deu de cara com um garoto na porta de entrada e saia, derrubando os cadernos dele no chão.

_Desculpe, eu realmente não te vi _ Falou Sebastian ajudando o garoto a pegar suas coisas, aquele garoto não era lindo, mas chamou a atenção de Sebastian, tinha cara de bad boy, mas os olhos e sorriso de uma criança. Vestia o uniforme do time de futebol do McKinley, e ele era tão forte...

_Não foi nada, meu nome é David Karofsky, ou apenas Dave e o seu?

_ Sebastian Smythe _ Falou Sebastian sem reconhecer a própria voz, apertou a mão do garoto quase sem fôlego.