HIATOS-A Assassina Em Mim escrita por Elisabeth


Capítulo 2
Capítulo 2




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[…]

Medo.

É uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. Pavor é a ênfase do medo. . .

Besteira, medo é perda de tempo e eu não tinha esse tempo.

Não houve planejamento, quero dizer, planejei que iria fazer, mas não como.

P.S queria poder dizer que não o fiz. Dizer que no último minuto me veio à sensatez de que o que eu estava prestes a fazer seria a maior burrada de minha vida, mas não. No último minuto a sensatez não veio, nem tampouco se manifestou.

 

Seria eu uma pessoa louca?

Não. Eu estava completamente sã.

Gosto de pensar que Deus me enviou com o propósito de aniquilar o mal. Ou as pessoas que me faziam mal.

Veja bem, o mal para mim tem um significado diferente do seu.

Mal não é uma força, nem a pessoa que roubou a sua caneta bem na hora da sua prova de matemática.

O mal… sou eu.

Que hora do dia é agora aí? Manhã, tarde ou noite? Não importa. Olhe em sua volta. Você está sozinha, claro, não há como alguém se concentrar com alguém aporrinhando você, está sentada ou deitada. Não costumo pegar alguém de pé.

Pois bem, peço que deixe toda a tensão do seu dia ou de toda a sua vida para trás, pois terá que deixar um espaço em si para a tensão que lhe contarei.

O Primeiro Dia

Acordo, viajando em meus pensamentos, demoro a assimilar o lugar que me encontro com a situação. Ah – pensei – meus pais foram assassinados. Estou na casa de uma parenta.

Batem na porta. Duas vezes.

— Amanda? Está acordada querida? – Puff, querida é a palavra mais falsa que alguém pode dirigir a alguém.

— Sim, Nôrie.

— Bom. Nós estamos esperando você para o café. Você vem?

— Claro, já estou indo.

O quarto era muito cheio de coisas fofas. Com certeza essa mulher gostaria de ter tido filhos, mais especificamente, uma filha.

Havia ursos, bonecas… paredes cor de rosa e lilás. Poltronas gigantes. A cama.

A cama era algo exageradamente grande. A sua sala deveria ter o tamanho dessa cama. Todos os dias eu acordava num lado diferente dela.

Levantei-me.

Por Deus! Eram 06h46min da manhã. Esse povo não dorme?

Engraçado, eu não me lembro de ter conhecido o marido. Deve ser um velho babão.

Tomei uma ducha, penteei meus cabelos. Calça jeans preta skinny, vans, blusa branca, minha favorita, com duas caveiras dançando.

— Bom dia.

— Bom dia, querida. – de novo essa palavra.

— Não sei o que você costuma comer à manhã…

— costumo não ser acordada a seis e pouca da manhã.

Ela pareceu ofendida. Acho que senti tristeza no seu olhar.

— Oh me desculpe, Amanda. Prometo não se repetir.

— tudo bem. Aceito uma maçã verde e uma faca.

— faca?

— sim.

O olhar da incompreensão se instalou.

— para retirar a casca, Nôrie.

Não planeja matar ela. Ainda não.

— Ah, é claro, cabeça a minha.

Deu-me a maçã e a faca, logo sangue.

— Céus!

— Você é bem desastrada, hein.

— desculpe, eu…

—… e pede desculpas demais. Nôrie, querida – viu? Falsa como nota de seis -, desculpas são para crimes, não por cortar o próprio dedo. Você é uma boa pessoa. Tome seu café e vá fazer amor com seu marido.

Assustei-a, eu acho.

— Bom dia.

Disse o homem.

Másculo, ruivo, alto e de muita beleza. Mas seu olhar era triste, ele, definitivamente, não era feliz.

Não posso me distrair com a vida triste dos outros. Minha infelicidade já é o bastante para um mundo inteiro.

— o que houve Nôrie? – decepção em sua voz.

— nada, apenas me cortei.

— como sempre não é capaz de prestar atenção no que faz.

— perdão.

Eu não acredito. Essa mulher não é capaz de se impor em uma discussão! É uma sonsa, idiota. Tenho dó dela. 

— E você deve ser Amanda. – sorriu.

— Sou. E você?

— petulante. Gosto disso. Chamo-me Dave.

— Dave. Não vou esquecer.

— Amanda. Também não esquecerei.

Sorrimos.

— E como poderão? Viverão sob o mesmo teto. – disse Nôrie, interrompendo a conexão de nosso olhar.

— Tem razão, Nôrie. Eu, ainda, não esqueci o seu. – respondeu a ela.

A 2º vítima

Os dias nessa casa eram rotineiros. Dave ia trabalhar cedo e Nôrie ficava em casa, pois sofreu um derrame há pouco tempo e é inútil no escritório onde trabalhava. Por mais que essa mulher seja sofrida eu não sinto um risco de pena dela. Ela sofre porque quer, porque não é capaz de se impor. Não é capaz de alcançar uma faca sem cortar o próprio dedo. Inútil.

Depois de três meses, tomei a liberdade de trazer um colega de faculdade para casa com a desculpa que iriamos estudar. Eu tinha cede, três meses sem isso estavam me deixando louca. Escolhi esse um paspalho. Não iria fazer falta a ninguém.

Transamos. Bebemos. E sumi com ele.

Dave e Nôrie tinham ido jantar fora. Ideia minha.

Fiz questão que a transa fosse na cama deles.

Fui generosa com ele. Proporcionei muito prazer antes do seu fim.

A faca da sonsa foi útil. Torcer agora para que ela não sinta falta.

Duvido.

Ninguém sente falta de algo que lhe tirou um pedaço.

 

despedacei ele todinho e coloquei em um saco plástico.

Carreguei até seu carro.

Dirigi até sua casa. Seus pais viajavam. Ele continha a chave no bolso.

Deixei-o em sua cama, limpei meu rastro do quarto e do carro.

Voltei a pé.

Deixei a cama de Dave e Nôrie suja. Seria divertido acordar de manhã e saber que deitaram seus rostos ali.

Gosto de Dave.

Fiquei com o garoto imaginando ser ele.

Nôrie, sinto muito, mas Dave é muito para você.

 

A beleza provoca o ladrão mais do que o ouro.

 

 


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Notas finais do capítulo

Autora movida por reviews (:

Proximo cap semana que vem !

obg '-'