Datherine Forever escrita por Martina Santarosa


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

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Caminho de vagar tentando não ser ouvida naquele silencio de pedra. Cada passo que dou parece fazer um estrondo gigantesco, mas tudo continua o mesmo, sereno, parado. Por mais que eu tente evitar, não consigo para de pensar no que pode acontecer se isso não der certo, se eu não puder salva-lo. Meu coração é pesado, de saudades e culpa. Preciso dele a salvo mais do que preciso dele comigo.

                Alcanço a escada sem nenhum problema. Estou ansiosa de mais, por isso corro em uma velocidade sobre humana até a cela onde prendem Damon. Antes mesmo de abrir a porta sei que ele está lá, que está vivo, e meu coração se enche de um alivio tão forte que tenho de me apoiar por alguns instantes no batente da porta. Respiro fundo e entro no quarto.

                Sou obrigada a fechar os olhos e me controlar. Há mais sangue que da ultima vez, o cheiro de ferro se mistura com o cítrico aroma de verbena, o que faz meu estomago se revirar e minha cabeça girar. Como pude deixa-lo assim?  Me controlo, dizendo a mim mesma que não há nada que possa fazer por ele se me desesperar.

                Abro os olhos e sinto como se tivesse uma faca cravada no peito. Corro até ele, me jogando no chão ao seu lado. Vejo as marcas profundas que as correntes cheias de verbena formam em seus pulsos. O peito cheio de cicatrizes e sangue seco e coagulado. O rosto abatido, com a pele sem brilho. A cabeça caída e os olhos entreabertos, como se mesmo o movimento de abrir ou fechar os olhos fosse doloroso de mais.

                Sinto que meus braços fraquejam, que meus olhos estão cheios de lágrimas, que minha cabeça dói. Seguro seu rosto com as mão em concha, desejando que eu pudesse de algum jeito tomar a dor dele para mim. Sinto que ele tenta se mexer, e vejo que seus olhos se abrem de leve e algo que poderia chamar de um esboço de sorriso surge em seus lábios. Sinto lentamente o sangue voltar a fluir em meu coração e as lágrimas pararem de se acumular em meus olhos.

                Volto à realidade e abro a bolsa. Tiro uma bolsa de sangue e sinto que ele fica inquieto. Abro o lacre e aproximo o sangue de seus lábios. Ele inicialmente bebe de vagar, com dificuldade e eu o ajudo como posso. Ele passa para a segunda, a terceira e vejo que ele melhora. Vejo a cor voltando lentamente para seu rosto e agora ele já pode beber sozinho. Me ocupo então de tentar soltar as correntes de seus pulsos, mas são fortes e estão cheias de verbena.

                Ele termina as cinco bolsas que eu trouxe e vejo que não foi o suficiente. Seu rosto ainda é pálido, cansado, e sei que ele não conseguiria andar muito bem. Mas já velho a melhora, já se parece com o lindo Damon sedutor que me faz suspirar a cada palavra dita. Não posso evitar de sorrir e acariciar seus cabelos sujos de sangue.

                Após alguns minutos, mesmo fraco ele encontra forças para me direcionar um sorriso cínico e se distancias de meu toque.

                – Você não acha que está sendo um pouco ingrato? – pergunto, com um sorriso forçado. Não deveria, mas me sinto mal por ele se afastar de mim. Tudo que precisava agora é um pouco dele, olha-lo e senti-lo perto de mim.

                – Afinal, por que está aqui? – ele pergunta após um tempo me olhando. Ele ri de um jeito triste e cansado – Como conseguiu escapar do Klaus? O que você fez para que ele te liberasse? Me entregou? Ou foi a Elena ou o Stefan?

                As palavras dele me machucam. Sinto um nó se formar em minha garganta e minhas mãos tremerem. Sempre soube o que Damon pensava de mim, mas ouvir de uma maneira tão explicita me faz perder o ar e querer gritar.

                – Ele não me prendeu – Minha voz sai rouca. Respiro fundo para expulsar as lagrimas que ameaçam se formar em meus olhos e me concentro para continuar sã.

                Ele ri mais uma vez e me sinto mais sozinha do que nunca.

                – Então o que é? Você e o Klaus viraram amigos e agora se sente culpada por ter me entregado? – Ele balança a cabeça, parecendo totalmente desolado. Quero abraça-lo, me encolher em seus braços e dizer que o amo. Sinto as letras se formarem em meus lábios, praticamente ouço o som que elas teriam, mas ainda me resta um pouco de sanidade, então simplesmente sorrio com ironia.

                – Não sei o que ele está planejando – dou de ombros, como se nada daquilo fosse importante, ignorando todos os insultos e suposições sobre mim que ele havia feito, me forçando a esconder toda a magoa e a dor em meu peito. – Mas culpada eu não me sinto, meu amor – minto, pois minha mascara de indiferença é tudo que me resta.

                Ele fica em silencio, sem expressão especifica, apenas cansado. Involuntariamente me aproximo dele, desesperada por tê-lo perto de mim. Vejo que as feridas em seu pulso continuam abertas e o toco de leve. Ele se retrai, com uma expressão de dor e afasto minhas mãos depressa.

                – Eles te machucaram tanto... – Digo olhando seus pulsos, minha voz carregada de magoa e dor. Me repreendo logo após ter dito, sabendo que não é o certo, que minha dor apenas parecerá fingimento para ele. Mas não consigo. Sinto-me desabando, as paredes que construí por tantos anos em volta dos meus sentimentos finalmente sendo rompida. Mas tudo que vem é dor, e já não sei se ainda consigo ser tão forte.

                – Por que está aqui? – Quanto levanto o rosto para fita-lo nossos olhos se encontram. E eu me perco dentro daquele olhar azul. Sinto que nada iria importar se pudesse simplesmente olhar aquele olhar para sempre. O nó em minha garganta desaparece e não consigo me lembrar por que um dia achei a vida ruim.

                Não posso mais me controlar, então simplesmente deixo que aconteça. Meus dedos acham o caminho até seu rosto, contornando seus traços e meu rosto se aproxima do dele. Ele me olha estranho e eu respiro fundo. Por mais que eu queira que isso seja real, sei que não é. Deixo minha mão cair em meu colo e tento pensar no que responder. Mas meu coração pesa em meu peito e estou cansada de mais para mentir, então opto por uma meia verdade.

                – Porque eu te amo – dou o meu melhor sorriso sarcástico, que ele retribui, me fazendo ter certeza que deu certo, que ele acha que continuo a mesma vadia enigmática para quem sentimentos são apenas brinquedos. Suspiro, pois sei que ele não está errado. Penso se algum dia ele irá acreditar que eu mudei.

                Me levanto em silencio e ele não me pede para ficar, o que não me surpreende mas me magoa. A esperança é a ultima que morre, mas te faz passar o resto da vida se decepcionando. Junto minhas coisas e caminho até a porta, parando antes de abrir a maçaneta e me virando para ele uma ultima vez.

                – Vou achar um jeito de sair daqui – digo, na esperança de animar a ele e a mim mesma. – Volto quando puder. Tente pensar em alguma coisa útil – abro a porta, mas me detenho uma ultima vez antes de sair para o corredor. – E tente não morrer.


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