Datherine Forever escrita por Martina Santarosa


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Não sei se ficou muito bom esse, mas espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/237645/chapter/3

Me olho pela décima vez no espelho e torço o nariz. Alguma coisa parece errada. Dou mais uma olhada. Meus cachos estão no lugar, a maquiagem está bem feita. O vestido não está amaçado, o salto preto está no lugar e a jaqueta de couro curta está razoável. Esse era o problema. Estou razoável. Razoável não iria impressiona-lo.

                Passo as mãos pelo cabelo e seguro no topo na cabeça. Talvez devesse prende-lo. Mas por mais lindos que sejam meus brincos, não gosto das minhas orelhas. Ajeito o vestido e penso em troca-lo, mas quando vou olhar em meu armário alguém bate na porta. Droga. Provavelmente é ele. Bem, vai ter que ser assim mesmo.

                – Pode entrar – digo enquanto pego minha bolsa. Ouço abrir a porta e fecho os olhos por um segundo antes de me virar para olha-lo.

                Damon está na entrada do quarto, com a porta aberta atrás dele, me olhando de cima a baixo. Fico nervosa um minuto, e realmente me arrependo de não ter trocado de vestido, até que ele sorri de lado pra mim e eu relaxo, tentando não deixar transparecer meu alivio. Olho para ele e retribuo o sorriso. Ele parece reluzir na porta, mesmo estando com uma camiseta azul marinha, calças jeans pretas, jaqueta de couro e bota de motoqueiro.

Nos olhamos por mais alguns segundos, até que ele sorri e aponta com a cabeça para a porta.

– Vamos?

Certo, provavelmente eu estava que nem uma idiota parada sem dizer nada olhando para ele. Mas não queria ir agora. Queria agarrar ele bem ali, puxar ele para minha cama, bagunçar o cabelo dele, mas apenas faço que sim com a cabeça e saio pela porta, com ele logo atrás de mim.

Entramos no porshe dele e ele pega a estrada para Atlanta. O silencio mortal no carro me faz sentir muito desagradável e estranhamente deslocada. Pensando bem, convida-lo não foi a melhor ideia. Encosto a cabeça na janela e olho a noite passar pelo vidro. Sinto que ele me olha, por isso olho para ele com o canto do olho e vejo que ele sorri pra mim.

– O que? – Pergunto enquanto, inconscientemente sorrio pra ele.

– Nada ­– ele da de ombros. – Você só parece muito quieta.

– Acho que não tem nada para ser dito – com certeza se começasse a falar ia acabar dizendo o que não deveria. – E você também está muito quieto.

Ele sorri com um ar divertido e não posso deixar de reparar como ele fico bonito quando está alegre. Sorrio com essa ideia. Ele está alegre aqui comigo.

– O que você quer que eu diga?

– Hmmmm... – faço cara de pensativa. Me elogie e diga que me ama. – O que você está pensando?

E olha para mim de cima a baixo e depois volta o olhar para a estrada.

– Que você está muito bonita hoje – ele ri e eu reviro os olhos. Mesmo sabendo que ele foi irônico, uma parte de mim realmente quer acreditar que é verdade, e a outra metade está triste por saber que não é.

Ligo o radio para disfarçar o silencio, mas ele puxa assunto sobre coisas simples e fico feliz de ele também não querer ficar em silêncio. Seguimos até Atlanta puxando conversa fiada e rindo de vez em quando.

Quando chegamos, a boate está lotada, com uma fila enorme. Passo por todos e digo meu nome ao segurança, que deixa eu e Damon entrarmos na hora. Nos dirigimos a seção VIP, que fica no segundo andar. Ele me segue de perto, me segurando pela cintura às vezes, o que faz um sorriso constante brilhar em meus lábios.

Olho em volta e vejo como o lugar é bonito, mesmo sob as luzes fracas e coloridas que brilhavam na pista. Centenas de pessoas dançam no imenso salão, e tudo ali cheira a bebidas caras, drogas e sexo. Subimos as escadas e entramos na seção VIP, onde Pamela me recepciona com um abraço e um copo de vodca. Apresento ela a Damon e não posso deixar de ficar irritada ao ver como ele olha para ela. Bem, não posso culpa-la. Alta e magra, com longos cabelos ruivos ela é estonteante. Olho em volta e vejo alguns conhecidos e vou cumprimenta-los. Após algumas apresentações noto um fato interessante: quase todos ali são vampiros. E os que não são, creio que estão ali apenas como... jantar.

Alguns momentos mais tarde perco Damon de vista, e ao procura-lo, encontro ele dançando com Pamela, o que faz meu sangue ferver e meio coração rachar. Em um momento de pura desolação eu os observo. Eles dançam perto de mais, como apenas eu deveria dançar com ele aquela noite.

Irritada, saio de perto da pista e vou me sentar com Armand e algumas outras pessoas em uma mesa ao fundo. Desde que conheço Armand, o que foi nos anos 20 mais ou menos, ele é traficante, e sempre vende para as elites. E hoje não poderia ser diferente. A mesa está repleta de cocaína, acido e comprimidos de extasy.

Me jogo na cadeira ao lado de Armand e viro um copo de vodca de uma vez só. Ele nota meu desanimo, então passa os braços em volta dos meus ombros e me olha com carinho.

– O que foi minha princesa? – ele enche meu copo mais uma vez. – Como pode estar desanimada em uma festa dessas?

– Não quero falar disso – tomo minha vodca e encho meu copo mais uma vez. Penso que é a segunda vez que vou beber até cair essa semana, mas isso não me impede de continuar. Não posso pegar câncer ou cirrose, então qual é o problema?

Não consigo evitar e olho para Damon mais uma vez. Ele continua dançando com aquela vadia que um dia chamei de amiga e sinto que meu coração está em frangalhos.

Armand segue meu olhar e olha para Damon e Pamela também, sorrindo com uma cara de compreensão que me deixa ainda mais triste. Realmente não queria que minha obsessão fosse tão aparente. Ele pega um comprimido e põe em minha mão, enchendo meu copo com whisky.

– Acho que você está precisando.

Não penso duas vezes antes de engolir a droga e pouco tempo depois já está surtindo efeito. Me sinto embriagada, voando, totalmente entorpecida. Tudo parece um pouco elevado, as sensações mais fortes. Um pouco parecido com o que você sente quando vira vampiro, mas sem a parte ruim. Ah, como amo esse estado de narcotização.

Me levanto e vou dançar, totalmente perdida e sem saber bem o limite das coisas. Balanço os cabelos e sinto as pessoas dançando em volta de mim, mesmo sem ter certeza de quem são.

Sinto duas mãos segurando minha cintura por trás. Mãos fortes, mãos que eu conheço. Um arrepio passa pela minha coluna quando ele chega mais perto, e continuo dançando, ainda mais animada, sentindo que ele me acompanha. Me viro pronta para olhar naqueles olhos azuis e me entregar, beija-lo até meus lábios ficarem totalmente inchados, mas quando olho para cima para encara-lo, paraliso.

Meu corpo congela e meus joelhos fraquejam. Não é Damon que está me segurando, não é Damon que eu ia beijar. Minhas pernas tremem e sinto me sinto totalmente sóbria. Sóbria e apavorada.

Klaus está parado na minha frente, me segurando, com o rosto a apenas alguns centímetros do meu, sorrindo de um jeito estranho. Olho em volta, procurando por Damon, mas ele não está ali. Tento pensar em alguém que pudesse me ajudar, mas todos parecem alheios ao que acontece. Não há para onde correr que ele não vá me encontrar.

Totalmente exausta por ter que esconder meus sentimentos, zonza por causa da bebida e da droga e travada pelo medo, faço a coisa mais estupida que se poderia fazer. Sinto tudo ficando para trás e minha visão embaça enquanto desmaio no colo do meu pior inimigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

e ai?