Datherine Forever escrita por Martina Santarosa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando!



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Minha cabeça lateja. Como odeio o fato dos vampiros ficarem de ressaca. Abro os olhos e me reviro na cama. O quarto amarelo claro está iluminado pela luz do sol e está calor. Já deve ser meio dia ou mais. Sento na cama e alongo os braços e o pescoço, sentindo meus ossos estralarem. Me arrasto até o chuveiro, ligo a água bem quente  e fecho os olhos enquanto sinto minha pele ficar vermelha.

Depois de uma hora de banho, já totalmente sóbria e relaxada, seco o cabelo, ligo o babyliss e procuro um vestido alegre. Sim, é dia de ser feliz. Escolho um vestido laranja, curto e rodado. Começo a cachear o cabelos, mas noto que preciso de musica. Ligo a radio e aumento o volume enquanto danço na frente do espelho e uso o babyliss como microfone para dublar a voz da Katy Perry. Com o cabelo já cacheado, procuro um sapato e só por habito checo meu celular.

Nova mensagem.

                Ignoro a parte do meu cérebro que quer ter esperança de que seja ele e leio a mensagem. Festa em Atlanta, a abertura de uma nova boate elegante e Pamela havia colocado meu nome na lista VIP. Nossa, Pamela e eu costumávamos ser muito amigas, e já faz quase uma década que não nos vemos (literalmente). Respondo rápido “Estarei lá. Saudades. XOXO”, arrumo minha bolsa e saio na intenção de achar um vestido e sapatos.

                Compro um cappuccino na nova cafeteria que abriu na cidade e passeio entre as lojas do centro. Entro em algumas, provo alguns vestidos, mas é apenas na terceira loja que acho um vestido justo cor de creme com uma camada feita com um tecido translucido brilhoso. Dou uma voltinha diante do espelho e decido levar. Um pouco antes de pagar me pergunto o que Damon acharia do vestido. Rejeito esse pensamento instantes depois de ele passar pela minha mente. A opinião dele não faria diferença alguma.

                Saio da loja, faço as unhas no salão e compro um sapato. Tudo pronto. Entro no carro e ligo o radio. Bato os dedos no volante no ritmo da musica enquanto dirijo e observo as paisagens que passam rápido pelas janelas do carro. Mystic Falls é bonita, principalmente no verão. Adoro o jeito como as flores crescem na beira da estrada, deixando tudo com um ar de renovação.

Chego em uma bifurcação na estrada e, distraída , pego o caminho errado. Murmuro um xingamento e ligo a GPS. O retorno mais próximo fica a dois quilômetros. Fico momentaneamente irritada, mas decido esquecer isso e aproveitar o caminho. Aumento o som e abro a janela, deixando a brisa quente entrar. O tempo sempre passa mais rápido quando s está de bom humor.

Enquanto passo em meio às árvores cantando noto que já passei por ali antes. Já passei por ali várias vezes. É o estrada que leva para a Mansão Salvatore. A estrada que me leva direto até ele. Mais uma vez penso sobre o que Damon acharia do vestido. Bem, já que estou no caminho, talvez pudesse passar lá. Dizer um oi, talvez. Chago no retorno, mas decido seguir adiante. Possivelmente me arrependerei depois, mas no momento não penso em mais nada. Só quero ver se ele está lá...

Paro o carro na frente da casa e fico alguns instantes apenas observando e decidindo se entro ou não. Não quero parecer desesperada, como na verdade me sinto, carente de um pouco de afeto. Me olho no espelho e treino minha melhor cara de indiferença. Aproveito e treino minha cara mais sexy e convidativa também, só no caso de precisar.

Saio do carro e ando confiante até a porta. Abro sem bater. Tudo parece muito quieto. Entro e dou uma volta pela sala. Nada. Fico em silencio e tento ouvir algum barulho, mas consigo ouvir apenas os animais na floresta. Provavelmente estavam fora, salvando Elena de algum problema, com certeza. Aquela cópia mal feita de mim está sempre metida em confusão, e não entendo porque aqueles dois tem uma necessidade tão grande de proteger a sonsa monga.

Deixo minha bolsa no sofá e desço até o porão. Não tomei sangue hoje, e sei que os Salvatore sempre mantem um estoque. Abro o freezer e pego uma bolsa de sangue B negativo. Coloco o líquido em um copo e me sento em cima do freezer. Bebo de vagar e fito o nada. Ando meio cansada esses dias. Acho que sentimentos cansam. E tentar desliga-los cansa mais ainda.

– O que você está fazendo aqui?

Levo um susto ao olhar para o lado e ver Damon parado na soleira da porta, encostado na parede com os braços cruzados na frente do corpo me olhando com uma ar irônico e desconfiado. Estava tão perdida em mim mesma que nem com minha audição aguçada consegui ouvi-lo entrar.  Demoro um minuto para me recompor e o olho com o olhar de indiferença.

– Apenas vim fazer uma visita – sorrio e dou de ombro, fingindo ser lago normal. Bem, seria algo normal se não fosse pelo pequeno fato de eu estar hipnotizada por esses olhos azuis que me fitam e me deixam sem graça. Não acredito nisso, como posso deixar que um homem me faça sentir tão indefesa?

– Suas visitas tem sempre uma segunda intenção. E normalmente não é nada de bom. – Ele fica serio.

– Sinto dizer, Damon, mas você não é o centro do mundo – bem, talvez fosse ­– e minha vida não é baseada em fazer você e essas pessoazinhas insignificantes sofrerem.

Ele revira os olhos e se aproxima um pouco mais, se apoiando na parede de frente para mim. Meu celular toca no bolso do meu casaco, e ele acompanha todos os meus movimentos enquanto respondo a mensagem da Pamela.

– Não se preocupe, Damon – digo, sarcástica. – Não é um planinho para machucar sua adorada Elena. – Digo o nome dela com um certo nojo que, por algum motivo, espero que ele não perceba.

Ele caminha até mim, parando apoiando as mão no freezer, uma de cada lado do meu quadril. Respiro fundo e tento não olhar pra ele, não quando ele está tão perto, tão acessível. Por isso, me concentro na mensagem que estou digitando.

– Então o que é? – Ele pergunta com uma voz baixa e em tom grave, que faz um frio percorrer minha coluna e estremeço. Ele está perto de mais, o que não é seguro para a minha saúde mental.

Olho para ele com o olhar indiferente, mas ao ver aqueles oceanos tão perto de mim, desvio o olhar mais uma vez, sabendo que não conseguirei manter a calma por muito tempo se o encarar.

– Uma festa, em Atlanta. – Lembro do vestido que comprei e de como queria a opinião dele. Talvez não fosse uma má ideia. – Quer ir? Estou na lista VIP, posso levar quem quiser. Assim você pode ter certeza de que não estou fazendo nada de errado. – Sorrio com malícia.

Ele retribui o sorriso e balança com a cabeça afirmativamente.

– Mantenha os amigos perto, e os inimigos mais perto ainda.

Sinto uma pontada no peito ao ser chamada de inimiga com todas as letras, por saber com certeza que não sou mais que isso para ele. Mas não posso exigir que ele me ame, nem que goste de mim. Então espremo esses sentimentos no fundo do peito e me foco na resposta que ele deu. Abraço seu quadril com as pernas, puxando ele para mim e dou um beijo de leve em seus lábios.

– As oito, no meu hotel. – Sorrio e o empurro para que possa sair, e o deixo para trás enquanto ando de volta para meu carro do jeito mais sensual e misterioso que consigo.


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