Se eu estava feliz ao lado de Frank? É claro que estava. Frank me fazia rir, era tão palhaço quanto eu. Seu olhar era puro e suas palavras eram sinceras. Cada dia que passava, mais apaixonada eu ficava. Não podia evitar. Ele mexia comigo de um jeito que homem nenhum nunca mexeu. Seus beijos, seu toque, tudo nele era perfeito. Ainda ficava um tanto insegura, pois Frank fazia questão de esquentar as coisas de vez enquando. Mas eu não queria. Ainda me sentia horrível pela noite que passei com Lucas.

Claire já havia me dito várias vezes para esquecer disso. Ela sempre me ajudou. Mas parecia ser impossível. Aquelas imagens estavam grudadas em minha cabeça de maneira assustadora. Meu coração apertava só de pensar que poderia passar por aquilo de novo. Eu sabia que Frank não era assim, mas, no ato, ele poderia se transformar em um monstro. Assim como foi com Lucas. 

Depois de três semanas saindo com Frank, sentia que estava ainda mais insegura. Não via Frank à dias. As gravações começaram e ele tinha que ficar quase doze horas por dia no set de gravação. Como minhas aulas ainda não haviam começado, eu passava o dia todo praticamente sozinha. Peter trabalhava, Claire estava ensaiando sua peça, e Charlie havia voltado à treinar snowboard. E este, continuava frio. Falava comigo apenas o excencial, nada à mais. Nada além de um bom dia e um boa noite vez ou outra. Isso fazia com que eu me sentisse cada vez pior.

Já havia conversado com Peter sobre isso, mas ele insistia em dizer que era apenas estresse por conta dos treinos e da volta às aulas. Não sei porquê, mas não consegui acreditar naquela resposta.

Minhas aulas começavam em uma semana, e eu estava animada. Fiquei o dia todo lendo e relendo alguns livros. Não queria que achassem que eu era uma caipira burra. Então fiz questão de me adiantar na matéria. Estava tão entretida com os livros que quase não escutei quando bateram na porta. Tirei meus óculos e corri para ver quem era. Me surpreendi ao ver Frank parado do lado de fora de óculos escuros. 

- Boa tarde minha bela dama. - ele disse me beijando.

- Boa tarde cavalheiro. A que devo a honra desta visita? - pergunto o puxando para dentro de casa.

- Me deram uma folga de meia hora nas gravações e vim te ver. Estava morrendo de saudades. - Frank disse me puxando para ele.

Pensei em revidar, mas Frank era mais forte e logo estávamos nos beijando. Não interrompi, claro. Também estava morrendo de saudades dele. Ele estava encostado na porta e me trazia para mais perto. O beijo começou calmo, mas logo foi tomando proporções um tanto desagradáveis para mim. Eu estava com uma camiseta de manga longa, mas estava de shorts. Assim que senti suas mãos tocarem minha coxa nua, lembrei-me de como Lucas havia me pegado de jeito naquela noite. E como eu havia sofrido em suas mãos.

Havíamos começado do mesmo modo, com apenas um beijo. Eu estava de vestido naquele dia, pensava que seria a noite mais feliz de toda a minha vida. Infelizmente, estava mais do que engada. Com um frieza inesplicável, Lucas tocou minhas coxas. Não tinha me importado, até que senti seu toque começar à ficar agressivo demais. Ele tirou meu vestido com brutalidade, me deixando completamente exposta. Meu coração batia forte, e eu insistia em pensar que valeria a penas. Mas não valeu.

Com aquelas lembranças, senti-me estranha. Só queria sair correndo dali. Separei-me brutalmente de Frank, que me olhou assustado. Meu coração batia rápido, e eu não conseguia controlar minha respiração. Estava envergonhada. O que Frank pensaria? Que eu era uma virgem assustada? Mas, tecnicamente, era isso o que eu era.

- D-D-Desculpa. - digo.

Frank se afastou um pouco, mas ainda estava confuso.

- Nina, eu é que tenho que pedir desculpas. Acho melhor começar à tomar um banho frio antes de vim ver você. - ele disse rindo.

Com aquele sorriso lindo, não consegui evitar de não sorrir também. Frank veio até mim e segurou minhas mãos, ele parecia seguro. E o melhor, me passava segurança.

- Prometo que vamos com calma, certo? - ele disse acariciando meu rosto.

- Certo. E eu prometo que vou tentar ser menos chata. - digo rindo.

Aquela situação era ridícula. Eu estava me sentindo ridícula. Afinal, que garota não queria ter uma relação que fosse mais do que simples beijinhos com Frank McCain? Ele era lindo. E gostoso. E como era gostoso. Uma onda de calor percorreu meu corpo assim que certos pensamentos começaram á passar por minha cabeça. Não sabia ao certo se devia ou não contar a ele o que havia acontecido com meu antigo namorado. Talvez eu contasse, mas não agora. Quando eu estiver mais segura, aí sim, contarei o que aconteceu.

Frank estava rindo. Ele tinha um belo sorriso no rosto.

- Por isso que cada dia mais eu me apaixono por você, Nina. Que garota perderia a chance de dormir comigo? Me irrito com isso as vezes. - ele disse se sentando na mesa da cozinha.

Sem pensar duas vezes, fiz o mesmo.

- Mas admita que você gosta, não gosta? Quer dizer, todas aquelas mulheres aos seus pés, implorando por sua atenção. Qualquer homem gostaria. - digo apoiando meu cotovelo sobre a mesa.

- Eu até gostava, mas de uns tempos pra cá, não tenho mais cabeça para isso. Minha cabeça anda muito ocupada pensando em uma certa garota que me derrubou do aeroporto algumas semanas atrás. - ele disse entrelaçando nossos dedos.

Ri sem graça e encarei o chão por alguns minutos. 

- Nina, eu... Tinha uma coisa que eu queria muito te dizer. - Frank disse um tanto nervoso.

Meu coração deu um pulo. Eu não sabia o que estava por vir. Poderia ser desde um pedido de casamento até uma confissão de traição. 

- Fale. - eu disse tentando demonstrar calma.

- Nina... Eu... Eu... Eu te... - Frank começou, mas foi interrompido assim que alguém abriu a porta.

Com o susto, nos colocamos de pé no mesmo minuto. Era apenas Charlie. Ele carregava uma bolsa que continha, com certeza, seu uniforme. Ele nos olhou não muito surpreso. Apenas sorriu timidamente e acenou. Lhe dei um sorriso fraco e assisti enquanto ele caminhava até seu quarto. Senti meu coração pesar. Nem uma boa tarde ele havia me desejado. Me perguntei quando voltaríamos a nos falar.

- Tudo bem, Nina? - Frank perguntou.

- Charlie e eu brigamos à uns tempos atrás e... ele ainda não fala comigo direito. - digo sentindo meus olhos começarem a se enxer de lágrimas.

Frank me olhava com uma cara um tanto... preocupada. Não entendi o porquê de sua preocupação. Me aproximei dele e selei nossos lábios. 

- Não se preocupe. Vou ficar bem. - digo abraçado ao seu pescoço.

Frank sorriu e me beijou novamente.

- Que bom. E eu tenho um convite para te fazer.

Arqueei a sobrancelha. 

- Convite?

- Sim, quero que vá para uma premiere comigo. Será na semana que vem, mas temos que ver um vestido perfeito para você. - ele disse sorrindo.

Lembrei-me que, da primeira vez que encontrei com Sarah, naquela loja, ela havia mencionado que iria à uma premiere. Pensei no quanto ela ficaria irritado ao me ver lá, toda linda, e acompanhando Frank. Nunca fui vingativa, nem ciumenta. Mas aquela loira falsa estava testando minha paciencia. E vê-la se roer de raiva e ciúmes seria o melhor prêmio de todos. 

Já havia me decidido.

- É claro que vou. Vou pegar minhas economias e podemos dar uma volta no shopping...

- Não - Frank me interrompeu - Iremos para uma loja exclusiva. Assim você não corre o risco de ver seu vestido com mais ninguém.

Agora sim eu estava surpresa. Loja exclusiva?

- M-M-Mas... Eu iria pagar tanto em um vestido que, provavelmente, não irei usar de novo. Não acha melhor se vermos alguma coisa no shopping mesmo? - pergunto.

- Eu iria pagar tudo, não tem com que se preocupar.

Me senti ofendida naquele momento. Não me preocupar? É claro que eu iria me preocupar. Não gostava de ser dependente de homem nenhum. E não era porque ele era rico e famoso que eu deixaria que pagasse tudo.

- Não! Não gosto que controlem a minha vida. E também não quero ser dependente de você. Frank, ou vamos comprar o vestido no shopping, ou eu não vou. - digo cruzando os braços.

Frank viu e beijou meu rosto.

- Sabia que você fica linda quando fica bravinha?

Revirei os olhos. Frank então me beijou novamente. Mas, desta vez, foi um beijo lento. Cheio de paixão. Eram desses beijos que eu gostava. Mordi seu lábio inferior assim que ele ameaçou de distanciar. Mas tive que lasgá-lo assim que seu celular tocou. Ele pegou o aparelho e olhou com desgosto. Parece que o diretor estava o chamando.

- Bom, acho que é melhor eu ir. Até mais - Frank disse e me deu um último beijo rápido.

O acompanhei até a porta e assisti enquanto ele corria para um carro. E este não era seu Camaro. Era um carro mais velho. Não consegui identificá-lo. Assim que ele se foi, fechei a porta e me pus à pensar o que poderia acontecer naquela premiere. De alguma forma ou de outra, eu acabaria aprontando alguma. Mesmo que involuntariamente, eu faria algo de errado. Mas fiquei feliz por Frank ter me convidado.

Me lembrei então do que ele estava tentando me falar. Será que iria dizer o que estava pensando? Um sorriso bobo brotou de meus lábios assim que imaginei o que aconteceria se ele dissesse aquelas tão sonhadas três palavras.