Já passavam das duas da manhã, e Eve não conseguira pregar os olhos, desde que voltara da Biblioteca. Todos na mansão Pearson dormiam, mas a garota continuava inquieta, tentando deixar sua curiosidade para amanhã.

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- Harry, venha! - a garota pegou a mão de Harry sorrindo, o vestido carregava algumas flores presas consigo. O sol brilhava intensamente, mas Harry sempre preferiu a noite, a lua.

O cabelo loiro da garota dançavam junto ao vento. De repente Harry jogou-se no chão puxando a garota junto à ele, e os dois riam. A loira encarava o moreno, o céu mantinha pinceladas rosadas que quase tocavam o horizonte.

Ela se aproximou para tocar os lábios do rapaz nos seus, mas ele se desviou, levantando-se apressadamente.

Aquela era Rose, a garota com quem os pais de Harry queriam que ele se casasse. Ele a conhecera quando tinham onze anos. A garota era perfeita.

Linda. Inteligente. Família amiga e de boa índole. A mulher mais atraente que já conhecera. Mas algo tinha nela, que ele simplesmente não conseguia entender. Ela era... fácil demais de desvendar. Seus olhos esverdiados, sua boca avermelhada, sua face, seu sorriso, tudo nela dizia muito, mas nada do que Harry perguntava aos Céus.

Ela não era a garota que ele buscava, porém sonhava às vezes com ela, seus pais faziam tanto esforço para o casório, que ele mesmo não ligava mais. Não tinha mais fé, não tinha mais esperanças.

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O sol levantava-se e clareava o céu lentamente.

Eve acordou com as batidas nada suaves na porta de seu quarto.

A tia entrou como um foguete.

- Eve, sobrinha, acorde já! Não é bom para a imagem de uma dama acordar tão tarde. - dizia rapidamente Daisy enquanto puxava os lencóis de seda da cama de Eve.

Todos estavam reunidos na sala de estar. Robert Pearson fumava um charuto, com um uísque na mão, a mesma imagem de sempre.

Annabeth estava na cozinha, ajudando Martha - uma criada - com o almoço.

Eve tomou um banho demorado e vestiu-se adequadamente, com a ajuda de Daisy.

As duas desceram juntas.

Robert lia um papel concentrado.

- Eve, essa é a lista dos convidados para nosso baile anual? - questionou Robert entregando o papel à filha. Ela acentiu e o devolveu.- Sim senhor. Busquei o nome de todas as famílias que já costumam vir e algumas que conhecemos à pouco. - respondeu ela, sentando-se no sofá, ao lado do irmão.

Elliot sempre agiu como irmão mais velho de Eve, mas ele nascera um ano depois da garota. Seu cabelo era liso e não passava da nuca. Os olhos pareciam dois diamantes, lindos. A pele era corada, como se ficasse no sol quase todo o dia. Ele era bem parecido com seu pai, todo o jeito e a aparência, numa versão mais jovem, claro.

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Na casa da família William, tudo soava calmamente. Até que Joey chegou.

Joey - ou Joe, como chamavam - era o melhor amigo de Harry desde toda a eternidade, compartilhavam todas as histórias e segredos. Joe era mais irmão de Harry que Patrick, que sempre fora o mais afastado de todos.

- Boa tarde, família William! - Joe saldou normalmente, como sempre fazia.

Joe era engraçado, e era ele quem levava Harry para o mal caminho, como a mãe de Harry dizia.

George nunca gostara muito de Joe, afinal, a pele um pouco mais escura do garoto despertava o preconceito que, além de George, era bastante relevante naquela época, mas Harry não ligava para isso.

Sr. William olhou o rapaz de cima à baixo, depois curvou os lábios num sinal de nojo. A mulher o olhou, repreendendo-o, tentando manter as aparências.

- Siga-me, Joe, esqueça-o. - Harry pediu olhando sério para o pai, sinal de desaprovação. George não ligou, aquela cena repetia-se praticamente todos os dias, como se estivessem todos treinando uma parte do script para uma peça importante.

Os rapazes seguiram para fora. O jardim estava escandalosamente verde, e algumas gotículas de chuva permaneciam ali, desde a noite passada.

- Harry, como vão você e Rose? Ainda na tentativa de adiar o casamento? - Joey alfinetou, mostrando um breve sorriso.

Harry olhou para o amigo bravo, não gostava de falar de Rose, muito menos do casamento arranjado.

Joey empurrou o amigo de leve, o que o fez cambalear.

- Esqueci-me de contar as novas. - Joey de repente disse animado.

O outro parecia confuso, mas continuou esperando que o amigo continuasse.

Ele tirou do bolso dois envelopes brancos e entregou ao amigo.

Harry leu com atenção as palavras escritas na parte de fora do envelope e arregalou os olhos. A boca abriu pronta pra falar, mas nenhum som foi emitido.Joe abriu um largo sorriso, orgulhoso de si mesmo.

- Isso é... mas.. Como tem isso? - Harry questionou incrédulo segurando os 4 envelopes brancos.

- Sim, é exatamente isso. Iremos à um baile. - Joe anunciou orgulhoso de si mesmo pelo grande feito.

Harry abriu um sorriso desafiador, era a chance de tirar a família Pearson do sério.

Os quatro envelopes brancos, com detalhes delicados num tom de dourado e um selo feito á tinta preta quente.

Harry abriu um dos envelopes e passou os dedos, delicadamente, por cima das letras escritas à mão, pela própria filha de Robert Pearson. Um sorriso fraco surgiu em seus lábios.

- Joey, meu amigo, você sabe que Robert Pearson tem dois filhos, não é? - perguntou com uma sobrancelha erguida.

Joe encarou o amigo sério, não sabendo onde aquela pergunta os levaria.

Acentiu com a cabeça, ainda desconfiado.

Harry abriu um sorriso largo.

- Faremos uma aposta aqui. Tu és meu amigo, não conte à ninguém. - o moreno impôs ao outro.

Joe acentiu novamente abrindo um sorriso largo.

- O que pretende, Harry? - Joe questionou sentando-se num banco de madeira branca.

Harry sentou-se ao lado do amigo e permaneceu calado por alguns instantes, planejando atentamente seu plano, seus passos.

{...}

- Eve! - uma voz gritava vinda da sala.

Eve desceu calmamente respirando fundo, não suportava quando seu pai gritava dessa maneira.Seu pai lia algo não muito atento quando percebeu sua presença e levantou os olhos a encarando.

- Papai, o senhor me chamou? - aquela realmente não era uma pergunta, pois ninguém tinha dúvidas disso.

Ele levantou seu olhar e encarou a filha.

- Eve, todos os requerimentos de presença para o baile já foram mandados?

A jovem revirou os olhos. Já conhecia seu pai, e na época daquele maldito baile, não se podia falar de outra coisa, senão aquilo.

- Sim senhor, o mensageiro recolheu todos ontem, ao entardecer. - confirmou de cabeça baixa.

Ele acentiu rapidamente e voltou sua atenção ao papel, provavelmente estava relacionado a seu trabalho.

{...}

SPOILER - CAPÍTULO 3

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Harry olhava seu irmão, quase ajoelhando-se aos pés do outro.

- Por que queres tanto ir à esta celebração? - Patrick perguntou ajeitando o colarinho de sua blusa.

O irmão mais velho pensou um pouco na resposta certa.

- Poderás dançar com Rose a noite inteira, e ainda no final, ela lhe dará um beijo, se souber conquistá-la, claro. - Harry sempre soube que seu irmão amava sua prometida, mas nunca assumira tal sentimento, tanto que aguentava ver as famílias combinando um casamento que ambos irmãos eram contra.

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Harry olhou para a jovem, que mesmo por trás de uma máscara, era inconfundível. Ela sustentou seu olhar por alguns segundos, mas parecia petrificada.

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A donzela Pearson cerrou o olhar e seguiu em direção ao rapaz, calmamente.