P.O. V Narrador

Daniela acordou com o sol no rosto. Na noite passada acabou dormindo de repente, de tanto chorar. Seu avô havia falecido, estava muito doente e Daniela já tinha o visitado na Inglaterra. A avó ficou sozinha naquele país, sem seu marido, e isso resultou no que está prestes a acontecer.

A garota estava no final de suas férias, quando acordou, foi direto para o banheiro e lavou seu rosto. Estava com os olhos vermelhos e inchados, sentia-se exausta. Mesmo não falando muito com seus avós, Daniela os amava muito. Enquanto tomava banho, lembrou de quando era criança, indo visita-los na Inglaterra, a casa era enorme e no quintal tinha um balanço feito pelo avô. Estava com saudades, muita...

P.O. V Daniela

Desci e fui para cozinha. Meus pais não estavam em casa, como sempre, deviam estar trabalhando. Fiz o café da manhã, comi e fui me trocar, coloquei uma roupa simples: camiseta, short jeans. Calcei meus chinelos e fui à feira. Como sempre faço, compro rosas amarelas para enfeitar a sala de casa. Todos gostam do jeito que fica e até virou ritual.

Voltando para casa, vejo minha mãe na varanda do apartamento, deveria estar no telefone, ela sempre faz isso. Cheguei e falo com a minha mãe, mas acabo parando no meio do caminho e não resisto em escutar a conversa, ela estava falando em inglês.

–Não mãe, tem de ser assim, a senhora não pode ficar mais sozinha aí. Você vai ter que se mudar para cá!

Esperei um tempo quieta e continuei escutando:

–Ok, se Maomé não vem a montanha, a montanha vem a Maomé. Nós vamos nos mudar para Londres mãe! Mesmo você não concordando!

Eu congelei, não sei se seria bom ir para Inglaterra, não queria perder os amigos que tinha, eram poucos, mas mesmo assim não queria abandoná-los. Entretanto, gostaria muito de encontrar a vovó, eu a amo muito e só de pensar que está sofrendo lá, sozinha, me parte o coração. Sai de fininho e fui para o meu quarto, coloquei meu pijama, pretendendo ficar em casa o resto do dia. Fui para sala novamente e minha mãe está sentada no sofá vendo TV. Sentei ao seu lado, e depois de um longo silêncio ela perguntou:

–Você ouviu, não ouviu? – Como ela sabia?? Decidi não mentir e respondi:

–Aham... mas é verdade? Nós vamos mesmo nos mudar para Londres?

–Não – parou um pouco, respirou fundo e completou – Quer dizer, sim, mas quando suas férias acabarem, você vai para um internato que tem perto de Londres, é muito bom, há ótimos professores, e sua avó conhece alunos de lá.

–Ah! – não sabia o que dizer, eu estava meio que em transe, nunca havia me mudado, e não sabia o que sentir, mas, por outro lado, sempre gostei de Londres. Estou preocupada com o internato, eu até consigo falar inglês fluentemente graças aos meus avós, então eu completei – Mas ficar na escola o dia inteiro? Por que?

–Sim filha, mas você terá amigos, assim como aqui, sua avó disse que conhece adolescentes da sua idade que estudam lá, um até é vizinho dela! E olha que os ingleses são bem bonitos! Seu pai e seu irmão vão ficar cheio de ciúmes...

–Em falar no papai – a interrompi – ele já sabe disso tudo?

– De se mudar para Londres? – concordei com a cabeça, e sim minha mãe e meio lentinha às vezes – Vamos dizer que ele já tinha uma leve impressão sobre o que iria acontecer.