As Blue As Love Can Be escrita por Menta


Capítulo 12
Adeus


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é BEM triste. Pela segunda vez, nosso personagem falha. E miseravelmente...



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O tempo havia passado, e a guerra perdurava, cada vez pior e mais trágica. Petyr, entretanto, apenas fingia preocupação, a respeito da maior parte dos acontecimentos. Ainda bem que prospero no caos... Petyr tinha de se controlar, nos últimos tempos, para não ser visto sorrindo mais do que deveria.


Cada movimento, comandado pelos grandes chefes de batalha, estavam dentro do que já havia imaginado. Os Lannister, atualmente, estavam em grande vantagem; Jardim de Cima e seus vassalos apoiavam abertamente Rei Joffrey, e, embora Robb Stark vencesse diversas batalhas, seus homens estavam descontentes com as perdas devidas, e Tywin Lannister era um homem paciente. Winterfell estava destruída, e o Norte não tinha praticamente mais poder nenhum. Stannis tornara-se uma piada, Daenerys, uma lenda do Oriente, e os Homens de Ferro, meros piratas. Nada que realmente fosse digno de algum sentimento alarmante. Embora lhe doesse o orgulho de leão perder para um jovem lobo recém saído das fraldas, Mindinho sabia que o homem apenas aguardava o primeiro vacilo de Robb, que não tardaria a chegar.



E era justamente isso o que mais lhe preocupava, dominando-lhe os pensamentos, sem haver uma solução possível de ser acatada rapidamente.



Catelyn, por sua vez, ao invés de retornar a Winterfell em vias de tentar salvar seus pequenos filhos, acabara por se atrasar em Correrrio, esperando a morte do pai senil, e acabara por perder seus dois filhos mais jovens. Sem Sansa, nem Arya, a quem Cat se agarraria, agora que seu marido também se fora?



Petyr não conseguia evitar esperar o pior. Sabia como o jogo dos tronos funcionava, e, embora não fosse um mestre da guerra, era mestre em ler os homens e seus interesses. Se Cat continuasse ingênua como aparentava comportar-se, ele não conseguiria salvá-la antes do final da guerra.



Ruminando tais pensamentos pela quinquagésima vez em um curto período de tempo, Petyr rumou para a reunião do Pequeno Conselho que se daria nesta tarde. Fora o primeiro a chegar.



Passados alguns minutos, Varys, Grande Meistre Pycelle e Tywin, por último, sentaram-se devidamente em seus lugares. Era no velho leão que residia sua maior preocupação. Acreditava que o Lannister esperaria o erro de Robb, mas isso não significava que não fosse contribuir para o mesmo. Então, acima de tudo, tentava estreitar seus “laços” com Lorde Tywin, para que pudesse compreender quais movimentos adotaria, e se teria alguma chance de tirar Cat de algum risco provável.



Quando foi conveniente, enquanto Meistre Pycelle tagarelava sobre questões de menor importância a respeito das festividades do casamento de Joffrey e Margaery, Petyr estudou Tywin, e percebeu que o homem olhava fixamente para ele. Olhos astutos, firmes, que exalavam autoridade. Irritante. Petyr sorriu, fingindo cortesia, e baixou os olhos como se estivesse tímido. Tenho de curvá-lo a minha vontade, um quanto antes.



Ao fim da reunião, Petyr continuou sentado na mesa da sala, esperando o momento propício para que pudesse convenientemente ter com Tywin.


Todos saíram, e, quando Tywin virou as costas, Petyr falou, em tom baixo, porém facilmente audível:



– Lorde Tywin, creio ter informações de seu interesse. Mais relevantes e apropriadas de serem faladas a sós, do que em uma reunião com as pessoas... Erradas. – Sorriu sarcasticamente, porém sem petulância, a ponto de Tywin provavelmente não saber diferenciar se estava sendo educado ou simplesmente debochado.



– E eu creio que provou ser digno de que ao menos o escute, Lorde Baelish. Espero que não me desaponte. – Tywin proferiu tais palavras sem piscar e desgrudar o olhar penetrante dos olhos de Petyr.



Pobre leão, não sabe o quanto está adormecido... – É claro. Não tomaria seu tempo desnecessariamente. – Sorriu novamente, da mesma forma. – Acredito ter ouvido, por alguns de meus informantes, que algumas senhoras Tyrell conferenciaram com Sansa Stark em um banquete promovido em honra da Rainha Margaery, comemorando a antecipação de seu casamento com Joffrey... E que pretendem casar a filha do traidor com Willas Tyrell, o filho aleijado da família.



Tywin, finalmente, aparentou algum tipo de reação. Estava alarmado, porém, sem perder a compostura austera e formal de sempre. – Lorde Baelish. – Tywin novamente fitou seus olhos profundamente nos olhos de Petyr, que retribuiu o gesto. – E com que intuito o senhor julga ser conveniente me informar da possibilidade de traição de parentes da futura nora de minha filha?



– Ora, Lorde Tywin, jamais julgaria o caso como traição. – Sorriu. – Afinal de contas, Catelyn liberou Jaime Lannister do cativeiro em Correrrio. Sansa já não tem mais valor como refém, e não passa de uma filha de um traidor. Acredito, então, meu caro Lorde, que a menina, apesar de não mais ser refém, possa ser uma peça valiosa a ser utilizada pela família Lannister.



– Continue. – Tywin não mostrava nenhuma reação, apenas encarava Petyr da mesma forma.



– Para que ceder a única Stark viva a uma Casa que apenas recentemente tentou ascender, e, digamos, primeiramente do lado errado? – Sorriu, como se estivesse realmente divertindo-se. – Os Tyrell tiveram uma excelente ideia com a possibilidade de casar Sansa com outrem, se me permite a audácia, senhor. Acredito que ainda há um Lannister solteiro, capaz de inclusive, quem sabe, em tempos vindouros, tornar-se Senhor de Winterfell, quando Robb Stark cair... – Deu um rápido olhar para o chão, junto com um sorriso de extremo sarcasmo. Não poderia resistir à piada.



– É um homem astuto, Lorde Baelish. Espero, para sua própria sorte, que realmente esteja jogando do nosso lado. – Tywin, se estava satisfeito com a sugestão, não demonstrava de maneira alguma; apenas mantinha os olhos fixos em Petyr, como se quisesse adivinhar seus propósitos por trás de seu olhar.


– Oh, não se preocupe. Eu espero a mesma coisa. – Sorriu, dessa vez com cortesia, e fez uma profunda reverência. – E, para provar minha boa vontade... Ofereço-lhe um presente, para provar minha lealdade. – Petyr mexeu em um dos bolsos e estendeu um pedaço de pergaminho a Tywin. Era uma carta de Eddard Stark, na qual continha o nome de todos os que acompanharam-no em tempos passados, quando ainda era Mão em Porto Real.



– Se me permite guiá-lo mais rapidamente... – Petyr apontou para o nome sublinhado em tinta. – Acontece que eu convenientemente sei onde essa menina se encontra. Quem sabe, ela também possa sê-lo de maior utilidade. – Petyr deu um sorriso extremamente malicioso, fez mais outra reverência polida, e afastou-se da sala de reuniões a passos suaves e brandos.



Deixou, assim, Tywin estupefato com duas dicas que futuramente seriam a salvação e a danação de si mesmo: a sugestão do casamento apressado de Tyrion com Sansa, e o pergaminho contendo o nome de Jeyne Poole, amiga íntima da garota Sansa, a ser utilizada como barganha com o Norte.




 

***



Naquela mesma noite, Petyr vestiu sua capa para viagens “furtivas”, e dirigiu-se, como sempre que era necessário absoluto sigilo, ao seu esconderijo mais garantido: seu bordel principal.


Ao chegar a seu quarto, sabia quem o esperava lá. Sor Dontos, ligeiramente bêbado e temeroso, fez uma reverência desajeitada e pôs-se a informá-lo da parte mais perigosa de seus planos, até agora.



– Meu senhor. Bem sabe que sofri para conseguir disfarçar seu objetivo, mas fui bem sucedido. Entreguei a rede de cabelos de ametistas negras para Olenna, assim como haviam combinado. É uma velha astuta, nunca imaginaria por sua aparência. Não precisei nem explicar do que se tratava, ela pareceu entender tudo com um mero olhar, e interrompeu-me quando me pus a tentar explicar.



Nem eu imaginaria que um dia você me seria de utilidade. – Parabéns, meu caro. Sabe que seu papel no banquete de casamento é imprescindível para a sua recompensa, correto? – Petyr deu-lhe um sorriso gracioso, embora mantivesse o olhar firme.



– S-sim... – Dontos pareceu mais temeroso ainda. – Sim, senhor. Farei... O que for necessário. – Sua expressão adquiriu um tom mais obscuro.



– Não há o que temer, Sor. Lembre-se do próprio dito dos Lannister: “um Lannister sempre paga suas dívidas”. Pois bem, pague assim a dívida que Joffrey agora tem com o senhor. Tentou-lhe afogá-lo, que é uma morte por asfixia... Dê-lhe o presente que merece. – Petyr deu um sorriso malévolo e debochado.



Dontos olhou-o estupefato. Provavelmente me teme e me admira. Petyr deu um riso abafado. – Ora, Sor Dontos. Não é bom ter senso de humor nessas horas?



O homem pareceu tornar-se mais descontraído. – É, o senhor está certo, como sempre. – Dirigiu-se à porta, com a intenção de deixar Petyr a sós e a vontade.



Petyr fez um movimento, e entregou-lhe uma parte de seu pagamento. – Tome. Use com sabedoria. – Petyr sorriu debochadamente, enquanto estendia a mão para que o homem pudesse tomar 5 dragões de ouro. Os olhos do gordo e bufante homem esbugalharam-se além do que se poderia julgar possível, e deu o sorriso mais sincero daquela noite. Tão facilmente corruptível...



Quando o homem saiu, porém, sentiu-se desagradavelmente inquieto novamente. Precisava estar a par dos planos de Tywin, e não conseguiu durante todo esse tempo. Estou me atrasando, e o tempo urge... Pensou nos olhos de Cat brilhando preocupados, e sentiu seu estômago revirar. Chega. Já basta disso. Não pode mais ser minha prioridade...




 

***





 

No dia seguinte, mais uma reunião do Pequeno Conselho. Desta vez, Petyr chegou em cima da hora. Perdera muito tempo com as informações inúteis dos Kettleback; sabiam muito da vida da Rainha e de Tyrion, entretanto, Tywin Lannister escondia seus segredos muito bem. Exceto, é claro, pelo fato de que está comendo a puta do filho...


Começada a reunião, a voz da vez era da própria Mão. Tywin Lannister debatia a respeito dos futuros membros da Guarda Real (com grande inclinação a aceitar os Tyrell, como Petyr havia planejado), entretanto, uma de suas sugestões políticas de alianças quase pegou Mindinho de surpresa:


– Quanto a ti, Lorde Baelish, acredito que seu valor perante o reino já fora provado. Após a Batalha da Água Negra, de muito bom grado presenteei-o com Harrenhal, em troca de seu auxílio nos preparativos da guerra. Entretanto, creio que seria de seu interesse, não apenas do meu, que pudesse se apresentar como pretendente de Lysa Arryn. Poderia ser nomeado Protetor do Leste e Senhor do Vale, como bem sabe.



Petyr foi tomado por uma ligeira surpresa. Acreditava que ganharia tal título muito em breve, mas não tão rapidamente. A proposta era muito estranha; era quase como se Tywin o quisesse fora do caminho para algum propósito escuso...



– Oh, sim. Sem dúvida acataria tal sugestão de muito bom grado. Entretanto, senhor, crê ter algum substituto em mente para Mestre da Moeda? A situação financeira do reino é grave... – Petyr tentava manter-se cortês, mas sugerir a Tywin que aguardasse mais.



– Sem dúvidas. Meu filho Tyrion. - Disse em um tom como de quem não admitia contrariedade.



Todos se olharam, boquiabertos, mas, obviamente, nem Varys ou Pycelle tiveram coragem de dizer palavra. Está realmente armando alguma coisa, e não consigo descobrir o quê. Ruminar dias e dias incessantemente a respeito dos propósitos de Tywin estava deixando Petyr muitíssimo cansado.



– Bem, se a sugestão foi aceita, Lorde Baelish, fico contentíssimo. Tenho uma galé esperando para partir e levá-lo um quanto antes ao Ninho da Águia, para fazer a corte da Senhora Arryn. Como eu já havia lhe dito... Os Lannister sempre pagam suas dívidas.



Era sutil a ameaça contida na frase, mas Petyr foi capaz de captá-la. Tywin não confiava nem um pouco nele, e deveria desistir de tentar manipulá-lo. Deveria, caso quisesse mexer as peças do jogo a seu favor, jogar pelas sombras no que se tratasse do Lannister.


Findada a reunião, Petyr reverenciou Tywin Lannister, e despediu-se do mesmo com as seguintes palavras:



– Muitíssimo grato pelo voto de confiança, Senhor. Espero que tenha bom proveito do casamento do Rei. – Fez uma reverência polida, e afastou-se sorrindo, sabendo que o velho jamais imaginaria o que ele queria dizer com essa frase.



 

***


 

Já era a segunda semana que passava dividindo-se entre um bordel local, também proprietário, e a galé, onde se escondia na cabine. Tywin e a Corte imaginavam que seguia viagem para o Ninho da Águia, mas permanecera em Porto Real, para finalmente poder levar Sansa consigo. Ao menos Tywin facilitou-me esta manobra...


Apesar de súbita, a ideia de enviá-lo ao Ninho da Águia permitiu a Petyr ter tempo suficiente e sigilo para maquinar novas ideias para seu plano inteligente para livrar-se de Tyrion. Contratou dois anões para serem os bobos do banquete, e assim despertarem a ira silenciosa do Duende; ao verem o homem, de sangue quente, debochando de Joffrey, seria ainda mais fácil incutir a culpa do assassinato no mesmo. A pobre Sansa seria culpada também, mas sua segurança estaria garantida em suas mãos. Livraria-a de Porto Real, dos Lannisters e de seu hediondo marido, prometendo-a um futuro muito melhor e brilhante. Comigo.


Nessa noite, porém, más notícias arremeteram-no e viraram sua vida de cabeça para baixo. O pior acontecera, e muito antes do que imaginaria ser possível.


Petyr, por via das dúvidas, no momento em que supostamente teria saído de Porto Real, mandou um dos irmãos Kettleback contratar um grupo de mercenários para viajarem de imediato rumo a Pedravelha, próximo das Gêmeas. Petyr sabia que Robb Stark havia se casado com outra mulher que não a Frey a qual era prometido, e temia a reação da família sem escrúpulos. Sem honra e sem inteligência. Uma combinação triste.



Mandara-nos com as ordens de sequestrar Catelyn Stark quando parassem em uma estalagem próxima - a qual Petyr lembrava que Cat gostava, pois já viajaram para tal na infância - deveriam deixá-la intacta, sem ferimentos e bem alimentada, porém em sigilo absoluto. Depois, quando fosse seguro, poderiam libertá-la. Petyr prometera uma quantia imensa de ouro, mais do que julgaria necessário para comprar a lealdade de tais homens, apenas para garantir que tudo corresse bem. Sabia que a forca apertava o laço em volta do pescoço de Cat cada vez mais, e, bastava mais um deslizo dela para que fosse morta da mesma forma que seu filho.


Entretanto... Lothor Brune foi visitá-lo em sua cabine particular ao pôr-do-sol. Era um típico dia de outono, e Petyr lembrava-se de Correrrio, e de Cat e ele quando crianças. Brincavam próximos ao rio, e Cat molhava os dedos dos pés e ria, ria como se fosse a melhor sensação do mundo. O Petyr criança olhava-a em deleite, maravilhado. Sorriu, graças as boas lembranças.



– Senhor? Com licença... Chegou uma carta de Lysa Arryn. Foi... Enviada por um corvo negro.



“Asas negras, notícias negras.” Petyr tomou a carta calmamente, embora em seu interior estivesse cheio de medo. Não podia deixar o homem saber nada sobre si, muito menos sobre seus sentimentos. Não poderia mostrar fraqueza, uma vez que sua vida sempre dependeu disso.



Dispensou Lothor Brune e pôs-se a abrir a carta. Engoliu em seco, tomou coragem e pôs-se a ler:



Querido Petyr,



Oh, meu amor. Não encontro palavras para descrever as notícias que chegaram a mim... Você deve saber. Está na capital, e tudo chega mais rápido aí. Estou horrorizada. Cat..."


Petyr sentiu seu corpo todo tremer, e a sensação de medo nunca fora tão profunda como agora.


"...Cat foi morta. Morta pelos Frey. Minha pobre irmã. Sei que ela não era tão boa como eu, mas não posso deixar de lamentar. Foi levada a comer e beber sobre o próprio teto, durante o casamento de Edmure, e os malditos violaram todas as leis possíveis, inclusive a mais sagrada de hospitalidade; mataram-na a sangue frio. Cortaram fundo sua garganta, despiram o corpo e jogaram-na no rio. Ninguém foi capaz de encontrar seu cadáver... Petyr, estou tão triste. Chamam agora tal casamento de “O Casamento Vermelho.” Estou com tanto medo. Preciso de você. Venha logo. Eu te amo muito.



Da sempre sua,

Lysa.”

Petyr teve de se sentar. Suas mãos e todo o seu corpo tremiam, suava frio, e calafrios de horror percorriam cada centímetro do seu corpo. Como? Por quê?


Se tivesse sido com qualquer outro, Petyr teria achado o plano de Tywin genial e digno de aplausos. Armar com os Frey para convidar Robb Stark e a família para o casamento de Edmure, e matá-los a sangue frio... Obviamente, toda a culpa recairia sobre os Frey, ambiciosos, que teriam entrado na trama apenas pela recompensa do lado agora mais forte... Mas não julgava que isso seria possível. Não dessa forma.


E Cat... Sua Cat, a Cat de Correrrio, a Cat criança, a Cat moça, a Cat adulta, que tanto amava sua família... Se fora. Deixara este mundo, e nunca mais haveria o brilho dos seus olhos de azul cerúleo que sempre o confortaram, nem a mulher mais bela de todas que já caminharam por estas terras... A única mulher que ele amara. A mulher que dedicara seu coração, a mulher por quem arriscara sua vida... A mulher a quem lhe deu a alma.



De que valor tiveram suas artimanhas e maquinações se a única pessoa que amou fora assassinada sem que conseguisse nem sequer tentar impedir? De que valeram os mercenários atrasados, e todo o tempo galgando degrau atrás de degrau na sociedade, sempre lentamente, se a única pessoa que prezara se fora para sempre?



Petyr não conseguia compreender. Nada. Nada mais fazia sentido, e o mundo estava vazio. Vazio de sentido, vazio de significado, vazio de razão, vazio...



Lembrou-se novamente da Cat criança rindo, cheia de graça, cheia do amor tão azul quanto seus olhos, e tão triste quanto sua morte prematura... E, finalmente, depois de muitos anos, sentiu uma água límpida, tão limpa quanto os rios que beijavam, tão apaixonados quanto Petyr, os pés da mulher mais bela de todas... Lágrimas começaram a correr também por sobre seus olhos, como um rio milhas adiante. Petyr chorava, chorava abundantemente, como uma criança.



Não era mais Mindinho, era o jovem Petyr, o Petyr que sempre amou e sempre amaria sua Cat, com a coroa de flores em Pedravelha. O Petyr que sempre estivera ali, intrínseco em seu ser, o que ainda tinha um coração, e que batia forte por apenas uma mulher, e que sempre seria dela. A mulher que, dessa vez definitivamente, abandora-o, e nunca mais teria volta...



Chorou convulsivamente, sem sentir as horas passarem. Apenas sozinho em sua dor, com a única companhia sendo o último vestígio de seu amor nesse mundo... Segurava, firme em suas mãos, para nunca mais largar, o lenço que Cat lhe dera quando o mundo ainda era bom e o amor existia... O lenço da Princesa Cat com a Coroa de Flores para seu Príncipe das Libélulas.



Ele nunca mais ouviria Cat rindo ou chorando; ou contando histórias sobre sua família. Jamais veria seu sorriso travesso e seu sorriso cúmplice, jamais a entenderia com um olhar, e nunca mais teriam o laço de compreensão mútua que sempre os unira...



Enquanto chorava, a imagem de Cat não saía de sua mente... E seus olhos. Aqueles olhos que sempre o hipnotizavam, confortavam e os quais desejara mais do que tudo na vida; o azul do amor e da beleza, o azul do céu das tardes de outono, do céu e do mar, de tudo que era belo e puro e digno... Azul das tardes tão lindas quanto esta, porém, agora, também tão tristes quanto... Agora que o azul, o único azul para Petyr, definitivamente, se fora do mundo.



 

Eu amei uma donzela linda como o outono, com o pôr-do-sol nos seus cabelos.”




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Notas finais do capítulo

Curtiram??? Bem triste, mas... C'est la vie! Reviiiieeeews, por favor! =DD