Lorem escrita por The Klown


Capítulo 5
Capítulo 4 - Nativos




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Seus lindos olhos azuis o miravam. Se, por alguma graça divina, ele pudesse continuar a contemplar aqueles límpidos e inocentes olhos por mais algum tempo, talvez por toda a eternidade, ele agradeceria a todo momento, em todo lugar.

Em um leve estupor hipnótico, ele continuou a contemplar, a admirar aqueles olhos que o encaravam com a beleza do mundo. Aqueles olhos.

Os olhos.

 

Jack abriu os olhos. Gritos. De onde vieram aqueles gritos, que interromperam seu estupor? Olhando para os lados, rapidamente encontrou a resposta. Claus e Pete berravam como loucos, mas Jack não fazia ideia do motivo. Foi quando olhou pela vidraça mais próxima e percebeu que a nave na qual estavam se dirigia a algum planeta de aparência árida, quase que entrando em contato com a superfície. O atrito da atmosfera do tal planeta com a espaço-nave fazia com que o clima lá dentro ficasse quente, quase vulcânico.

Mantendo a calma, ele avaliou o estado da nave. Há alguns quilômetros da atmosfera, o motor direito faltando. De fato, a situação não estava boa. Um bom motivo para entrar em pânico, mas Jack não perdia a calma facilmente. Era necessária uma boa dose de estresse para tal, e sua "quota" ainda não havia estourado esse limite.

Porém, como salvar a si e a seus amigos do desastre iminente? Se pulassem da nave, acabariam caindo, se sucumbissem a repentina mudança de velocidade.

Ele se dirigiu a cabine de controle, e a retirou do piloto automático. Talvez conseguisse fazer a nave escapar da queda, ou pelo menos aliviá-la, com uma das turbinas em funcionamento. Os controles estavam travados. Droga.

Parou para pensar. Não haviam muito tempo, mas não os tiraria dali se estivesse em pânico. Rodou a cabine com seu olhar. As placas de metal estavam incandescentes, os controles não funcionavam. Só havia, fora os equipamentos de controle, um grande pano, vermelho como o fogo.

Pano... tecido... fogo....

Jack teve uma grande ideia. Correndo para a cabine onde estavam localizados seus berrantes amigos, ele colocou a mão com força na boca de Pete, para que este se calasse.

–Fogo.

Pete não entendeu o que ele quis dizer, mas como não podia falar, apenas fez uma expressão interrogativa.

–Pete, é o seguinte - explicou Jack - Faça um fogo leve, não muito forte. Eu vou tirar a gente daqui.

De modo rápido, Pete "conjurou" em suas mãos uma pequena labareda. Jack pegou o pano, segurou os dois amigos com força, foi até a porta da espaçonave.

Pulou.

Caindo, com seus amigos nos braços, o vento ardente castigando seu rosto, gritou:

–PETE! FOGO!

Com uma das mãos, Jack abriu o pano sobre eles, e Pete conjurou seu fogo novamente. O pano se transformara em um grande balão de ar quente. A velocidade de queda estava diminuindo. E, enquanto atingiam o chão duro e seco de Lorem, viram o rastro de fumaça que seu avião deixara, pouco antes de tal sofrer uma grande explosão no impacto com o solo.

---

 

Era noite. As luzes aritficiais vindas das lâmpadas fluorescentes sobre eles iluminavam a mesa onde estavam sentados. Ela estava deslumbrante como nunca. Os cabelos dourados e longos estavam macios, sedosos. Seus olhos azuis ainda irradiavam a beleza que já era típica. Seus lábios vermelhos e finos se mexiam, conforme ela mastigava a comida.

O restaurante era de um estilo que parecia que apenas o arroz de lá custava uma fortuna. Enorme, majestoso, a comida era digna de reis. Porém, o seu salário de um mês pode pagar aquela noite, com a mulher mais admirável que ele já conhecera. Seu nome era Lia, e eles já estavam namorando havia três anos.

Naquela noite, ele proporia casamento a ela. Estava tremendo de ansiedade. Depois de um jantar romântico, ele ajoelharia, puxaria o anel e proporia. Seria o grande pico da vida dele.

Isto é, seria, se não fosse a grande explosão que aconteceria atrás dele. Tinha um cheiro de fumaça...

Fumaça....


Jack abriu os olhos. Não estava no restaurante, e sim deitado em uma superfície seca de um planeta aleatório. Sem motivo, se deprimiu. Estava tendo recordações do passado... quando iria pedir Lia em casamento. Águas passadas.

Pete e Claus já haviam acordado, estavam examinando o local próximo a eles. Havia uma pequena caverna próximo ao local onde Jack estava caído. Sem pestanejar, ou pensar se algo ou alguém habitava a caverna, eles a adentraram.

Escuro. Pete conjurou uma pequena chama em sua mão esquerda e, junto a Claus, explorou a caverna. As paredes estavam repletas de um líquido verde, pegajoso. Conforme adentravam a caverna, o espaço de locomoção se tornava maior, a caverna ia se alargando como um funil inverso.

Alheio a isso, Jack levantou-se, do lado de fora. Respirou fundo e sentiu uma ardência em seus pulmões. Aquela atmosfera não chegava a matar, mas tinha um aspecto nocivo. Não seria muito bom se manter muito tempo naquele lugar, poderia provocar alguma alergia ou problema respiratório.

Dando uma pequena volta, ele se perguntou onde estava. Não se lembrava de vez alguma ter estudado aquele planeta, seja no colégio, na faculdade, ou ouvido falar de um lugar com tais características.

Tropeçou. Aquele solo era repleto de rachaduras, que faziam com que ele ocasionalmente tombasse. Levantando-se, e limpando a poeira de seu tronco, mal ouviu os gritos de seus dois amigos, sendo atacados na caverna.


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