Lorem escrita por The Klown


Capítulo 16
Capítulo 15 - Notas em um diário




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 Diário de Klown – 14:30h

 

            Estou, como de praxe, vagando por Lorem. Dessa vez é diferente, eu tenho um objetivo, algo que não me dão há muito tempo. Claro, eu tenho meu objetivo por trás de toda essa história de projetos, injeções e procedimentos... ele me prometeu que daria certo. E até agora, está dando. Espero que ele cumpra a palavra, caso contrário eu posso destruir aquele mísero planeta com um estalar de dedos. É só me dar um bom motivo.

            A poeira infesta meus sapatos. Como eu odeio esse lugar. Se pelo menos eu pudesse cair fora daqui para sempre... Na verdade, eu posso. Tenho capacidade de sair daqui mas, se eu sair, tudo pelo que eu lutei até agora terá sido em vão. Tenho que levar o Genesis até seu final, para que assim eu tenha a minha tão esperada recompensa... esperei mil e cinqüenta anos para tê-la.

            Sim! Estamos de fato, avançando em busca da perfeição, em busca do total sucesso do projeto Genesis. Até agora, o plano de Hank não falhou em nenhum passo. Ele está guiando com maestria o projeto, nem parece o mesmo homem que eu conheci quando dei meus primeiros passos neste planeta...

            Não que eu nutra respeito por Hank. Embora reconheça suas habilidades, eu não gosto nada dele. Ele tem lábia, é enganador. Não que tenha me enganado ainda, mas eu sinto que não posso baixar a guarda perto dele. Tenho certeza de que ele pensa o mesmo de mim. Assim é mais fácil, até.

            Nesse momento, eu estou sentado no solo árido de Lorem. Lorem... Lorem... quem batizou este planeta? Rornac? Ou seria o antigo povo de Hank, que veio para cá por terem se refugiado aqui por serem contra a propagação do E.V.O.L? Não gosto desse nome, não me soa bem aos ouvidos.

            Em breve vou ter que parar de escrever e ir cumprir minha missão. Nada demais, apenas fazer contatos com os nativos, e uma ronda básica. Estranhamente, eles não querem que eu use o teleporte... eles preferem que eu use o carro especial para ir até lá. Não sei o porquê.

            Sinto sono. Não durmo há algum tempo, meu sono tem me sido privado pelos incessantes procedimentos a serem realizados pelo projeto... Meus olhos pesam.

            Vou parar por enquanto. Vou realizar a primeira das minhas missões agora.

 

            Klown guardou a caneta no bolso e fechou o diário, guardando-o no bolso interior esquerdo de sua veste. Tossiu levemente. Levantou-se do chão árido, limpando suas vestes empoeiradas.

            Esticando sua coluna, ele virou-se e dirigiu para a esquerda. Enquanto andava, a poeira remanescente em suas vestes caiu. Após andar por uns dois minutos, avistou o carro designado por Hank para levá-lo até o acampamento lorense. Mas aquela ainda não era a hora. Teria de cumprir uma pequena missão antes. E naquela, ele poderia e teria de usar o velho truque do teleporte.

            Em alguns segundos, estava em um dos prédios abandonados de Lorem. Aquele deveria servir. Analisou a estrutura do prédio, a considerou própria para todas as pessoas que se materializariam ali em segundos.

            Se colocando na porta principal do prédio, ele se concentrou. Em alguns segundos, todas os funcionários, seguranças e cientistas da H.A.N.K. se materializaram naquele prédio. Klown os teleportara ali.

            –Olá, meus amigos. – começou o palhaço com a voz anormalmente alta, para que todos o ouvissem.

            Todos, embora perplexos de terem sido transportados automaticamente para aquele lugar, se mantiveram quietos para o que Klown tinha a dizer.

            –Estou aqui para informar-lhes de que o projeto Genesis foi um sucesso completo... – todos trocares olhares, sorrindo – Pelo que eu me lembre, Hank prometeu a vocês que ao término do projeto vocês seriam levados de volta à Clare, correto?

            A maioria concordou com um aceno de cabeça. Klown prosseguiu.

            –Pois então. Isso não será possível, pois vocês sabem demais.

            Eles começaram a se rebelar. “Quem é você pra nos prender aqui?” e “Preciso voltar para a minha família!” eram ouvidos aqui e ali. Ignorando, Klown prosseguiu:

            –Foi uma honra trabalhar ao vosso lado.

            Ele estendeu sua mão. Por todo o prédio, as pessoas, homens e mulheres, começaram a berrar. De seu nariz e ouvido, sangue começou a escorrer, como se houvesse pressão em seus cérebros.

            –Essa é uma onda magnética. Seus cérebros provavelmente irão colapsar em alguns segundos... adeus. – Klown encerrou.

            As pessoas começaram a desabar, enquanto o sangue saía com cada vez mais força de suas cabeças. Colapsavam, morriam. Se entregavam ao doce abraço da morte, da qual nunca poderiam retornar.

 

Diário de Klown – 18:30

 

            Há algumas horas, eu tirei a vida de centenas de pessoas. Não me arrependo. Não sinto remorsos. Perdi esta característica há muito tempo, quando realmente precisei lutar pela sobrevivência. Dizem que, depois do primeiro assassinato, os outros se tornam mais fáceis. Existem pessoas que concordam, pessoas que discordam. Eu concordo. Após matar a primeira pessoa, as outras se tornam apenas pedaços de carne... não sinto mais nada por elas. Ou pela maioria.

            Mas, voltando ao meu dia, após eu tirar a vida dos funcionários da corporação na qual “presto serviços”, tive outra missão. Eu fui investigar o abrigo dos lorenses, já sabendo o que eu ia encontrar. Eu estava certo. Peguei o carro que deixaram para mim. Era pequeno, desconfortável. Mas era funcional.

            Dirigi por um bom tempo. Aquele carro era um pouco devagar, digamos. Ao chegar lá, rumei para o acampamento. Lá encontrei um homem. Jovem, seu nome era Pete. Ele se assustou quando eu cheguei lá, tentou lançar bolas de fogo em mim. Meu visual deve ser intimidador para um clarense como ele, não acostumado com a minha aparência. Apertei a sua mão, em sinal de paz. Ou foi o que ele pensou. Na realidade, mimetizei o seu poder. Eu tive uma pequena conversa com ele. Pelo o que eu pude extrair, ele abandonou seu amigo a mercê de Lorem, enquanto se refugiava dos clarenses.

            Ele não pousou aqui propositalmente. Ele nem sabia o nome do planeta. Bem, sabe agora, eu lhe falei. Ele não fazia ideia da existência deste lugar, bateu em algo e caiu aqui. E os lorenses raptaram um amigo dele. Triste. Eu me teleportei, ele deve ter achado que eu era uma alucinação. Embora ele parecesse determinado a ir comigo, achou que eu deveria oferecer abrigo.

            Logo depois de sair de lá, voltei aonde deixei meu carro. Havia desaparecido. Contatei Hank e, pelo jeito, ele estava ciente de Pete e de um tal “Claus”, que pegou o carro no qual eu vim. Logo, ele sabia de alguma maneira que Claus iria pegar o meu carro... ele era esperado?

            Após fazer isso, fiz contato com Rornac... ele não mencionou o tal amigo raptado de Pete, nem me dei ao trabalho de perguntar. Era assunto deles. Não me meto em assunto dos lorenses.

            No momento, estou retornando para a H.A.N.K.... Tenho um trabalho a fazer, de acordo com Hank.

            Devo espancar Stewart Kennedy até deixá-lo quase morto.

 


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